Cuidados paliativos: A realidade na faculdade de Medicina Paliative Care: The reality in the medical school

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Medicina

Documento 1

Os resultados obtidos mostraram média de conhecimento inferior ao mínimo estipulado. É possível concluir que muito ainda se deve fazer para que os novos médicos estejam capacitados à condução de casos clínicos de pacientes em cuidado paliativo. O ponto mais importante é evitar mortes com sofrimento induzido por imperícia médica, pela falta de conhecimento do novo médico sobre o assunto; e, ainda, que as instituições de ensino superior (IES) se adaptem, para que em alguns anos a paliatividade esteja inserida no domínio técnico dos médicos e demais profissionais de saúde. Palavras-chaves: Cuidado paliativo. Ensino superior. Higher Education. Medicine. Internship. Terminal Patient. Pós-graduando do Curso de Cuidados Paliativos – Faculdade Inspirar, Vitória, ES, Brasil. Já se sabe que o contato de alunos com a medicina paliativa, seja teórica ou prática, é pequena durante a formação e, que no momento conclusão do curso, grande parte dos médicos tem alguma dificuldade no manejo deste tipo de doentes.

Tendo em vista este déficit educacional relativo, houve a necessidade de pesquisar nos alunos de medicina, em especial no 5° e 6° ano de formação, a experiência acumulada durante a faculdade para a identificação e condução de casos clínicos no âmbito dos cuidados paliativos seja em ambiente de urgência/emergência ou no ambiente eletivo/ambulatorial. Até o presente momento, as faculdades brasileiras estão de acordo com o que está preconizado pelos conselhos e entidades que regimentam a formação médica e que o presente estudo não possui intenção de questionar metodologias ou grades curriculares que já foram enraizadas. Mas qual seria a necessidade do médico recém formado ter habilidades em cuidados paliativos? Não poderia deixar ao cuidado do especialista na área? A resposta é simples: A realidade do SUS evidencia um novo tipo de morte estampada nos noticiários, denominada Mistanásia (MORAES e CHAVES, 2018).

O vocábulo Mistanásia não possui uma origem clara. METODOLOGIA Durante um período de 60 dias, os alunos das cinco faculdades de medicina do Espírito Santo foram avaliados, através de um questionário digital, elaborado pelo pesquisador. Foi permitido apenas uma única resposta por pergunta, sem possibilidade de consertar ou rasurar após a escolha da resposta; não houve identificação ou exposição do nome dos avaliados. O questionário de dez perguntas foi construído a partir de dois casos clínicos reais de conhecimento do pesquisador, sem exposição das identidades dos pacientes e de suas famílias, sendo a primeira situação no ambiente de urgência/emergência e a segunda no ambiente clínico ambulatorial. Foram usados estes exemplos a fim de ampliar a margem da pesquisa nos dois setores, pois ambos são áreas de atuação de médicos recém formados e entende-se que os mesmos deverão estar preparados para receber pacientes nestas condições.

O questionário online aplicado ficará disponível para apreciação no link: https://forms. Quadro 1. Conteúdo avaliado nos questionários aplicados Porém, após avaliação estatística, observamos os seguintes resultados gerais: média de 5,44 pontos, mediana de 5,00 pontos, moda de 6,00 pontos e intervalo de resultados entre 2,00 a 9,00 pontos. No gráfico 2 foi possível observar a estimativa de notas dos alunos. Gráfico 2. Distribuição de pontos x quantidade de alunos, Espírito Santo, 2019 Nenhum entrevistado se recusou a fazer a prova ou não marcou nenhum ponto na avaliação e, da mesma forma, nenhum aluno acertou todas as questões propostas. Para Hermes e Lamarca (2013), o currículo do médico, assim como os dos demais profissionais de saúde, tem um déficit grande de disciplinas que tratem mais do processo de morte e de todas as suas consequências.

Para Souza e Lemônica (2003), a universidade tem pouca preocupação acerca da formação mais humana de seus alunos, de forma que as informações técnicas são mais importantes, por conseguinte, é valido dizer que o futuro profissional, muitas vezes, sairá da escola prejudicado, ao passo que o despreparo para assumir e resolver situações que estão além da técnica serão dificultados pela falta do ensino, e, com certeza, o tato com pacientes terminais é um ponto alto disso. Níveis de classificação do desenvolvimento em cuidados paliativos: Nível 1: Nenhuma atividade detectada; Nível 2: Em capacitação; Nível 3a: Provisão isolada; Nível 3b: Provisão generalizada; Nível 4a: Integração preliminar; Nível 4b: Integração avançada. De posse dos dados obtidos, levanta-se uma preocupação importante que confirma as falas de Gomes e Othero (2003) assim como de outros autores que alertam da incapacidade de alunos ou médicos recém formados na condução do paciente terminal.

Os resultados mostram uma média de conhecimento muito abaixo do que foi pré-determinado como mínimo o que nos faz questionar se as universidades têm interesse no ensino do cuidado paliativo e também se os próprios alunos compartilham do interesse na área onde o objetivo é diferente do que é estereotipado nas faculdades, o de “salvar vidas” ou curar. Como proposta de solução para problema aqui desenhado, sugerimos às instituições de ensino superior que adequem a formação médica a fim de que os profissionais gerados, sejam no mínimo medianos no assunto e que dominem ao menos cinco áreas dos cuidados paliativos, que ao nosso compreender estão entre as mais importantes de todo o conteúdo, são estas: 1) Identificação do paciente para eleição aos cuidados paliativos; 2) Bioética geral e aplicada ao paciente sem proposta terapêutica; 3) Controle de sintomas; 4) Habilidade de comunicação e empatia; 5) Manejo do paciente nas últimas 48 horas de vida; Para concretização da proposta acima, sugerimos que a matéria seja trabalhada de forma individual, integrada ou não ao conteúdo da geriatria/gerontologia, porém que fosse aumentada sua carga horária teórica a fim de que após imersão no internato houvesse embasamento necessário à prática ou pelo menos ao entendimento das condutas tomadas.

Como alternativa segura, sugerimos elaboração de cursos de imersão ou até mesmo criação de disciplinas eletivas/optativas a fim de colaborar na formação acadêmica e, de forma ampla, contribuir para a sociedade dependente de médicos peritos no assunto. “O que cuida da figueira comerá do seu fruto; e o que atenta para o seu próximo será honrado” (Bíblia, Provérbios 27:18) 11 REFERÊNCIAS BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 350, de 09 de junho de 2005. Brasília, DF. Aprova critérios de regulação para a autorização e reconhecimento de cursos de graduação da área da saúde.

scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S180998232018000300261&lng=pt&nrm=iso acessos em 10 jun. doi. org/10. php?script=sci_arttext&pid=S141381232013000900012&l ng=en&nrm=iso access on 12 June 2019. doi. org/10. S141381232013000900012. LUI NETTO, Adamo; ALVES, Milton Ruiz. php?script=sci_arttext&pid=S003472802010000200001& lng=en&nrm=iso>. access on 10 June 2019. doi. org/10. S003472802010000200001 MORAES, Layze Castro; CHAVES, Fábio Barbosa. Em S. Y. TANAKA, Estudos Avançados de Biodireito (pp. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014; 12 Souza MTM, Lemonica L. Paciente terminal e médico capacitado: Parceria pela qualidade de vida. England. Disponível em: <http://www. who. int/nmh/Global_Atlas_of_Palliative_Care. pdf>.

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