Consequências da Doença de Alzheimer na vida do idoso

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Consequências da Doença de Alzheimer na vida do idoso Kátia Maria de Jesus Trabalho Final apresentado à Especialização em Neuropsicologia e Reabilitação, do Centro Universitário Celso Lisboa, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de pós-graduada. Orientadora: Profa. Dra. Patrícia da Mota Vieira Figueiredo Rio de Janeiro 2018 RESUMO Nas últimas décadas, houve um aumento da expectativa de vida no mundo todo, ocasionando o envelhecimento populacional. Com isso, mais pessoas chegam a uma idade avançada, sendo acometidas por enfermidades relacionadas à vida prolongada. Doença de Alzheimer. ABSTRACT In the last decades, there was an increase in life expectancy worldwide, leading to population aging. With this, more people reach an advanced age, being affected by diseases related to the prolonged life.

Population aging brings new challenges to society as chronic diseases become part of the lives of an important part of the population. Although it has been a known disease for several decades, the cure for Alzheimer's has not yet been discovered. No caso específico da sociedade brasileira, com a queda das taxas de mortalidade e de fecundidade, houve um envelhecimento demográfico, perceptível desde a década de 1980, embora, segundo Veras (2009) as políticas públicas para a população idosa só começassem a ganhar materialidade a partir do Estatuto da Pessoa Idosa, aprovado em 2003. Com o envelhecimento populacional, doenças crônicas de longa duração começam a se tornar mais frequentes. A Doença de Alzheimer figura entre as doenças que acometem pessoas com elevada idade.

Dessa forma, estudos relacionados ao diagnóstico, tratamento e consequências da Doença de Alzheimer na vida da pessoa idosa e de seus familiares se tornam necessários à medida que a população atinge maior expectativa de vida. O objetivo geral da presente pesquisa consiste em descrever as causas da Doença de Alzheimer e suas consequências para a vida da pessoa idosa. Contudo, a preocupação com a formulação de políticas para esse público ainda é incipiente. Desde o final da década de 1980, pesquisadores alertam para o aumento da população idosa em nível mundial, inclusive nos países em desenvolvimento. De acordo com Kalache, Veras e Ramos (1987, p. “haverá, portanto, uma substituição: as grandes populações idosas dos países europeus cedendo lugar a países caracteristicamente jovens como a Nigéria, Brasil ou Paquistão”.

Considerado um fenômeno novo, o envelhecimento populacional tem origem diferenciada. No ambiente urbano, o número de filhos é reduzido, tendo, dentre os principais fatores, a incorporação da mulher no mercado de trabalho. O envelhecimento da população está, portanto, intimamente ligado às taxas de fecundidade e de mortalidade. Até 1950, por exemplo, a expectativa de vida no Brasil era de 39 anos, passando a 64 anos na década de 1980 e, em 2017 chegou a 75,8 anos, praticamente o dobro do esperado há pouco mais de meio século. No entanto, esse incremento da expectativa de vida não ocorre apenas no Brasil, atingindo principalmente os países em desenvolvimento. Assim, “ficam nítidos a tendência a um estreitamento da base da pirâmide, devido à menor entrada de recém-nascidos na população, e um alargamento das porções média e superior, significando um maior contingente de pessoas atingindo idades mais avançadas” (RAMOS; VERAS; KALACHE, 1987, p.

Mesmo que a maioria dos idosos possua uma ou mais doença crônica, Ramos (2003) afirma que isso não significa, necessariamente, a perda da qualidade de vida. Um dos critérios para se identificar um envelhecimento saudável é a manutenção da autonomia da pessoa idosa: “o importante é que, como resultante de um tratamento bem-sucedido, ela mantém sua autonomia, é feliz, integrada socialmente e, para todos os efeitos, uma pessoa idosa saudável” (RAMOS, 2003, p. Para um envelhecimento saudável, portanto, o que importa é o grau de autonomia do indivíduo e não a presença ou não de doenças crônicas, pois cada indivíduo reage de forma distinta a condições semelhantes. No intuito de proporcionar elementos para uma avaliação acerca do envelhecimento saudável, Ramos (2003, p.

identificou seis elementos que precisam estar articulados, a fim de proporcionar qualidade de vida para a pessoa idosa: “saúde física, saúde mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica”. Porém, a procura por atividades físicas não ocorre de um momento para outro. Há a necessidade tanto de incentivo quanto de estímulo para que o idoso procure desenvolver alguma atividade. Nesse sentido, Lopes e colaboradores (2016) identificaram os principais motivos que levam mulheres idosas a não desenvolver algum tipo de atividade física. Dentre seus achados, encontram-se o desinteresse, o fato de não gostarem de atividades físicas e a preguiça. Ao lado dessas atitudes, elementos objetivos como o horário, a falta de companhia e exercícios inadequados para serem desenvolvidos por pessoas idosas concorrem para o sedentarismo dessa população.

No mundo todo, a atenção pela saúde da pessoa idosa levou organismos como a Organização das Nações Unidas a desenvolver estudos e tratados acerca da melhor maneira de encarar os desafios decorrentes do envelhecimento populacional. No Brasil, fato semelhante ocorreu desde o final da década de 1980, culminando com a aprovação do Estatuto do Idoso, em 2003. Assim, a questão assistencialista é substituído por uma concepção que busca o envelhecimento saudável, pautado pela “adoção precoce de hábitos saudáveis de vida, a eliminação de comportamentos nocivos à saúde, além de orientação aos idosos e seus familiares quanto aos riscos ambientais favoráveis a quedas” (VERAS; OLIVEIRA, 2018, p. O cuidado à pessoa idosa, no entanto, é uma tarefa muito complexa. Diante de uma realidade socioeconômica de vulnerabilidade, muitas famílias têm na aposentadoria do idoso uma de suas fontes de renda, como pode ser visto em Mafra (2011, p.

deteriorização das funções cognitivas com apraxias construtivas, agnosias e distúrbios afásicos. O quadro é de evolução variável, caminhando para estado vegetativo num período de 10 a 15 anos a partir do início dos sintomas. A partir da classificação de Reisberg, os autores Facure, Castro e Menezes (1993, p. classificaram sete níveis clínicos para avaliar o comprometimento de pacientes com a Doença de Alzheimer, auxiliando na percepção da gravidade da enfermidade: O primeiro e o segundo níveis são considerados compatíveis à normalidade para a idade, especialmente para pessoas idosas. No terceiro estágio estão incluídos os pacientes que apresentam sinais incipientes de demência, com decréscimo funcional objetivo de suficiente severidade para ser capaz de interferir em ocupações complexas e tarefas sociais.

No sétimo estágio ocorre comprometimento grave da fala, da locomoção e da consciência, evoluindo para estado vegetativo na sua fase final. Assim, tendo o comprometimento da memória como o dado inicial, com o tempo, pode ocorrer o agravamento do quadro. Tanto a memória episódica de longo termo quanto a memória de curto prazo são comprometidas, dependendo do grau de severidade da doença. Pode-se inferir que a suspeita de Doença de Alzheimer ocorre quando há o comprometimento da memória conjugado com apraxia (disfunção motora), agnosia (perda das funções cognitiva) ou afasia (dificuldade de utilizar as palavras) (FERREIRA; CATELAN-MAINARDES, 2013). Com o intuito de situar a Doença de Alzheimer entre as diferentes demências e patologias que atingem a população idosa, conforme assinalado nos objetivos, pode-se afirmar que a Doença de Alzheimer afeta entre 5% e 10% dos indivíduos maiores de 65 anos, chegando a uma marca entre 20% e 40% daqueles que ultrapassam os 80 anos de idade (ABREU; FORLENZA; BARROS, 2005).

No atual estágio do desenvolvimento do conhecimento acerca da Doença de Alzheimer, alguns fatores de risco são apontados por Oliveira, Contenças e Turiani (2013): idade, histórico da doença na família, da Síndrome de Down e de alterações genéticas. Devido ao perfil de envelhecimento da população brasileira, com as mulheres vivendo mais do que os homens, tem-se a impressão de que a Doença de Alzheimer possui maior incidência na população feminina; porém, tanto homens quanto mulheres podem desenvolver a doença. O número mais elevado de mulheres decorre do fato de mais mulheres chegarem a idades avançadas, em comparação aos homens. Com a idade avançada, há o declínio de muitas capacidades funcionais, como afirma Meireles e colaboradores (2010, p.

No entanto acredita-se que, com o avançar da idade, o indivíduo passe a apresentar deficiências no controle genético da produção de proteínas estruturais, de enzimas e dos fatores neurotróficos. “A terapêutica farmacológica da apatia na DA compreende basicamente três estratégias: psicoestimulantes, agonistas dopaminérgicos e inibidores da colinesterase” (TEIXEIRA JR. CARAMELLI, 2006, p. CONSEQUÊNCIAS DA DOENÇA DE ALZHEIMER NA VIDA DO IDOSO Quando o indivíduo percebe os primeiros sintomas da Doença de Alzheimer, sua vida passa por transformações. Em consonância com os objetivos específicos da presente pesquisa, Truzzi e Laks (2005), ao analisar um caso de Doença de Alzheimer de tipo precoce, relatam que a doença trouxe consigo problemas de diversas ordens: no nível pessoa, as crises no matrimônio se tornaram constantes, culminando no divórcio; no nível profissional, a perda progressiva da memória levou ao abandono do emprego e à perda de oportunidades de qualificação.

Embora o caso estudado por Truzzi e Laks (2005) seja de um paciente que apresentou os primeiros sintomas aos trinta anos, ele é ilustrativo. A partir da distinção efetuada por Cardoso e colaboradores (2015) entre cuidadores voluntários, geralmente membros da família, e cuidadores remunerados, profissional não vinculado à família, percebe-se que a Doença de Alzheimer traz consigo efeitos financeiros para a família e para o indivíduo. Isso porque o cuidador voluntário se retira da vida laboral, diminuindo a renda familiar; a contratação de um cuidador remunerado compromete parte da receita familiar de forma permanente, devido ao caráter crônico da doença. Com o intuito de ilustrar a evolução da Doença de Alzheimer e suas consequências para a vida do idoso, Oliveira, Contenças e Turiani (2013, p.

distinguiram diferentes manifestações clínicas, de acordo com o estágio da doença que, de forma resumida, podem ser verificadas a seguir: • Fase inicial (de 02 a 04 anos): os sintomas são pouco perceptíveis, havendo perda de memória, lentidão na execução de tarefas e diminuição da criatividade; • Fase intermediária (de 03 a 05 anos): os esquecimentos tornam-se mais frequentes; surgem dificuldades relacionadas à leitura, escrita e interpretação, bem como a dificuldade em manter diálogos; gradativamente aumenta a necessidade de auxílio para a execução de tarefas; as mudanças de personalidade começam a se manifestar; há ganho de peso; • Fase avançada (em torno de 03 anos): o paciente permanece imóvel, tornando-se incapaz de se comunicar; há perda de peso; o paciente perde totalmente a autonomia.

Portanto, pode-se perceber que desde as primeiras manifestações da Doença de Alzheimer a pessoa idosa vê sua vida afetada. Tendo como foco as consequências da Doença de Alzheimer para a vida da pessoa idosa, a presente pesquisa identificou a existência de alterações relacionadas à perda de autonomia. Com o progresso da doença, o indivíduo torna-se dependente do cuidado de outra pessoa, fato que acarreta uma segunda consequência, de caráter financeiro. Quando o cuidador é um membro da família, limita-se a capacidade laboral desse indivíduo; por outro lado, se o cuidador é remunerado, parte da renda familiar é comprometida permanentemente. Outra consequência advinda da Doença de Alzheimer pode ser identificada na fase intermediária. As alterações de humor e de comportamento do idoso podem causar o afastamento de familiares, bem como o cansaço e esgotamento físico e mental dos cuidadores.

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Acesso em: 05 ago.

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