A oralidade e os gêneros textuais orais em sala de aula: entrevista

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Letras

Documento 1

Orientador: Prof. Quintiliano Montes Claros - MG Abril/2019 A ORALIDADE E OS GÊNEROS TEXTUAIS ORAIS EM SALA DE AULA: ENTREVISTA Flávio Alves Rodrigues RESUMO Este artigo aborda a prática da oralidade por meio dos gêneros orais na sala de aula, com o foco no gênero entrevista e responde a oralidade pode ser desenvolvida através dessa prática. O objetivo geral é refletir sobre práticas pedagógicas de oralidade utilizadas nas aulas de Língua Portuguesa na concepção dialógica bakhtiniana e os específicos são mostrar que os gêneros orais e os gêneros escritos se complementam, destacando a entrevista; mostrar que os gêneros orais podem favorecer as apresentações orais dos estudantes em outras disciplinas e sugerir atividades referentes ao gênero entrevista com vistas a desenvolver a capacidade de oralização dos estudantes nas práticas discursivas.

O resultado percebido nas teorias que fundamentam a pesquisa é de que a oralidade pode se desenvolver por meio dos gêneros orais, dentre eles estão a entrevista por requerer discussões que antecedem sua aplicação. A metodologia utilizada foi a bibliográfica com o suporte de autores relevantes que discorrem sobre o tema. Portuguese Language. Orality in Teaching Basic. INTRODUÇÃO Este estudo discorre sobre a prática da oralidade por meio dos gêneros orais na sala de aula, com o foco no gênero entrevista. Percebe-se que os estudantes não são preparados para se organizarem para as apresentações orais, por essa razão, sentem-se inseguros para falar para a classe inteira, incluindo o professor. Esse é o problema discutido nesse estudo. A autora ainda afirma que é importante que os estudantes desenvolvam a competência de saber ouvir o outro com atenção, pois, sabendo escutar, eles aprendem a respeitar e ter atenção aos colegas e professor.

Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas (exposição, relatório de experiência, entrevista, debate etc. e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo (debate, teatro, palestra, entrevista etc. Isso, possivelmente, aumenta a valorização da escrita em relação à oralidade. No entanto, é preciso refletir na possibilidade de uma prática da oralidade diferenciada, do mesmo modo que ocorre com a escrita, sem supervalorizar uma em detrimento da outra.

As duas modalidades são importantes e se complementam. Por exemplo, o debate é um gênero oral, que não necessita ser escrito, mas precisa de leituras para preparação, no caso tem o amparo de textos escritos. O planejamento para esse gênero pode se dar de maneira distinta, antes do debate, por exemplo, estudando o assunto e solidificando possíveis argumentos. • História da música (teatro) – Cada grupo escolhe uma música, monta uma peça com o enredo dela e apresenta para a classe. A cada estudante faz um personagem e/ou diretor da peça. • Descrição oral – (individual ou em grupo) o estudante recebe um objeto e é convidado a descrevê-lo. Existem muitas outras atividades e o professor pode realizar modificações para adaptar às demandas de seus estudantes.

Todos os aspectos tipográficos propostos por Dolz, Noverraz e Shneuwly (2004), podem ser usados em formato oral. Desse modo, os indivíduos aprendem a se comunicar e a falar, através de enunciados concretos que se configuram em gêneros. Nessa linha, a utilização da língua sempre acontece por meio de um gênero determinado, escolhido de acordo a situação de interação e as finalidades discursivas. Assim, há uma grande variedade de gêneros, escritos e orais, relativos à situações cotidianas mais padronizadas (como as saudações, os cumprimentos, etc. e àquelas mais livres (como as conversas entre amigos, entre familiares, etc. bem como os utilizados em esferas discursivas mais complexas e elaboradas (como a literária, a política, a científica, etc. São discursos dentro de discursos.

Segundo ele, esse diálogo é construído histórica e socialmente e é a partir dele que se dá a construção da consciência individual do falante (BAKHTIN, 2003). Em síntese, o enunciado é uma unidade discursiva emitida por um locutor dentro de um contexto histórico e social que provoca uma atitude responsiva por parte do receptor. E, como visto anteriormente, todo enunciado é produzido para alguém e com uma intenção comunicativa pré-definida. Bakhtin (2003) mostra que são justamente essas intenções que fazem parte das condições de produção do enunciado, que determinam os usos linguísticos e que dão origem aos gêneros discursivos. Os gêneros primários são aqueles que se formam e que são utilizados na comunicação discursiva imediata, no âmbito da ideologia do cotidiano, domínio das ideologias não formalizadas e não sistematizadas (conversas entre parentes ou amigos, bilhete, carta, entre outros).

Por sua vez, os gêneros secundários, que são formados a partir dos primários, constituem-se e são utilizados nas comunicações culturais realizadas nas esferas sociais mais complexas, no âmbito das ideologias formalizadas e sistematizadas (esferas científica, artística, política, jurídica, religiosa, entre outros, em que podemos encontrar gêneros como artigo, teatro, tese, romance, sermão, entre outros). Bakhtin (2003) estabelece aspectos a serem considerados para a classificação dos gêneros: a) o conteúdo temático (assunto), b) a composição (estrutura formal) e c) o estilo (forma individual de escrever, vocabulário, léxico, composição frasal e gramatical). O conteúdo temático, ou tema, refere-se ao conteúdo ideologicamente conformado que se torna comunicável por meio de um determinado gênero, constituído pelo objeto, pelo sentido e pela situação social que determinou o enunciado, especialmente as intenções comunicativas do locutor.

A composição diz respeito ao modo de organização da fala, do enunciado. Gêneros Orais e Gêneros Escritos Quando se fazem referências sobre aos gêneros orais e gêneros escritos não há uma relação dicotômica, visto que existe uma relação de continuidade entre ambos, uma vez que os gêneros orais sustentam os gêneros escritos e vice-versa. Esses gêneros possuem uma interdependência mútua, para cada gênero oral pressupõe uma escrita, desse modo para cada gênero escrito praticado na escola pressupõe o oral. Razão pela qual, há uma distinção na configuração, desses gêneros, pois um é audível e não visível, o outro é visível e não audível em um entrelaçamento contínuo (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004).

Silva, Viegas, Duarte e Veloso (2011) afirmam que uma língua é falada antes de ser escrita, por essa razão a oralidade é muito importante, pois dela parte todo o processo de aprendizagem. A oralidade uma forma aleatória na qual se improvisa, já a escrita é planejada e elaborada, mas as pessoas valorizam mais a escrita, porém a escola deveria mudar essa visão, pois é ela que deve promover as produções orais, com o apoio da avaliação, correção de desvios linguísticos, proporcionando práticas discursivas de comunicação na sala de aula. uma dada manifestação particular, histórica, social e sistemática de comunicação humana [. as línguas não são apenas código para comunicação, mas fundamentalmente uma atividade interativa (dialógica) de natureza sócio cognitiva e histórica (MARCUSCHI, 2007, p.

Essa concepção de Marcushi (2005) e Bakhtin (2003) de que a língua é dialógica e interativa estão em conformidade com o que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que considera a língua como: Um sistema de signos específico, histórico e social, que possibilita a homens e mulheres significar o mundo e a sociedade. Aprendê-la é aprender não somente palavras e saber combiná-las em expressões complexas, mas aprender pragmaticamente seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade e a si mesmas (BRASIL, 1998, p. É visível que os estudantes em início da vida escolar já possuem competência discursiva e linguística em conformidade com suas interações do dia-a-dia, incluindo as escolares. Uma entrevista costuma ter por título um trecho da fala do entrevistado ou uma frase-síntese que revela a opinião do entrevistado.

Abaixo do título há normalmente um subtítulo que procura sintetizar o que foi exposto durante a entrevista. É comum haver também um texto mais extenso, em que o entrevistador coloca o leitor a par do assunto que será abordado ou apresenta o entrevistado, falando de sua vida pessoal ou de sua atividade profissional. Nesse tocante, pode-se compreender que o gênero entrevista deve ser levado em conta que: Quando ocorre, por exemplo o gênero discursivo entrevista, simultaneamente está sendo aplicado o gênero textual entrevista, com os interlocutores desempenhando cada um o seu papel de enunciadores no ato de linguagem, dentro de um ambiente discursivo (BALTAR, 2004, p. Desse modo, pode-se destacar esse gênero como um suporte para a interação e sua utilização para uma experiência real de um ato de linguagem situado e datado.

Quanto ao número de perguntas pode variar de acordo com o perfil dos estudantes entrevistadores, as exigências do professor, considerando o tema a ser tratado, a profundidade das perguntas e a faixa etária dos estudantes. Essa ideia remete à citação: “é claro que para nossas palavras realizarem seus atos, elas devem ser ditas pela pessoa certa, na situação certa, com o conjunto certo de compreensões” (BAZERMAN, 2005, p. No próximo passo, os estudantes revisam as perguntas e partem para a entrevista, com a orientação do professor quanto aos equipamentos para gravar a interação com o entrevistado. A entrevista gravada possibilita a captação exata das palavras usadas por ele, para ser fiel ao que for dito. Também o professor pode orientar os estudantes a fazerem um agendamento prévio da entrevista e sobre a postura de seriedade durante esse processo, momento de interação muito relevante.

São atividades guiadas por um tema ou um objetivo e dividida em etapas que finalizam com a produção do gênero trabalhado. Essas etapas são: apresentação da situação, produção inicial, módulos e produção final (RIGONATTO, 2019). O anexo apresenta uma atividade com sequência didática do gênero entrevista que está inserida nos PCN de língua portuguesa. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa abordou a oralidade por meio dos gêneros orais na sala de aula, com o foco no gênero entrevista por meio de uma pesquisa bibliográfica, fundamentada por autores que tratam do assunto. Os estudos evidenciaram que a oralidade abordada desse modo tem muitas possibilidades de sucesso, com a mediação do professor de língua portuguesa. M. Gêneros discursivos.

In: Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes. COSTA-HUBES, Terezinha da Conceição. BAUMGÄRTNER, Carmen Terezinha. Revisitando alguns conceitos teóricos. In: Sequência didática: uma proposta para o ensino da língua portuguesa nas séries iniciais. Cascavel: Martins Fontes, 2007. pdf> Acesso em: 20 março. DOLZ, J. NOVERRAZ, M. SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. A. G. Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção de textos. In: KARWOSKI, A; GAYDECZKA, B; BRITO, K. S. PACHECO, Letícia Priscila. O gênero entrevista como ferramenta de ensino em aulas de língua portuguesa. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2008. Disponível em https://periodicos. ufsm. Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana: algumas questões teóricas e metodológicas.

Linguagem em (Dis)curso, [S. l. v. n. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. ANEXO Sugestão de Atividade – Sequência Didática de Entrevista Dados da aula: → Objetivos: - Ter contato com o gênero textual entrevista; - Realizar pequenas entrevistas; - Organizar um texto baseado nos dados coletados durante a entrevista. → Duração das atividades: - Cinco ou seis aulas de 1 hora cada. Módulo 1 • Relembre as características registradas após a análise dos textos, entregando novamente os exemplos trabalhados para os grupos de três alunos. • Pergunte à turma qual tema gostariam de pesquisar (dê possíveis temas para que a escolha seja mais fácil, por exemplo: hobbies, família, animais de estimação, etc.

se eles fossem realizar uma entrevista com você, professor(a). • Registre o tema escolhido no quadro e, em seguida, diga à turma que todos juntos construirão a entrevista. • Comece pedindo para que criem um título para a entrevista e registre no quadro a escolha da turma. • Oriente os grupos quanto à necessidade de a produção textual obedecer às características do gênero trabalhado; diga que a entrevista deverá conter título, apresentação, perguntas e respostas. • Após a produção escrita, permita que cada grupo convide o seu entrevistado e registre as respostas das perguntas elaboradas. • Ao final das produções, peça para que cada grupo leia a entrevista realizada. • Recolha as entrevistas e faça a correção delas. Módulo 3 • Devolva as entrevistas corrigidas e peça aos alunos que façam as adequações apontadas na correção.

• Diante dos temas escolhidos, organize o processo das entrevistas, marcando com os entrevistados os horários possíveis para que os alunos possam encontrá-los para fazerem suas perguntas. Módulo 5 • Organize novamente os grupos e devolva a folha corrigida, pedindo que façam as adequações apontadas; • Com a presença do entrevistado, permita aos grupos realizarem a entrevista, registrando as respostas. Oriente que todos do grupo devem participar, distribuindo perguntas para cada um. • Após as entrevistas, peça aos grupos que organizem as respostas e entreguem as folhas para a correção. Produção Final • Devolva as folhas corrigidas para fazerem as adequações apontadas.

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