Política externa(geopolítica da america do sul, focando nas politicas externaa do Brasil.)

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Finanças

Documento 1

Tal sintoma corrobora a ideia de que esses novos atores também desejam externar seus pareceres sobre temas atinentes às relações exteriores, campo indissociável das inúmeras estratégias nacionais de desenvolvimento possíveis. Quanto maior o poder, maior a capacidade que se tem de intervir. Qual o problema central do Brasil? É o mesmo problema com que se defrontou a península ibérica no século XV. A Península Ibérica estava apartada das rotas centrais do comércio mundial. A América do Sul está apartada das centrais do comércio mundial. Mas às vezes, os interesses de cada país pode se contrapor aos nossos. Recursos e Economia Ressalvando o facto de que no subcontinente, com a exceção limitada da zona costeira atlântica do Sul, a combinação de recursos para o desenvolvimento global da indústria não estar presente como obviamente está na parte Norte do continente, talvez os aspetos focados anteriormente ajudem também a explicar porque um continente que possui, apesar de tudo, tantos recursos, se manteve durante tanto tempo como uma zona de subdesenvolvimento e dependência, pois na América do Sul, o potencial nem sempre se materializa e quando acontece nem sempre se traduz em resultados duradouros.

As raízes de tais problemas já foram e serão amplamente referidas neste trabalho. Um dos seus mais claros sintomas é talvez a periódica mudança de ciclos económicos, relacionados com a exploração extensiva de um recurso que, uma vez exaurido ou perdendo competitividade, não se tem traduzido em bases sólidas de um ciclo desenvolvimentista sustentado e sustentável. Podem efetivamente distinguir-se vários ciclos económicos, os primeiros dos quais ocorreram ainda sobre domínio colonial. As consequências sociais do ciclo do açúcar vieram, no entanto, para ficar: o latifúndio, o escravagismo e a modificação da geografia humana que acarretou, são sombras do passado que se projetam, ainda, no presente de toda a região. Mas as consequências são ainda mais vastas.

O movimento antiescravagista conseguiu grande projeção nos fins dos anos oitenta do século XIX, a ponto de a regente Isabel ter proclamado pela Lei Áurea de 1888, o fim da escravatura. Se o passo foi saudado com grandes celebrações, granjeou a inimizade de um dos principais esteios do império: a aristocracia rural e escravagista. Menos de um ano depois, era proclamada a república. À data da independência do Brasil os recursos em ouro eram, já, pouco importantes. Mas o subcontinente tem abundantes tipos de outros minerais no seu subsolo os quais, devido às particularidades da subsunção das placas tectónicas que resultou na sua orogénese particular, se encontram, por vezes, quase à flor da terra, como é o caso do cobre do deserto de Atacama que, certamente, esteve na origem da Guerra do Pacífico de 1880 da qual resultou a anexação da região pelo Chile, em detrimento do Peru e da Bolívia.

De facto, este mineral, conhecido desde longa data pelos Incas, e que não tivera para eles qualquer interesse prático, tornou-se, subitamente importante com o desenvolvimento industrial, em especial nos fios telefónicos e na condução de eletricidade e resultou em forte prosperidade para o Chile. Um excelente exemplo de como a tecnologia se encarrega de conferir importância a um recurso que pode até aí ter sido quase irrelevante. Também à flor da terra se encontram jazidas de ferro, em particular no Brasil e nas Guianas. O ciclo do cacau acompanha todo o período conhecido como a República Velha (1889-1930) e nele assenta grande parte da economia e do sistema social então vigente nas suas áreas de produção, também caracterizadas pela baixa densidade populacional.

A ausência de investimento e, muito em especial, a concorrência de alguns países africanos Gana e Costa do Marfim e da Indonésia depois das independências da segunda metade do século XX, veio relegar para quarto o antigo lugar do Brasil de primeiro exportador mundial. Zonas deprimidas e estagnadas, as zonas de produção de cacau, viram-se hoje para a exploração da madeira da mata tropical Atlântica, conduzindo à desflorestação de muitas zonas, com os resultados que podem ser esperados onde tal acontece. O Ciclo do Café O chamado ciclo do café coincide e convive, no Brasil, com o ciclo do cacau. As zonas de cultivo são, no entanto, bem diferentes, sendo, logicamente bem diferentes as suas consequências políticas e sociais.

Segundo vários economistas, com Celso Furtado à cabeça, foi a partir daí que o governo brasileiro assumiu um papel preponderante na economia do país. O Ciclo da Borracha A borracha ganhou importância a partir da Primeira Revolução Industrial, quando o material então conhecido como caoutchouc começou a ser utilizado para finalidades várias. Foi, no entanto, a partir do progresso da indústria dos automóveis e velocípedes nos fins do século XIX, e com a invenção da “vulcanização” que a borracha passou a ter enorme procura industrial. Mais uma vez, a “sorte” parecia sorrir ao Brasil, já que a seringueira, árvore a partir da qual se extrai o látex, matéria-prima da borracha, se encontrava em enormes quantidades em seringais nativos da região da Amazónia e em mais nenhum local do mundo.

Um monopólio caído do céu. Quando a oferta da borracha aumenta a partir de 1910, quando holandeses e britânicos iniciam a plantação de seringais no Sri Lanka, na Indonésia e na Malásia, a Belle Époque não tardou a terminar. O rendimento per capita caiu cerca de cinco vezes entre 1910 e 1920, acompanhado dos inevitáveis suicídios, saques e emigração em massa. Mas o que talvez melhor nos ajude a perceber as imensas limitações ao desenvolvimento da região é a malograda história do projeto de caminho de ferro que então se tentou construir. De facto, da resolução do conflito com a Bolívia, constava também a construção de uma via-férrea para facilitar o escoamento do produto pelo oceano Atlântico, já que aquele país não tinha possibilidades de escoar a sua própria produção de borracha a não ser pelo Atlântico e a ideias iniciais de construção de uma via fluviais entre Aimoré, na Bolívia e o rio Madeira, no Brasil se revelaram irrealizáveis pelas vinte quedas de água que haveria a vencer.

Assim, em 1907 iniciou-se a construção de uma ferrovia conhecida como a “estrada do Diabo”, pelo grande número de vidas que se terão perdido durante a construção que viria a ser concluída em 1912, já em plena crise do mercado da borracha. Sintoma da má administração e da falta de desenvolvimento sustentável, o preço do litro de água continua, na Venezuela um país que engloba a bacia do Orinoco a ser inferior à do litro de gasolina. Mas a situação alterou-se profundamente desde os fins do século XX com a descoberta de novas jazidas e a realização de grandes investimentos em países, até recentemente, marginais na indústria dos hidrocarbonetos. Juntando-se ao grupo dos produtores, o Brasil, que começou a ser um produtor importante nos anos 80 do século XX, o Equador e o Peru conjuntamente com a Colômbia quase decuplicou a sua produção de petróleo.

No caso do Brasil, quaisquer que sejam as críticas aos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff que foi ministra da Energia do primeiro justo são reconhecer a suspensão da política energética neoliberal de privatização generalizada, embora sem reversão das privatizações feitas no tempo Fernando Henrique Cardoso, esta é pelo menos a opinião de Alessandro Leme o desafogo financeiro veio permitir, finalmente, políticas sociais que tiraram milhões de brasileiros do limiar da pobreza. Apesar dos escândalos o dinheiro parece andar de mãos dadas com eles onde quer que se torne repentinamente muito abundante e difícil de controlar, não é uma proeza de somenos. A continuar, esta “guerra” não deixará de ter consequências políticas: se Hugo Chávez foi uma espécie de “petropresidente”, existem as mais fundadas dúvidas que o seu sucessor Nicolas Maduro tenha condições para manter o mesmo rumo.

O mesmo, com as devidas distâncias é claro, se poderá dizer do Brasil, onde os enormes investimentos no pré-sal, uma extração cara por natureza, poderão não se revelar rentáveis se os preços do mercado internacional se mantiverem persistentemente baixos, atirando ou agravando a recessão prevista para 2015 pela OCDE42, a que se juntam os prováveis efeitos da reentrada do Irão ao mercado na sequência dos acordos sobre o seu programa nuclear. Mas o petróleo que apenas há poucos anos era avaliado pelos “especialistas” como já tendo iniciado a curva descendente como recurso disponível teima em brotar um pouco por todo o lado na América do Sul. A Colômbia, o Peru e o Brasil excluindo o pré-sal viram as suas reservas crescer na ordem dos 600% nos últimos 30 anos.

No mesmo período, o Equador viu as suas reservas “provadas” multiplicadas por seis, tornando-se mesmo membro da OPEP (Lima, 2013a). A forte compartimentação geográfica do território traduziu-se, no caso da América Hispânica, pela ascensão de um grande número de tiranetes locais os caudilhos, ciosos das suas prerrogativas que cedo se hostilizaram, por vezes de forma bastante violenta. Daí, a preeminência das estruturas militares em particular os exércitos que, refletindo as estruturas de poder, foram não só, instrumentos de domínio interno, como ajudaram a forjar as lealdades necessárias à construção dos Estados. No entanto, o subcontinente continua a lutar com alguns dos seus problemas crónicos, em boa parte heranças de um passado turbulento, bem como das características da geografia física e humana.

Fruto de tudo isto, o povoamento da América do Sul continua a concentrarem-se nas faixas costeiras, deixando assim vastas zonas quase despovoadas e deprimidas economicamente onde, por vezes, a autoridade do Estado tem dificuldade em afirmar-se. É ainda nessas zonas que alguns dos movimentos armados de oposição aos poderes instituídos subsistem, em grande parte pelas enormes assimetrias socioeconómicas que tardam a desaparecer. Também de salientar, o facto de uma boa parte do pensamento geopolítico sul- americano se centrar na “Geopolítica Interna”, corolário natural das grandes distâncias, dos obstáculos naturais e de um povoamento e desenvolvimento assimétrico, que leva uma boa parte dos autores a concentrarem-se no equilíbrio interno dos Estados, através do desenvolvimento de regiões de difícil acesso ou de fronteira, onde, frequentemente, a soberania dos Estados centrais é mal aceite ou mesmo disputada.

É claro que num subcontinente em que os Estados são, na maioria dos casos da América Hispânica, produtos dos interesses de chefes locais que retalharam conjuntos talvez mais lógicos herdados do período colonial, a geografia física e humana continua em demasiadas situações a separar aquilo que o voluntarismo dos homens uniu. Embora “congelados”, muitos conflitos territoriais continuam a existir e alguns Estados são construções completamente artificiais a quem as ameaças de fragmentação podem fazer ressurgir a qualquer momento. Efetivamente é muito provável que a Geografia Política da América do Sul não tenha atingido a sua forma definitiva. Daí, certamente, a permanência da teoria geopolítica.

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