Brasil: sociedade e violência

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Antropologia

Documento 1

Neste sentido, este trabalho procurou investigar a problemática da violência no Brasil desde o período colonial, enfatizando os diferentes entendimentos do conceito de violência e as variadas práticas estatais e individuais que contribuem para o aumento constante dos índices de violência no Brasil. Há que se considerar que é preciso descontruir o mito da não-violência brasileira, isto é, a imagem de um povo pacifico e não violento, generoso, alegre e solidário com o seu compatriota. É preciso considerar que a violência no Brasil possui raízes históricas baseadas em conflitos, guerras, machismo, discriminação racial, social, religiosa e étnicas. Neste sentido, as desigualdades econômicas, sociais e culturais, as exclusões econômicas, políticas e sociais, a corrupção, o racismo entre as classes, o sexíssimo, a intolerância religiosa, sexual e política são consideradas formas de violência.

Estas formas de violência contribuem para a ocorrência da violência mais cruel, que é a retirada da vida humana. Neste sentido, este artigo tem como objetivo analisar, por meio de pesquisa bibliográfica, os conceitos de sociedade e violência e os fatores históricos e atuais que contribuem para que os índices de violência no Brasil sejam um dos maiores do mundo. Desenvolvimento Os diferentes conceitos de violência De acordo com o famoso sociólogo escocês, Walter Gallie, professor de filosofia e ciência política, o conceito de violência será sempre contestado, pois qualquer definição, por mais convincente que seja, será sempre e necessariamente provisória. De acordo com Chaui (2011), a palavra violência vem do latim vis, força, e pode ter os seguintes significados: • 1) tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser; • 2) todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém; • 3) todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade; • 4) todo ato de transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma sociedade define como justas e como um direito; • 5) ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão, intimidação, pelo medo e pelo terror.

Para Pino (2007), uma das maiores dificuldades no tratamento da violência, mais precisamente das ações ditas violentas, é a imprecisão dos seus contornos semânticos, pois podem ser interpretadas do ponto de vista do impacto emocional ou filosófico. Pino ainda afirma que O conceito de violência é associado com relativa frequência aos de crime e agressão, sendo usados indistintamente, o que pode dar origem a graves equívocos, não só porque significam coisas distintas, mas também porque essa prática pode mascarar objetivos de natureza ideológica. Para Michaud (1989) apud Costa (1999), a violência e aquilo que as sociedades consideram como tal variam de uma cultura e de uma sociedade para outra, e também conforme o momento histórico vivido. Neste caso, revoltas contra um governo ditatorial ou guerras civis para derrubar um determinado líder pode ser considerado um tipo de violência.

Costa (1999), afirma que numerosos intelectuais passaram a defender o direito de certas populações se revoltarem contra a violência de um Estado preocupado em apenas garantir o interesse privado em detrimentos dos interesses públicos. Neste caso, é possível afirmar que os atos de violência também podem ser praticados pelo Estado. As discussões acerca da violência assumem novas proporções quando se volta o foco da análise para o Estado brasileiro, que, tradicionalmente, alinhou-se aos interesses das classes e grupos dominantes. Essas práticas começaram a serem discutidas a partir do século XIX. A violência na antiguidade A discussão a respeito da existência de práticas violentas desde a Antiguidade é tratada por Buoro (1999) apud Hayeck (2009) quando ele explicita que a violência se tornou algo ligada ao nosso cotidiano e assim, passamos a acreditar que o mundo nunca foi tão violento como atualmente.

Hayeck aprofunda o debate afirmando que Partindo para uma análise de práticas violentas no Brasil, pode-se destacar o contexto de seu passado colonial e agrário. A violência do sistema escravocrata não era um fator que causava estranheza, seja quando vitimizava os escravos, seja quando era o “costume” para dirimir conflitos entre os homens pobres livres. Em concordância com Franco, Buoro (1999) destaca que no período colonial a sociedade era completamente desigual, a violência era algo comum devido às rivalidades e facções, a população andava armada e havia casos de emboscadas e guerras urbanas (HAYECK, 2009 p. A crescente criminalidade tem feito do Brasil um dos países com os maiores índices de homicídios e pequenos delitos de todo o mundo. Por tanto, discutir e pesquisar soluções para melhorar a segurança pública e diminuir a violência é de extrema importância nos dias atuais.

Para Pino A violência que se vive hoje no Brasil não vem do nada, nem de fatores que não sejam já conhecidos, embora possam ser ignorados. Longe de ser um acidente na história nacional, ela tem tudo a ver com certas características da história social e econômica brasileira, não podendo ser atribuída, ingenuamente ou ideologicamente, nem a perturbações intempestivas da consciência de alguns indivíduos, nem a uma repentina mudança das condições do país (PINO, 2007 p. De acordo com Dutra (2018), os números da violência no país impressionam, tornando-o um dos mais violentos do mundo no ano de 2017. Gráfico 1. Número de homicídios entre 1979 e 2017. Fonte: IPEA (2019)3. Disponível em: < http://www. ipea. No Espírito Santo e no Nordeste, o assassinato a soldo ainda prevalece, alimentando a indústria da morte, cujo negócio envolve pistoleiros profissionais, que agem individualmente ou se reúnem em grupos de extermínio, dos quais, com frequência, participam policiais (SOARES, 2007 p.

Nas regiões norte e nordeste os conflitos interpessoais têm deixado de ser o principal motivo para o aumento da violência, tendo dado lugar a guerra entre facções criminosas pelo controle da venda e transporte de armas e drogas. O crime organizado tem-se articulado e expandido por todo o país, contribuindo para um aumento exponencial do número de homicídios nas áreas mais pobres do país. A violência estatal também deve ser considerada nesta análise, pois frequentemente o Estado é responsável por atos violentos e por garantir que a estrutura social, uma das condicionantes da violência, permaneça inalterada para benefício de um pequeno grupo dominante. A violência advinda do poder ilegítimo do Estado, é claro, tomou ainda mais espaço nas preocupações dos cientistas sociais no período militar, mas persiste até hoje, com exceção de alguns estados (ZALUAR, 1999).

Conclusões A violência, principalmente a que envolve a prática de ceifar vidas, é uma preocupação frequente de parte da sociedade brasileira. Discutir a violência na sociedade exige uma análise aprofundada de suas causas e efeitos, necessitando de uma intensa análise política, social e econômica para se chegar a uma ou mais proposições quanto ao seu tratamento teórico e prático. Diante de tal complexidade teórica/prática este trabalho se atentou em analisar, por meio de pesquisa bibliográfica, algumas referências que tratam da temática da violência na sociedade brasileira ao longo de usa formação. Com isso, foi possível chegar a algumas conclusões acerca da problemática estudada. Trata-se de uma análise difícil e complexa.

p. CASTILHO, Ana Flávia de Andrade Nogueira; ALVES, Fernanda Mendes Sales; ALONSO, Ricardo Pinha. Segurança Pública no Brasil e a Paz Social. Revista Derecho Y Cambio Social. Disponível em: < http://www.  Polícia e sociedade: gestão de segurança pública violência e controle social. EDUFBA, 2005. COSTA, Márcia Regina da. A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira?.  São Paulo em perspectiva, v.  Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, v. n. PINO, Angel. Violência, educação e sociedade: um olhar sobre o Brasil contemporâneo.  Educação & sociedade, v.

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