CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTISMO NA PERSPECTIVA DA PSIQUIATRIA E DA PSICANÁLISE

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Introdução 1 2. Considerações da Psiquiatria 4 2. Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA). Considerações sobre o Autismo na Visão da Psicanálise. Análise do Discurso. Em 1943, Kanner estudou onze crianças entre 2 e 11 anos de idade, três meninas e oito meninos, e descreveu todas as suas análises em um artigo intitulado Distúrbios autísticos do contato afetivo . MERCADANTE, 2009 p. Lembrando que, até então, os conceitos de transtorno do espectro autístico, esquizofrenia e psicose infantil se confundiam (BRASIL, 203, p. A primeira desmitificação é que o autismo não é uma patologia (doença), é uma síndrome, ou melhor Transtorno do Espectro - No âmbito científico - espectro é uma representação das amplitudes ou intensidades Autista (TEA) – distúrbio de desenvolvimento cujas principais características consistem em detrimento dos relacionamentos sociais, bem como de comunicação (BRUNA, 11/2018).

O termo Síndromes vem do grego syndromé, cujo significado é "reunião" um termo bastante utilizado em Medicina e Psicologia para caracterizar o conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada patologia ou condição (SILVA. PIENTA, 2013). A palavra “Autismo” tem origem do grego autos, que significa “voltar-se para si mesmo”. Apesar de diversas denominações, em função das várias interpretações, optamos aqui pela definição. FERNANDES, 19965 P. “Estado Mental Patológico, em que o indivíduo tende a encerrar-se em si mesmo alienando-se ao mundo exterior”. A psicanálise desde Freud passando por Melanie Klein, Lacan e Winnicott ofereceram grandes contribuições no entendimento e funcionamento do autismo. Freud (1905) entendia que a pulsão sexual era a principal energia ou a energia motivadora da vida humana, ao que chamava de libido.

Partindo desta compreensão é possível estabelecer o nexo desta motivação primária com a sexualidade infantil. A sexualidade infantil é trazida por Freud como possível objeto de estudo nos quadros de transtornos psíquicos ocorrentes no decurso da vida, em especial na chamada fase do autoerotismo, a qual elucidaremos a seguir. Esse estudo se propõe a fazer uma reflexão sobre o autismo, tecendo considerações no campo da psiquiatria e da psicanálise. Desenvolvida precocemente, ainda nos primeiros anos de vida, se mantem permanentemente. Fazendo um levantamento ao longo da história, identifica-se que as primeiras definições para autismo aparecem com Plouller (1906) durante os atendimentos a pacientes diagnosticados com demência precoce, ou esquizofrenia. Atribui-se ele a primeira referência sobre ao termo autismo, utilizado para descrever certo tipo clínico que se caracteriza pelo isolamento (encenado pela repetição do auto referência) sendo, em alguns casos, muito frequente.

Não lancei a fonte porque não entendi a fonte e não sei de você pegou). MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Na maioria dos casos, os pais, avós e colaterais são pessoas muito preocupadas com coisas abstratas, sejam elas de natureza científica, literária ou artística, e limitadas no interesse autêntico que têm para as pessoas. Mesmo nos casamentos mais felizes permanecem relações mais frias e formais (KANNER, 1983). Ao contrário do artigo de Kanner, o de Asperger levou muitos anos para ser amplamente lido. A razão mais comumente apontada para o desconhecimento do artigo de Asperger é o fato dele ter sido escrito originalmente em alemão. autismo. Alguns trabalhos situam-no como anomalias anatômicas ou fisiológicas do sistema nervoso central, outros, mesmo considerando fatores dinâmicos, tratam-no como possíveis “problemas constitucionais, inatos, decorrentes de alterações do curso do desenvolvimento, predeterminado biologicamente” (STEFAN, 1991) 2.

Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) A partir do último Manual de Saúde Mental – DSM-5, que é um guia de classificação diagnóstica, o Autismo e todos os distúrbios, incluindo o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância (Síndrome de Heller), transtorno generalizado do desenvolvimento não especificado e Síndrome de Asperger, fundiram-se em um único diagnóstico chamado Transtornos do Espectro Autista – TEA. DSM-IV-TRTM, 2002). Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em diversos estágios da vida, desde estudar, até aprender atividades do cotidiano: tomar banho, amarrar calçados entre outros. institutopensi. “As políticas públicas de educação também foram convocadas a acolher adequadamente seus filhos, do que foi exemplo, no Brasil, a recente Lei 12. que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” (PIMENTA, 2016).

Desde os anos setenta e oitenta o autismo passou a ser questionado como psicose por intermédio de pesquisas desenvolvidas por, entre outros, Michael Rutter3, (1979; 1983), o autismo passou a ser definido como uma síndrome comportamental de quadro orgânico. A criança apresenta uma dificuldade central na compreensão do significado emocional ou social de estímulos tendo, portanto, dificuldades em fornecer respostas a pistas dessa modalidade. Assim, iniciou-se uma mudança na abordagem do autismo, o qual até então era classificado como uma psicose infantil (FACION, 2005). Segundo a Dra. Gikovate, (2013): “esse é um distúrbio mais comum no sexo masculino (quatro homens para cada mulher) e no Brasil, ainda demora muito para ser diagnosticado), geralmente por volta dos quatro ou cinco anos de idade”. De acordo com a neurologista, as crianças que nascem com a síndrome de autismo, apresentam sinais aos nove meses.

“Elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama. A partir dos 12 meses não apontam com o dedinho. Partindo do princípio das diversas características da síndrome, cada pessoa apresenta necessidades específicas. Algumas precisam de fonoaudiólogos, outras de psicólogos, ou terapeutas ocupacionais, “além das que necessitam de medicamentos, especialmente quando há comorbidades associadas”. Segundo a Dra. Gikovate “muitos conseguem se desenvolver e ser incluído na sociedade”. Porém, ela reforça que o “apoio da família é de extrema importância. Segundo ela, “o mecanismo mental primitivo seria um funcionamento mental dominado por sensações”. Para a autora, “tanto as disposições inatas quanto a qualidade da relação dos pais com o recém-nascido são determinantes para o infans sair do mundo preenchido por sensações e passar a perceber a realidade”.

Como ela afirmou, a “diferença entre o “autismo normal” e o “autismo patológico” é de ordem quantitativa ou de intensidade, ou seja, o “autismo normal” é um estado anterior ao pensamento, enquanto o “autismo patológico” se opõe ao pensamento. A ideia de falta de contato afetivo dos pais para com o bebe, subsidiou a afirmação de que, a falta do afeto dos pais reflete na troca desse afeto dos filhos para com o mundo. Esses bebes, possivelmente, não tiveram um investimento libidinal capaz de inseri-los no campo do psíquico e da cultura. Após o sucesso de Klein com a análise de Dick, e a definição do diagnóstico de autismo infantil precoce, vários psicanalistas de países distintos começaram a desenvolver os métodos analíticos criados por ela (Klein) e por Freud, para trabalhar com crianças acometidas da patologia (TAFURI, 2003).

A pulsão a qual Freud se refere ao longo de sua obra, tem uma dimensão mitológica, não se dá em si mesma, vale-se de seus componentes: ideia (vorstelleurg) e afeto (affect) para ser compreendida e tem dimensões físicas e psíquicas. GARCIA-ROZA, 2000). Para a psicanálise o transtorno autista está relacionado ao afeto, referente à relação com os pais que afetam o desenvolvimento psíquico das crianças: na relação materna em razão da inadequação na realização desta função e, na relação paterna pela ausência de um terceiro que contribui para a formação desta constituição psíquica. Este transtorno é de caráter permanente e requer a intervenção da psicanálise no conjunto de intervenções profissionais no atendimento de crianças e suas famílias.

A intervenção do analista aponta para esse movimento que leva a novos circuitos, de acordo com a lógica do funcionamento singular que perdura ao longo do tempo, mas que nem por isso os deixa por fora dos outros. Esta relação psicótica e comportamental autista, segundo Sigmund Freud: Neurose ou Psicose, não poderia, por exemplo: ocupar o mesmo lugar que o autismo, que há apenas o repúdio a sua verdadeira realidade. Segundo ele, o autista reage dessa forma, ele usa um escape de fuga da sua própria realidade que é representando o afeto não incorporado ao Ego. Donald Woods Winnicott, (pediatra, psiquiatra infantil) e psicanalista inglês, tinha um posicionamento único: Independentemente de chamarmos o autismo de esquizofrenia da infância inicial ou não, devemos esperar resistência à ideia de uma etiologia que aponta para os processos inatos do desenvolvimento emocional do indivíduo no meio ambiente dado.

haverá aqueles que preferem encontrar uma causa física, genética, bioquímica ou endócrina, tanto para o autismo quanto para a esquizofrenia. Fato nem sempre perceptível e muito menos consciente. As reações mais comuns nas mães de crianças autistas são a demonstração de autossuficiência, ou cansada, descrente de qualquer consideração, são consequências do fato de ter que lidar com uma carga maior no dia-a-dia com Conforme (COSTA, 2014, pág. “as atitudes intempestivas, a inquietude exagerada e a não contenção dos impulsos que tornam a criança com o transtorno difícil de se lidar”, o que exige dos pais, em especial da mãe, maior tempo disponível e segundo a autora “o que invariavelmente não acontece, seja porque estão envolvidos com os próprios compromissos de trabalho, seja porque eles mesmos, na maior parte dos casos, não entendem as atitudes dos filhos e, quando as entendem, já se encontram exauridos por terem que lidar rotineiramente com o comportamento dos mesmos.

” (COSTA, 2014) Na verdade Winnicott (1983), quando se refere a mãe é desde a sua vulnerabilidade diante as necessidades da criança autista, a sua sensação de impotência, que faz com que se sinta a pior mãe do mundo, muitas vezes em conflito no casamento, deixou de ser mulher para ser mãe de um bebe especial, não consegue e se frustra. Evidente que o ambiente nessa situação não consegue dar o suporte adequado em cada fase da criança com autismo. O gosto pela solidão, sua fixidez e condutas estereotipadas aparecem em primeiro plano caracterizando um funcionamento subjetivo singular, núcleo real que explica o crescimento de casos de crianças autistas além da ampliação do espectro autista (TENDLARZ, 2017). Lacan, em 1975, em sua Conferência em Genebra, fala sobre o autismo como sendo um problema clínico.

O último comentário afirma que os autistas escutam coisas e que isso desemboca na alucinação, que tem um caráter mais ou menos vocal. Além disso, contra qualquer prejuízo, acrescenta: “Não se pode dizer que não fala. Que você tenha dificuldade para escutá-lo, para dar seu alcance ao que dizem isso não impede que se trate, finalmente, de personagens mais verbosos” (TENDLARZ, 2017). Desse modo quando questionado sobre os fatores genéticos que, segundo o autor eram colocados em “primeiro lugar”, o psicanalista respondeu da seguinte forma: “Não discuto que há transtornos genéticos coincidentes com autismo num certo número de casos, mas não em todos – é claro que o senhor vai me dizer que aqueles que não apresentam alterações genéticas não se tratam de verdadeiros autistas – e devo lhe apontar que a condição genética não é a única capaz de produzir transtornos de conduta universais.

Por isso o que proponho é que o genético – no autismo – não deve atuar como limite para nossa perspectiva clínica” (JERUSSALINSKY, 2010) As diferentes intervenções terapêuticas causam a diferenciação de três grupos de pais a) os que se arriscaram na tentativa de fazer de seus filhos sujeitos desejastes e obtiveram certo nível de sucesso com seus psicanalistas (esses geralmente esquecem a gravidade que afetou seu filho – o que é de benefício no fim da cura); b) os que se sentem injustamente tratados porque tentaram esse caminho e seus filhos não se curaram (o que de fato acontece sempre em alguma proporção, em qualquer tipo de tentativa terapêutica); c) os que se resignam de entrada à incurabilidade suposta de seus filhos e constroem uma falsa ou parcial satisfação com os automatismos adaptativos atingidos (JERUSALISKY, 2010, p.

Conseguir uma cura psicanalítica depende da precocidade do início do tratamento (quanto mais cedo, maiores são as probabilidades de cura e, de um modo geral, maiores são as conquistas), enquanto a implantação de automatismos adaptativos condicionados é viável a qualquer altura do desenvolvimento humano (ainda que não o seja na mesma medida de plasticidade). Um fracasso psicanalítico não impede de procurar depois uma tentativa comportamentalista, mas o contrário não é verdadeiro (JERUSALISKY, 2010, p. As diferenças entre as formas de observar e compreender o autismo reverberam na forma de manejar o fazer clínico durante os atendimentos/intervenções realizadas para sanar os sofrimentos oriundos do diagnóstico. Assim como interpretações hostis foram realizadas, induzindo a falsa crença que os grandes vilões desta situação seriam, unicamente, os pais.

Verificou-se que através do tratamento psicanalítico que pode- se chegar ao que é reconhecido como “saídas” do autismo, mesmo que em algumas ocasiões o/a analista precise “representar” a função materna (dentro da relação transferencial) sinalizando a esta família possíveis caminhos para mudança. Considerações Finais Certamente que o trabalho não esgota o objeto de estudo, tendo em vista as complexidades que o envolvem, contudo foi possível identificar algumas sinalizações tanto de concepções, quanto na posição da psicanálise. É prudente destacar o quão inexplorado é esta temática do ponto de vista da intervenção, sob qualquer abordagem psicológica ou psiquiátrica, posto que é recente a reformulação do Diagnostico de Saúde Mental que amplia a percepção sobre as doenças classificadas como transtornos do neuro desenvolvimento.

Cabe ressaltar a percepção que se teve da relevância da inclusão escolar, que favorece a aprendizagem e a importância do trabalho analítico para que esse as relações de afetos, possam encontrar ressonâncias no outro. abr. jun. Licenciado sob uma Licença Creative Common. BRASIL. Ministério da Saúde. “TEA-Transtorno do Espectro Autista”. uol. com. br/doencas-e-sintomas/tea-transtorno-do-espectro-autista-ii/>. às 10h26. A consulta pediátrica de pacientes com TDAH: a negociação de identidades em situação de conflito. Tese de doutorado. Pontificia Universidade Católica, Rio de Janeiro, em 10. maxwell. vrac. “A teoria das psicoses em D. W. Winnicott”.  Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, SP, 1998.   DSM-IV-TRTM – “Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais”. “Dicionário Brasileiro Contemporâneo”.

Edições Melhoramentos. São Paulo, 1965. FREUD, S.  “Neuroses de transferência: uma síntese” (A. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed. GIKOVATE. G. Carla. F. C. LEGNANI, V. A relação mãe-bebê na estimulação precoce: um olhar psicanalítico. Estilos da Clínica, 2014. e a tradução portuguesa Os Distúrbios Autísticos de Contato Afetivo (in Rocha, P. S. org. Autismos, São Paulo, Escuta, 1997, p. L. F. C. O. Considerações sobre o Autismo: Uma perspectiva psicanalítica. Trabalho de Conclusão de Curso. C. TOUATI, B. BOURZSTEJN, C. “Distinção clínica e teórica entre autismo e psicose infantil”. ed. Associação Brasileira de Autismo. Brasília. MERCADANTE, Marcos T. ROSÁRIO, Maria C.  “Autismo e cérebro socia”l. pt/artigos/textos/TL0419.

pdf>. Acesso em 20. as 16h53. PIMENTA. SANTOS, Vanessa Sardinha dos. Diferença entre doenças, síndromes e transtornos"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola. uol. com. STEFAN, D. R. Autismo e psicose. In O que a clínica do autismo pode ensinar aos psicanalistas. Salvador, BA: Ágalma-Psicanálise. VII, 3, 166-170. Acesso em 22. às 10h47. TAKEDA. Tatiana. ” Trad. Joseti Marques Xisto. Rio de Janeiro: Imago, 1984. WINNICOTT. D. A. T. HASHIMOTO, F. A pesquisa teórica em psicanálise: das suas condições e possibilidades Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 6 (2), jul - dez, 2013.

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