A política econômica da Alemanha de Hitler

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Economia

Documento 1

ORIENTADOR __________________________________________ EXAMINADOR __________________________________________ EXAMINADOR DEDICATÓRIA A Ronaldo e Alesandra, meus pais. AGRADECIMENTOS (OPCIONAL) EPÍGRAFE (OPCIONAL) RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS Figura 1: Invasão e divisão da Polônia 45 Figura 2: Conquistas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial 47 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Taxa de inflação na Alemanha entre 1919 e 1924 24 Tabela 2: PIB da Alemanha de 1946 a 1955 em milhões de dólares 52 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Número de desempregados na Alemanha entre 1928-1939 37 Gráfico 2: Gastos militares em milhões de reichsmarks 38 Gráfico 3: Produção líquida da indústria alemã 39 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 2 CAPÍTULO I: ANTECEDENTES 14 2. Introdução 14 2. O que levou à Primeira Guerra Mundial? 18 2. A hiperinflação (1919-1924) 22 2. O escopo do presente trabalho também analisará a evolução política e econômica da Alemanha no contexto antecedente ao Terceiro Reich (os imperativos determinantes para a participação alemã na Primeira Guerra Mundial, a hiperinflação dos anos 1920 e os impactos do Crash de 1929 na economia alemã) e na conjuntura da Segunda Guerra Mundial e nos anos subsequentes (as motivações geopolíticas e geoeconômicas da Alemanha, a derrota alemã no maior conflito bélico da história e o plano de reconstrução da Alemanha).

Além de investigar a política econômica da Alemanha sob Hitler, seus dispositivos e dinâmica, esta pesquisa ainda levanta a hipótese de que essa obteve um relativo sucesso, reconstruindo um país destroçado pelas consequências da guerra, mesmo que, para isso, tenha lidado com brutal custo humanitário e social para o todo planeta. CAPÍTULO I: ANTECEDENTES 2. Introdução Em 1914, o continente europeu foi cenário de um conflito catastrófico que matou milhões de pessoas, impactou as economias dos países envolvidos, abalou e transformou impérios e sociedades e desconfigurou o domínio europeu no resto do mundo: era a Primeira Guerra Mundial (MACMILLAN, 2014). Segundo MacMillan (2014), o século desde o fim das guerras napoleônicas – que aconteceram, aproximadamente, entre 1803 e 1815 – fora o mais pacífico na Europa desde o antigo domínio romano.

A questão que se faz agora é: como a Europa, vivendo seu clímax científico, acadêmico e tecnológico, conseguiu impor tal castigo a si mesma e ao mundo? Segundo MacMillan (2014), há muitas explicações possíveis que, inclusive, até dificultam suas escolhas. Resumidamente, pode-se alavancar três grupos de razões que permitiram o acontecimento. Primeiro, a corrida armamentista, rígidos planos militares, rivalidade econômica, guerras comerciais, imperialismo por busca de colônias e oscilantes sistemas de alianças que dividiram o continente em campos antagônicos. Segundo, ideias e emoções que muitas vezes ultrapassaram as fronteiras dos países, como o nacionalismo exacerbado, medos de perdas ou revoluções sociais, exigências de honra e virilidade mandando não recuar ou parecer fraco. Terceiro, o pensamento do que foi chamado por darwinismo social, ou seja, a categorização das sociedades em níveis evolutivos como se fossem espécies, promovendo a crença não apenas na evolução e progresso, mas também na inevitabilidade da luta (MACMILLAN, 2014).

Além dos rumos políticos, a Grande Guerra também alterou os rumos econômicos do planeta. Até 1914, o mecanismo de comércio internacional baseava-se no padrão-ouro, ou seja, a moeda nacional era convertida em ouro para que o mesmo pudesse ser utilizado livremente na importação ou exportação de mercadorias. A partir de 1918, com o fim da guerra, estabelece-se na Conferência Internacional de Gênova (1922) a gradativa mudança para o padrão câmbio-ouro (GAZIER, 2009). O padrão câmbio-ouro foi, de acordo com Gazier (2009), moldado pela necessidade de retomada e organização do comércio internacional no pós-guerra, contudo, sua raridade e distribuição desigual faziam com que, na prática, as moedas de cada país ficassem submetidas a uma moeda fundamental.

A princípio, foi convencionado que essa moeda fundamental fosse a libra esterlina (moeda inglesa) e, com o tempo, foi se modificando para o dólar estadunidense – como próprio resultado do desempenho que os EUA tiveram durante o período de conflito e na década seguinte. Tendo em vista, então, o cenário apresentado nesta Introdução, os próximos capítulos trarão considerações acerca da Primeira Guerra Mundial, Nazismo e Segunda Guerra, todos pautados em como a Alemanha organizou sua economia diante desses acontecimentos. O que levou à Primeira Guerra Mundial? Antes que seja possível falar sobre a ascensão e queda do Terceiro Reich, nada mais relevante do que trazer à tona os seus antecedentes, como o que levou a Europa a enfrentar a Primeira Grande Guerra e todas as consequências que a população sofreu com um acontecimento tão amplo e destruidor.

Para Rodrigues (1994, p. a Grande Guerra de 1914 tem como precedente a sociedade feliz que vivia na era da Belle Époque, período considerado pelo autor como reflexo de um mundo marcado por estabilidade, paz e valores seguros. No entanto, essa sociedade não representava toda a população, mas sim a camada mais elevada – a burguesia – que carregava os frutos de uma revolução científica e tecnológica acelerada. Nascia assim, em 1871, no suntuoso cenário do palácio francês de Versalhes, a Alemanha Imperial, substituo autocrático e prussiano para as instituições democráticas tão almejadas pelos setores progressistas da nação alemã antes do fracasso de 1848 (RODRIGUES, 1994, p. Na posição de chanceler da Alemanha Imperial, Bismarck tinha como principal objetivo estabilizar a Europa em torno do Império Germânico recém-criado.

Para isso, teria que lidar com o fato de a França desejar ter de volta os territórios da Alsácia e Lorena2, o que acarretava em uma expansão colonial na África e Ásia, e estabelecer um alinhamento diplomático com o Império Austro-húngaro e a Rússia, o que conseguiu em 1872 com a Liga dos Três Imperadores3 (HENIG, 1991, p. Seguindo os feitos de Bismarck, de acordo com Henig (1991, p. nascia, em 1882, a Tríplice Aliança, que agrupava a Alemanha, a Itália e a Áustria-Hungria e tinha como objetivo aumentar as garantias de paz, assegurando a ordem social e política. Afirma-se que a Alemanha procurou esse momento a partir de 1912, mas dificilmente poderia ter sido antes. Sem dúvida, durante a crise final de 1914 – precipitada pelo irrelevante assassinato de um arquiduque austríaco por um estudante terrorista numa cidade de província dos confins dos Bálcãs – a Áustria sabia que corria o risco de uma guerra mundial ao provocar a Sérvia; e a Alemanha, ao decidir dar total apoio à sua aliada, transformou o risco quase numa certeza (HOBSBAWM, 1988, p.

Contudo, o estopim para a Guerra viria em torno dos incidentes balcânicos, que se iniciou em 1878, quando as provinciais turcas da Bósnia e da Herzegovina, por determinação do Congresso de Berlim, foram colocadas sob tutela provisória do Império Áustro-Húngaro. A Sérvia, por ventura, queria reunir os eslavos balcânicos sob a jurisdição de uma Grande Sérvia, anexando os territórios balcânicos. No entanto, em desacordo ao Congresso de Berlim, a Áustria incorporou definitivamente a Bósnia e a Herzegovina em seu território, ocasionando uma rivalidade com a Sérvia (RODRIGUES, 1994, p. A Rússia, que não fazia segredo de seu apoio à Sérvia, devia ameaçar a Áustria-Hungria de represálias. Se isso acontecesse, provavelmente a Alemanha acorreria em auxílio da sua aliada e, por conseguinte, se encontraria em guerra contra a Rússia (MACMILLAN, 2014, p.

Sob esse estopim, a Alemanha deu apoio à Áustria e a Sérvia buscava alianças com Rússia, Itália e Inglaterra. Pouco a pouco, a Europa, ia, então, sentindo a aproximação de uma batalha maior e cada acontecimento era um aviso. Em agosto de 1914, por fim, tinha início a maior guerra que o mundo já viu: a Primeira Guerra Mundial. Para Couto e Hackl (2007, p. “o seu resultado, altamente desfavorável e humilhante para a Alemanha, abriria o caminho para a Segunda Guerra”. Amputada por um tratado não discutido, mas um verdadeiro diktat, de 1/7 de seu território, de 1/10 de sua população, de suas forças armadas e de suas colônias, a Alemanha passou a alimentar um violento ódio revanchista em relação aos aliados, notadamente à intransigente França.

Embora momentaneamente enfraquecida, a Alemanha, com seus 65 milhões de habitantes e conseguindo preservar o Ruhr, logo voltaria a ser uma grande potência, agora favorecida pelo afastamento político-militar da Rússia Soviética e também pela “balcanização” da Europa central em decorrência do esfacelamento do Império Áustro-Húngaro (RODRIGUES, 1994, p. Obrigada, então, a pagar os altos custos de uma guerra, a Alemanha começaria a passar por uma hiperinflação, considerada um dos maiores fenômenos monetários da história da economia mundial, segundo Couto e Hackl (2007, p. Em 1923 explode a hiperinflação, resultante tanto da política econômica do período bélico quanto das reparações extorsivas impostas aos alemães. Os déficits de balanço de pagamentos e a queda acentuada da taxa de câmbio indicavam o colapso monetário.

Naquele ano, a poucos meses desse colapso, 300 fábricas de papel e 150 gráficas com 2 mil impressoras trabalhavam dia e noite para fazer face à demanda de notas bancárias. Um dólar, em junho de 1923, já valia 100 mil rentenmarks (RM), mas em novembro atingiu RM 4,2 trilhões (SMITH apud BRAGA, 1999, p. De acordo com Couto e Hackl (2007, p. Enquanto os países vencedores queriam o pagamento de pesadas quantias do país alemão, Keynes (2002 p. discorre que a Alemanha só podia pagar a quantia que lhe foi imposta de três formas: com bens transferíveis, como ouro, navio e títulos estrangeiros; com propriedades em território cedido ou transferido; e com prestações anuais, parte em dinheiro e parte em produtos. No entanto, caso a Alemanha optasse em realizar o pagamento da guerra em forma de ouro e prata, a quantia representaria menos que 4% do papel moeda emitido pelo país (KEYNES, 2002, p.

ou seja, não era possível considerar que essa forma de débito seria a mais viável, já que não constituiria soma importante de valor. Com relação aos navios, parte da tropa alemã já estava nas mãos dos aliados6 e, considerando, ainda, o restante a ser transferido, o valor envolvia cerca de 120 milhões de libras. Essa contrabalança serviu para estabilizar o nível de preços, assim como impediu os frutos de um padrão de vida mais alto e gerou o boom e a depressão do ciclo de negócios (ROTHBARD, 2012, p. Geralmente se acredita que o grande boom da década de 1920 começou por volta de julho de 1921, após um ano ou mais de forte recessão, e terminou por volta de julho de 1929.

A produção e a atividade econômica começaram a cair em julho de 1929, ainda que o famoso crash da bolsa tenha acontecido em outubro daquele ano (ROTHBARD, 2012, p. Enquanto na Europa a década de 20 foi considerada um período difícil, marcado por instabilidades, para os Estados Unidos foi um período de glórias. De acordo com Deursen (2017), a Primeira Guerra Mundial devastou o território europeu e, com isso, os Estados Unidos passaram a suprir os países necessitados de manufaturas e alimentos. Atingiu, além de Churchill, que ficou quase 600 mil dólares mais pobre, cerca de 1,2 milhões de pessoas nos Estados Unidos – menos de 1% da população (DEURSEN, 2017). Para lidar com as consequências da crise, o presidente norte-americano Hoover criou o New Deal, programa antidepressivo que seria marcado pelo estímulo a salários e preços, expansão de crédito, apoio a pequenas e fracas empresas e controle nos gastos do governo, porém, não obteve sucesso (ROTHBARD, 2012, p.

Para a Alemanha, segundo Sbrocco (2011, p. o resultado da crise de 1929 foi muito mais intenso do que para qualquer outro país, visto que ela estava tomada por capital estrangeiro que era requerido de volta. Em março de 1931, por exemplo, o maior banco da Áustria não teve mais condições de pagar suas dívidas externas e, com isso, passou a retirar os créditos concedidos à Alemanha; o desemprego subiu ainda mais; a produção caiu em quase um terço; a dívida externa crescia e era impossibilitada de pagamento (COUTO; HACKL, 2007, p. Filosofia econômica e social do Partido Nacional Socialista Neste capítulo, para que se possa entender quais as filosofias econômicas e sociais do Partido Nacional Socialista, é necessário, antes, compreender as linhas teóricas do pensamento de Hitler, suas crenças, seu modo de agir e tudo o que colaborou para que suas ideias fossem formuladas.

Nesse intuito, primeiramente, Kershaw (1993) define Hitler como um homem inexpressivo, de estatura mediana e tez clara; em seu rosto, a figura mais significativa era o bigode aparado; seus hábitos eram rotineiros e conservadores; era vegetariano, não fumava, não tomava café e era obcecado por limpeza; apesar de tudo, era inteligente e sagaz. Tais características, segundo o autor, caso não estivessem atreladas aos seus ideais políticos, de nada serviriam para chamar a atenção do povo. Pensou-se por muito tempo, após o colapso do Terceiro Reich que a mensagem de Hitler não consistia em nada além das frases vazias do demagogo sedento de poder, e que o homem por trás da mensagem era tão desprovido de ideias autênticas quanto o eram os tiranos clássicos do passado.

Agora, porém, reconhece-se universalmente que, por trás do vago apelo missionário, havia um conjunto de ideias inter-relacionadas – por mais repulsivas e irracionais que fossem – que se cristalizaram, em meados da década de 1920, numa ideologia coesa (KERSHAW, 1993, p. De acordo com os escritos de Couto (2009, p. Adolf Hitler mudou-se para Viena quando completou seus 18 anos, a fim de que conseguiria entrar para a Academia de Belas-Artes, porém sem sucesso. Sua recusa foi apontada pelo diretor da escola como sendo consequência do fato do jovem austríaco não ter dom para a pintura, mas sim para a arquitetura. Segundo os estudos de Kershaw (1993), autor da mais renomada biografia de Adolf Hitler, a visão de mundo e as ideias do chanceler alemão já estavam praticamente formadas antes mesmo da Primeira Guerra Mundial.

Em resumo, Hitler tinha uma visão dualista do mundo em que tudo se reduzia a tudo ou nada, porém, sua mais importante ideia é pautada na luta racial como crença de um futuro melhor. Além disso, a derrota da Alemanha na Primeira Grande Guerra fez com que Hitler culpasse os judeus. A reação histérica de Hitler, enquanto jazia cego no hospital Pasewalk, ao tomar conhecimento da vitória das forças que odiava com todas as fibras de seu ser, parece ter levado a uma intensificação de sua já cristalizada visão dualista de mundo – acima de tudo, de sua convicção de que a culpa pela catástrofe que havia atingido a ele e a tudo em que acreditava jazia às portas dos judeus onipresentes (KERSHAW, 1993, p.

Em maio de 1912, Hitler mudou-se de Viena para Munique e chegou ao país, segundo Shirer (2008, p. como quem fosse um “vagabundo”, pois não se tornara pintor, não se tornara arquiteto, não se tornara nada. Deixou a Áustria, provavelmente, por conta do serviço militar, no qual não queria ter que lutar ao lado de judeus e outras minorias. No ano de 1918, a mais notável tragédia acontecia na vida de Hitler e a perda da guerra atingiu-o fortemente. Para ele, a guerra não foi perdida nos campos de batalha, mas sim fora, com o país sendo apunhalado pelas costas por seus traidores (SHIRER, 2008, p. Para o futuro chanceler alemão, “Tudo estava perdido. Somente os idiotas, mentirosos e criminosos podiam esperar misericórdia do inimigo” (HITLER apud SHIRER, 2008, p.

Por conseguinte, em 1919, tinha início o Partido Nazista, ainda sob o nome de Partido dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deustche Arbeiterpartei – DAP), que seria a base da vida política de Hitler e que, posteriormente, seria conhecido como o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP) (COUTO, 2009, p. De acordo com Kershaw (1993, p. em fins de 1922, o Partido Nazista já tinha angariado 20 mil membros e, mais tarde, 50 mil. Esse contínuo crescimento era devido à habilidade de Hitler como agitador e como resultado do flagelo da República de Weimar. A experiência nazista começou substituindo a ênfase liberal da República de Weimar por uma política mais intervencionista de estilo keynesiano. Respeitou-se o modelo de economia mista com mercados, razoável estabilidade monetária e a sintonização da economia por meio de políticas fiscais apropriadas (FEIJÓ, 2009, p.

deste trabalho, o futuro chanceler alemão chegou ao poder da Alemanha em 30 de janeiro de 1933 com a nomeação de Hindenburg, então presidente do país. O acesso a Hindenburg era a chave do poder. Por conseguinte, o palácio presidencial tornou-se o ponto focal das intrigas dos negociadores do poder, que, livres das restrições institucionais, conspiravam com astúcia e iniciativa, em manobras particulares, para favorecer suas próprias ambições de poder. E, por trás dos negociadores desonestos, havia o tráfico de influência de importantes grupos de elite, ansiosos por obter uma solução política da crise que favorecesse seus interesses (KERSHAW, 1993, p. Com base, então, na filosofia do Partido Nazista, e na ascensão de Adolf Hitler ao poder, no posto de chanceler da Alemanha, a próxima seção desta pesquisa trará a economia de guerra adotada pelo Führer, assim como o caminho que o levou ao rearmamento alemão e consequente Segunda Guerra Mundial.

O título Mefo poderia ser trocado por dinheiro no Reichsbank, mas ele também era intercambiável por outros papéis. Assim, o governo preferia vender os papéis a agências de dinheiro e de capital em vez de negociá-los diretamente com o público. A agência captava recursos da poupança popular e da previdência social, e emitia títulos de médio e longo prazos (FEIJÓ, 2009, p. Com a estratégia adotada, foram emitidos, em poucos meses, quatro milhões de marcos em Mefo; em quatro anos, o volume chegou a 12 milhões. Schacht, nesse cenário, entendeu que os Saques Mefo geravam demanda efetiva, aumentavam a produção e estimulavam a geração de emprego (COUTO; HACKL, 2007, p. Esse sistema tornou possível que cerca de seis milhões de marcos em saques Mefo, cuja circulação total em quatro anos aos poucos subiu para 12 milhões de marcos, fossem absorvidos pelo mercado, não indo portanto para o Reichsbank.

Com isso evitou-se qualquer efeito inflacionário do financiamento da geração de empregos e qualquer desvalorização monetária. Com o dinheiro para o financiamento, Schacht percebeu, também, que a construção civil era grande detentora de mão-de-obra e liberou verba para construção de diques, canalizações, estradas, desmatamento, drenagens, moradias, hospitais, entre outros (COUTO; HACKL, 2007, p. Assim, o plano de Schacht fez com que o desemprego caísse consideravelmente em poucos meses, como mostra o Gráfico 1 abaixo: Gráfico 1: Número de desempregados na Alemanha entre 1928-1939 Fonte: Museu Histórico Alemão Como visto no Gráfico 1, em 1928, um ano antes da queda da Bolsa de Nova York, o número de desempregados na Alemanha era de 1,4 milhões e até Hitler chegar ao poder esse número cresceu quatro vezes.

Em 1933, o número de pessoas sem emprego caiu para 4,8 milhões e chegou à marca de 0,1 em 1939, aproximando-se da situação de pleno emprego. Gráfico 2: Gastos militares em milhões de reichsmarks Fonte: Abelshauser apud Feijó (2009, p. Segundo Shirer (2008, p. o rearmamento foi a base para que a Alemanha tivesse sua real recuperação. Essa economia de guerra, porém, não deveria funcionar apenas em tempos de conflitos, mas também em momento de paz, antecedentes à guerra. Esse plano de rearmar o país, no entanto, não era uma necessidade, mas sim um desejo pessoal de Hitler. Farben, o grande truste químico. Não obstante os aliados terem proibido Krupp de continuar nos negócios de armas depois de 1919, a fábrica na realidade não permanecera parada (SHIRER, 2008, p.

Posteriormente, em 16 de março de 1915, segundo Shirer (2008, p. Hitler anunciou e promulgou uma lei que reestabelecia seu serviço militar e criava um exército de paz, composto de 12 corpos e 36 divisões. Esse era, então, o fim das restrições impostas pelo Tratado de Versalhes e o começo rumo a uma nova guerra. Ainda parte da economia schachtiana, foi elaborado o chamado “Novo Plano”, em setembro de 1934, que deveria dar conta das exportações de alimentos para atender à demanda da população. O plano foi baseado no comércio bilateral, o qual conseguiu prover com satisfação as divisas para a importação de alimentos, já que a Alemanha não possuía solos férteis para a prática da agricultura. Como resultado, um ano depois, 83% do comércio alemão era feito por meio de trocas e apenas 17% pagos com moeda estrangeira (COUTO; HACKL, 2007, p.

Em 1936, por conseguinte, tinha início o Plano de Quatro Anos, o qual deveria preparar o país para uma guerra total em um prazo de quatro anos, como o próprio nome diz. Sob a liderança de Göring, que substituiu Schacht como ditador econômico12, o objetivo do plano era tornar a Alemanha autossuficiente, para que ela não tivesse dificuldades durante a guerra (SHIRER, 2008, p. Além de deus bons lucros, o homem de negócios animou-se também com a maneira pela qual os operários haviam sido colocados em seu devido lugar, no regime de Hitler. Não havia mais pedidos de salários absurdos. Na realidade, os salários foram um pouco reduzidos, apesar da elevação do custo de vida em 25%. E, sobretudo, não havia greves custosas (SHIRER, 2008, p.

Em 1939, após a intensificação de produção do Segundo Plano Quadrienal, a Alemanha estava pronta para uma nova guerra, pois já se encontrava rearmada, com situação taxas de desemprego baixas, próximo do pleno emprego, e com produção suficiente para se manter durante o conflito. O programa de Hitler para fazer da Alemanha a potência dominante na Europa tinha sido claramente exposto em Mein Kampf, uma combinação de autobiografia e manifesto político publicado pela primeira vez em 1925. Primeiro, ele uniria a Alemanha e a Áustria e depois levaria os alemães para fora das fronteiras do Reich sob o seu controle. “Gente do mesmo sangue deveria estar no mesmo Reich”, declarou. Só quando isso fosse alcançado o povo alemão teria o “direito moral” de “adquirir território estrangeiro.

O arado não é a espada; e as lágrimas da guerra produzirão o pão de cada dia para as futuras gerações” (BEEVOR, 2015, p. O expansionismo alemão, no entanto, chamava a atenção da União Soviética15 (URSS), que logo buscou se aliar ao governo britânico e francês, união que ameaçava o território da Romênia, ambicionado por Adolf Hitler (BEEVOR, 2015). Aproveitando que a Inglaterra ficou receosa em se aliar à União Soviética, Hitler tratou de se aproximar dos russos. A URSS era um entrave para a entrada da Alemanha na Polônia, já que ela reivindicava territórios poloneses, então o acordo poderia proporcionar muitos benefícios a ambos os países16, incluindo a divisão da Polônia.

Com isso e assinado o pacto Motolov-Ribbentrop, o caminho estava livre para Hitler invadir a Polônia (MAIOLI, 2014, p. Em 1º de setembro de 1939, então, tinha início a Segunda Guerra Mundial, com a invasão de Adolf Hitler no território polonês. a SS teria de “encarcerar ou aniquilar” todos os inimigos do nazismo, tarefa que representava um desafio até mesmo para a “severidade absoluta e inflexível” que o trabalho nos campos de concentração ensinara aos regimentos da caveira (GILBERT, 2014, p. Figura 1: Invasão e divisão da Polônia Fonte: Beevor (2015, p. Dois dias após ter invadido a Polônia, Hitler recebeu a declaração de guerra da França e da Grã-Bretanha, o que intensificaria ainda mais o conflito em ocorrência. As ordens do líder austríaco, porém, concentravam-se em obter uma vitória rápida no território polonês.

Por conseguinte, em 4 de setembro, a Alemanha era bombardeada pela força aérea britânica (GILBERT, 2014, p. no dia 14 de julho de 1940 as tropas do líder alemão invadiam Paris e “a vitória alemã foi tão arrebatadora e veloz que mal se podia acreditar que realmente tinha acontecido”. A extensão do poder alemão na Europa Ocidental foi impulsionada basicamente pelas necessidades estratégicas de Berlim. Nenhum grande programa ideológico estava em jogo, e a variedade de regimes de ocupação estabelecidos em 1940 indicava as dúvidas de Hitler quanto ao lugar que ocupariam em seu plano geral, com sua orientação predominantemente voltada para o leste. A Dinamarca, afinal, só havia sido atacada para servir de plataforma de lançamento para a invasão da Noruega; e a própria Noruega só entrara nos planos alemães para impedir a concretização dos planos anglo-franceses de ocupar os campos de minério do norte da Suécia (MAZOWER, 2013, p.

Vencido a França, segundo Beevor (2015), Hitler sentiu que devia lidar com a Inglaterra. Pouco a pouco, Hitler e seus seguidores foram reconstruindo o país e rearmando o Exército para que pudessem reunir a Grande Alemanha, uma nação de sangue puro, apenas com alemães. Essa ambição, no entanto, esbarrou no nacionalismo de outros países, o que acabou por ocasionar a Segunda Grande Guerra. A Alemanha controlava a guerra, porém, o ataque do Japão aos Estados Unidos, na base aérea de Pearl Harbor, em dezembro de 1941, fez com que houvesse uma reviravolta. O país americano entrou no conflito ao lado dos Aliados17 e tudo mudaria daquele momento em diante, já que isso significava que os Estados Unidos entrariam em guerra, também, contra a Alemanha.

O Japão nunca se atreveria a atacar os Estados Unidos se Hitler não tivesse começado a guerra na Europa e no Atlântico. Oficialmente terminada a Segunda Grande Guerra, que foi tão devastadora quanto a Primeira, as discussões girariam em torno de, no que diz respeito, principalmente, à Alemanha, como ficaria a situação econômica do país. Segundo Melo Neto (2014, p. ainda durante o decorrer do segundo conflito mundial, os Estados Unidos e a Inglaterra já discutiam qual seria o rumo da Alemanha após sua derrota e foi na Conferência de Quebec, em setembro de 1944, que Franklin Roosevelt, então presidente norte-americano, juntamente com Winston Churchill, primeiro ministro britânico, propôs o Plano Morgenthau, um plano de ocupação no país alemão após o fim da guerra.

A ideia, com o Plano Morgenthau, segundo Sennholz (2015), era eliminar todas as indústrias bélicas do vale do Ruhr e do Sarre, a fim de que a Alemanha se tornasse um país primariamente agrícola e de caráter bucólico. No entanto, esse plano foi rejeitado, por ter sofrido forte rejeição do público e da imprensa. Por conseguinte, a economia alemã, ao longo de 1946 e 1947, não dava sinais de qualquer recuperação, o que resultou na divisão entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, sob a responsabilidade dos Estados Unidos e União Soviética, respectivamente. A real e principal razão para a divisão da Alemanha foi para manter o controle sobre a inflação monetária, já que a quantidade de dinheiro havia aumentado seis vezes desde 1936 e o marco tinha perdido seu valor.

A esperança era a de que o controle sobre preços e salários permitisse que a economia alemã permanecesse funcionando (SEENHOLZ, 2015). Fica óbvio para o mundo, em 1947, que os Estados Unidos da América está engajado em uma competição ideológica com a União Soviética. O lado comunista da competição não perde tempo e não poupa esforços para convencer o povo alemão (e outros europeus) de que seu lado tem a melhor ideologia. De acordo com Melo Neto (2014, p. foram destinados à Alemanha Ocidental cerca de 1,4 bilhão de dólares. Ainda de acordo com os estudos de Melo Neto (2014), a Alemanha teve como benefício econômico, ocasionado pelo Plano Marshall, o recebimento de bens do setor de alimentos, bens industriais e, em 1952, conseguiu alcançar um superávit em sua balança comercial, ou seja, suas exportações eram maiores do que as suas importações.

Além dos benefícios econômicos recebidos pelos alemães, o Plano Marshall foi um guia no caminho de reconciliação com o mundo. Após uma grande guerra contra seus vizinhos, é normal que o país derrotado torne-se isolado economicamente devido aos acontecimentos. O processo de trocas indiretas intermediadas pelo uso do dinheiro pôde avançar firmemente, pondo um fim à economia baseada no escambo, à sua inerentemente baixa divisão do trabalho e aos seus mercados extremamente limitados e manietados (SEENHOLZ, 2015). Com os planos de reestruturação econômica funcionando, torna-se relevante, por fim, fazer um levantamento do PIB do país entre 1946 e 1955, o que pode ser visto na Tabela 2 abaixo: Tabela 2: PIB da Alemanha de 1946 a 1955 em milhões de dólares Ano 1946 1947 1948 1949 1951 1952 1953 1954 1955 PIB 143. Fonte: Adaptado de Melo Neto (2014, p.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Após apresentar todas as discussões sobre a revisão bibliográfica realizada para desenvolver este trabalho e alcançar o objetivo proposto – o de analisar a política econômica da Alemanha de Hitler –, esta seção tem como finalidade dispor todas as considerações finais que se obteve deste estudo. Primeiramente, para analisar a política econômica da Alemanha de Hitler, ou seja, entender como era a economia no Terceiro Reich, optou-se em desenvolver este trabalho em três capítulos, sendo eles: 1) Antecedentes, mostrando como a Alemanha manteve-se durante a Primeira Guerra Mundial, como lidou com a hiperinflação na década de 20 e com a queda da Bolsa de Nova York; 2) Nazismo: economia política e exercício de poder, contando como o Partido Nazista desenvolveu-se, quais eram as suas filosofias, como Hitler chegou ao poder e, principalmente, quais as políticas econômicas que desenvolveu nesse período; e 3) A Segunda Guerra Mundial, com discussões sobre as conquistas militares, as motivações nacionalistas e a posterior destruição e reconstrução da Alemanha.

Essa reforma monetária conseguiu dar conta da situação e foi considerada um sucesso. No entanto, a quebra da Bolsa de Nova York teve consequências irremediáveis para a Alemanha, já que ela possuía capital estrangeiro que estava sendo solicitado de volta e o país não tinha como pagar. Com isso, a dívida externa cresceu, o desemprego subiu ainda mais e a República de Weimar tinha seu fim mais próximo do que esperava. Após todos os acontecimentos acima, a Alemanha já não tinha mais como encontrar forças para se recuperar, até que Adolf Hitler, depois de um golpe de Estado disfarçado, conseguiu o cargo de chanceler e tudo começou a mudar. O Terceiro Reich, sob a influência do Partido Nazista, não desconfigurou o que a República de Weimar havia feito e tomou como plano principal e prioritário a diminuição da taxa de desemprego.

Hitler começou a perder homens no seu exército e, por fim, todos os territórios que havia conquistado. Quando a capital Berlim foi tomada, Adolf Hitler cometeu o suicídio e, sem o seu domínio, o Terceiro Reich não sobreviveu muitos dias. Sob o ponto de vista econômico, o pós-guerra de 1945 foi importante para discutir como ficaria a economia da Alemanha depois de ter sido, mais uma vez, destruída por um conflito mundial. A grande questão girava em torno de como seria possível reativar o capitalismo alemão sem a influência do nazismo. Como solução, inicialmente, optou-se em reduzir a capacidade de produção industrial para 65% do que era em 1936, porém essa atitude não serviu para reorganizar o país, que não deu sinais de reação.

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