Ética em pesquisa em ciências sociais: regulamentação, prática científica e controvérsias

Primeiramente é importante retratar a respeito da regulamentação da ética em pesquisa com seres humanos, a qual é dividida em duas configurações; a configuração da implementação e a configuração da visibilidade das controvérsias em relação às ciências humanas, sociais e sociais aplicadas. A respeito da configuração da implementação, trata da resolução 01/1988 a qual pretendia a priori criar condições para a imposição e operacionalização de princípios éticos; GOLDIM (2006) afirma que tal resolução detinha de uma visão extremamente integrada e atualizada no tempo. Se formos analisar o período o qual ocorre a implantação de tal resolução iremos nos deparar com o prazo de 3 anos pós ditadura e isso me leva ao questionamento sobre o que seria ética para as pessoas nesse momento? Considerando essa questão da transição de um governo autoritário os quais temas decorrentes das ciências humanas são indiscutíveis.

As autoras prosseguem afirmando que tal resolução não teve o impacto esperado, talvez por conta da implantação do SUS na época, ou pela falta de interesse da implementação de tal comitê presente na resolução; para superar a controvérsia em tal resolução destacou-se os estudos de HOSSNE (2005) que afirma sobre a primeira polêmica acerca da resolução ser sobre o alcance da regulamentação em estender sua incidência para além da área da saúde, afinal foi percebido que a pesquisa em seres humanos não é feita apenas por médicos, sendo assim, a nova resolução deveria estar relacionada ao aspecto da saúde humana, por isso era importante ampliar uma série de áreas do conhecimento na formulação de uma nova diretriz, para que o conceito de saúde extrapolasse o campo da medicina.

Foi estabelecido então uma figura de controle social, que seriam pessoas capazes de expressar os pontos de vista e interesses dos grupos pesquisados ​​em uma determinada instituição e que representem diversos interesses coletivos e públicos. A discussão conceitual sobre a dimensão ética da atividade científica nas ciências humanas não é levada em consideração, e a ética se resume aos princípios de transferência dos critérios de avaliação ética e critérios de classificação do risco das ciências médicas para as ciências humanas. Não conseguiam enxergam na época que uma abordagem por meio das ciências sociais aplicada a pesquisa com seres humanos, iria proporcionar a sociedade uma compreensão mais clara a respeito do aspecto humano, de como sucede o seu comportamento, ou a sua moral, ou ainda se a moral seria uma sucessora do comportamento do indivíduo.

Para a racionalidade da ciência moderna, o conhecimento é antes de tudo quantificação. Há um rigor científico o qual é alcançado por meio de medições rigorosas e sendo assim qualquer outro produto é considerado irrelevante para a ciência. Em contraposição a isto, temos as ciências sociais que a observação também é uma forma de experimento com seres humanos, que o conhecimento de que os produtos produzidos usando métodos qualitativos estritos também são válidos e confiáveis.