AÇÕES PARA REDUZIR O CONSUMO DE ÓLEO LUBRIFICANTE EM INDÚSTRIAS METALÚRGICAS

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Engenharias

Documento 1

Este setor é um grande consumidor de óleos lubrificantes, para que os metais possam sofrer os processos necessários de conformação e usinagem sem que ocorra um excessivo estresse mecânico ou sobreaquecimento, o que poderia causar um mau acabamento, além da perda das propriedades térmicas e mecânicas desejadas. No entanto, o uso desse insumo acarreta problemas relacionados ao seu descarte, não só devido ao seu grande volume, ocasionado pela sua larga utilização na indústria, mas também por este ser um material danoso ao meio ambiente. De fato, o óleo lubrificante usado ou contaminado (OLUC) possui um potencial de dano ambiental tão relevante que é um dos itens de destaque da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei n° 12.

de 2 de agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto n° 7. de 23 de dezembro de 2010. º: Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos, na forma prevista nesta Resolução. Dessa forma, o produtor e o importador de óleos lubrificantes ficam obrigados a coletar, ou garantir a coleta, e dar destinação final ao óleo lubrificante usado ou contaminado, de acordo com a proporção do óleo lubrificante acabado a que correspondem no mercado. A prática tecnicamente recomendada para evitar a contaminação ambiental – estabelecida pela Resolução CONAMA nº. – é o envio do óleo lubrificante usado para reciclagem e recuperação de seus componentes úteis por meio de um processo industrial conhecido como rerrefino.

Apesar da redação do artigo primeiro, na prática o controle é feito a partir de metas de volume coletado, estabelecidas como uma fração do volume comercializado. Este ciclo virtuoso configura a logística reversa que é utilizada em alguns segmentos e produtos, por força de regulamentação ou onde sua aplicação notadamente traz ganhos financeiros além dos esperados ganhos ambientais. Na figura abaixo é possível ver como funciona este ciclo virtuoso da logística reversa. Figura 2: Esquema de funcionamento da logística reversa Com relação especificamente aos óleos lubrificantes ou hidráulicos, o fluxograma que representa a logística reversa destes produtos é apresentado a seguir (SINDIRREFINO, 2019): Figura 3: Esquema de funcionamento da logística reversa para óleos lubrificantes Neste contexto, este trabalho tem como objetivo apresentar ações de ecoeficiência para reduzir o consumo de óleo lubrificante em uma indústria metalomecânica.

Nas seções a seguir é realizada uma breve revisão da literatura sobre o tema e posteriormente são apresentados detalhes do estudo de caso, com um breve mapeamento dos processos e seus respectivos balanços, dando destaque aos impactos ambientais, econômicos e sociais gerados. Aspectos específicos dos ganhos de eficiência energética e ambiental serão abordados, assim como os ganhos econômicos. Oliveira e Alves (2007) apresentam a metodologia P+L (Produção Mais Limpa) como instrumento para auxiliar as indústrias a obter uma boa gestão ambiental, adequando seus processos à legislação ambiental vigente e também atendendo à demanda crescente do mercado por produtos e processos considerados ecologicamente corretos. Partindo de um estudo de caso do processo de usinagem, os autores identificaram que cerca de 30% do volume de óleo lubrificante utilizado é enviado junto com as peças e cavacos molhados para o sistema de secagem, não podendo ser recuperados adequadamente.

A partir desse estudo, os autores demonstram que a aplicação da metodologia resulta na adequação do processo ao meio ambiente através da redução dos fluidos lubrificantes de corte e através de uma adequada manutenção. Sperandio e Gaspar (2009) realizaram uma pesquisa descritiva qualitativa, a partir de estudos de casos, demonstrando algumas ações práticas que empresas brasileiras adotaram no contexto da gestão socioambiental, visando especificamente a redução, reutilização e reciclagem de materiais empregados em seus processos produtivos. Ao operacionalizar a gestão ambiental através de ações reais e efetivas de produção mais limpa (P+L), os autores observaram um significativo avanço no esforço das empresas industriais analisadas no sentido de viabilizar uma política de gestão ambiental e de redução de resíduos.

Entre esses desafios, pode-se citar conflitos existentes na cadeia reversa em relação à distribuição dos custos da coleta, além da falta de soluções regionais para as atividades de reciclagem (falta de unidades de rerrefino adequadamente distribuídas), além da precária fiscalização e a ausência de incentivos tributários. Tristão, Tristão e Frederico (2017) analisaram o processo de reciclagem do óleo lubrificante, também chamado de rerrefino, a partir de uma abordagem envolvendo os conceitos de ciclo de vida do produto e de logística reversa. O texto destaca que entre as diversas formas de reutilização deste poluidor, o OLUC, o rerrefino é a única que permite que o produto retorne às suas características originais, com qualidade equivalente. No entanto, o processo de rerrefino praticado no Brasil – em suas três etapas: coleta, processamento e comercialização – possui deficiências sistêmicas, especialmente no que tange ao sistema de logística reversa.

Essas deficiências limitam a racionalização do processo produtivo, a agregação de valor ao produto e a minimização dos impactos ambientais. Na empresa ABC, o exercício fiscal não coincide com o calendário anual; o ano fiscal se inicia em março e não em janeiro. Através de levantamento dos dados dos custos de manutenção apurou-se que nos exercícios 2009/2010 e 2010/2011 o consumo médio mensal de óleo foi de 9. litros por mês para o exercício 2009/2010 e 7. litros por mês para o exercício 2010/2011, resultando em um custo médio mensal de US$ 26. para o período 2009/2010 e US$ 22. Neste mesmo momento são verificadas as condições do óleo e é executada a filtragem e eliminação de eventuais corpos sólidos.

Esse processo permite ainda, no limite, definir se o óleo deverá passar por um processo de recuperação em laboratório ou se o mesmo já teve sua vida útil comprometida, caso em que deve ser encaminhado para a destinação final. Figura 8: Análise e recuperação do óleo em laboratório Antes da implantação das ações de melhoria, o fluxograma de processo do óleo combustível era como o representado na figura abaixo. Após o termino da vida útil do óleo, simplesmente era feito o descarte adequado através de uma coleta específica e homologada. Figura 9: Fluxograma de processo do óleo lubrificante antes das ações de melhoria Com a implantação das melhorias, o novo fluxograma de processo do óleo lubrificante passou a ser o demonstrado na figura a seguir.

• Câmara de filtragem com elementos filtrantes do tipo cartucho; • Reservatório trocador de calor com baixa densidade superficial de aquecimento; • Câmara de vácuo com elementos coalescentes; • Visor do processo; • Boia magnética de nível; • Bomba de vácuo; • Painel de comando e controle elétrico; • Instrumentos de controle de temperatura, vácuo e pressão dos filtros; • Tubulações com pré-filtro em malha metálica na entrada de óleo; • Rodízios fixos e giratórios para facilitar o deslocamento. Figura 13: Unidade portátil para filtragem de óleo hidráulico Tabela 4: Especificações da unidade portátil de filtragem de óleo O custo total do equipamento foi de US$ 14. investimento realizado), e as perspectivas de ganho até o momento da última verificação são de US$ 3.

por mês para o primeiro ano e US$ 8. mensais para o segundo ano (duas medições para o exercício 2011/2012). RESULTADOS – AVALIAÇÃO SOCIAL Também é possível identificar benefícios sociais criados pelo projeto, tais como: • Contratação de um mecânico lubrificador; • Redução nos acidentes de trabalho decorrentes de quedas por escorregamento. CONCLUSÕES Este trabalho buscou apresentar um estudo de ecoeficiência do projeto de melhoria e redução no consumo de óleo lubrificante em uma empresa metalomecânica. Esta iniciativa para a minimização do consumo deste produto é importante, pois existem limitações estruturais em nível nacional para destinação correta após a utilização dos óleos lubrificantes e hidráulicos. Como visto, os óleos lubrificantes usados ou contaminados (OLUC) são materiais com alto potencial poluidor.

Um litro de óleo lubrificante é capaz de contaminar um milhão de litros de água; uma tonelada de lubrificante gera carga poluidora equivalente a uma cidade com 40. Num primeiro momento se desenvolve a ação e aplica-se o treinamento a todos os envolvidos e os resultados destas ações deverão ser demonstrados através de indicadores. Com o passar do tempo será possível aferir estes resultados e sua evolução. No estudo de caso apresentado além da conscientização de todos os envolvidos com a questão de reduzir custos com o óleo lubrificante/hidráulico, foi necessária uma conscientização quanto aos impactos ambientais gerados pela boa ou má gestão da utilização deste produto. Esta tarefa se tornou menos desafiadora, pois os ganhos em termos financeiros são evidentes, além dos benefícios intangíveis de se agregar valor à imagem da empresa e de seus colaboradores por uma gestão mais eficiente e ambientalmente correta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANCHUMANI, G. L. SOUZA, R. M. SILVEIRA, F. BRASSOLATTI, T. Entraves e perspectivas para a logística reversa do óleo lubrificante e suas embalagens. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, v. n. Agosto 2015. DUARTE, C. SALVADOR, J. MATTEI, D. ASSUNÇÃO, M. G. BETTIOL, V. gov. br/ informma/item/6828-logistica-reversa-ja-recolhe-36-do-oleo-lubrificante-usado-no-brasil>. Acesso em 15 jun. MMA. Coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado – 2018 (ano base 2017). M. Adequação ambiental dos processos usinagem utilizando produção mais limpa como estratégia de gestão ambiental. Produção, v. n. p. A. GASPAR, M. A. Gestão socioambiental em empresas industriais. Revista Administração, v. n. Universidade Federal de Santa Catarina, Junho 2003. TRISTÃO, J. A. M.

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