EFICIÊNCIA DO MÉTODO CLAE/EM PARA ANÁLISE DE COCAÍNA E SEUS ADULTERANTES

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Química

Documento 1

A Polícia Federal tem quantificado e mapeado como parte do seu projeto PeQui (Perfil Químico de Drogas), envolvendo as drogas ilícitas comercializadas no Brasil. A importância da técnica CLAE/EM na toxicologia forense deve-se a sua capacidade para analisar diversos compostos sem necessidade de derivatização, conseguindo, em consideráveis casos, a obtenção de limites de detecção menores que os de outras técnicas disponíveis. Devido a isso, é um método com um grande número de aplicações em qualquer governo. Palavras-chave: CLAE/EM. Cromatografia. Chemical methods. Narcotics. INTRODUÇÃO A Coca (Erythroxylum coca) é uma planta de porte arbustivo cujas folhas possuem 14 alcaloides, e dentre eles a cocaína. Seu nome deriva da palavra aimará khoka, cujo significado seria “árvore”(FERREIRA; MARTINI, 2001).

Uma das tradições milenárias de civilizações indígenas da América do Sul é o uso de folhas de coca com finalidade ritual em inúmeros grupos ao longo do continente (BARRETO, 2013). Embora desde 1961 tenha sido incluída na Convenção Única sobre Entorpecentes internacional, com o objetivo de combater o seu abuso e tráfico por meio de ações internacionais coordenadas (UNODC, 2018), na atualidade a cocaína é o estupefaciente ilegal que ocupa o segundo lugar em número de consumidores, a nível mundial. Segundo estatísticas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) a produção global de cocaína pura supera as 146. toneladas e entre 14 e 19 milhões de pessoas utilizam a droga cada ano (UNODC, 2016). Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo (AFP, 2016).

Nos últimos anos o número de usuários aumentou consideravelmente sobretudo nas classes sociais mais baixas devido à comercialização de sustâncias adulteradas de menor preço, sendo por um lado mais accessíveis e por outro mais tóxicas e mortais (MIRANDA, 2018). demonstraram em folhas de coca, a razão entre truxilinas e cinnamoilcocaínas totais aumenta significativamente com uma maior exposição aos raios UV, comprovando os efeitos da radiação UV sobre a formação de truxilinas a partir das cinamoilcocaínas. Existe pouca informação na literatura relacionada com o teor de truxilinas e outros alcaloides tropânicos na cocaína traficada no Brasil e em alguns países sul-americanos. Alguns dados quantitativos sobre o teor de truxilinas em folhas de coca de origem sul-americana, foram publicados por (MOORE et al.

e são apresentados na tabela 1 a seguir. Tabela 1 Teor de truxilinas em folhas de coca cultivadas na América do Sul. Na tabela 3 são apresentadas algumas características físicas e químicas desse alcaloide e do cloridrato de cocaína, seu sal mais usual. Tabela 3 Algumas características físicas e químicas da cocaína base e do cloridrato de cocaína. Forma de Apresentação Fórmula Molecular Massa Molar (g. mol-1) p. f. Este fato pode ser habilmente observado em amostras de cocaína base apreendidas e armazenadas por mais tempo. Figura 1 Reações de hidrólise da cocaína Fonte: (BOTELHO, 2011) Sendo capaz de reagir com soluções aquosas de ácidos orgânicos ou inorgânicos, formando abaixo, como o cloridrato de cocaína e o sulfato de cocaína, por ser uma base fraca, essa rápida reação química, como mostrado na Figura 2, é uma das mais eficazes ferramentas para se fazer o isolamento de alcaloides de matrizes complexas, já que, por via de regra, as propriedades de solubilidade dos produtos são antagônicas às da base transitável correspondente (BOTELHO, 2011).

Figura 2 Formação do cloridrato de cocaína Fonte: (BOTELHO, 2011) A cocaína bloqueia o princípio da condução dos impulsos nervosos quando aplicada localmente. Combinando o cátion nitrogênio com receptores da membrana celular bloqueia a condução de íons sódio e potássio, impedindo assim a geração e a condução dos impulsos nervosos (BOTELHO, 2011). Assim, a cocaína como um é um dos principais alcaloides extraídos das folhas de plantas do gênero Erytroxylum é um dos estimulantes do sistema nervoso central (SNC) mais potentes. Já os diluentes são inativos, ou seja, são substâncias sem efeito farmacológico, que visam somente a diluir a cocaína a ser comercializada. Seja qual for a substância química que tenha aparência semelhante à cocaína, principalmente em termos de tonalidade, pode ser utilizada.

Por exemplo, aquelas que possuem propriedade anestésica, sabor amargo, e tonalidade esbranquiçada são mais difíceis de serem percebidas pelos usuários, já que apresentam propriedades similares ao do apontado alcaloide (ASDEP, 2010), (BOTELHO, 2011). Apesar de múltiplos estudos laboratoriais terem referido os efeitos da cocaína no corpo humano e a espécie de dependência que ela causa, a cocaína de origem ilícita vária consideravelmente da cocaína de grau farmacêutico, que é usada em simulações laboratoriais desse tipo. Reações adversas e outros ameaças à saúde podem surgir quando outro componente farmacologicamente ativo é encontrado anexo com a cocaína. Os principais alcaloides usados para distinção do perfil químico de cocaína tem sido a ecgonina, benzoilecgonina, metilecgonina, norcocaína, N-formil-cocaína, cis e trans-cinamoilcocaína, tropacocaína e trimetoxicocaína.

Uma das primeiras publicações sobre a comparação das características cromatográficas de alcaloides por CG/EM e CLAE foi publicada por (LEBELLE et al. onde alcaloides, adulterantes de cocaína e a cocaína são analisados na mesma corrida por CG/EM (ESSEIVA et al. Como discutido anteriormente, o teor de truxilinas presente nas folhas apoia-se na variedade de Erythroxylum e das condições ambientais da região de cultivo (MOORE; CASALE; COOPER, 1996), Assim, o emprego de estratégias cromatográficas de caracterização e preceito do teor total de truxilinas, isto é da soma dos teores dos 10 isômeros de truxilinas, revelou-se uma metodologia imensamente promissora como ferramenta analítica para auxiliar na determinação da origem geográfica de amostras de cocaína ilícita refinada, bem como para realizar comparações em amostras de cocaína de diferentes apreensões (DA SILVA, 2016).

METODOLOGIA ATUAL A metodologia atualmente mais usada para determinação do teor integral de truxilinas em cocaína refinada, por conseguir desvendar todos os isômeros cromatograficamente, envolve reações de diminuição e derivatização, com seguinte análise por cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons (CG/DCE) em consonância com Moore; Casale e Cooper (1996). Havendo consideráveis diferenças ambientais nas regiões de lavoura de coca da América do Sul, foi investigada a variação de δ13C e δ15N na cocaína extraída de folhas de coca de plantas de diferentes países ao extenso da Cordilheira do Andes. Combinando-se os teores de truxilinas e trimetoxicocaína com os exames de razão isotópica foi provável determinar o país de procedência das amostras de diversos regiões da América do Sul.

Utilizando esta abordagem analítica, os escritores foram capazes de prognosticar com precisão o país de procedência de 96% das 200 amostras analisadas (EHLERINGER et al. As metodologias e instrumentais utilizados durante o desenvolvimento deste oficio serão brevemente discutidas a seguir, com enfoque para a sua importância para a determinação de alcaloides e adulterantes, especialmente os detectados em amostras de cocaína. DISPOSIÇÕES FINAIS Considerando os autores anteriormente citados, nota-se que a cromatografia gasosa tem sido utilizada na busca de alcaloides desde a década de 1960, muito antes do desenvolvimento dos introdutórios métodos de CLAE. A legislação em Brasil não exige o questionamento quanto ao grau de pureza das drogas, assim como a identificação e quantificação de substâncias adulterantes/diluentes em amostras de drogas apreendidas.

Contudo, um dos aspectos de interesse ao respeito das análises consiste em possibilitar comparações precisas entre amostras de cocaína obtidas em diferentes apreensões. Assim, através da identificação dos tipos de adulterantes, diluentes e contaminantes presentes nos procedimentos de análise, é possível realizar as comparações identificando se as diferentes amostras são idênticas, ou se tiveram origem num mesmo lote de produção, além de atestar as substâncias que estão presentes em maior quantidade nas amostras de drogas apreendidas (ASDEP, 2010). O desenvolvimento de colunas capilares com revestimentos quimicamente unidos aprimorou o exame de cromatografia gasosa, possibilitando a separação de alcaloides em temperaturas maiores. A detecção por ionização em chama (DIC), com sensibilidade moderada e faixas de linearidade de até seis ordens de magnitude, responde a qualquer tipo de compostos.

É plausível analisar diversos compostos, sem a precisão de derivatização e em consideráveis casos obtêm-se limites de detecção menores que os de outras técnicas disponíveis, o que é excepcionalmente importante nessa área. Esta crescente demanda nas análises de toxicologia forense é resultado das suas inúmeras aplicações, por exemplo, no governo anti-doping de atletas, na verificação de uso de Entorpecentes de abuso em vicissitudes de trânsito, envenenamentos, homicídios, suicídios, determinação de resíduos de agrotóxicos em comidas, análises de contaminação ou uso de entorpecentes por trabalhadores. Esta busca possibilitou um rápido evolução das análises de toxicologia forense e de aplicações paras as técnicas de CLAE/EM e CLAE/EM/EM, que começaram a ser utilizadas em estudos de perfil químico de entorpecentes.

Análises de perfil químico ou de screening em toxicologia forense são tradicionalmente executadas em equipamentos de CG/EM, em virtude das vastas bibliotecas eletrônicas de espectros de massas disponíveis, contudo limitações como instabilidade térmica, falta de volatilidade ou incumbência de derivatização tem acrescido o uso da habilidade de CLAE/EM. Em relação ao uso de CLAE na análise de alcaloides tropânicos, em atual artigo de revisão Aehle e Dräger (2010), constataram que desde a primeira separação dos alcaloides tropânicos: atropina, apoatropina, escopolamina e homatropina, em 1973, a análise dessas representantes de alcaloides por cromatografia líquida de alta destreza tornou-se cada vez mais normal. I. TILLMANN, T. BANERJEE, A. Global , regional , and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.

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