Correção de artigo - Linguística

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Linguística

Documento 1

A metodologia é composta por um corpus de dados transcritos para o português de narrativas realizadas por falantes nativos de Libras, coletado no Centro de Educação para Surdos, e ainda de exemplos extraídos de estudos como os de Felipe (2006; 2011), Pizzio, Resende e Quadros (2009) e Ferreira (2010). Como resultado, conclui-se que apesar da possibilidade de criação de sinais com distinção de gênero para palavras que possuam o traço [+animado], através do processo de justaposição dos afixos MASCULINO- e FEMININO-, a variação de gênero não é produtiva na Língua Brasileira de Sinais como também não engatilha concordância nessa língua. Palavras-chaves: Gênero Gramatical; Língua Brasileira de Sinais; Morfossintaxe da Libras. Abstract This work analyzes how genre grammatical occurs In the Brazilian Sign Language (Libras), describing how this category behaves in gender contrasts associated with names in that language.

Thus, pretends answer: How to configure effects of Grammatical genre in Libras? What are the mechanisms that imanent to the linguistic system are responsible for the gender grammatical marking in Libras? For the analysis undertaken, it was taken as input the Theory of Generative Grammar, more precisely in the studies of Kramer (2009, 2015) and Oak (2013, 2018). Substantivos 16 3. Pronomes 19 3. Ausência de Concordância 21 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 REFERÊNCIAS 26 1 INTRODUÇÃO Este artigo analisa gênero gramatical na Língua brasileira de sinais (Libras), como um aspecto gramatical complexo que não é sistematizado da mesma forma como os fenômenos de flexão. Ao estudar Libras, é importante que se compreenda como os aspectos gramaticais são produzidos, com vistas a entender melhor os processos gramaticais se desenvolvem nos indivíduos surdos. Ao indagar: como se configura o gênero gramatical na Libras? Assim, surge a necessidade de saber qual ou quais são as marcas que linguisticamente discriminam gênero gramatical na Libras.

• Finalmente, a seção 4 apresenta as considerações finais, mostrando se a pesquisa cumpriu o que foi projetado incialmente. O GÊNERO GRAMATICAL E SUA COMPLEXIDADE A definição de gênero gramatical para Kramer (2015) consiste na afirmação de que gênero é a distribuição dos nomes em duas ou mais classes, refletido na concordância morfológica das categorias sintáticas, consistindo em simplificar a relação gênero em propriedades semânticas masculino e feminino. Nesse sentido, Kramer (2009) assinala uma arbitrariedade na distribuição do gênero que varia nas línguas naturais1 e exemplifica com a palavra “manhã” que em português é feminina, em francês masculina e em russo, neutra. Semanticamente, a palavra manhã não requer gênero particular nas três línguas, isso mostra essa arbitrariedade.

No entanto, para a autora, há outros nomes em que a semântica determina o gênero nas línguas. No que tange à faculdade inata, Chomsky (1957) considera que o estudo da competência linguística de um falante nativo, deve levar em consideração que ele possui um sistema cognitivo internalizado na mente denominado Língua I (LI) (interna, intensional e individual). Essa competência é bioprogramada à qual o autor chama de Gramática Universal (GU), tendo a aprendizagem restrita à morfologia e ao léxico estruturados de uma forma prevista nos parâmetros abertos. Em contraposição à LI, a Língua (LE) (externa extensional) é o desempenho linguístico sujeito a comportamentos e hábitos, favorecidos pelos estímulos externos. Para Hermont (2010), essa teoria proposta pelo gerativismo possui "princípios gerais que explicam a organização das línguas naturais.

Para esta autora, a GU corresponde às propriedades essenciais constitutivas da base aplicada a todas as línguas humanas, "determinada por uma faculdade inata, codificada biologicamente. de 22 de dezembro de 2005 normaliza o que envolve e promove a educação de alunos surdos, designando assim que os cursos superiores capacitem profissionais para o ensino-aprendizagem e vivência dos surdos, no capítulo II que: Art. º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério.

§ 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto (BRASIL, 2005, p. Apesar de o decreto determinar e ser cumprido pelas as instituições de ensino, inserindo a disciplina que teria o papel de capacitar o profissional para atender ao ensino-aprendizagem na educação de estudantes surdos, esta não está sendo eficaz, visto que é uma disciplina que ocorre durante um curto período do curso superior. O sinal, “[. corresponderia ao que vem sendo chamado, nas línguas oral-auditivas, de palavra, ou seja, item lexical [. ” (FELIPE, 2006, p. Os sinais, assim como as palavras, são compostos por unidades menores, chamados de parâmetros, e são comumente associados ao mover das mãos – que é um dos primeiros recursos utilizados quando as pessoas querem se referir à língua quando por vezes esquece seu nome, ou apenas como forma de gozação.

No entanto, os sinais não são limitados apenas às mãos, embora essas estejam presentes na maioria dos seus parâmetros. Para o pesquisador, o sinal é a combinação de todos esses parâmetros, e além disso, a orientação das mãos também pode ser interpretada como “direcionalidade”, visto que às vezes, a mão estará em determinada configuração que não permite a mudança na orientação da palma, e sim na direção da mão como um todo. Para Felipe (2006), os parâmetros da Língua de Sinais são classificados em: “configuração de mão, direcionalidade, ponto de articulação movimento, localização, expressões faciais e corporais”. A autora cita como justificativa o fato de que: [. sinais realizados somente através de expressões faciais como LADRÃO, RELAÇÃO-SEXUAL, bem como a utilização de expressões faciais para marcar tipo de frase (FELIPE, 1988) e de expressão corporal para marcar os turnos no discurso (FELIPE, 1991).

” (FELIPE, 2006, p. Desse modo, os vocábulos são formados por meio dos sinais que compõem mais de palavras que são incorporadas. Gênero Gramatical em Libras De acordo com os estudos de Brito (1995), Fernandes (2003) e Quadros e Karnopp (2004), autores citados por Sampaio (2007), a marcação de gênero não é relevante e não é utilizada na conversação no sistema de Libras, somente no caso de o gênero ser o assunto tratado. Não há flexão de gênero nos nomes e para os substantivos, o gênero a é indicado, pondo o sinal homem / mulher indistintamente para pessoas e animais, ou essa indicação se dá por meio de sinais diferentes. A citação a seguir reafirma o exposto: Os nomes não apresentam flexão de gênero.

Para os substantivos, a indicação de sexo é feita pospondo-se o sinal HOMEM/MULHER, indistintamente para pessoas e animais, ou a indicação é obtida através de sinais diferentes para um e para outro sexo: PAI/MÃE, NOIVO/NOIVA. Anteriormente, vimos que o processo de formação de sinais através do método de justaposição de dois itens lexicais é bastante produtivo na Libras. Percebemos que os poucos sinais que existiam para pares semânticos caíram em desuso, e que na língua, caso necessário a diferenciação entre feminino e masculino para nomes [+animados], há a preferência pela composição de sinais, geralmente através da posposição dos sinais convencionalmente representados como MULHER- e HOMEM-. a. MULHER^PROFESSOR FALTAR HOJE A professora faltou hoje b.

HOMEM^CRIANÇA BOLO COMER O menino comeu o bolo c. Como podemos ver, há algo no sinal BOI, que remente não apenas ao macho da espécie, visto que o mesmo sinal pode ser justaposto ao sinal de LEITE para a formação do sinal VACA, e sim à própria espécie, que seria as dos BOVINOS. Ficando assim: BOVÍNO: boi BOVINO-LEITE: vaca Quando o sinal BOVINO não apresenta o sufixo LEITE, a sua interpretação seria [+masculino]. No entanto, alguns lugares ou comunidades surdas já devem admitir o sinal BOVINO de forma neutra, como acontece com a maioria dos animais, visto que o sinal para “vaca” se encontra sem a adição do sufixo ^LEITE no livro “Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua Brasileira de Sinais” (CAPOVILLA; RAPHAEL (2008).

A figura 1, ilustra essa interpretação: Figura 1 – Verbete ilustrado “VACA” com sinalização e escrita em Libras Fonte: Capovilla; Raphael (2008) Como já mencionado, os nomes não apresentam flexão de gênero, mas quando há a indicação de sexo para os substantivos, expressa-se o gênero pospondo-se o sinal homem / mulher sem fazer distinção para pessoas e animais, ou ainda, usam-se sinais diferentes para indicar gênero. Pronomes Em Libras, os pronomes possessivos, demonstrativos e interrogativos não possuem qualquer marca de gênero. Então, as formas pronominais são direcionadas para esses pontos arbitrários no espaço: à direita para ‘João’ e à esquerda para ‘Maria’ (PIZZIO; REZENDE; QUADROS, 2009). Por isso, a ausência do gênero nos pronomes pessoais não provocaria nenhuma dúvida quanto a pessoa a quem está se referindo.

Figura 4 – Formas Pronominais Usadas como Referentes Ausentes Fonte: Quadros, 1997, p. adaptado de Lillo-Marti e Klima, 1990, p. IN: PIZZIO; REZENDE; QUADROS (2009) 3. Além disso, no contexto da frase acima, ainda não se conhecia o sexo biológico do filho – diferente do da esposa, que pudemos saber através da soletração do seu nome – e ainda assim utilizou-se o sinal FILH@ de forma neutra. Exemplo 2: HOJE EU CONTAR HISTÓRIA interrogativaTEMA PORCO TRÊS interrogativaAGORA COMEÇAR (CENTRO DE EDUCAÇÃO PARA SURDOS, 2017). Aqui, podemos ver que desde o começo da história os porcos, ou melhor, porquinhos, não recebem distinção de gênero. Em nenhum momento esse gênero é especificado em Libras, apenas em Língua Portuguesa (presente nas legendas). A interpretação do gênero dos porquinhos pode ser entendida, nesse caso, como neutra, ou talvez, por ser uma história que no imaginário social têm os personagens principais masculinos, ser interpretado como desse gênero.

Esses exemplos evidenciam que, apesar da possibilidade da formação de sinais com gênero em Libras, através da justaposição dos afixos de gênero + sinal, essa construção não é produtiva em Libras, e também, não acarreta nenhuma mudança na estrutura na frase, assumindo-se, pois, que gênero em Libras, quando ocorre é condicionado morfossintaticamente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa discorreu a respeito do gênero gramatical na Libras, com vistas a responder à pergunta inicial: como se configuram efeitos de gênero gramatical na Libras? O estudo realizado respondeu ao questionamento, uma vez que as evidências apresentadas na análise fizeram assumir a predição de que gênero gramatical na Libras possui uma sistematicidade diferente a da Língua Portuguesa. Em caso de nome próprio não há necessidade de concordância de gênero, pois ele não possui a marca de gênero, uma vez que para expressá-lo, usa-se a datilologia.

Quanto aos outros substantivos, o gênero é indicado colocando o sinal homem / mulher indistintamente para pessoas e animais, ou essa indicação se dá por meio de outros sinais. Ainda, o gênero pode ser realizado apenas através de processos morfossintáticos de composição, por meio da justaposição de dois itens lexicais. planalto. gov. br/ccivil_03/leis/2002/l10436. htm>. Acesso: 05 set. Disponível em: <http://www. planalto. gov. br/ccivil_03/_Ato20042006/2005/Decreto/D5626. htm>. Ilustrações Silvana Marques. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. CARVALHO, Danniel. Algumas considerações sobre a morfossintaxe de gênero. p. jun. Disponível em: < http://www. scielo. br/pdf/delta/v34n2/1678-460X-delta-34-02-635. Estruturas sintáticas. Lisboa: Edições 70, 1980. KRAMER, Ruth. Definite Markers, Phi Features and agreement: a morphosyntactic investigation of the amharic DP.

f. Disponível em: <https://nbn-resolving. org/urn:nbn:de:0168-ssoar-101710>. Acesso: 29 mar. Sistema de transcrição para a LIBRAS. In: FIGUEIRA, Alexandre dos Santos. p. jan. jun. FIGUEIRA, Alexandre dos Santos. Material de apoio para o aprendizado de LIBRAS. NEGRÃO, Esmeralda Vailati; SCHER, Ana Paula; VIOTTI, Evani de Carvalho. Sintaxe: Explorando a estrutura da sentença. In: FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística: II Princípios de análise. ed. Língua Brasileira de Sinais V. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2009. Disponível em: www. libras. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2009.

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