FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO DO LIVRO EM DEFESA DA SOCIEDADE Michel Foucault

Tipo de documento:Produção de Conteúdo

Área de estudo:Serviço Social

Documento 1

São Paulo, 1999. páginas. Mas vocês tem nessa concepção marxista algo diferente, que se poderia chamar de "funcionalidade econômica" do poder. Funcionalidade econômica", na medida em que o pape! essencial do poder seria manter rela,6es de produção e, ao mesmo tempo, reconduzir urna dominação de classe que 0 desenvolvimento e as modalidades próprias da apropriação das forças produtivas tornaram possível. Neste caso, o poder politico encontraria na economia sua razão de ser histórica. E, de outro lado, somos igualmente submetidos a verdade, no sentido de que a verdade e a norma' e 0 discurso verdadeiro que, ao menos em parte, decide; ele veicula, ele próprio propulsa efeitos de poder. Afinal de contas, somos julgados, condenados, classificados, obrigados a tarefas, destinados a uma certa maneira de viver ou a uma certa maneira de morrer, em função de discursos verdadeiros que trazem consigo efeitos específicos de poder.

Idem 7. Foi a pedido do poder régio, foi igualmente em seu proveito, foi para servi-lhe de instrumento ou de justificação que se elaborou o edifício jurídico de nossas sociedades. o direito no Ocidente e um direito de encomenda regia. A burguesia não se interessa pelos loucos, mas pelo poder que incide sobre os loucos; a burguesia não se interessa pela sexualidade da cnan9a, mas pelo sistema de poder que controla a sexualidade da criança. A burguesia não da a menor importância aos delinquentes, a Puni9iio ou a reinser9iio deles, que não tem economicamente muita interesse. P39 12. Houve sem duvida, por exemplo, uma ideologia da educação, uma ideologia do poder monárquico, uma ideologia da democracia parlamentar, etc.

Mas, na base, no ponto em que terminam as redes de poder, o que se forma, não acho que sejam ideologias. Não há sujeito neutro. Somos forçosamente adversários de alguém. Idem 17. Isto quer dizer que a verdade e uma verdade que só pode se manifestar a partir de sua posição de combate, a partir da vitória buscada, de certo modo no limite da própria sobrevivência do sujeito que esta falando. P61. De um modo geral, pode-se portanto dizer que a historia, ate tarde ainda em nossa sociedade, foi uma historia da soberania, urna historia que se desenvolve na dimensão e na função da soberania. E uma história "jupiteriana". P79 22. Nisso a história que aparece então, a história da luta das raças, e uma contra-história.

P81 23. P85 26. Quando o tema da pureza da raça toma o lugar do da luta das raças, eu acho que nasce o racismo, ou que esta se operando a conversão da contra-hist6ria em um racismo biológico. P95 27. De uma parte, a transformação nazista, que retoma o tema, instituído no final do século XIX, de um racismo de Estado encarregado de proteger biologicamente a raça. Mas esse tema é retomado, convertido, de certa forma em modo regressivo, de maneira que seja reimplantado, e que funcione, no interior de um discurso profético, que era justamente aquele em que aparecera, antigamente, o tema da luta das raças. P106 32. Isto quer dizer que o soberano assim constituído valera integralmente para os indivíduos. Ele não tem, pura e simplesmente, uma parte do direito deles; estaria verdadeiramente no lugar deles, com a totalidade do poder deles.

Como diz Hobbes, "a soberania assim constituída assume a personalidade de todos"8. P108 33. A guerra e que deixa a sociedade inteligível em Boulainvilliers e, penso eu, a partir dai, em todo o discurso histórico. Quando eu falo de gabarito de inteligibilidade, não quero dizer, e claro, que o que Boulainvilliers disse e verdadeiro. P195 38. O poder e aquele do pequeno grupo dos que o exercem mas não tem força; e, no entanto, esse poder, afinal de contas, esse poder se toma a mais forte de todas as forças, uma força a qual nenhuma outra pode resistir, salvo violência ou revolta. P 200. Idem 43. No fundo, em todos esses empreendimentos, dos quais eu Ihes citei somente dois exemplos, tratava-se de quatro coisas: seleção, normalização, hierarquização e centralização.

São essas as quatro operações que podemos ver em andamento num estudo um pouco detalhado daquilo que e denominado o poder disciplinar'. P217 44. Logo, organização de cada saber como disciplina e, de outro lado, escalonamento desses saberes assim disciplinados do interior, sua intercomunicação, sua distribuição, sua hierarquização reciproca numa espécie de campo global ou de disciplina global a que chamam precisamente a "ciência". P260 49. A partir daí, a monarquia arroga o poder apenas a si, mas só pode fazê-lo funcionar, só pode exercê-lo recorrendo a essa nova classe. Confiará, pois, sua justiça e sua administração pública a essa nova classe, que se vê, assim, incumbida de todas as funções do Estado. P277 50. Ora, agora que o poder e cada vez menos o direito de fazer morrer e cada vez mais o direito de intervir para fazer viver, e na maneira de viver, e no "como" da vida, a partir do momento em que, portanto, o poder intervêm sobretudo nesse nível para aumentar a vida, para controlar seus acidentes, suas eventualidades, suas deficiências, dai por diante a morte, como termo da vida, e evidentemente o termo, o limite, a extremidade do poder.

P304 54. De outro lado, o racismo tem sua segunda função: tem como papel permitir uma relação positiva, se vocês quiserem, do tipo; "quanta mais você matar, mais você faz morrer", ou "quanto mais você deixar morrer, mais, por isso mesmo, você viverá". P305 55. Eu diria que essa relação ("se você quer viver, e preciso que você faça morrer, e preciso que você possa matar") afinal não foi o racismo, nem o Estado moderno, que inventou. E a relação guerreira: "para viver, e preciso que você massacre seus inimigos". Em linhas gerais, o racismo, acho eu, assegura a função de morte na economia do biopoder, segundo o principio de que a morte dos outros e o fortalecimento biológico da própria pessoa na medida em que ela e membro de uma raça ou de uma população, na medida em que se e elemento numa pluralidade unitária e viva.

P308 60. A especificidade do racismo moderno, o que faz sua especificidade, não está ligado a mentalidades, a ideologias, a mentiras do poder. Está ligado a técnica do poder, a tecnologia do poder. Está ligado a isto que nos coloca, longe da guerra das raças e dessa inteligibilidade da historia, num mecanismo que permite ao biopoder exercer-se.

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