As transformações da economia capitalista no pós-guerra e a origem dos desequilíbrios globais

Tipo de documento:Relatório

Área de estudo:Economia

Documento 1

O destaque da reunião foi o embate entre a delegação norte-americana, atual potência da economia mundial contra a delegação britânica, potência decadente de então. A proposta britânica era encabeçada pelo economista John Maynard Keynes que propunha, de maneira geral, a criação de um banco central mundial e uma unidade de conta, chamada bancor. Essa nova entidade funcionaria como uma câmara de compensação aonde os déficits e superávits seriam computados entre os países, apenas em termos contábeis, não haveria transações monetárias compensadoras (BELLUZZO, 2005). Nas palavras de Belluzzo (2005, p. O plano – uma utopia monetária – não só era excessivamente avançado para o conservadorismo dos banqueiros privados, mas também inconveniente para a posição amplamente credora dos Estados Unidos, pois anularia o poder de seignoriage do dólar como moeda reserva.

Belluzzo (2005) estabelece uma ordem cronológica que ilustra os vinte anos seguintes (1960-1980) à era de ouro de Bretton Woods: início da década de 1960 mostra os primeiros sinais de fraqueza da arquitetura mundial; década de 1970 mostra uma tendência de reversão do balanço de pagamentos dos EUA, diminuindo a posição ativa favorável do país com relação; década de 1980, com a política econômica de Ronald Reagan, o agravamento da situação iniciada na década anterior. Em suma “a “crise” de Bretton Woods se anuncia já na segunda metade da década de 1950. Culmina na desvinculação do dólar com o ouro em 1971, no primeiro choque do petróleo e na introdução do regime de taxas de câmbio flutuantes em 1973” (BELLUZZO, 2005, p.

O segundo choque do petróleo (1979) e a resposta da autoridade monetária dos Estados Unidos (forte aumento da taxa de juros), provocou uma mudança significativa nos Estados Unidos e, por conseguinte, no mundo: elevados juros, aumentou a dívida pública nos Estados Unidos e Europa. Além disso, supervalorizou o dólar invertendo a situação das contas externas do país – de nação credora, para devedora. O mesmo autor afirma que: Assim como a oferta de crédito, o nível de corrupção aumenta de forma pró-cíclica. Tão logo aparece uma recessão diminuem os empréstimos para empresas que estivessem alimentando seu crescimento com crédito, tendo em vista que os credores se tornariam mais cautelosos em relação ao endividamento dos tomadores individuais de empréstimos e de sua exposição ao risco.

Na ausência de mais crédito, as fraudes surgem inesperadamente, brotando como cogumelos em uma floresta encharcada (KINDLEBERGER, 2012, p. Essas fraudes nos mercados de crédito e financeiro são explicadas de diversas formas, por exemplo, o crescimento das remunerações à medida que aumenta-se o risco das aplicações financeiras. Essa fraude se dá por busca por atalhos que “prometem” levar a um nível maior de riqueza, burlar a própria lei e as regras. Crimes financeiros não são apenas roubos, mentiras, falsas informações financeiras; pode haver o desvio de recursos para outras atividades que não as previstas incialmente, o pagamento de dividendos fora do capital ou com empréstimos, negociação das ações das empresas de posse de informações privilegiadas, venda de títulos antes que se conheçam todas as informações; uso de recursos financeiros da empresa para compras sem concorrência, contratação de empréstimos para atender interesses internos à empresa e não aos stakeholders e/ou shareholders, receber ordens superiores mas não executá-las além da possibilidade de alterações dos livros da empresa (KINDLEBERGER, 2012).

Kindleberger (2012) aponta que existem uma teoria na qual em momentos de pânico financeiro não deveria haver qualquer tipo de intervenção e que o mercado faria o seu ajuste necessário, mesmo que isso acarrete perdas de riquezas das famílias. A não intervenção seria justificada para não se criar o risco moral pois quanto mais intervenção, maior será a próxima bolha. Por fim, a criação dos Bancos Centrais foi no intuito de tornar-se um credor de última instância no que tange a habilidade que possui para interromper uma corrida para descartar ativos reais e financeiros que não possuem mais liquidez em busca de dinheiro; essa habilidade se dá mediante o aumento da oferta de dinheiro na economia (KINDLEBERGER, 2012).

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