Breve revisão do conceito de campo na obra de Pierre Bourdieu

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Em sua sociologia, uma característica estruturalista emerge para indagar como as estruturas se reproduzem e em quais condições os agentes são mais ou menos autônomos para agir na realidade social, seja como instrumento de mudança ou de manutenção do status quo. Essa pergunta é a base da teoria de autor, surgindo dessa reflexão os conceitos fundamentais de suas obras, como habitus e campo. Este último é objeto de revisão deste trabalho, mas não pode ser deslocado da compreensão total dos conceitos, pois só pode ser analisado de forma relacional. No sentido de mostrar como funciona essa lógica das estruturas, será apresentado o conceito de campo. Esse conceito está associado à ideia de que os espaços sociais são permeados pelo poder, gerando uma disputa entre dominantes x dominados, que se caracteriza pela desigualdade entre as posições que os indivíduos dispõem dentro do campo.

Assim, o conceito de habitus aparece como uma elucidação importante do que significa, em termos gerais, essas regras de legitimação dentro do campo. O habitus informa um domínio das posturas, atitudes e capitais incorporados pelos agentes para jogar o jogo. Uma série de estruturas incorporadas ao longo da vida, e uma mobilização de capitais disponíveis permitem que o agente compreenda as armas dispostas no campo e o que fazer para alcançá-las. Essa luta, no entanto, não é igualitária. Antes de avançar nessa questão, para elucidar melhor o problema, Bourdieu conceitua habitus como: “sistema de disposições socialmente constituídas que, enquanto estruturas estruturadas e estruturantes, constituem o princípio gerador e unificador do conjunto das práticas e das ideologias características de um grupo de agentes” (BOURDIEU, 2011, p.

Capital significa, em linhas gerais, possuir poder. Para o autor, esse conceito é dividido em três eixos: capital capital social, capital cultural e capital econômico. O capital social, na obra de Bourdieu, é fundamental para entender como as relações entre os indivíduos são importantes para a obtenção de poder socialmente. O autor conceitua este capital como um feixe de relações que geram legitimidade e respaldo para o indivíduo e que potencializam a credibilidade diante de um grupo, destaca-se o seu conceito: “o agregado dos recursos efetivos ou potenciais ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de conhecimento ou reconhecimento mútuo” (BOURDIEU, 1985, p. Um indivíduo que possui elevado capital social é aquele que se relaciona bem com o resto do grupo, assim como de outros grupos, e consegue através disso construir uma rede qualificada de relações que o reconhecem como peça fundamental no campo.

No estado objetivado, este capital que foi incorporado se materializa na obtenção de bens materiais, aponta o autor: “O capital cultural no estado objetivado detém certo número de propriedades que se definem apenas em sua relação com o capital cultural em sua forma incorporada” (BOURDIEU, 1999, p. Isso não apenas funciona como uma forma de representar a sofisticação cultural, mas é parte do repertório do capital que foi incorporado, possibilitando que esse ato seja visto como um símbolo de como a arte, por exemplo, é apreciada pelo indivíduo. O que Bourdieu procura destacar, nesse sentido, é que apenas ter, por exemplo, não basta. É preciso, na dinâmica do poder, que o ter signifique conhecer e apreciar para que tenha valor agregado. No estado institucionalizado, este capital encontra nas instituições a sua legitimação.

A imagem, o respaldo, a moralidade e outros fatores são fundamentais para a estabilização de um capital simbólico dentro do campo. Após uma revisão sintética sobre quais forças atuam dentro e fora do campo na construção de hegemonias e posições autorizadas para que agentes específicos ocupem, é possível voltar a discutir o que isso significa, em termos práticos, nesse campo de batalha. De fato, quando novos agentes se lançam na procura de um espaço dentro do campo, as disposições já estão estruturadas e muitas são os empecilhos para a consolidação de um lugar naquele espaço social. Assim, Bourdieu apontou em “As regras da arte” como o campo artístico é dotado de características específicas que, a partir de sua autonomia, gere as condições hegemônicas dentro do campo, estabelecendo regras para a participação.

Sem dúvidas, isso não cabe apenas ao campo artístico. In: ______. Questões de Sociologia. Tradução: Miguel Serras Pereira. Lisboa: Fim de Século – Edições, Sociedade Unipessoal, Ltda, 2003a. p. A. CATANI, A. M. orgs. Escritos de Educação.

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