Como o jovem adulto percebe o envelhecimento?

Tipo de documento:Proposta de Pesquisa

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Para Tolotti (2007) a construção social e cultural da velhice, que é diferente para cada indivíduo, está associada as práticas de cada sociedade. Essas práticas propiciam o surgimento de certas representações do idoso. A partir destas representações, o idoso tem um determinado lugar social no contexto em que vive. Portanto, a autora defende que não há somente um tipo de idoso, pois existem as diferenças individuais, culturais e sociais. Porém, segundo Fonseca (2006), não ocorrem mudanças biológicas e psicológicas que justifiquem uma diferenciação social negativa em relação ao idoso. Vive-se em uma sociedade de consumo na qual apenas o novo pode ser valorizado, caso contrário, não existe produção e acumulação de capital. Nesta dura realidade, o velho passa a ser ultrapassado, descartado, ou já está fora de moda.

Existem algumas razões para a mudança de olhar sobre o idoso. Com o aumento da população idosa houve uma visibilidade maior dessa categoria, sendo assim, começou a ser considerada visivelmente em termos sociais. Consequentemente, por causa dessa presença marcante e visibilidade social, a categoria idosa começou a ser um problema social. O termo terceira idade é usado para marcar uma etapa da vida, isto é, na infância ocorre a primeira idade e na fase adulta a segunda idade. Hoje surge também um novo termo: quarta idade devido ao aumento da expectativa de vida. No entanto, o tempo cronológico não é suficiente para definir este período da vida que contém aspectos psicológicos, sociais e biológicos (AYAMA; FERIANCIC, 2014). Velho pode ter diversos significados como muito antigo, gasto pelo tempo etc.

que expressam sentidos negativos como algo ultrapassado ou descartado. Até a década de sessenta predominavam visões negativas a respeito do envelhecimento. Entretanto, sempre existiu a expectativa de controlar os efeitos negativos deste período e prolongar a vida de cada indivíduo. Na década de setenta houve um aumento do número de estudos sobre a velhice associado ao interesse da sociedade por este assunto. Na psicologia, houve também um aumento de trabalhos na área de Psicologia do desenvolvimento voltado para o curso da vida. Neste período, a teoria Life-Span que entende o envelhecimento como um processo multideterminado e heterogêneo, contribuiu para o esclarecimento de temas relacionados a velhice. A sociedade com esta percepção, desconsidera a singularidade desses indivíduos, reduzindo-os apenas a aspectos físicos (TOLOTTI, 2007).

Assim como, na sociedade brasileira, os idosos são limitados em sua circulação urbana, por exemplo, existem certos espaços que não são ´´próprios`` para os idosos. Desta forma, há uma barreira de circulação que impede a apropriação e experimentação do espaço urbano. Estas consequências são originadas por construções sociais, isto é, pela forma como o idoso é percebido pela sociedade (CORREA, 2009). Historicamente, estas percepções estereotipadas das sociedades são a base para atitudes preconceituosas, atribuindo características indesejáveis para os idosos. Portanto, na economia existe a desvalorização do idoso, pois não seria mais produtivo para os parâmetros deste sistema, mas também é valorizado por esta mesma economia, já que é considerado um forte consumidor. Outra razão para o surgimento de percepções distorcidas relacionadas ao envelhecimento refere-se ao culto da juventude, da beleza e do corpo.

Para a sociedade os jovens possuem o que hoje a sociedade espera: produtividade, juventude e utilidade (CORREA, 2009). A tecnologia relacionada a cosméticos, investindo em produtos e tratamentos para prolongar e manter a juventude prejudica a aceitação do envelhecimento como processo natural humano. A referida tecnologia vende a imagem da juventude, do parecer jovem, contradizendo o processo de envelhecimento que é natural na vida de cada indivíduo. Sintetizando o que foi apresentado até o momento, entende-se que existem percepções contraditórias a respeito da velhice, uma hora são focados aspectos negativos, em outras são focados aspecto negativos. Sendo que uma parcela de idosos tem ideias negativas referentes ao envelhecimento. Muitas dessas percepções que imperam ainda hoje veem o envelhecimento como um período de perdas e prejuízos das capacidades físicas e psicológicas.

Porém, novos estudos surgiram, respondendo também aos interesses sociais e proporcionaram mudanças referentes a estas perspectivas. Ainda hoje o idoso é percebido de forma estigmatizada em um contexto econômico que impera a produtividade e competividade e um contexto cultural de valorização da juventude e do corpo jovem. As diversas subdisciplinas básicas e aplicadas da Psicologia estão em processo de aprimoramento de paradigmas, metodologias e formas de atuação associadas ao envelhecimento como objeto de conhecimento e intervenção (BATISTONI, 2009). Com isto, percebe-se que ´´a psicologia do envelhecimento é uma área de investigação relativamente recente, que teve seu início com os avanços obtidos pela gerontologia``. OLIVEIRA et al, 2006, p. A verificação das alterações particulares do envelhecimento e a elaboração da teoria sobre a regulação de perdas durante o ciclo da vida foram contribuições proporcionadas pelos investimentos em pesquisas sobre a psicologia do envelhecimento.

Por meio dos avanços teóricos e pesquisas como a Life-Span, a psicologia do envelhecimento apreendeu a ideia de que no envelhecimento existe a influência tanto de aspectos genéticos, biológicos, como aspectos socioculturais (CARSTENSEN et al, 2011; SCHAIE, 2012 apud RIBEIRO, 2015). Para esta autora, esta teoria contribuiu, consideravelmente, para pesquisas e para um novo modo de pensar o desenvolvimento. Nesta perspectiva, a vida é um motor que expressa uma crise para uma determinada condição inicial. Uma das ideias principais desta teoria é o entendimento de que o desenvolvimento ocorre durante toda a vida e não só na infância e adolescência como se acreditava, isto é, na velhice também pode haver desenvolvimento cognitivo e não somente nas etapas iniciais do desenvolvimento (SCORALICK-LEMPKE; BARBOSA, 2012). Outro fator importante associado a teoria Life-Span refere-se as influências socioculturais que podem gerar oportunidades de inserção em vários meios da sociedade, como por exemplo, a inserção na educação que é um aspecto imprescindível para a velhice já que proporciona um equilíbrio entre declínios e benefícios gerados pelas atividades educativas (SCORALICK-LEMPKE; BARBOSA, 2012).

Para a Psicologia, o termo Life Span expressa a ideia de vida em toda a sua duração ou um período particular, porém, não delimita estágios. As diferentes formações vão ser ocasionadas pelas atividades do sujeito com o meio. Cada etapa do desenvolvimento contém uma atividade principal que expressa a interação particular de cada um com a sua realidade (PILETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014). Outra teoria que descreve e explica a velhice é a teoria de Erik Erikson. De acordo com Neri (2012) a teoria de Erik Erikson foi um avanço no que diz respeito as teorias do ciclo de vida, pois considerou todas as etapas da vida e as influências socioculturais associadas as crises evolutivas de cada ciclo de vida. A tensão criada pelas crises origina qualidades do ego.

Muitos profissionais usam a literatura internacional ou usam conceitos básicos de outras disciplinas (NERI; YASSUDA, 2012). Assim como, as pesquisas voltadas para o envelhecimento são das áreas das ciências da saúde e biológicas. Estes grupos que investigam o envelhecimento foram criados desde 1995. Entretanto, isso não ocorre com a psicologia que não possui grupos significativos pesquisando a velhice. Não existe doutorado para esta área em Psicologia. Por isso, mesmo que ainda tenham desafios quanto ao aumento de estudos na área de Psicologia do envelhecimento para a realidade brasileira, todos os conhecimentos referidos acima, contribuíram, grandemente, para uma nova era da psicologia que passou a estudar sistematicamente as mudanças e o desenvolvimento associado a velhice, as alterações psicológicas e reabilitação (NERI; YASSUDA, 2012).

Bem como, Moreira (2012) confirma que a psicologia tem procurado investir em pesquisas sobre o envelhecimento. De forma geral, a psicologia pode oferecer grandes contribuições para a compreensão e tratamentos para a velhice: A psicologia oferece contribuições importantes a compreensão dos processos, avaliação comportamental e reabilitação. No campo do tratamento e da reabilitação é comum, hoje, pensar em ações multiprofissionais. A fisioterapia, a terapia ocupacional, a fonoaudiologia e a enfermagem são exemplos dessas profissões que, com a psicologia clínica, podem oferecer ajuda e cuidado aos idosos em casos de dependência física e cognitiva. A atuação em instituições de longa permanência é uma outra possibilidade de atuação para a psicologia, sendo que, a qualidade dos serviços prestados por estas instituições depende do trabalho do psicólogo.

Neste contexto, este profissional pode efetuar intervenções visando a busca de sentido das experiências vividas pelos idosos e para que esses idosos consigam lidar com a velhice. Para atingir esses objetivos, o psicólogo pode utilizar de técnicas grupais terapêuticas para a construção de vínculos sociais e afetivos (ALCÂNTARA, 2004). A avaliação neuropsicológica que é usada para avaliar as funções cognitivas por meio de uma avaliação padronizada, inclui também a avaliação neuropsicológica do idoso. Esta avaliação usada para a população idosa tem o intuito de identificar declínio cognitivo e prejuízos de áreas cerebrais e diferenciar problemas psicológicos de problemas neurológicos. Por isso, a psicologia do envelhecimento no Brasil precisa continuar avançando. Porém, os estudos existentes contribuíram para um novo entendimento sobre o envelhecimento, velhice e o idoso.

Consequentemente, esses novos estudos contribuem para novas práticas mais adequadas ao contexto da velhice associado a um ambiente social e cultural específico. REFERÊNCIAS: AlCÂNTARA, A. O. Geriatria e Gerontologia. Barueri: Manole, 2014. BATISTONI, S. S. T. CARVALHO, R. S. Saúde e qualidade de vida na velhice: a percepção do idoso mais velho. Dissertação (Mestrado em Psicologia clínica) – Programa de Pós-graduação, Universidade Católica de Pernambuco, Pernambuco, 2012. CORREA, M. TESTON E. F. MARCON, S. S. A velhice na percepção de idosos de diferentes nacionalidades. ª ed. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2006. GUSMÃO, N. M. M. Apontamentos sobre os novos nomes da Velhice. f. Dissertação (Mestre em Psicologia) – Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, 2015. MOREIRA, J. O.

Acesso em 02 outubro 2017.   NERI, A. L. org. Desenvolvimento e envelhecimento. OLIVEIRA, K. L. et al. Relação entre ansiedade, depressão e desesperança entre grupos de idosos.  Psicol. M. ROSSATO, G. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Contexto, 2014. RESENDE, M. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722009000400017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 28 setembro 2017. RIBEIRO, P. C. org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1983-82202015000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 02 outubro 2017. RIBEIRO, P. C. br/index. php/kairos/article/viewFile/27409/20787. Acesso em 04 outubro 2017. RODRIGUES, N. C. O. Comprometimento cognitivo leve e reabilitação neuropsicológica: uma revisão bibliográfica. Psic. Rev. São Paulo, v.  Estud. psicol. Campinas, v. n.  p. Educação e envelhecimento: contribuições da perspectiva Life-Span.  Estud. psicol.  Campinas, v.  supl.

R. HERÉDIA, V. B. M. org. revistaneurociencias. com. br/edicoes/2010/RN1802/262%20revisao. pdf>. Acesso em 05 outubro 2017.

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