ACESSIBILIDADE DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA AUTISTAS

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

As intervenções no TEA visam reduzir os impactos na sociabilidade e na comunicação verbal presentes na síndrome. Um dos grandes desafios é a escolarização dessas crianças, já que ainda há muita carência de informações para uma efetiva inclusão escolar desse público. Dessa forma, partindo desse quadro de problemática que assola a compreensão crítica e inclusiva de alunos com TEA dentro do âmbito escolarizado, objetivou-se levantar, por meio de um estudo bibliográfico, estratégias de inclusão escolar para crianças autistas através da disciplina de Educação Física. Como principais resultados foram encontrados: resistência de alguns profissionais por ainda haver a cultura da competição; utilização de métodos concretos de transmissão da tarefa; uso de tutoria através de colegas de turma; uso da recreação como estratégia de socialização.

Concluímos que, apesar dos desafios para consolidação das diretrizes básicas curriculares atuais e da necessidade de novos estudos na área, a Educação Física tem papel fundamental na inclusão das crianças TEA, tendo em vista sua visão global do indivíduo, que através do lúdico ou da estimulação física e sensorial, pode trazer benefícios para a criança. INTRODUÇÃO Quando analisamos o processo de inclusão de indivíduos que apresentam o que a literatura em linhas gerais tem denominado de “Transtorno do Espectro Autista” (TEA), identificamos uma série de desafios. Como exemplos, destacam-se as questões vinculadas ao diagnóstico, ao tratamento adequado, aceitação da família e colegas da escola, preconceito, entre inúmeros outros.

Todo esse conjunto de problemáticas se apresenta como sendo um grande desafio ao processo de escolarização, especialmente, na preparação das aulas para determinados níveis de ensino, tais como a Educação Infantil. Nesse encaminhamento, a Educação Física, inserida nesse processo, também apresenta importância crucial dentro dessa agenda de complexos desafios a serem superados. Apesar de se tratar de um amplo espectro de transtorno, podemos considerar que o Manual Estatístico Diagnóstico (DSM V) delimita os critérios para a classificação do TEA considerando dois principais eixos: (I) deficiências persistentes na comunicação e interação social, (II) e comportamentos, interesses ou atividades restritivos, repetitivos e padronizados (APA, 2013). O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, ao tratar sobre a disciplina “Movimento”, considera que são formas de linguagem e fontes de conhecimento: “os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as brincadeiras e toda forma de expressão, representação e comunicação” (BRASIL, 1998, p.

Ademais, o mesmo referencial motiva que os conteúdos deverão ser sistematizados de forma a respeitar as diferenças e competências dos indivíduos, conforme sua classificação etária. Desse modo, a Educação Física deve se ocupar da agenda inclusiva, como qualquer outra disciplina. Diante da complexidade e relevância do tema, este estudo se propõe a levantar experiências bem sucedidas de inclusão escolar no autismo, especialmente suas correlações com a disciplina de Educação Física. Além disso, visa compreender as metodologias de ensino adotadas para que os alunos sejam devidamente incluídos ao processo de ensino das aulas de Educação Física. Os resultados e a discussão a partir das análises estabelecidas foram agrupados em diferentes tópicos cuja ênfase se deu na compreensão acerca do tema de estudo, de acordo com o objetivo geral do presente trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do trabalho foram apresentados a partir das seguintes categorias: “Autismo: histórico, diagnóstico e tratamentos”, “Educação Física e inclusão escolar no TEA”, “Dificuldades dos pais e professores” e, por fim, “A importância do brincar e da recreação na vida do autista”. Analisaremos cada um desses eixos, a partir dos resultados advindos do levantamento bibliográfico desenvolvido, a seguir. AUTISMO: HISTÓRICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTOS HISTÓRICO O Transtorno do Espectro Autista (TEA), nomenclatura mais atual para designar o que popularmente, em linguagem comum, é conhecido como autismo, foi observado e registrado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, em 1908, também conhecido por ter sido um pesquisador com grandes contribuições para o domínio e o entendimento da esquizofrenia.

A etimologia da palavra deriva do grego e significa “voltado para si mesmo” (BRASIL, 2014). Cabe ressaltar que, apesar de inúmeras pesquisas importantes sobre o tema e um aumento considerável no número de estudos e profissionais envolvidos com essa área, até hoje, a comunidade científica não chegou a um consenso sobre o que é o autismo, bem como sobre suas causas, devido, entre outras coisas, ao amplo espectro de características que marcam com grande variabilidade os modos de ser de pessoas diagnosticadas. Isso se deve ao pouco conhecimento que se tem a seu respeito e suas pluralidades. Diversos estudos da literatura especializada no assunto destacam que o TEA é uma doença que não tem um diagnóstico fechado antes dos três anos e que não tem cura.

Ainda mais recente são os estudos que buscam superar os estigmas sociais discriminatórios que envolvem o TEA, razão pela qual é fundamental que se busque compreender de forma mais aprofundada suas inter-relações com os diferentes campos, entre eles, a Educação Física. DIAGNÓSTICO O TEA é uma condição que se reflete no desenvolvimento global de um ser humano, determinando quadros bem distintos. Uma equipe multidisciplinar competente permite investigar e avaliar apropriadamente os modos de comportamento e apresentação de aspectos vinculados ao TEA que permitem um diagnóstico preciso, o que por vezes leva tempo e exige grande envolvimento da família com os membros da área médica. Para a Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2013), os principais sintomas do TEA já se manifestam em idade precoce, entre 18 e 36 meses.

Os estudos recentes possibilitaram apreender possíveis causas genéticas: “(I) alterações cromossômicas detectáveis por métodos usuais (cariótipo) (5%); (II) micro deleções/micro duplicações (10%); (III) doenças monogênicas nas quais achados neurológicos estão associados aos TEA (5%)” (BRASIL, 2014, p. TRATAMENTOS Após o diagnóstico elaborado por equipe interdisciplinar, é preciso preparar uma rotina clínica de intervenção. Pessoas autistas têm necessidade de previsibilidade no seu cotidiano a fim de evitar crises estressantes que trazem prejuízos e desorganização emocional. Na base de dados Scielo, usando os mesmos critérios de inclusão e exclusão acima, foram encontrados dois trabalhos. Finalmente, no Google Scholar foram encontrados 10 estudos entre artigos, monografias e teses. Para Chicon et al (2013), o professor de Educação Física tem papel fundamental no processo de inclusão.

Sua tarefa é funcional como um medicador entre a atividade e o aluno com TEA e entre este e os colegas. O professor provoca o contato e a interação. Favoretto e Lamônica (2014, p. entenderam que a carência de informação por parte dos docentes pode ser melhorada através vídeo-aulas de capacitação, com compartilhamento de conteúdos quanto a: definição e classificação dos TEA, legislação educacional, papel da escola e do professor na vida da criança, caracterização das alterações de comportamento, socialização e comunicação no indivíduo com TEA, desenvolvimento normal de linguagem e desenvolvimento de linguagem nos TEA e, principalmente de estratégias educacionais que favoreçam o aprendizado do aluno com TEA.   Para Ferreira (2017), ainda é desafiadora a tarefa de incluir crianças com algum tipo de deficiência na Educação Infantil.

A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) apresenta pela primeira vez o registro do termo “inclusão” na área da educação regular. A autora chama a atenção para a necessidade de capacitação dos professores. O professor de educação física deve estimular o desenvolvimento global do indivíduo como cidadão. Ribeiro (2009) esclarece que se uma escola quiser aprimorar seu atendimento, deve compreender que incluir o autista tem fundamental importância no papel de cidadania, para educar, ter respeito, ensinar a conviver com o próximo. Uma das conclusões do estudo de Lebres (2010) realizado com professores de Educação Física, na Universidade de Coimbra, foi que quanto maior a auto percepção de competência, mais livres eles se sentem para trabalhar com alunos com necessidades especiais de cuidado, Ademais, a pesquisa também mostrou que os docentes consideram importante o auxilio de um profissional de apoio com a turma.

Falkenbach et al (2007) pesquisaram a percepção do professor de educação física na sua atuação com crianças com necessidades especiais. Observaram o que cada um entende por inclusão infantil, suas vivências na prática, e o papel a escola nesse processo. Por sua vez, os infantes com TEA, normalmente não percebem que não se encaixam nas regras esperadas pelo grupo. Esse hiato é o componente que fomenta a exclusão. Elas ficam à margem da cultura, do jogo e da atividade. DIFICULDADES DOS PAIS E PROFESSORES Segundo Sprovieri e Assumpção Jr. os obstáculos apresentados pela criança com TEA tornam, muitas vezes, impossível a reprodução das ordens e dos valores sociais na família e consequentemente a conservação do convívio social.

Esses pais passam a enfrentar vários obstáculos tanto no campo emocional quanto no prático, ou seja, no desenrolar da educação e socialização (GOMEZ e TERÁN, 2014). Por fim, Sanini e Bosa, (2015, p. ressaltam: A inclusão é um esforço de todos: família, profissionais, escola e colegas de turma. Muitas vezes, o desconhecimento sobre as potencialidades e os limites de uma criança com autismo gera descrença acerca do seu desenvolvimento e da sua capacidade de aprendizagem. Isso pode reduzir o investimento em suas potencialidades e reforçar mitos, tais como o de que é uma criança que “vive em um mundo próprio”, alheio ao que ocorre ao seu redor. A recreação, atividade lúdica, supõe exploração, prazer e aprendizagem. Através da recreação, da brincadeira, a criança irá perceber as habilidades que possui e desenvolverá outras, procurando também interagir com seus pares.

Para tal, o brincar tem que ser livre, natural, sem regras, pois é dessa forma que a criança irá perceber suas emoções, conhecer seus desejos e criar sua própria realidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entender as particularidades afetivas, sociais, cognitivas, sensoriais, motoras, de comunicação e de linguagem das pessoas com TEA, é fundamental para um processo de inclusão bem-sucedido. Além disso, a escolha do esporte, bem como a adoção de estratégias de ensino adequadas, serão os diferenciais na prática inclusiva (SCHLIEMANN, 2013). AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. th. ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013. cdc. gov/mmwr/volumes/67/ss/ss6706a1. htm  Acessado em 27 de outubro de 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Acesso em 27 de outubro de 2018. Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática.

– Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério da Educação. Universidade de Coimbra, 2015. Disponível em: http://hdl. handle. net/10316/30232 CHICON, José Francisco; FONTES, Alaynne Silva; Sá, Maria das Graças Carvalho Silva de. Atividades lúdicas no meio aquático: possibilidades para a inclusão. v40i3. ERBA, Natália Ferraz de Camargo et al. As especificidades do brincar de crianças com transtorno invasivo do desenvolvimento: a conquista gradual da capacidade simbólica.  Revista Ciência em Extensão, [S.

l. FALKENBACH, Prinz, Atos; CHAVES, Fernando Edi; PENNA NUNES, Dileni; FLORES DO NASCIMENTO, Vanessa. A inclusão de crianças com necessidades especiais nas aulas de Educação Física na educação infantil. Movimento, vol. núm. mayo-agosto, 2007, pp.   mar.   Disponível em <http://www. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382014000100008&lng=pt&nrm=iso>. Dissertação - (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social / Antonio Carlos Gil. ed. São Paulo : Atlas, 2008. uc. pt/bitstream/10316/14281/1/Atitudes%20dos%20Professores%20de%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%ADsica%20do%201%C2%BA%20Ciclo. pdf MINAYO, M. C. S. ISSN 1982-0216.   http://dx. doi. org/10. MORI, N. br/phpg/bibdig/pdfs/2006/INAYIPCIURCT. pdf. SANINI, Cláudia; SIFUENTES, Maúcha; BOSA, Cleonice Alves.

Competência social e autismo: o papel do contexto da brincadeira com pares.  Psic. access on  03  Nov.   http://dx. doi. org/10. S0102-37722013000100012. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2015000300173&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  03  nov.   http://dx. doi. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011001100030&lng=en&nrm=iso>. access on  21  Feb.   http://dx. doi. Narratives on the Inclusion of Autistic Students: Challenges and Teaching Practices.  Educación,  Lima ,  v.  n.  p.   marzo  2017. SOUZA, J. R, ASSIS, R. M. Limites e possibilidades do trabalho com alunos autistas nas aulas de educação física. XII Semana de Licenciatura, II Seminário de Pós-graduação em Educação Física para Ciência e matemática, I encontro de Egressos de Mestrado, IFG, Jataí-GO, 2015. Rev. Multidisciplinar de ensino.

V. – N. – Abril, 2018. vol. n. pp. ISSN 1413-8123.   http://dx. faj. br.

172 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download