China - Império do centro com relação as disputas/tensões atuais sobre suas fronteiras no Pacífico

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Engenharia mecânica

Documento 1

O Budismo, o Islã, o Hinduísmo e o Confucionismo deixaram, assim, marcas profundas que continuam a diferenciar ou aproximar pessoas. A este mosaico de heranças culturais seculares, somou-se, mais recentemente, o colonialismo europeu que impôs, pela força, novos valores e normas de organização e comportamento. A partir do término da Segunda Grande Guerra, os Estados recém-independentes da região foram divididos, pela rivalidade ideológica das superpotências, entre os que serviriam como a vitrine da economia de mercado e os que seguiriam o sistema de planejamento centralmente planificado. Com a multipolaridade resultante do término da Guerra Fria, ocorre o recuo das esferas de domínio de Washington e Moscou. A Ásia-Pacífico1 vive, hoje, apesar da recente crise financeira de alguns países da área, momento de prosperidade sem precedentes, a ponto de já se ter tornado lugar comum dizer que se está prestes a entrar em nova Era, ditada pelo polo de crescimento situado naquele oceano Por outro, conforme explicado por Manuel Castells, por ocasião de seminário em Brasília intitulado "O Brasil e as Tendências Econômicas e Políticas Contemporâneas"2, no momento em que a economia mundial é regida por fluxos financeiros, tecnológicos e comerciais canalizados por "redes independentes", adquire importância fundamental a conexão direta – ou rede – representada pelos crescentes vínculos econômicos entre a China e o Sudeste Asiático.

Tal conceito foi definido como de resilience, seja no plano nacional ou regional11. Os problemas entre a China e o Sudeste Asiático têm origem histórica, que levam alguns países a acreditarem que Pequim julgaria ter direito a influenciar os acontecimentos em sua antiga área de hegemonia cultural e dependência política, conforme visto na introdução do trabalho. Durante sua visita a Cingapura, em agosto de 1990, o Primeiro-Ministro Li Peng sugeriu "putting aside for the time being the question of sovereignty"12. Observadores regionais viram, nesta declaração, a realidade de que Pequim atribuiria importância unicamente a seus projetos de desenvolvimento, em detrimento de maiores atenções quanto à prioridade concedida por seus vizinhos à discussão sobre soberania. Em 25 de fevereiro de 1992, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo da RPC aprovou lei que, ao incorporar ao território chinês as ilhas Parcels e Spratlys, deixou pequena margem de dúvida quanto à real amplitude das negociações a que poderão almejar seus interlocutores no Sudeste Asiático.

Seria apenas quando seus produtos começaram a evoluir na ladeira tecnológica, bem como a competir favoravelmente nos mercados do Ocidente, que os mecanismos de formação de preços na economia daquele país passaram a preocupar as capitais europeias e norte-americanas. Instituições de pesquisas situadas em membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático, principalmente as de Cingapura e Malásia, encontram-se empenhadas na formulação de um arcabouço conceitual para justificar os valores que ora caracterizam o "jeito" asiático. Nesse exercício, a Professora cingapureana Chan Heng Chee, do Centro de Estudos do Sudeste Asiático, com sede naquela ilha, procura ressaltar a importância da eficiência governamental como fator de legitimidade dos dirigentes políticos14. Tal perspectiva, no entanto, não deixa espaço razoável para a criação de mecanismos apropriados que permitam a alternância de pessoas eficientes, ao mais alto nível de poder, no caso de necessidade de mudanças na administração da economia.

Seu conterrâneo e colega Tommy Koh relacionou, em recente artigo publicado no International Herald Tribune15, alguns dos traços dominantes da organização política das sociedades bem sucedidas economicamente no Extremo-Oriente. Os indivíduos ou grupos já não se definem por seu papel nas relações sociais de produção, mas antes por suas identidades regionais, raciais, culturais ou religiosas. E o exercício dos direitos civis assegura a proliferação de novas identidades". Ainda segundo Touraine, "em vez de nos definirmos pelo que fazemos, passamos a nos definir pelo que somos. E não apenas pelo que somos, mas também pelo que queremos, e estes desejos são muito diversos". Verifica-se, nesse ponto, a necessidade de alguns Estados da Ásia-Pacífico de buscarem uma "relegitimação"20 .

 "O Brasil e as Tendências Econômicas e Políticas Contemporâneas"- Seminário de Brasília, 2 e 3/12/94. FUNAG, 1995. Pag.          3 Mesma referência item anterior. Intervenção do Embaixador Celso Lafer, pag.  O "CICIR ", instituto chinês mencionado na nota anterior, publica, também, sobre a questão de segurança na Ásia-Pacífico, entre outros, o estudo A Survey of Current Asian-Pacific Security, vol. Nr. julho de 1994.          11 WANANDI, Jasuf.  The Indonesian Quarterly, vol.  WANANDI, Jasuf. Conferência intitulada "Human Rights and Democracy in the ASEAN Nations: the Next 25 Years", publicada no ASEA-ISIS Monitor, vol. outubro-dezembro de 1992.       18 LAFER, Celso e FONSECA JR, Gelson.  O Papel da Integração no Novo Contexto Internacional.

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