EDIFÍCIO DE MÚLTIPLO USO COM ENFOQUE NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Arquitetura e urbanismo

Documento 1

“O convívio entre as distintas funções urbanas - morar, trabalhar, passear, comprar, conviver, circular - e outras, é a base da vitalidade urbana, matéria-prima da urbanidade” (DZIURA, 2003, p. Dziura (2009) explica que “a discussão teórica sobre os edifícios multifuncionais é recente e [. o termo multifuncional” não é consenso entre os profissionais, “sendo muitas vezes empregadas as palavras ou expressões “de uso misto”, “híbrido” ou “de uso múltiplo” (p. O termo edifícios de uso múltiplo, ou edifícios híbridos também é abordado por Neves (2012) no qual afirma que, A utilização do termo híbrido associado a processos arquitetônicos tem vindo a suscitar cada vez mais interesse e curiosidade na realidade contemporânea. Podendo referir-se a campos estruturais, formais, tipológicos, funcionais, entre outros.

Dziura (2003) explica que, O centro secular da cidade grega, a ágora, era algo mais que um mercado; o espaço circundante era um fórum social e político onde os cidadãos se reuniam e discutiam. Os banhos romanos eram lugares para prática do exercício físico e sede de debates políticos, com diversas funções e atividades: bibliotecas, teatros, auditórios, ginásios e restaurantes (DZIURA, 2003, p. Figura 01: Reconstituição de uma ágora Fonte: Lima, 2008. Figura 02: Reconstituição das Termas Romanas de Carcalla Fonte: Lima, 2008. Na Idade Média, os edifícios multifuncionais tinham menos relevância, a população vivia dentro das residências, onde morava e trabalhava. Os edifícios passaram por transformações profundas para se adaptarem às novas solicitações (LIMA, 2008, p.

Neste período, a linguagem arquitetônica muda devido ao uso do ferro e do vidro nos edifícios industriais, proporcionando transparência e leveza à arquitetura. A iluminação natural deveria ser aproveitada ao máximo, devido ao alto custo da iluminação artificial, assim houve a inserção da iluminação zenital na cobertura dos edifícios. Surge uma nova tipologia arquitetônica com espaços sem interferência estrutural, ventilação e iluminação natural e modulação construtiva (LIMA, 2008). Figura 04: Ilustração da tipologia de um edifício industrial do século XVIII e XIX Fonte: Lima, 2008. Figura 05: A cidade utópica Fonte: Lima, 2008. No final do século XIX, Ebenezer Howard1 criou as cidades-jardins na tentativa de relacionar as cidades com o campo, com o objetivo de possibilitar todas as vantagens da vida urbana com a beleza do campo.

Lima (2008) explica que Howard queria provar que era viável a construção de cidades novas com indústrias e jardins, e não subúrbio jardins; que cada família poderia possuir uma casa em meio verde, perto do trabalho e do centro da cidade; que se poderia obter cidades com boa qualidade ambiental, mantendo os jardins; que era possível construir moradias a baixo custo, com conforto térmico, e formando uma arquitetura homogênea, dando continuidade à cidade (LIMA, 2008, p. O Movimento Modernista, através da Carta de Atenas, elaborada em 1933, no Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) divulgou as quatro funções urbanísticas: habitação, trabalho, lazer e circulação e cada uma com sua autonomia. Segundo Lima (2008) “os projetos urbanos propostos pelos CIAM tornaram-se expressão da ordem hierarquizada da cidade moderna.

“A implantação dos edifícios multifuncionais no Brasil acompanhou o processo de verticalização que ocorreu a partir da década de 1920, e teve o marco inicial as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro” (DZIURA, 2009, p. No Brasil um dos primeiros edifícios de uso misto foi o Edifício Copan em São Paulo, projetado pelo arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer, com uma proposta para abrigar comércio, serviços e moradias. A proposta do edifício Copan nasceu em um momento em que o crescimento de São Paulo alcançava uma densidade demográfica acelerada, despertando uma nova tendência tal como já se manifestavam em vários países, e nas principais capitais brasileiras (GALVÃO, 2007). O Copan abriga uma torre residencial com 32 andares, com 1160 apartamentos divididos em blocos, e cada um deles com um tipo de moradia, desde quitinetes até apartamentos com três dormitórios.

Seu centro comercial, no térreo, com 73 lojas tem uma diversidade de serviços, de restaurantes a copiadoras, e o cinema que foi desativado em 1986. A figura 08 mostra, com clareza, o cotidiano dos paulistanos que segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), a cidade de São Paulo superou a marca de 7 milhões de veículos, em 2011. A grande maioria desses veículos faz grandes deslocamentos devido a distância entre o morar da população em relação aos locais de trabalho, chegando a um tempo de até duas horas em trânsito, piorando a qualidade de vida dos usuários, sobre tudo poluindo o ar de forma muito acentuada (PEREIRA, 2011). Figura 08: Caos no trânsito de São Paulo Fonte: Silvio Pereira, 2011 1. Origem da habitação de interesse social e sua evolução Habitação não significa apenas um abrigo para a população de uma cidade, e sim um direito que todos têm as condições físicas e higiênicas adequadas para uma boa qualidade de vida.

Baron (2011) explica que, A Habitação constitui um conjunto de elementos além da unidade propriamente dita, supondo a existência de infra-estrutura urbana (redes de água e esgoto, iluminação pública, drenagem pluvial, pavimentação, redes de informação, etc) e serviços urbanos (transporte, saúde, educação, coleta de lixo, lazer, cultura, etc. No Brasil a situação não era muito diferente, “entre o final do século XIX e os primeiros anos do XX, a moradia torna-se mercadoria pelas mãos de investidores “rentistas”, que produzem os cortiços, as vilas e os “correres de casa”, com relata Ribeiro (1999, p. O autor também explica que “ao mesmo tempo emerge o primeiro “problema habitacional” brasileiro, formulado na época por médicos e engenheiros como uma “questão sanitária” decorrente do congestionamento e da precariedade física das construções” (RIBEIRO, 1999, p.

Ribeiro (1999) comenta que “as elites buscaram soluções mediante a concessão pelo Estado de incentivos à constituição de empresas que se interessassem em construir moradias higiênicas para alugar aos “pobres” e pela intervenção autoritária na reforma dos espaços populares” (p. “O governo autorizou as Caixas de Aposentadoria e Pensões a financiar casas, as Caixas foram criadas em 1923 para regulamentarem a previdência social” (BARON, 2011, p. A Habitação de Interesse Social (HIS) no país teve repercussão mais expressiva a partir do governo de Vargas (1930 –1954), onde segundo Bonduki (1999), o governo propunha intervenções governamentais para resolver o déficit de moradias no país. Segundo Baron (2011), os primeiros conjuntos habitacionais realizados nas décadas de 40 e 50 pelo estado “tiveram um grande impacto, tanto pelo porte das edificações, como também pelo programas inovadores, pois havia o fornecimento da unidade habitacional com um conjunto de serviços e espaços coletivos” (p.

Conforme a autora, “estes conjuntos foram passíveis de serem executados pois o contexto político, social e econômico do Estado Novo propiciaram a busca de ideais modernos e urbanos para o novo modo de vida operário” (p. Com a criação do Banco Nacional de Habitação – BNH (1964) surgem alguns conjuntos habitacionais padronizados em diversas cidades brasileiras. Eram conjuntos habitacionais com baixa qualidade arquitetônica e pouca eficiência termoacústica, e nem sempre os ideais de edifícios salubres eram contemplados nesses conjuntos, pois o foco estava mais voltado para construir com custos baixos (FERREIRA, 2010). “As habitações construídas pelo BNH constituíam unidades unifamiliares ou multifamiliares, dependendo da cidade, mas sempre edificadas de modo uniforme, despersonalizadas, anônimas e, principalmente, desarticuladas da cidade” (MAIA, 2014, p.

Maia (2014) explica que, [. a política habitacional promovida sob a égide do Banco Nacional de Habitação não resolveu o problema da moradia e provocou a periferização, além da segregação espacial, uma vez que empreendeu a construção de grandes conjuntos habitacionais em lugares apartados da cidade, com dificuldade de acesso e infraestrutura limitada (MAIA, 2014, p. No período pós-BNH, segundo Bonduki (2008) as atribuições foram transferidas para os Estados e Municípios. “Em 1996, a Secretaria de Política Urbana, que passou a ser a gestora do setor habitacional [. deixando de privilegiar unicamente o financiamento à produção” (p. n. p. Disponível em:<http://revista. fct. unesp. usjt. br/arq. urb/numero_01. html>. Acesso em: 17 ago. DZIURA, G. L. Arquitetura multifuncional: como instrumento de intervenção urbana no século XXI.

p. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. teses. usp. br/teses/disponiveis/16/16133/tde-29112010-083628/ pt-br. php>. Acesso em: 16 ago. br/ppgg/contents/producao-docente/ doralice-satyro-maia/30429-124705-1-pb. pdf>. Acesso em: 17 ago. RIBEIRO, L. C. RUIZ, J. R. Evaluación de sobrecargas de uso de vivienda en estructuras de edificación. p. Tese de Doutorado, Universidad Politécnica de Valencia ,Espanha, 2002.

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