A QUESTÃO DO ANALFABETISMO ENTRE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Essa indiferença com a alfabetização é explicada pelas raízes de um país agrário-exportador, latifundiário e escravocrata. FERRARO; KREIDLOW, 2003). Autores como Freire, Pinto, Fraga e Ferreiro propõem abordagens construtivistas para superar a problemática do analfabetismo e promover a cidadania e a emancipação humana. PANORAMA HISTÓRICO A discussões visando solucionar a problemática do analfabetismo no Brasil só aparecem com a Lei Saraiva (em 1881, nos anos finais do Império), vindo a potencializar-se com uma maior circulação de ideias conectadas ao liberalismo e a alimentar-se também de sentimentos patrióticos acordados pela divulgação dos índices de analfabetismo em diferentes países do mundo, levando o Brasil à pior posição, e também sinalizava o papel de importância que a questão ganhava nos países centrais (FERRARO; KREIDLOW, 2004).

A verdade é que já no fim do Império o analfabetismo desperta como problema nacional. “Ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria” (Freire, 1997). Ele procura, pois não há aprendizagem sem pesquisa; boniteza, porque precisamos de um ambiente limpo, arejado, iluminado, acolhedor, estético, favorável à aprendizagem, precisamos de uma comunidade de aprendizagem; e alegria, que resulta do prazer em aprender. Paulo Freire deu importantes contribuições ao processo de produção de conhecimento, as quais deveriam ser levadas em conta numa nova política de Educação de Jovens e Adultos. Sem ter a pretensão de esgotar o tema, gostaria de apontar, entre tantas contribuições, os seguintes princípios: teorizar a prática para transformá-la; reconhecer a legitimidade do saber popular e da pesquisa participante; harmonizar e interconectar o formal e o não formal; combinar trabalho intelectual com trabalho manual, reflexão e ação, conscientização, diálogo e transformação.

Paulo Freire propunha-se a mudar uma certa lógica da escola que sustenta que estudar é “chato”. p. –, um não é objeto do outro. Uma política de Educação popular de jovens e de adultos, nessa perspectiva, precisa assegurar que a construção e a socialização do conhecimento promovam o diálogo entre o saber popular e o conhecimento científico. Nesse sentido da Educação do povo de Paulo Freire, o conhecimento tem um papel crítico e transformador. As inspiradoras contribuições de Paulo Freire à Educação popular continuam muito atuais, constantemente reinventadas por novas práticas sociais, culturais e educativas; entre elas, a politicidade inerente ao ato educativo; a recusa ao pensamento fatalista neoliberal; uma pedagogia comprometida com a cidadania ativa e a ética como referencial central da busca pela radicalização da democracia.

p. Para Frago (1993), tanto os alfabetizados mediante aprendizagem escolar, quanto os não alfabetizados, têm possibilidade de desenvolver o pensamento lógico abstrato, embora seja inegável o estímulo da escola a determinadas habilidades. Do ponto de vista histórico-antropológico, a linguagem é uma característica de qualquer agrupamento humano. A linguagem oral vem primeiro, e depois as diferentes formas de representação vão configurando a escrita. O conhecimento das culturas orais e de como homens e mulheres dessas culturas se expressam, pensam, armazenam e trocam informação, permite que se compreenda melhor as transformações causadas pelo uso da escrita e da alfabetização e o que se ganha e se perde com elas. As crianças e jovens não vão sair da miséria sozinhos.

Precisam dos adultos. É a família como um todo que precisa sair da miséria, e a miséria está associada ao analfabetismo. É irmã gêmea do analfabetismo. Por isso não podemos nem devemos separar a Educação de crianças e jovens da Educação de adultos. Tais objetivos, por sua vez, podem ser em relação à consciência subjetiva – funcionalidade interna – ou à pressão do grupo – funcionalidade externa. Neste último caso, há uma pressão ideológica ou de controle social (religioso, estatal, político), mediante informes, programas, campanhas, literatura de apoio. Trata-se de uma ação imposta de fora e aceita pelo usuário. A funcionalidade interna, em contraposição, se dá quando a escola/alfabetização responde a uma necessidade sentida pelo usuário e, ao mesmo tempo, varia de acordo com os interesses e necessidades de cada um – seja um estudante, um médico, uma professora.

A alfabetização pode ter, ainda, as modalidades: “escolar”, relativa ao processo leitura-escrita como um fim em si mesmo, abstrato e geral, e “não escolar”, restrita e concreta, em que o processo tem sentido por utilidade ou necessidade. Uma das finalidades da educação de jovens e adultos analfabetos é exatamente a de melhor prepará-los para a participação na vida social e essa participação inclui, necessariamente, seu envolvimento na luta pela afirmação dos próprios direitos. Compreende-se perfeitamente, pois, que essa educação tenha um caráter eminentemente político. Alguns textos recentes registram e até mesmo procuram justificar o aparente abandono da preocupação com a “formação política” na educação de jovens e adultos. Predominante em décadas passadas, essa preocupação estaria sendo agora substituída pela atenção maior à competência técnica nas atividades de ensino.

Cabe recordar, a esse respeito, tudo o que já se discutiu quanto à possibilidade da neutralidade política nesse processo educativo. É necessário, portanto, estabelecer relações entre a linguagem oral e a linguagem escrita, entre a metodologia do ensino escolar, sua fundamentação teórica e as causas da exclusão, tornando possível a promoção de uma educação crítica e “alfabetizações” dos grupos oprimidos, segundo seus interesses e necessidades. O autores chamam a atenção para o que é imprescindível: intensificar e estimular a pesquisa sobre as origens das dificuldades de aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERRARO, Alceu Ravanello; KREIDLOW, Daniel. Analfabetismo no Brasil: configuração e gênese das desigualdades regionais. Educação & Realidade, v. FREIRE, Paulo. Política y educación. siglo XXI, 1997. HADDAD, Sérgio.

Tendências atuais na educação de jovens e adultos. Pro-Posições, v. n. p. PINTO, Alvaro Vieira. Ciência e Existência problemas filosóficos da pesquisa científica.

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