A efetividade da psicoterapia e da reabilitação neuropsicológica no tratamento da doença de Alzheimer

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

A metodologia adotada para alcançar os objetivos consiste na pesquisa bibliográfica de caráter exploratório. Concluiu-se, neste estudo, que a psicoterapia e a reabilitação neuropsicológica são métodos eficientes na contribuição para o tratamento da doença de Alzheimer, tanto para o portador da doença, quanto para os seus familiares ou os seus cuidadores. Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Neuropsicologia. Psicoterapia. Em relação ao diagnóstico da doença de Alzheimer, ele só pode ser estabelecido através de exames laboratoriais e neuropatológicos, com a exclusão de outros casos de demência. Quanto ao tratamento, a doença de Alzheimer não possui cura, porém existem medidas farmacológicas que tem o intuito de reduzir os efeitos cognitivos e de memória, os quais são baseados na prescrição de anticolinesterásicos (rivastigmina, donepezil e galantamina) e de memantina (antiglutamatérgico) (COSTA et al, 2019, p.

Além disso, de acordo com Costa et al. p. para o tratamento da doença de Alzheimer, podem ser usadas medidas não farmacológicas, que tem o intuito de proporcionar melhoria na qualidade de vida do paciente e da sua família ou do cuidador. Porém, sabe-se que o envelhecimento não afeta, profundamente, outras áreas da cognição, tais como a orientação no tempo e no espaço, a linguagem e a capacidade funcional para a realização das tarefas diárias (CHAIMOWICZ, 2009 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. Alguns idosos apresentam comprometimentos de memória, as quais podem ser patológicas e afetarem as suas capacidades cognitivas. Porém, esse quadro sintomático nem sempre se constitui como demência do tipo Alzheimer. Segundo Chaimowicz (2009, p. “se não há outras áreas da cognição comprometidas e se não há repercussão funcional, o diagnóstico provavelmente será “comprometimento cognitivo leve””.

Souza (2011, p. escreve que o termo “Alzheimer” quando associado ao de demência, é usado para definir “uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento indisioso, que acarreta perda de memória e diversos distúrbios cognitivos”. De acordo com Silva e Souza (2014, p. Emil Kraepelin foi quem decidiu homenagear o médico Alois Alzheimer batizando com seu sobrenome esse quadro clínico pelo “fato de ele ter sido o primeiro a descrever alterações hispopatológicas específicas (os esmaranhados neurofibrilares) [. e associá-los a tal doença” (CAIXETA, 2012, p. A fase inicial é considerada por Sayeg (2009, p. como sendo a mais crítica. De acordo com Souza (2011, p. essa fase tem a duração de 2 a 10 anos e apresenta os seguintes sintomas: “perda de memória, confusão e desorientação, ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança, alteração de personalidade, além de dificuldades com tarefas de rotina, como alimentar-se ou vestir-se [.

” (CANINEU, 2013; SAYEG, 2009; SOUZA, 2011 apud SILVA; SOUZA, 2014, p. nessa fase “o indivíduo pode, em alguns casos, realizar determinadas tarefas extremamente simples, porém é incapaz de sobreviver sem ajuda”. Na fase avançada ou terminal, com duração de 8 a 12 anos, o portador da doença de Alzheimer apresenta “diminuição acentuada do vocabulário, diminuição do apetite e do peso, descontrole urinário e fecal, dependência progressiva do cuidador, mutismo e imobilidade” (CANINEU, 2013, p. além disso, nesse período a identidade do paciente desaparece por completo. Segundo Camões, Pereira e Gonçalves (2009, p. o tratamento da doença de Alzheimer deve ser plurimodal, recorrendo a estratégias medicamentosas e não medicamentosas, entre as quais se encontram a psicoterapia e a reabilitação neuropsicológica. • Rivastigmina: esse medicamento deve ser tomado duas vezes por dia, no período da manhã e no período da noite, onde os pacientes começam tomando 1,5 mg, 2 vezes ao dia, durante 15 dias, progredindo para 3 mg, 4,5 mg, até 6 a 12 mg, que consiste na dose mais eficaz.

Os estudos demonstram que a escala de avaliação cognitiva, como por exemplo a ADAScog evidenciou uma estabilização e uma melhoria no plano cognitivo. Estudos mais recentes demonstram uma acção sobre as perturbações não cognitivas, nomeadamente com a aplicação de escalas de seguimento psiquiátrico (Neuropsychiatric Inventory Scale), verificou-se um efeito sobre a apatia e desinteresse. Este tipo de tratamento poderá retardar o aparecimento ou o agravamento da perda de autonomia, sendo contudo necessário efectuar estudos a longo prazo, nesta área a fim de se verificar tais resultados (CAMÕES; PEREIRA; GONÇALVES, 2009, p. Em relação aos psicotropos adjuvantes, encontram-se medicamentes para (CAMÕES, PEREIRA, GONÇALVES, 2009, p. Nesse sentido, a psicoterapia vai ao encontro da doença de Alzheimer, à qual se caracteriza pela perda progressiva da memória e de outras funções cognitivas e também evidenciada pelo momento de grandes dificuldades emocionais para o idoso e todos ao seu redor.

O tratamento para a doença de Alzheimer pelo método da psicoterapia tem o propósito de oferecer qualidade de vida melhor ao portador da doença, seus familiares e cuidadores (SILVA; SOUZA, 2018, p. Sabe-se que alguns tratamentos complementares, tais como a psicoterapia, podem ser úteis durante o tratamento clínico da doença de Alzheimer, no entanto, ele é considerado uma prática que possibilita o tratamento da doença fora de possibilidades de cura, mas que visa o alívio do sofrimento e, como consequência, melhorias na qualidade de vida (SILVA; SOUZA, 2018, p. De acordo com Charchat-Fichman, Fernandes e Landeira-Fernandes (2012 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. A psicoterapia em neuropsicologia não utiliza de uma abordagem teórica específica, mas, em sua maioria, utiliza-se da terapia cognitivo comportamental. Vale ressaltar que a vida social do idoso que apresenta a doença não se restringe apenas à presença em grupos de terceira idade, mas também ao bom relacionamento entre os membros da família, em grupos religiosos, entre outros (ALMEIDA, 2014, p.

De acordo com Dalgalarrondo (2008 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. Mesmo quando o paciente se encontra na fase intermediária da doença em que os declínios de memória e da capacidade funcional se demonstram mais evidentes, podendo, inclusive, ser acometido pela ecmnésia, o neuropsicólogo também pode utilizar da psicoterapia para beneficiar o paciente com Alzheimer, especialmente utilizando um recurso denominado de terapia de validação. Nesse sentido, de acordo com a Associação Alzheimer Portugal (2015), a terapia de validação é uma técnica muito usada para o tratamento da doença de Alzheimer, em especial, para os casos no qual os portadores da doença vivem no presente fragmento do passado. O objetivo da terapia de validação consiste em proporcionar aos pacientes oportunidades de resolver os conflitos pendentes por meio do encorajamento e da validação da expressão dos sentimentos.

Sabe-se que a música é capaz de proporcionar estímulo à memória, conforto, entretenimento e auxiliar na criatividade. Dessa maneira, a musicoterapia pode auxiliar o idoso portador da doença de Alzheimer no estímulo de aspectos cognitivos e como consequência na preservação da identidade. Segundo Manzaro (2015 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. Na fase final da doença de Alzheimer, em que os processos degenerativos já acometeram diversas funções cognitivas, a psicoterapia torna-se um processo mais limitado. É nesse momento que o acompanhamento terapêutico também com os familiares e cuidadores transfigura-se em um processo de grande importância. Portanto, a psicoterapia é um processo em que o portador da doença de Alzheimer poderá encontrar acolhimento e auxílio para enfrentar as novas circunstâncias que virão. Assim como os cuidadores e familiares, que convivem diariamente com esse idoso e vivem uma rotina extremamente fastidiosa e, muitas vezes, desanimadora.

É importante ressaltar também que a psicoterapia será um momento de externalização de medos, tristezas, expectativas, angústias e de orientação e informação frente a esse novo contexto de vida que a doença de Alzheimer vai mobilizar em todos os envolvidos (SILVA; SOUZA, 2018, p 474-475). Dessa forma, o processo de psicoterapia oferece suporte psicológico não apenas ao idoso com Alzheimer, mas também aos seus familiares e cuidadores, de forma a auxiliar no controle da ansiedade e do estresse causado pela sobrecarga enfrentada com os cuidados (SILVA; SOUZA, 2018, p 475). É interessante atrelar, de forma simultânea, a psicoterapia ao trabalho de outros profissionais, como também a outras vertentes de tratamento psicológico, como a reabilitação neuropsicológica que pode produzir melhorias significativas no quadro sintomático do idoso com Alzheimer (SILVA; SOUZA, 2018, p 475).

Outra questão importante tem relação com a periodicidade das atividades realizadas no processo de reabilitação neuropsicológica, as quais devem ser realizadas regularmente e de forma repetitiva, de forma que o paciente não esqueça as tarefas, do laço estabelecido entre ele e o neuropsicólogo e, o mais importante, que impeça o agravamento das habilidades cognitivas ainda preservadas (ÁVILA; MIOTTO, 2002 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. Isso se faz necessário uma vez que, sem a prática frequente de atividades, os idosos podem perder algumas capacidades intelectuais, sendo assim, estímulos são importantes a fim de proteger o intelecto contra o processo de degeneração (ÁVILA; MIOTTO, 2002 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. Dessa forma, é necessário priorizar um nível contínuo e satisfatório de estimulação permitindo-se a utilização de músicas, notícias, jornais, revistas, jogos, entre outras tarefas (CAMÕES; PEREIRA; GONÇALVES, 2009, p.

Outro recurso considerado importante que é adotado na reabilitação neuropsicológica dos pacientes com Alzheimer são as técnicas de reabilitação da memória (ABRISQUETA, 2004 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. Estas técnicas estão divididas em três níveis, no qual os dois primeiros implicam no treinamento direto do funcionamento da memória e na tentativa de manter o máximo possível o funcionamento das atividades do cotidiano dos pacientes, enquanto o terceiro nível trata de aspectos compensatórios na deficiência da memória, com a finalidade de diminuir seu impacto na rotina desses pacientes (ABRISQUETA, 2004 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. E, as estratégias compensatórias são métodos utilizados para compensar habilidades já defasadas, ou seja, quando há déficit em determinada habilidade que não pode mais ser trabalhada, potencializa-se mecanismos alternativos ou habilidades residuais (SILVA; SOUZA, 2018, p.

Ao estimular as capacidades cognitivas preservadas o objetivo primordial deve ser na memória de curto prazo e na memória autobiográfica. A memória autobiográfica deve ser estimulada, pois é fundamental para que as memórias correspondentes à identidade, apropriações culturais e sociais sejam preservadas (CAMÕES; PEREIRA; GONÇALVES, 2009, p. No processo de degeneração cerebral, as habilidades cognitivas correspondentes à memória de curto prazo apresentam-se de maneira desconexa e desorganizada. Para melhoria da memória de curto prazo é necessário realizar alguns exercícios, no qual um deles consiste em contar alguma história previamente ensaiada e pedir ao paciente que a reconte (CAMÕES; PEREIRA; GONÇALVES, 2009, p. De acordo com Vreese e outros também citados por Ávila e Miotto (2002 apud SILVA; SOUZA, 2018, p. acreditam que os tratamentos alternativos e inovadores para a reabilitação de memória dos pacientes com doença de Alzheimer demonstram eficácia no tratamento clínico e são úteis, sendo assim, uma alternativa de grande potencial para utilização em uma nova cultura de tratamento da doença de Alzheimer.

Muitos pesquisadores acreditam que a reabilitação neuropsicológica para os idosos com a doença de Alzheimer é uma área complexa, porém indicam aos portadores da doença que se envolvam em atividades que estimulem a mente e o corpo. Assim sendo, a reabilitação neuropsicológica é considerada como uma alternativa de tratamento, uma vez que seu objetivo principal consiste em proporcionar melhor qualidade de vida ao idoso (SILVA; SOUZA, 2018, p. Pode-se dizer que, em termos gerais, a psicoterapia e a reabilitação neuropsicológica, são capazes de contribuir com o portador da doença de Alzheimer, seus familiares e cuidadores. Referências ASSOCIAÇÃO ALZHEIMER PORTUGAL. Terapias e Abordagens Comunicacionais. Portugal, 2015. Disponível em: https://alzheimerportugal. org/pt/text-0-15-22-108-terapias-e-abordagens-comunicacionais. Evolução da doença. Brasil, 2012.

Disponível em: http://abraz. org. br/sobre-alzheimer/evolucao-da-doenca. Tratamento. Brasil, 2012. Disponível em: http://abraz. org. br/sobre-alzheimer/tratamento. Bras. Ter. Ocup, v. n. p. n. p. CANINEU, Paulo Roberto. A doença de Alzheimer. In: Caovilla VP, Canineu PR. Tudo sobre doença de Alzheimer. São Paulo: Andrei, 2000. COSTA, Bruna Guedes Lopes et al. Métodos não farmacológicos para o tratamento do Alzheimer: uma revisão integrativa. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. Cadernos Unifoa, Volta Redonda, v. n. p. dez. PONTES, Livia Maria Martins; HÜBNER, Maria Martha Costa. Moreira Júnior, Campinas, v. n. p. dez. SILVA, Lorena Batista; SOUZA Mayra Fernanda Silva de. Monografia (Pós Graduação). Faculdade de Ciências Humanas ESUDA, Recife, 2011. XIMENES, Maria Amélia; RICO, Bianca Lourdes Duarte; PEDREIRA Raíza Quaresma.

Doença de Alzheimer: a dependência e o cuidado. Revista Kairós Gerontologia, v.

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