ANSIEDADE E UM ESTUDO ANALÍTICO NA PERSPECTIVA MITOLOGICA DA DEUSA ANANQUE

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Orientador: Prof. LOCAL 2019 SEU NOME ANSIEDADE E UM ESTUDO ANALÍTICO NA PERSPECTIVA MITOLOGICA DA DEUSA ANANQUE Trabalho de conclusão de curso, apresentado para obtenção de grau de. no curso de. da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. De modo que, a problemática busca reflexões, frente à perspectiva mitológica da deusa Ananque, como símbolo da necessidade, fazendo uma leitura em paralelo a ótica arquetípica, fundamentada em princípios abordados na psicologia analítica Junguiana. A discussão acerca da coletividade da mente humana se desenvolveu, diante de elucubrações aqui apresentadas nas proposições discursivas entre C. G. Jung, o psicólogo americano James Hillman e o mitólogo Joseph Cambell. A pesquisa se caracterizou de maneira qualitativa, pelo viés exploratório, de análise de conteúdo bibliográfico.

Em vários lugares dessa busca encontramos felicidade e sofrimento, porém também, vários outros pares de opostos que acabam por nos orientar para um centro pessoal, uma unidade e uma realização de totalidade. Ao longo desse tempo, encontramos e lidamos com desafios relativos ao próprio tempo vivido e que não aconteciam em outras épocas. As necessidades são modos de lidar com a realidade, que precisam ser vistos e instrumentalizados de maneiras diferentes. Um exemplo, é que com o advento da tecnologia, houve aumento nas relações e comunicações. De modo que, como o telefone com fio, que antigamente ao receber uma chamada telefônica, éramos reféns da incerteza de saber quem estava tentando se comunicar conosco do outro lado da linha. Outras religiões têm versões um pouco diferentes, mas mesmo em uma religião como o hinduísmo que é de base panteísta, o sofrimento existe por causa dos deuses.

De modo que, este estudo pretende discutir Ananque e sua relação com Cronos. Há um aspecto dessas divindades que provoca punição e sofrimento. Aqui não traremos a questão, talvez budista, do sofrimento como apego do ego as emoções, onde a superação do sofrimento seria a separação do ego a esse apego. Na nossa vida, na maneira que nós vivemos, o ego é nosso corpo psíquico, nossa realidade e nosso instrumento para lidar com essa busca. O objetivo aqui é ver o limite disso tudo, e ver de que modo com a observação desse limite podemos ou não ir além. Ananque, a deusa da necessidade, é uma imagem arquetípica e, sendo assim, regente de estruturas inconscientes que constelam tanto pelo espectro positivo quanto pelo negativo.

Positivo no sentido de ser uma força motriz para a libido e fazer com que, regida por Hermes, as necessidades sejam forças motrizes para que a libido flua e se produza alma. No sentido negativo, o enfoque é o da necessidade estrangular a libido e deixar a pessoa presa, sem movimento em algum sofrimento decorrente da manipulação do tempo. Assim sendo, o intuito desta pesquisa é problematizar o olhar sobre a relação tempo e necessidade e o modo como hoje nós instrumentalizamos o tempo e de que modo à necessidade responde a essa instrumentalização como uma forma de sofrimento. Para além das divergências históricas que proporcionaram a cisão entre Freud e Jung, a perspectiva junguiana traz aspectos da relação entre homem e sociedade em sua obra a fim de expandir sua abordagem para além das paredes do setting terapêutico (HANNAH, 2003).

O pensamento de Jung nos provoca e suscita importantes questões para reflexões contemporâneas não se limitando à área da Psicologia. Sua teoria transcendeu o âmbito da psicoterapia e tem sido associada em outras áreas do conhecimento, tais como a própria Filosofia, Pedagogia, Sociologia, História, entre outras atravessadas no futuro de seu tempo. A construção da teoria de C. G. Jung (2014a) expõe que existem inicialmente duas possibilidades acerca do entendimento da persona, dos quais variam de acordo com a contextualização ou configuração da qual o indivíduo está inserido. A primeira refere-se à persona, pensada a partir de seu contexto etimológico, ou seja, bem como a máscara de um ator, uma interpretar de papeis cujo intuito é de fato adaptar-se às diferentes situações (URRUTIGARAY, 2012).

Hall e Nordby (2014) sugerem, por exemplo, que certo indivíduo ao entrar em um novo emprego passa a utilizar-se de determinada persona para se adaptar ao novo local, podendo inclusive ser a persona utilizada para melhor se relacionar com pessoas que não conhece ou até mesmo as que não se tem certo afeto. Quanto a este contexto, Jung ao expor tal ideia diz que, a pesar de aparentar uma individualidade, nada tem de individual, pois se trata de uma questão adaptativa. Mas, ainda segundo Jung, Seria incorreto, porém, encerrar o assunto sem reconhecer que subjaz algo de individual na escolha e na definição da persona; embora a consciência do ego possa identificar-se com ela de modo exclusivo, o si-mesmo inconsciente, a verdadeira individualidade, não deixar de estar presente, fazendo-se sentir de forma indireta.

Logicamente, a fundamentação parte do entendimento de questões primárias da psique que é atravessada por esta mesma dimensão coletiva. O termo psique que etimologicamente significa “alma” ou “espírito”, é compreendido na psicologia analítica como a totalidade da personalidade, que por sua vez é compreendida como a mente humana. Jung trata a questão da personalidade em um outro viés, considerando esta como o todo da alma humana abrangendo consciência, inconsciência e toda a estrutura da psique (HALL, NORDBY, 2014). É a partir desta discussão acerca da dimensão coletiva do ser humano que surgem as primeiras elucubrações que caminhariam para o que é tipo hoje como psicologia arquetípica, isto é, uma ramificação da psicologia analítica junguiana que parte da discussão dos arquétipos.

Isto se dá a partir das discussões entre Jung, seu pupilo mais notável, James Hillman e o mitólogo Joseph Cambell onde nas conferências se elaboravam as primeiras concepções de uma nova linha psicológica (JUNG, 2016). Neste sentido, o arquétipo é a energia que rege ao inconsciente, tanto na dimensão pessoal, como no coletivo. Jung (2013a) relata que a existência de um inconsciente coletivo faz com que a consciência não seja completamente isenta de pressupostos ou influências. A Natureza da Psique pág. Em um grau elevado, fatores herdados inconscientemente exercem interferência assim como o meio ambiente físico. O inconsciente coletivo, então, engloba todas as experiências dos antepassados desde os seus primórdios. Logicamente não era esta a pretensão direta de Hillman, diante das descobertas, por impulso do próprio Jung, as discussões tomaram maiores proporções (BARCELLOS, 2017).

Hillman passa a então trabalhar sua perspectiva a partir da análise das imagens arquetípicas enquanto de fato imagens, similaridades e passíveis de reconhecimento entre as bases mitológicas e as bases científicas para uma psicologia para além do próprio complexo, mas de ordem complexa e arquetípica desvelando uma dança entre o simbólico e o humano (HILLMAN, 1992, 1997). DESENVOLVIMENTO 3. A Deusa Ananque Os gregos foram expoentes na reflexão das condições humanas e Ananque é uma dessas representações. Segundo Nahas (2017), Ananque era reconhecida pelos gregos, como a deusa da necessidade, inevitabilidade e a personificação do destino como fato inalterável. Por efeito, são uma necessidade de nossa vida (AKUA, 2019). Hillman (1980), afirma que a necessidade no pensamento mítico grego se expressa e é vivenciada de formas patologizadas e essas experiências geralmente se associam à Ananque (a Necessidade).

A fim de, propor um entendimento maior em relação à Ananque, a ordenação de alguns significados se pede presente. Na mitologia grega, Ananque em grego antigo Ανάγκη, está relacionado a ideia de angustia, restrição e necessidade (ETIMOLOGIAS, 2001) Em egípcio antigo, hnk significa estreito, hng significa garganta, enek é rodear, abraçar, estrangular. Em hebraico, anãk significa colar em forma corrente. A condição simbólica desta mesma necessidade se mostra atravessada pelo conceito do símbolo que, considerando sua etimologia, deriva do grego symbolon, que em tradução livre, refere-se à algo que se faz reconhecer (KAST, 2013). A etimologia do conceito mostra que o símbolo é um adjetivo dado a algo que possui dois pontos de compreensão, se dando sobretudo pela imagem empírica, ou seja, aquela com sentido atribuído culturalmente3 e o outro ponto que parte da experiência pessoal do sujeito.

Segundo Kast (2013, p. “a palavra “Símbolo” deriva do grego “Symbolon”, um sinal para reconhecimento. A correspondência de duas metades”. Diante desta perspectiva, Ananque é figura chave para compreender de certo modo este modo de adoecimento a partir do aspecto arquetípico dos sujeitos. É importante frisar que os gregos foram expoentes na reflexão das condições humanas discutindo a natureza humana a partir das divindades. Ananque é uma dessas representações, que embora míticas e atravessadas por uma condição metafísica, estão intimamente conectadas, entrelaçadas à psique humana (BRANDÃO, 1986, BARCELLOS, 1999; HILLMAN, 1992; BARCELLOS, 2017). Ananque é a deusa da necessidade, inevitabilidade e a personificação do destino como fato inalterável, tida através das concepções mitológicas como implacável e irreversível. Mãe das moiras, que eram as responsáveis por tecer os fios do destino de vida e morte dos seres, e que, em seu estado simbólico, se faz viva e representa a necessidade.

Em árabe, hanaqa significa estrangular, como também hannãka é o referente a colar. Existem etimologias mais atuais para Ananque, como o alemão eng (estreito), angst (angina e ansiedade), do grego agchein (estrangular). A palavra latina para Ananque é necessitas. Essa noção nos remete a um “vínculo estreito” a um “laço íntimo” (BRANDÃO, 1986; HILLMAN, 1997). Para Parmênides, Ananque governa o “Ser”. É neste sentido que este aporte segue em direção a discussão acerca do sofrimento, aspecto humano que atravessa e é também atravessado pela condição arquetípica. Sobre a condição psicopatológica e a dimensão arquetípica: uma compreensão Lidar com as questões do sofrimento é, antes de qualquer definição, uma questão íntima, pessoal e intransferível dado seu caráter simbólico.

Conceitos como dor, aflição, angústia, desordem são os fundamentos para a criação da psicologia profunda quando transversalizam a dinâmica da psique frente a construção da psicologia. A psicologia profunda foi criada para o tratamento da psicologia do comportamento anormal. Para a psicologia arquetípica, a consciência é a percepção dos nossos próprios sentimentos, pensamentos, intuições e sensações, e no centro existe o “eu” (SANT’ANNA, 2019). A revelação da ideia de sofrimento, na prática dificilmente é capturada em um quadro definitivo daquilo que há de significar, contudo, o recorte deste trabalho que segue de certo modo em direção à práxis narrativa, ou seja, á fala que se dá a partir do setting terapêutico, e isto por sua vez sugere que a psicoterapia é um aspecto que facilita a compreensão dialética do conceito do sofrimento.

É fundamental ressaltar que o sofrimento se trata de um problema hermenêutico, isto é, passível de diferentes interpretações e subjetivações (PÁDUA, SERBENA, 2018). Neste sentido, é neste processo, que se revela que a evolução/desenvolvimento da terapia sempre advém quando se nomeiam as dores da alma, quando o sofrimento estingue o seu amorfismo e o sofrimento sem nome pode ser nomeado. A linguagem que não existe desponta o foco, o cerne em que o conflito se encontra tudo isto que revela que é preciso obter maneiras novas de expressão, ou até mesmo de experimentar essa dificuldade (PÁDUA, SERBENA, 2018). Esse sofrimento precisa ser identificado, pois o estado que a pessoa se encontra pode conter algo silenciado, deturpado, negado, racionalizado, submetido, machucado, doente, ferido. O termo pathos vem de paixão, fogo, calor, descontrole.

Na psicologia arquetípica, o termo que se propõe é patologização, que denota movimento. A expressão denota a capacidade autônoma da psiquê de criar doença, morbidez, desordem, anormalidade e sofrimento, em qualquer aspecto do seu comportamento, e de experimentar a vida através de uma perspectiva deformada e aflita (BYINGTON, 1987, ZANONI, SERBENA, 2011). É imprescindível entender que ao tratarmos o tema da psicopatologia a partir do viés analítico ou arquetípico, de Jung ou Hillman, é fundamental compreender que as condições psiquicas não são definitivas em nenhuma das perspectivas, e com isto, a metamorfose passa a ser condição deste conceito a partir da psicologia analítica. Tal perspectiva se revela também na concepção de que a normalidade não é uma meta a partir desta linha teórica, embora traga termos pertinentes como cura, melhora ou similares.

Uma vez que, na percepção da psicologia analítica junguiana, os arranjos arquetípicos, do qual nos valemos, nos imerge em um processo de despertar de sofrimentos e inquietações. E que estes são possíveis, por meio de um processo terapêutico, visto que o sofrimento parte, sobretudo, de uma compreensão subjetiva e hermenêutica. Portanto, este estudo concluiu que a relação de Ananque e seu sentido essencial e representativo acerca da necessidade, em paralelo a visão da psicologia arquetípica auxiliam para o entendimento do sofrimento psíquico na atualidade, trazendo benefícios em relação ao modo de lidar com as mais frequentes causas de sofrimento atual. REFERÊNCIAS AKUA, G. Arquétipo das deusas – Qual deusa predomina em você?. html. Acesso em: 10 Nov.

BARCELLOS, G. A alma do consumo.  Le Monde Diplomatique Brasil, Ano, v. A. B. Arquétipo e patologia: introdução psicopatologia simbólica.  Junguiana, n. p. S. A imagem simbólica na contemporaneidade.  Intexto, n. p. EDUCALINGO. net/?Ananke. Acesso em: 10 Nov. GAMBINI, R. A voz e o tempo: reflexões para jovens terapeutas.  São Paulo: Ateliê Editorial, 2008. HANNAH, B. Jung, vida e obra: – uma memória biográfica. Porto Alegre:Artmed, 2003. HILLMAN, James. Estudos de Psicologia arquetípica.  Uma investigação sobre a imagem. ed. Petrópolis: Vozes Limitada, 2019. JUNG, C. G. Memórias Sonhos e reflexões. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. KAST, Verena.  A dinâmica dos símbolos: fundamentos da psicoterapia junguiana. Você conhece a deusa Anake? [2017]. Disponível em: https://dominique. com. br/voce-conhece-deusa-ananque. Acesso em: 10 Nov.

Coleção Amor e Psique, Brasil: Paulus Editora, 1999. SANT'ANNA, P. A. Arquétipo, individuação e intersubjetividade: a dimensão psicossocial do sofrimento humano.  Revista Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. Ed. São Paulo: Cultrix. SHAMDASANI, S. Jung e a construção da psicologia moderna: o sonho de uma ciência. Ed. A psicopatologia como uma experiência da alma.  Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. n. p.

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