QUANDO O PACIENTE ABANDONA A PSICOTERAPIA: ANÁLISE DE UM CASO CLÍNICO BASEADO NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

O objetivo deste artigo é analisar um caso clínico de uma paciente que abandonou o tratamento psicológico e, com base nisso, refletir sobre a importância da relação paciente-terapeuta à luz da Terapia Cognitivo-Comportamental e descrever como se deu a condução da terapia. Foram realizados apenas quatro encontros, número insuficiente para se elaborar um relatório mais preciso sobre a paciente. A hipótese mais contundente é que a paciente apresenta comportamento de esquiva tanto na terapia como em outras esferas de sua vida. Palavras-Chave: Terapia Cognitivo-Comportamental; aliança paciente-terapeuta; clínica-escola; abandono; esquiva. ABSTRACT This article is the result of the experiences of the Estágio Supervisionado II, in the psychology course the Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), the Ambulatório de Atenção Psicológica to people chronicles condicion (APC) in the city of Santo Antonio de Jesus, Bahia, during the period October 2015 to August 2016.

DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES 11 3. ADESÃO AO TRATAMENTO 15 4. VERIFICAÇÃO DO HUMOR 15 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS 17 4. LINHA DO TEMPO 18 4. Algumas pessoas vão espontaneamente procurar os serviços ofertados pelo APC, outras são encaminhadas para a triagem por algum órgão ligado à rede de saúde. O Ambulatório oferece atendimentos com diferentes modalidades, por exemplo: psicoterapia para adolescentes e adultos, atendimento psicoeducativo, intervenções psicossociais em grupo para adultos, idosos e familiares e atenção psicológica para pessoas que vivem em condições crônicas, seus cuidadores e familiares. As supervisões são semanais e feitas pela coordenadora, visando à discussão dos casos junto aos estagiários para que, posteriormente, sejam feitos os devidos encaminhamentos e acompanhamento da terapia. Este artigo apresenta o registro das atividades desenvolvidas no componente curricular Estágio Supervisionado em Ênfase II ocorrido durante o semestre letivo de 2015.

mais especificamente, o atendimento individual de uma paciente no Serviço de Psicologia da UFRB, no APC. Quando necessário pode-se variar o estilo, com o objetivo de ajudar o paciente a resolver seus problemas e com isso aliviar a sua aflição. Os autores Wright, Basco e Thase (2008) reiteram a importância da aliança estabelecida entre o paciente e o terapeuta ao considerarem que o resultado do tratamento vai depender da relação entre paciente e terapeuta. Conforme os mesmos autores, a disposição do terapeuta em colocar-se no lugar do paciente sem perder a objetividade é fundamental para o tratamento, assim como o paciente dispor-se a partilhar tudo que lhe aflige, angustia, deprime, etc. Inicialmente, o terapeuta procura esforçar-se para desenvolver junto ao paciente uma aliança de colaboração terapêutica.

Aqui, se pensa uma relação paciente-terapeuta não apenas como o instrumento para aliviar o sofrimento, mas, acima de tudo uma forma de facilitar um esforço comum para se atingir objetivos específicos (BECK et. De acordo com Schwartz e Flowers (2008), a reação do paciente de aceitabilidade ou recusa ao tratamento é chamado de reação psicológica, fato que direcionará o terapeuta no roteiro do tratamento. Diante disso, os terapeutas necessitam ajustar os seus níveis de tratamento de acordo com o índice de resistência do paciente. Meyer e Vermes (2001) destacam que a relação terapêutica tem caráter preditor de bons resultados e que a negligencia desta é reconhecida como uma das maiores justificativas para o fracasso do tratamento e também pelo abandono prematuro da terapia ou pelo não cumprimento dos objetivos iniciais.

Apesar de poucos trabalhos científicos focarem no estudo sobre os motivos e as implicações do abandono da terapia, a contribuição existente dos resultados nesta área aponta para a importância da investigação sobre o tema, tanto para o terapeuta em sua prática profissional (no ensino e treinamento) quanto para as questões mais amplas, como no desenvolvimento de políticas de saúde mental (BENETTI; CUNHA, 2008). Dessa forma, este artigo torna-se duplamente relevante: primeiro por tratar-se de um estudo de caso de uma paciente que abandonou o tratamento, fato instigante e que pode elucidar reflexões profundas e, segundo, porque não há uma ampla literatura no que se refere aos constructos “relação paciente-terapeuta” e também “abandono da terapia” especificamente dentro da abordagem Cognitivo- Comportamental.

Na avaliação inicial, quando questionada sobre saúde ela relatou ter sentido muitas dores nas articulações ultimamente, devido ao Lúpus (a paciente declarou ter essa doença), e que por conta de todos os problemas que estava passando (problemas conjugais) as dores se intensificaram. Interessante destacar, que embora possua uma condição crônica importante, ao longo das demais sessões a paciente não se reportava mais à doença. A paciente chegou queixando-se de conflitos conjugais, mas especificamente, de não conseguir se separar definitivamente do marido, fato este que vinha lhe deixando triste, abatida, com humor rebaixado e angustiada. DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES Foram realizadas no total quatro sessões, que ocorreram semanalmente e com duração de cinquenta minutos cada, sendo na primeira realizada a avaliação inicial.

As sessões foram previamente estruturadas, seguindo o que é preconizado pela Terapia Cognitivo-Comportamental, respeitando as demandas da paciente. Grande parte do tempo na sessão, mesmo quando questionada sobre outros assuntos, era usado para falar dos conflitos no casamento e o fato de não conseguir separar efetivamente. No final, ela dizia que a sessão havia sido boa, pois ali podia desabafar, falar do seu reencontro com seu ex-namorado e conversar sobre “assuntos que não dá para conversar com todos” (sic). No segundo encontro, foi aplicada a técnica de vantagens e desvantagens para Gabrielly refletir sobre a manutenção ou não do casamento. Na terceira sessão, houve continuidade da técnica “Vantagens e desvantagens” de manter o casamento ou decidir pela separação. Percebe-se que a paciente consegue identificar as vantagens e desvantagens em relação ao casamento, porém, a identificação não parece ser suficiente para orientá-la na tomada de decisões.

ADESÃO AO TRATAMENTO Segundo LEAHY In SERRA (2006) a não aderência, resistência ou ainda a falta de progresso em terapia pode ser entendida, até certo ponto, sendo resultantes de estratégias que o paciente usa e papéis que ele desempenha com a finalidade de reiterar seus esquemas pessoais, evitando assim, maiores perdas. Neste caso, acredita-se que o paciente está tentando proteger-se de perdas maiores, buscando alguma reação por parte do terapeuta. Gabrielly desmarcava os atendimentos momentos antes do horário agendado, não deixando de justificar assim sua ausência, o que garantia sua continuidade no atendimento pela APC, porém a paciente também não aderia à terapia de fato, o que pode ser evidenciado, por exemplo, na não realização da tarefa de casa.

O mesmo acontecia em relação à separação conjugal, ela dizia não mais querer ter um relacionamento com o marido, mas continuava morando com este, não se separava definitivamente. Com isso pode-se pensar que a paciente apresenta um comportamento compensatório de esquiva. A emoção “vergonha” se manteve de 5 para 4 depois voltou para 5; “preocupação” oscilou de 10 caiu para 6 depois para 7. Por outro lado, em relação às emoções positivas pode-se notar um aumento significativo, a emoção “alegria” aumentou 2 para 5 e “tranquilidade” passou de 1 para 5. Pode-se com isso hipotetizar que se a paciente tivesse continuado a terapia suas emoções negativas tenderiam a continuar caindo e consequentemente iriam aumentando as emoções positivas. VANTAGENS E DESVANTAGENS Segundo Knapp et al. na técnica “vantagens e desvantagens”, o pressuposto a ser questionado é colocado no alto da folha, e a partir do questionamento socrático, o paciente vai elencando o que ele considera como sendo vantagem ou desvantagem de manter tal pressuposto.

Outra desvantagem seria que ela e os filhos teriam que assumir as atividades domésticas uma vez que o marido assumiu essa responsabilidade, cozinhando, comprando coisas, como uma forma de agradar a família quando este percebeu que seu casamento estava chegando ao fim. LINHA DO TEMPO Foi construída uma linha do tempo da vida da paciente (anexo II), visando levantar acontecimentos importantes da vida da mesma bem como uma forma de complementar e explorá-los. Através dela, foi possível ter acesso ao modo como estava organizada a vida de Gabrielly e os momentos que ela considerava como mais relevantes. Ela elencou o casamento dos seus pais, seu nascimento, a separação dos pais, a partida de sua mãe, ela ter ido morar com sua avó materna, a volta da mãe para sua cidade e posteriormente o momento em que vai morar com a mesma.

A partir do relato da paciente foi possível conhecer um pouco mais da vida de Gabrielly, porém não foi possível terminar a linha uma vez que a paciente não voltou mais para a terapia. REFERÊNCIAS BECK, Aaron Temkin; RUSH, Jonh; SHAW, Brian; EMERY, Gray. Terapia Cognitiva da Depressão (Therapy of Depression); trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Ed. Artes Medicas, 1996. BENETTI, Silvia Pereira da Cruz; CUNHA, Tatiane Regina dos Santos. Abandono de tratamento psicoterápico: implicações para a prática clínica. Arq. bras. psicol. Acesso em: 7 Jun. BRANDÃO, Maria Zilah da Silva. Terapia comportamental e análise funcional da relação terapêutica: estratégias clínicas para lidar com comportamento de esquiva. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. n.

In: CORDIOLLI, A. V. Org. Psicoterapias: abordagens atuais. ª ed. PERES, Rodrigo Sanches. Aliança terapêutica em psicoterapia de orientação psicanalítica: aspectos teóricos e manejo clínico.  Estud. psicol. Campinas, vol. org. Psicoterapias cognitivo-comportamental: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2001. MOREIRA, Andrea Suhet. A função da relação terapêutica na terapia comportamental. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. RANGÉ, B. Org). Psicoterapia Comportamental e Cognitiva: Transtornos Psiquiátricos. SERRA, A. M. Estudo da terapia cognitiva: um novo conceito em psicoterapia. São Paulo: Criarp, v. n. No caso de não justificar a ausência por três vezes consecutivas, fico sujeito à perda da continuidade do atendimento. Reconheço que o atendimento psicológico poderá ser objeto de estudo científico, por estar sendo desenvolvido no Serviço de Psicologia, uma clínica escola da UFRB.

Tenho ciência ainda de que toda e qualquer informação utilizada será de caráter sigiloso, de modo a garantir que minha privacidade seja respeitada, ou seja, o nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, identificar o participante será ocultado. Santo Antônio de Jesus, ____\____\____ Participante____________________________________________ Estudante de Psicologia________________________________________________ Supervisor/ CRP 03____________________________________________________ ANEXO II – LINHA DO TEMPO ANEXO III – Escala da Intensidade das Emoções.

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