Filosofia da Religião

Tipo de documento:Tese de Doutorado

Área de estudo:Religião

Documento 1

Orientador(a): Prof. a) Dr. a). Cidade – Sigla do Estado 2020 NOME DA FACULDADE/UNIVERSIDADE NOME DO ALUNO O SUICÍDIO A Influência da Dimensão Religiosa na Saúde Mental Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em. do Departamento de. AGRADECIMENTOS Não se esquecer de agradecer também ao orientador e a quaisquer pessoas envolvidas diretamente no trabalho. “O olhar fixado na desgraça tem algo da fascinação. Mas também algo de uma secreta cumplicidade. A má consciência social latente em todos os que participam da injustiça e o ódio pela vida realizada são tão fortes que, em situações críticas, eles se voltam imediatamente contra o interesse do próprio indivíduo como uma vingança imanente. ” (Horkheimer & Adorno- Dialética do Esclarecimento) RESUMO O suicídio é um mal que afeta as mais variadas pessoas ao redor mundo, observado em toda a história humana como um fenômeno universal independente de época, etnia, sexo, orientação religiosa ou ideológica.

ABSTRACT Suicide is an evil that affects the most varied people around the world, observed throughout human history as a universal phenomenon regardless of age, ethnicity, sex, religious or ideological orientation. However, this independence is relative, since its occurrence rates change due to several factors presented as triggers or inhibitors. Condemned by almost all the religions of the world, the phenomenon of suicide, however, can be conceived as a heroic act, of honor or even a sacrifice that, contrary to condemning the individual, elevates him to the category of sacred. Whether sanctioned or condemned by societies, the myth of suicide, however, persists as a ghost that haunts men. This thesis aims to identify the main religions' view of the issue of suicide; establish a relationship between religion and science, the positive and negative aspects of the religious dimension in people's mental health; identify the main reasons that lead people to detachment from life and; taking into account the contributions of psychoanalysis, analyze the issue of depression and the feeling of religiosity.

Esta tesis tiene como objetivo identificar la visión de las principales religiones sobre el tema del suicidio; establecer una relación entre religión y ciencia, los aspectos positivos y negativos de la dimensión religiosa en la salud mental de las personas; Identificar las principales razones que llevan a las personas a separarse de la vida y; teniendo en cuenta las contribuciones del psicoanálisis, analice el tema de la depresión y el sentimiento de religiosidad. Así, esta tesis tiene como objetivo, sobre todo, establecer una relación entre las diferentes formas de religiosidad y el análisis científico del fenómeno suicida. Palabras clave: Teología. Religiones Suicidio. Psicoanálisis. – desenho presentando a Roda do Dharma. Fig. – desenho representando Buda em posição de Lótus.

Fig. – fotografia de Malcom Browne, Associated Press do protesto do monge budista vietnamita Thich Quang Duc, que sentou num cruzamento em Saigon, em 1963 e ateou fogo em seu próprio corpo. Fig. – fotografia do médium mineiro Chico Xavier. Fig. – mapa-múndi representando as taxas mundiais de suicídio por sexo – Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2015. Fig. Fig. – desenho representando o par de contrários coincidindo com o intermediário do primeiro - Fonte: Psicologia da Religião Ocidental e Oriental, de Carl G. Jung. Fig. – diagrama de representação de Cristo e o Diabo como opostos equivalentes - Fonte: Psicologia da Religião Ocidental e Oriental, de Carl Gustav Jung. O Islamismo 27 1. O fundamentalismo islâmico 30 1. O Hinduísmo 32 1. A Prática do Sati 35 1. As Filosofias e Religiões Orientais 37 1.

Religião e Civilização – Einstein e Freud 142 CONSIDERAÇÕES FINAIS 148 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 152 INTRODUÇÃO Quando analisamos as diversas sociedades em sua busca de estabelecimento de laços com o sagrado, deparamo-nos, quase sempre, com as perspectivas desfavoráveis da condição de vulnerabilidade do homem na natureza. Ainda que as culturas primitivas tenham procurado fazer uma ligação entre os fenômenos da natureza que eles observavam - e sobre os quais não tinham controle - com uma “força” superior sobre a qual tampouco podia compreender, é notável a similaridade entre as diversas culturas no tocante ao sentimento de que algo importante lhes escapa. Mais especificamente: algo escapa além do mundo visível, material, do qual não pode ser mais que um mero expectador.

Dentre os fenômenos que mais impactam os homens desde os primórdios – senão todo o reino animal –, a questão da morte e da existência de algo que vá além das aparências movem o homem - e no homem - as mais diversas conjecturas. Desde os primórdios da história humana, filósofos e estudiosos das diversas áreas do conhecimento sempre buscaram uma explicação racional para este “escape” do mundo real, sendo a dimensão religiosa do homem algo que sempre esteve presente na cultura, ainda que na tentativa de negação. Embora a maioria das pesquisas na área enfatizem a importância positiva da dimensão religiosa na prevenção e tratamento destes quadros patológicos, não se pode negar o papel negativo que as religiões podem exercer no sentido contrário; culturas onde o suicídio é visto como martírio que levaria à redenção ou sinônimo de conduta honrada.

Assim, esta tese buscou não apenas compreender historicamente a forma como as religiões lidaram com as questões de saúde mental, como suas influências positivas e negativas na saúde mental dessas mesmas populações. No primeiro capítulo desta tese, buscou-se definir as principais religiões do mundo, bem como a visão do suicídio em cada uma delas. As religiões escolhidas foram as três principais religiões de matriz abraâmica (Judaísmo, Cristianismo – Igreja Católica Romana, Igreja Ortodoxa e Protestantismo – e Islamismo), o Hinduísmo e as religiões/filosofias orientais: Budismo, Xintoísmo e Taoísmo. Embora não seja considerada uma religião - mas uma doutrina espiritualista -, tampouco uma das maiores, o Espiritismo Kardecista também foi acrescentado por representar um segmento significativo da sociedade brasileira.

As cartas trocadas entre Freud e Einstein foram fundamentais na compreensão da relação entre a pulsão de morte, civilização e religião. Trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa e quantitativa, na medida em que aborda aspectos do “universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes” (MINAYO, 2001, p. e também a correlação e análise de dados coletados em pesquisas de outros autores, relacionadas ao tema desta tese. Para isso, foram utilizados livros e revistas impressas e virtuais, bem como artigos e teses obtidas nas bases de dados e bibliotecas eletrônicas: SciELo – Biblioteca eletrônica de periódicos científicos; PubMed – portal virtual de literatura biomédica da Medline; BVS-Lilacs – Biblioteca Virtual de publicações latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde; além de pesquisas sobre o tema no Google Acadêmico.

Foram utilizados os descritores, “depressão”, “suicídio”, “religiões” e “psicanálise”, na busca por artigos em língua portuguesa, espanhola ou traduzida do inglês. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que existe quase um consenso de que a depressão é uma doença e que, portanto deve ser tratada como tal, e que frequentemente é associada às causas que levam uma pessoa ao suicídio, por outro, o suicídio é visto, na maioria das vezes, como uma fuga dos problemas do cotidiano, desgosto profundo e/ou covardia. Quase sempre as pessoas adotam uma postura de juízo de valor ao associarem o ato a um distanciamento de Deus ou à fraqueza moral. Nas culturas orientais, mais marcadamente na cultura japonesa, indiana e nas sociedades muçulmanas, a questão do suicídio é vista de forma particular de acordo com os contextos histórico-sociais em que eles ocorreram ou ocorrem, ora associadas ao fracasso e à vergonha pessoal, ora ligada às questões de honra e exaltada como conduta nobre.

ÉMILE DURKHEIM (1897) em sua obra sobre o suicídio, sustentou a existência de três tipos de suicídio: egoísta, altruísta e anômico. Ao fazer uma associação do suicídio do tipo egoísta às religiões cristãs (católica e protestante) e ao judaísmo, e do tipo altruísta às sociedades, não enfatizando a dimensão religiosa neste contexto, seus estudos aproximam-se dos objetivos deste estudo, porém difere em outros. Assim, vemos Deus concedendo-lhe forças para desmoronar a edificação onde se encontrava atado a colunas, matando a si mesmo, os príncipes filisteus e os povos que ali se encontravam. No Novo Testamento, na Bíblia Sagrada, acompanhamos a autocondenação e o remorso que tomou conta do espírito de Judas Iscariotes pela traição a Jesus, remorso esse que resultou em seu suicídio.

No entanto, as admoestações, tanto de Cristo quanto de seus ex-companheiros após sua morte, referem-se ao seu ato de trair o Mestre por dinheiro e não por seu ato posterior de enforcar-se. O suicídio de Judas é mencionado tanto nos evangelhos quanto na parte dos Ato dos Apóstolos, mas não há uma única referência clara e direta que o condene por ter tirado a própria vida. – Igreja Católica Apostólica Romana As concepções da Igreja Católica Romana acerca das questões de saúde mental e do suicídio variam de acordo com o contexto histórico em que é analisado. E deste livro poderia nascer a nova e destrutiva aspiração a destruir a morte através da libertação do medo.

E o que seremos nós, criatura pecadoras, sem o medo, talvez o mais benéfico e afetuoso dos dons divinos? [. A prudência de nossos pais fez sua escolha: se o riso é o deleite da plebe, que a licença da plebe seja refreada e humilhada, e amedrontada com a severidade. ECO, H. O Nome da Rosa, 1932, pp. Instala-se, a hegemonia das instituições psiquiátricas, para onde toda e qualquer pessoa desviante da ordem social é banida. No entanto, ainda que o saber acerca da saúde mental tenha sido desviado da visão religiosa para a visão médica, muitas das as instituições psiquiátricas que acolhiam pobres continuaram a manter religiosos no trato e cuidados diretos aos internos. Ainda que o saber médico tenha alterado a abordagem da loucura e da figura do louco, com a Revolução Industrial, o crescimento das cidades, o aumento da violência urbana devido à multiplicação de pessoas sem uma ocupação, a situação demandava uma solução.

As medidas sociais tomadas para reprimir o ócio foi a internação sumária de todas as pessoas consideradas desocupadas em instituições de repressão e trabalho forçado e nos hospitais gerais. Segundo FOUCAULT (1978), os valores morais de origem religiosos continuavam a perpetuar na sociedade e o “pecado da ociosidade” devia ser reprimido. Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo. Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, sobretudo para os jovens, o suicídio assume ainda a gravidade do escândalo. A cooperação voluntária no suicídio é contrária à lei moral.

Perturbações psíquicas graves, a angústia ou o temor grave duma provação, dum sofrimento, da tortura, são circunstâncias que podem diminuir a responsabilidade do suicida. Entre a Igreja Romana e a Ortodoxa, há diferenças de interesses políticos, culturais e sociais. Enquanto a Igreja Católica Apostólica Romana voltou o seu interesse para a sua expansão no Novo Mundo, a Igreja Ortodoxa se desenvolveu no Império Bizantino, espalhando-se pela Europa Oriental e Rússia. Atualmente, somam cerca de 250 milhões de fiéis espalhados em países como Bulgária, Belarus, Grécia, Chipre, Moldávia, República da Macedônia, Montenegro, Polônia, Rússia, Romênia, Sérvia, Ucrânia e Estados Unidos. Segundo diversos estudiosos do Cristianismo, os processos históricos pelos quais passaram os Impérios Romanos do Ocidente e Oriente, marcaram as sociedades e deixaram traços sociopolíticos e culturais que também influenciaram na concepção religiosa das sociedades.

Enquanto o Ocidente sofreu influências devido às invasões bárbaras, o Oriente permaneceu ligado às tradições do mundo clássico e da cristandade helenística. Ao não ter o seu pedido atendido, o Papa o excomungou. A partir desta ruptura, e apoiado por príncipes e nobres europeus - cansados das imposições da igreja -, inicia-se um período de diversos movimentos na Europa. A Reforma Protestante ganhou a liderança de João Calvino, na França e, posteriormente, na Suíça; Urico Zuínglio, na Suíça; Henrique VIII, na Inglaterra. Na Alemanha, Dinamarca, Suécia e Noruega prevaleceu o Luteranismo. Todos estes movimentos de reforma originaram as diversas igrejas e congregações protestantes espalhadas pelo mundo na atualidade, dentre as quais pode-se destacar: Anglicanos, Luteranos, Metodistas, Batistas, Pentecostais, Presbiterianos, entre outras, além de inúmeras seitas tais como os Testemunhas de Jeová, Adventistas e Mórmons, embora neguem esta adjetivação.

  Do ponto de vista da Teologia cristã, porém, é importante lembrar que toda e qualquer situação da vida humana deve ser lida sempre a partir do ponto de vista de Cristo e da graça de Deus, que alcança a todos. Na cruz, conforme narrado pelos Evangelhos, encontra-se o crucificado que toma o sofrimento do mundo e com ele sofre a agonia e o desespero da morte. Da mesma forma, naquele momento, o próprio Pai se faz presente, sofrendo junto com seu Filho todo o abandono e dor, bem como o Espírito. Este floresce a partir daí para levar conforto e lembrar ao mundo que a morte e o sofrimento não têm a última palavra, pois Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos.   Esse evento trinitário por excelência deve ser o prisma pelo qual a questão do suicídio deve ser vista na teologia cristã.

Tem como fundamento as leis estabelecidas por Moisés, e a sabedoria de inspiração espiritual dos reis Saul, Davi e Salomão, que marcaram a história hebraica por seus feitos inspirados pelo próprio Criador. Consideram-se o povo escolhido por Deus, pertencentes à linhagem direta dos primeiros judeus: Abraão, Isaac e Jacó. Seguem os ensinamentos do Talmude e da Torah, os Dez Mandamentos que, segundo a tradição judaica, foi inscrito nas duas Tábuas da Lei que foram entregues a Moisés no Monte Sinai, estabelecendo um pacto entre Deus e as 12 tribos de Israel. Esta fonte de legislação nunca deve ser modificada. Porém, com o tempo e a necessidade de conciliar a realidade à legislação de fundo religiosa que não permitia mudança, os judeus introduziram o conceito de lei oral (Torat she be al pe), igualmente inspirado no Sinai, introduzindo as modificações necessárias para adaptar a lei às novas situações, dentre elas a perda da independência política com os exílios babilônicos e romano.

O suicídio é considerado um ato tão grave é proibido, segundo a Torah, o sepultamento do corpo do suicida em cemitério judaico, mas em lugar separado, reservado aos suicidas. No entanto, segundo GOLDBERGER, E (2016), em Doença Mental e Suicídio, portal Vida Prática Judaica, embora o suicídio seja concebido no Judaísmo como um pecado semelhante ao assassinato, os conhecimentos atuais da psicologia e da área de saúde mental tem modificado esta concepção do ato suicida como uma escolha racional, ainda que tenha sido premeditado. “A pessoa, em estado de desespero e com uma dor (interna ou externa) tremenda, não pode ser considerada totalmente responsável por sua ação. Porque a pessoa com saúde mental danificada é impotente diante de sua crise, qualquer reprimenda ou punição após a sua morte não deve ser implementada.

Goldberger, no entanto, diz que o tema do suicídio ainda é um tabu em meio à comunidade judaica ortodoxa, onde ainda impera a ideia política do "don't ask, don't tell" (não pergunte, não conte a ninguém). São eles: • Proclamação da fé: consiste na confirmação, através da recitação da shahadah (“não existe nenhum deus além de Allah e Muhammad – conhecido no ocidente como Maomé - é seu profeta”) como sinal de sua fé. • Realização das cinco orações diárias, voltado para a direção da cidade sagrada de Meca, como forma de demonstrar a Allah sua total dedicação. • Obediência ao período do Ramadã, mês em que todo fiel realiza o jejum obrigatório, abstendo-se de alimentos e atividade no período do nascer ao pôr do sol.

• Realização do zakat (caridade islâmica): doação de 2,5% de seus lucros para a prestação de auxílio aos mais necessitados. • Peregrinação à cidade de Meca ao menos uma vez na vida, ação obrigatória a todo fiel que tiver saúde ou condições financeiras para tal. Depois de sua morte, a disputa pelo direito de sucessão começou e, levando-se em consideração que no Islã não há uma divisão entre religião e poder político, não é de se admirar que tal fato tenha ocorrido. A grande maioria do povo muçulmano não era favorável à sucessão pelo genro de Muhammad, considerado muito jovem e inexperiente. O escolhido pelo povo para o cargo de líder foi um amigo de Muhammad, escolha esta que ocasionou muitos outros conflitos que culminaram em assassinatos e ruptura definitiva entre os muçulmanos em dois grupos: xiitas (grupo minoritário, defensor da sucessão hereditária, tradicionalista e defensor das antigas interpretações do Alcorão e da Lei Islâmica, Sharia) e; sunitas (grupo majoritário, constituído por cerca de 90% da população islâmica, que utiliza a Suna – copilação dos grandes feitos e exemplos do profeta, dando origem ao termo que denomina o grupo – e são defensores da adaptação do Alcorão e da Lei Islâmica às transformações pelas quais o mundo passou no decorrer dos tempos.

Entretanto, dentre os sunitas, encontramos um subgrupo denominado salafista (wahhabismo, embora os salafistas considerem-no um termo depreciativo), movimento ortodoxo, internacionalista e ultraconservador. O movimento salafista, por sua vez, é dividido em três categorias: puristas (evitam a política), ativistas (envolvem-se em política) e jihadistas (militantes da luta armada contra os infiéis na “guerra santa”). Para que possamos compreender o suicídio do ponto de vista do fundamentalismo islâmico, torna-se necessário compreender a concepção muçulmana de sacrifício e martírio. Se buscarmos informações internacionais nos bancos de dados virtuais que relacionem suicídio e islamismo ou suicídio e religião muçulmana, encontraremos um número significativo de artigos e teses que versam sobre a questão do suicídio nas sociedades árabes ou muçulmanas.

Estes dados, ainda que tangenciem a questão da religião e sua relação com a saúde mental nestas sociedades, não diferem muito das análises ocidentais acerca do tema. Normalmente buscam fazer uma correlação entre as taxas de suicídio e a faixa etária ou o sexo do suicida. Embora a maioria destes estudos, tal como apresentados por MANTRAN (1977) não deixem de enfatizar o suicídio por motivos de fundamentalismos político-religiosos, observa-se uma maior ênfase na análise psicológica do suicídio motivado por complicações de ordem psicológica.  Estão jubilosos por tudo quanto Deus lhes concedeu da Sua graça, e se regozijam por aqueles que ainda não sucumbiram, porque estes não serão presas do temor, nem se atribularão.

 Regozijam-se com a mercê e com a graça de Deus, e Deus jamais frustra a recompensa dos fiéis. ALCORÃO 3:169:171) Ainda de acordo com PRADO (2018) em “Toda terra é Karbala, todo dia é Ashura: a Pedagogia do Martírio nas narrativas xiitas e a construção de uma identidade de resistência”: [. pode-se dizer que, para compreender o significado do jihad é necessário aplicar seu significado ao contexto. O que quero dizer é que, quando analisado os termos jihad e martírio a partir do Alcorão e da Sunna infere-se que, o conceito de jihad só pode ser compreendido de forma holística, fundamentado em uma ética que se liga a uma moral imanente e transcendente. Também pode ser definida como a essência de cada indivíduo, o Eu mais interno ou ātman, a alma humana.

Não confundir com Brahma, o deus. evolução suprema seria, assim, esta dissolução do ego no absoluto. De acordo com o Portal do Ministério da Educação, Escola Britannica, dentre as práticas do hinduísmo se incluem orações, ioga, recitação de mantras (dentre eles o fonema om, considerado o “som do universo”), a prática da caridade e a visita a lugares sagrados, dentre outras. Embora nem todos o sejam, grande parte dos hindus são vegetarianos. Os sikhs constituem uma comunidade social e religiosa com um forte senso de identidade. Seus adeptos vivem no estado de Punjab, a noroeste da Índia. Acreditam que exista um único deus e todas as pessoas são iguais. Evitam o álcool, o tabaco e as drogas, dedicando-se à oração.

Os homens sempre têm uma espada presa ao cinto, não cortam os cabelos (usam turbantes) e nem a barba. Obviamente, como em todas as religiões no mundo, nem todas as pessoas que se denominam devotas, cumprem rigorosamente os princípios da religião. Em uma sociedade ainda dominada pela concepção de estratificação das pessoas em castas sociais, não é incomum que muitos princípios sejam transgredidos. De acordo com COSTA (2012) e HOFBAUER (2015) a organização social da Índia e seu antigo sistema hereditário de castas (divisão social baseada em crenças religiosas), permitiu – e ainda permite – a discriminação das pessoas e, não raro, o preconceito, o abuso e as injustiças cometidas contra membros das classes sociais mais pobres. As castas indianas eram classificadas como: brâmanes (sacerdotes e letrados, nascidos da cabeça de Brahma); xátrias (guerreiros, nascidos dos braços de Brahma); vaixás (comerciantes, nascidos das pernas de Brahma) e; sudras (servos, camponeses, artesãos e operários, nascidos dos pés de Brahma).

Considerados à margem da estrutura social (párias), havia os denominados dalits (nascidos da poeira dos pés de Brahma). Assim, de acordo com o Bhagavad-Gita (poema épico que contém princípios do hinduísmo) ao morrer em uma circunstância considerada de ignorância, isso se refletirá na reencarnação futura. A alma assim, renascerá num corpo irracional, experimentando privações que, paulatinamente, irá contornar essa ação. Know that this, on which all the world has been strung, is indestructible. No one can bring about the destruction of this imperishable being. Like a man who has cast off his old clothes puts on others that are new, thus the embodied self casts off old bodies and moves on to others that are new. Através de sua morte meritória, uma viúva evitava o desdém e alcançaria glória não apenas para si mesma, mas também para todos os seus parentes” AHMAD (2009).

De acordo com o site “Tudo Superinteressante”, em reportagem veiculada em 28 de maio de 2011, (http://tudosuperinteressante. blogspot. com/2011/05/sati-ou-suttee-ritual-macrabo-com-as. html), muitas viúvas são destituídas de seus bens (embora a lei reconheça o seu direito de herdeira, na prática, isso raramente ocorre), de suas posses pessoais e até mesmo de seus próprios cabelos, que costumam ser raspados. Eles a precedem, esperando que, nas horas finais de sua vida, isso se espalhe de sua boca em uma série de bênçãos e maldições, abençõe aos bons e fiéis, amaldiçoe aqueles que desafiam o que é certo ou que permanecem no caminho dela. Em um sentido mais amplo, também, sati foi experimentado como bênção e maldição: para seus inimigos, uma infâmia que deveria ter sido apagada há muito tempo.

E para alguns, como para a multidão que se reúne diante do próprio sati, isso é bênção e maldição. ” (tradução livre) Fig. A sati as depicted by Giulio Ferrario, from 'Il costumo antico e moderno', Florence, c. É uma das maiores religiões do mundo, sendo praticada por diversas pessoas no mundo todo. De acordo com HARVEY (1998); BORGES & JURADO (1976) e SMITH & NOVACK (2003), a história do Budismo começa com o nascimento de Siddhartha Gautama, um rico príncipe que nasceu no séc. VI a. C, na região do norte da Índia onde hoje é o Nepal. Filho único e órfão de mãe (sua mãe morreu no parto), foi amado de tal forma por seu pai que foi cercado de beleza e prazeres e protegido da visão de todo o sofrimento.

Além disso, a organização social hindu, caracterizada pela divisão da sociedade indiana em castas, diverge da concepção de igualdade apregoada pelos budistas. O foco do budismo está na prática e não na crença. A doutrina budista sofreu influências nos diversos lugares por onde se espalhou. Segundo LEONARDO OTA, fundador do portal “Sobre o Budismo”, ao longo de sua história o Budismo se dividiu em duas grandes escolas: Theravada - forma dominante no Sri Lanka, Tailândia, Camboja, Birmânia (Myanmar) e Laos - e Mahayana – dominante na China, Japão, Taiwan, Tibet, Nepal, Mongólia, Coreia e Vietnã. Segundo Ota, as duas escolas compreendem a “anatman” ou “anatta” de formas diferentes. O Budismo no Japão sofreu um sincretismo com o Xintoísmo e, segundo PEREIRA (2001), desenvolveu uma espécie de “divisão de trabalho”, embora não seja uma regra: o Xintoísmo se relaciona com os rituais de nascimento e matrimônio; enquanto o Budismo impera nos rituais de culto aos antepassados e demais rituais fúnebres.

Embora muito possa ser dito a respeito dos princípios e ensinamentos do Budismo e suas contribuições nas sociedades onde se inseriu, a necessidade de adequação aos objetivos deste trabalho torna imperativo que seja restringido ao delineamento dessa tese. É necessário, entretanto, compreender a concepção do Budismo acerca do suicídio. Poder-se-ia, neste trabalho, dar uma visão simplista do conceito budista acerca da questão do suicídio? Levando-se em consideração que o budismo é, sobretudo, uma filosofia, a questão não parece tão simples. Ainda de acordo com BORGES & JURADO (1976), o Budismo prescinde de toda a relação pessoal com um deus, já que é uma doutrina ateia por essência, onde não existe a crença numa deidade, tampouco os conceitos de culpa, arrependimento e perdão.

Ética, preceitos, convenções, tudo passa a poder ser quebrado, pois são uma ilusão no final das contas. Se este tipo de vazio é magnificado e todos os dharmas são em última análise um nada ou uma ilusão, então o ato de matar, como já expresso de diferentes formas no código guerreiro de alguns, não consiste nada mais que um passar a lâmina da espada em meio a átomos vazios. Matar um outro ou matar a si mesmo passam a ser atos que não precisam ser interpretados como portando qualquer significado ético (não são um karma nem têm consequências), pois não há realmente um ser ‘lá’ que possa ser morto. Os seres são ilusões, conglomerados vazios que podem ser destruídos, divididos, separados.

Este mesmo tipo de pensamento, tão apropriado para fins militares, também foi utilizado no manual kṣatriya da realeza hindu, o Bhagavad Gita, onde Kṛiṣṇa é apresentado como instruindo Arjuna a não desistir da batalha pelos mesmos motivos. que empreendiam o suicídio ritual como forma de protesto ou para a defesa dos ideais da religião. Já no Sūtra do Lótus, a autoimolação por meio do fogo (a prática adotada pelos monges e monjas tibetanas agora) é preconizada como exemplo maior da prática de um bodhisattva. Ibidem) Fig. O monge budista Thich Quang Duc sentou-se num movimentado cruzamento em Saigon, no Vietnam do Sul, e ateou fogo em seu próprio corpo, em 1963. Fotografia de Malcolm Browne à serviço da Associated Press, que posteriormente veio a receber o prêmio Pulitzer pela imagem.

Já o politeísmo tem uma relação mais difusa entre as divindades, o homem e a natureza, ideia essa que está presente nos valores e visão de mundo oriental, como ocorre na sociedade japonesa. SASAKI, Valores Culturais e Sociais Nipônicos, 2011) Assim, o Xintoísmo caracteriza-se pelo culto às divindades relacionadas à natureza e aos antepassados. Inúmeras divindades cultuadas têm uma correlação direta com os elementos e fenômenos visíveis e invisíveis da natureza. Para o xintoísta, tudo no universo é divino e tudo que existe guarda uma interrelação entre si. O Xintoísmo tem como uma de suas práticas o ritual de honrar e celebrar a existência de kami (essência, espírito ou divindade) que pode ser associada tanto aos conceitos amorfos da existência quanto às forças da natureza como o vento, rios, rochas, relâmpago, ondas, etc.

Sua atitude deve ser de profunda gratidão e reverência, uma atitude de humildade diante de forças das quais depende e sobre as quais não tem controle, apesar de todo o seu avanço tecnológico. Ao contrário da visão ocidental do homem como um ser superior no mundo animal, caracterizado pela sua capacidade de transformar a natureza à sua volta, a concepção xintoísta do sagrado coloca o homem como um ser em busca de harmonia com a natureza e todas as tentativas de subjugar a natureza aos seus desejos são consideradas um desequilíbrio nessa relação. Uma das características do Xintoísmo é, portanto, a busca pelo estabelecimento do equilíbrio com a natureza, evitando transformá-la sem necessidade. A interferência do ser humano no que já é perfeito e sagrado pode ser considerada uma violência desnecessária e deve, portanto, ser recompensada de alguma forma, ainda que com a construção de um templo dedicado à natureza.

Os templos xintoístas, por esse motivo, são edificados em meio à natureza ou pelo menos rodeado por ela. No japonês antigo, 罪 tsumi (o mal, pecado, crime, ofensa, culpa) era uma noção que incluía não apenas transgressões morais, mas também desastres naturais, desfiguração física e doenças. O mal era essencialmente poluição ou sujeira, seja física ou espiritual, enquanto a bondade era identificada com pureza. O homem era considerado originalmente limpo. O mal era uma entidade negativa que poderia e deveria ser removido com rituais de purificação ( 禊 祓 misogi harae ou 大 祓 ōharae). Essa reverência à pureza no Xintoísmo antigo, embora mais tarde tenha sido combinada com ideias budistas e confucionistas, continua sendo um elemento significativo na religião e na cultura japonesa.

Ela remonta a períodos bem mais antigos, na era do shogunato e dos samurais. Os samurais eram guerreiros que emergiram de diversas províncias em todo o Japão, durantes os séculos IX a XII, e permaneceram em ação até o seu declínio e extinção em 1876, durante a Era Meiji. Obedeciam ao Bushido, um conjunto de normas de conduta que tinha como preceitos a justiça, coragem, benevolência, educação, sinceridade, honra e lealdade. Segundo YUZAN (2003) neste código, o samurai tinha que ter em mente o tempo inteiro, desde que acordava até quando ia dormir, que a sua morte iria ocorrerá um dia. Assim, estando plenamente consciente disso, poderia viver o Caminho do Guerreiro, marcado pela Lealdade e pelo Dever Filial, buscando manter-se saudável, evitando as desgraças e vivendo uma vida plena e repleta de princípios nobres.

Se fracassarem ou atuarem de uma forma desleal ou indevida, seu espírito iria repudiá-los e seriam deserdados. Essa é a maneira que um verdadeiro samurai se despede. YUZAN, D. – Bushido, o Código do Samurai, 2003. pp. Todos Naniwa é o sonho após sonho. Berry, Hideyoshi, pg.  235) Uesugi Kenshin  1530-1578 Mesmo uma prosperidade ao longo da vida é apenas um copo de saquê; Uma vida de 49 anos é passado em um sonho; Eu não sei o que é a vida, nem a morte. Ano após ano, tudo, mas um sonho. Tanto o Céu e o Inferno são deixados para trás; Eu fico na madrugada de luar, Livre de nuvens de apego. C. às margens do Huang Ho (Rio Amarelo). Surgiu de antigas tradições de caráter religioso e filosófico chineses, e durante a dinastia Tang, entre 581 e 618 d.

C. tornou-se a religião semioficial chinesa. Assim, masculino e feminino, bem e mal, escuridão e iluminação, agressividade e suavidade, vida e morte, princípio e fim, etc. enfim, todos os pares de opostos na natureza material e imaterial acompanham o mesmo princípio. Fig. Símbolo do Taoísmo: yin e yang Para Lao Tsé, segundo CHERNG (2005) o caminho para felicidade passava pela quietude profunda da mente. Assim, à semelhança dos hindus e budistas, os taoístas praticam a meditação. O Budismo, o Confucionismo e o Taoísmo se misturam de tal maneira no dia a dia do povo chinês que é possível encontrarmos magias e talismãs em meio à concepção de reencarnação e regras de etiqueta social. Apesar de sua influência na religiosidade do povo chinês, o confucionismo está mais para filosofia ética que para a religião e, segundo a reportagem, “Confúcio nada disse sobre a vida após a morte, e há quem diga que era ateu”.

A bem da verdade, o Taoísmo também não. Mesmo com o seu cabedal de feitiços, encantamentos, simpatias, meditações e atitudes ritualísticas, o Taoísmo diz respeito mais a um equilíbrio entre o homem e o universo, que uma relação com uma divindade. O Tao, “caminho” em mandarim, seria a energia impessoal que move tudo o que existe. Todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação entre os dois polos; todas as transições ocorrem gradualmente e numa progressão ininterrupta. A ordem natural é de equilíbrio dinâmico entre o yin e o yang. Na cultura chinesa, o yin e o yang nunca foram associados a valores morais. O que é bom não é yin ou yang, mas o equilíbrio dinâmico entre ambos, o que é mau ou nocivo é o desequilíbrio entre os dois.

Se atentarmos para esta lista de opostos, é fácil ver que nossa sociedade tem favorecido sistematicamente o yang em detrimento do yin — o conhecimento racional prevalece sobre a sabedoria intuitiva, a ciência sobre a religião, a competição sobre a cooperação, a exploração de recursos naturais em vez da conservação, e assim por diante. O teu mandato sobre a vida não pertence a ti: é a obediência que te foi conferida pelo Céu e pela Terra”. PECORARO, Cioran: a filosofia em chamas, 2004) 1. O Espiritismo Kardecista Segundo HERCULANO PIRES (1994), em “O Livro dos Médiuns”, e (1996), em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, o marco histórico do Espiritismo Kardecista começa na França, em 1861, segundo SAUSSE (2015), com a publicação de “O Livro dos Espíritos” por Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte León Denizard Rivali, educador, escritor e tradutor francês.

Esta obra tinha como objetivo estabelecer uma doutrina espírita ou, segundo suas palavras, uma filosofia espiritualista. Segundo CHIBENI (2003), o Espiritismo é uma doutrina de tríplice aspecto: o científico, filosófico e moral. Uma questão bem ilustrativa da gagueira cientificista de Kardec é com relação à doutrina espírita da pluralidade das existências nos mundos. Segundo a "revelação" que Kardec recebeu dos "espíritos", "todos os globos que circulam no espaço são habitados" (A. Kardec, Livro dos Espíritos, Inst. de Difusão Espírita, 79a edição, 1993, q. p. Do mesmo modo como tem havido falta de compreensão acerca do caráter científico do Espiritismo e de suas relações com as ciências, seu caráter religioso e suas relações com as religiões também têm constituído ponto de frequentes confusões.

Assim como se pode mostrar ser o Espiritismo científico, embora não se inclua entre as ciências ordinárias, por estudar um domínio diverso de fenômenos, pode-se, conforme o fez o próprio Kardec, mostrar que o Espiritismo é religioso, embora não se confunda com as religiões ordinárias. Se no estabelecimento da primeira dessas teses é necessário identificar corretamente que características de uma teoria a tornam científica, temos, para justificar a segunda, que estabelecer critérios adequados para a classificação de uma doutrina no âmbito religioso. CHIBENI, Idem) O Espiritismo Kardecista acredita em Deus como a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, não cabendo ao homem, ser imperfeito, compreender Sua natureza íntima. Porém, à medida em que se eleva espiritualmente, o homem se aproxima da compreensão – ainda que imperfeita - do caráter divino e misterioso de Deus.

Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda se caracterizam pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição. KARDEC, A. Será desculpável o suicídio, quando tenha por fim obstar a que a vergonha caia sobre os filhos, ou sobrea família? “O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, Deus lhe leva isso em conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo.

A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Demais, eliminai da vossa sociedade os abusos e os preconceitos e deixará de haver desses suicídios. ” Aquele que tira a si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação má, prova que dá mais apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas iniquidades, tendo-se privado dos meios de repará-las durante a vida corpórea. Mas, antes de o cumprir, deve refletir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte. Comete suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, porém a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras necessidades físicas? “É um suicídio moral.

Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado? Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus. ” a) — Será mais, ou menos, culpado do que o que tira a si mesmo a vida por desespero. “É mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio. Esses usos bárbaros e estúpidos desaparecem com o advento da civilização. Alcançam o fim objetivado aqueles que, não podendo conformar-se com a perda de pessoas que lhes eram caras, se matam na esperança de ir juntar-se-lhes? “Muito diverso do que esperam é o resultado que colhem. Em vez de se reunirem ao que era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo, pois não é possível que Deus recompense um ato de covardia e o insulto que lhe fazem com o duvidarem da sua providência.

Pagarão esse instante de loucura com aflições maiores do que as que pensaram abreviar e não terão, para compensá-las, a satisfação que esperavam. Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio? “Muito diversas são as consequências do suicídio. Assim é que certos Espíritos, que foram muito desgraçados na Terra, disseram ter-se suicidado na existência precedente e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém, se lhes conserva interdito. A maior parte deles sofre o pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só decepções encontram.

A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. ebiografia. com/emile_durkheim/>, não é de se admirar que tenha se interessado pelos estudos acerca da religião e dilemas morais do homem. Porém, ao contrário do que apregoa o Judaísmo, para DURKHEIM (1897) o suicídio é um fenômeno social e não individual. Esta afirmação sociológica abre um precedente fundamental nos estudos das causas do autoextermínio e, principalmente, inverte a lógica religiosa que coloca sobre os ombros do suicida toda a responsabilidade e toda a culpa pelo seu ato extremo. A despeito do consenso vigente, que via no suicídio um ato individual que afetava apenas o próprio indivíduo, dependente de fatores também individuais tais como o temperamento, o caráter, os antecedentes e acontecimentos de sua história pessoal, Durkheim viu no suicídio um fato que poderia ser considerado sob outros aspectos, analisados sob a ótica da sociologia.

Ao contrário dos suicidas melancólicos ou maníacos, os impulsivos são tomados por um automatismo mental que surge sem ser precedido por nenhum antecedente intelectual e o ato acontece de forma tão rápida que os doentes nem têm consciência do que aconteceu. Ao analisar os índices de suicídio entre as populações das cidades e do campo, Durkheim relata que os dados, embora demonstrem ser mais comuns na cidade, podem significar que estes índices reflitam as circunstâncias sociais, mais notavelmente observável nos grandes centros urbanos. Da mesma forma, a questão da raça, sexo, e religiosidade devem ser analisadas pelo viés das influências sociais, não tendo nenhuma comprovação científica de que um tipo estaria mais ou menos predisposto pelos aspectos individuais a atentar contra a própria vida.

Em seus estudos acerca do suicídio, Durkheim também nega a influência das estações do ano nos índices de suicídio, afirmando que, embora algumas pessoas, tais como Montesquieu, sustentassem que esse índice aumentaria nas estações mais escuras e frias do ano, onde o aspecto de desolação da natureza despertaria a tristeza mais facilmente no espírito dos indivíduos, os dados estatísticos encontradas por ele refutavam esta concepção, demonstrando que o auge nas taxas de suicídio ocorriam na primavera, embora ocorressem durante todo o ano. Uma explicação para o fato seria a efervescência da vida social neste período do ano, com a multiplicação das oportunidades, o prolongamento do período de claridade e diminuição do tempo de descanso.

Segundo sua análise feita nos índices da época, o número de suicídios entre os protestantes se destacava, sendo quatro a cinco vezes maior que entre os católicos. Ao analisar os motivos pelos quais os protestantes se matavam muito mais que os católicos, não encontra nenhuma diferenciação entre as concepções protestantes e católicas relacionadas ao suicídio, constatando que ambas as religiões proibiam o suicídio com a mesma veemência, atribuindo a Deus o julgamento e a determinação de penas morais altamente severas. Portanto, nada em suas concepções acerca do suicídio pareciam divergir e justificar o alto índice de suicídio do primeiro grupo religioso em relação ao segundo, levando Durkheim a pensar que deveria haver outros fatores que justificassem esta disparidade nos índices.

Assim, passa a analisar a estruturação das religiões em si, buscando diferenças que pudessem explicar o fenômeno. A primeira diferença que ele encontra diz respeito ao que ele denomina de “espírito de livre exame” nas igrejas protestantes, ao contrário da fé católica, que recebe já pronta a fé, sem ao menos poder “submetê-la a um controle histórico, pois os textos originais em que ela se apoia lhe são proibidos” – é importante lembrar que Durkheim se referia a um período da Igreja Católica onde as escrituras sagradas eram transmitidas em latim e traduzidas pelos sacerdotes que impunham a interpretação aos fiéis -. Inversamente, quanto mais um grupo confessional deixa ao julgamento dos indivíduos, mais ele está ausente de sua vida, menos tem coesão e vitalidade.

Chegamos, portanto, à conclusão de que a superioridade do protestantismo do ponto de vista do suicídio provém do fato de ele ser uma Igreja menos fortemente integrada do que a Igreja católica. IDEM, pp. Da mesma forma se explicaria, segundo Durkheim, a baixa propensão dos judeus ao suicídio – neste ponto, é importante salientar que ele analisou a questão do suicídio entre os judeus ainda no final do século XIX, portanto, muito antes do advento da Segunda Guerra Mundial e do holocausto judeu. Alain Badiou (1995) e Hannah Arendt (1999) farão uma leitura diferente do episódio do holocausto –. Além disso, a fé não se desestabilizaria pelas demonstrações dialéticas, mas pelo fato de não conseguir suportar o choque dos argumentos. Uma vez que o instinto social se dissipou a inteligência é o único guia que nos resta e por meio dela que devemos reconstruir uma consciência para nós.

Por mais arriscada que seja a empreitada, não é permitido hesitar, pois não temos escolha. Portanto, aqueles que insistem com inquietude e tristeza à ruina das velhas crenças, que sentem todas as dificuldades desses períodos críticos, não devem condenar a ciência por um mal de que ela não é a causa, mas que, ao contrário, ela procura curar! Eles que evitem tratá-la como inimiga! A ciência não tem a influência dissolvente que lhe é atribuída, mas é a única arma que nos permite lutar contra a dissolução de que ela própria resulta. Proscrevê-la não é uma solução. WEBER, ÉTICA PROTESTANTE E CAPITALISMO Se Durkheim analisa a questão do suicídio e das religiões sob a ótica da contraposição entre dogmas religiosos e racionalidade científica, colocando o protestantismo como insuficiente para fornecer uma identidade social que proteja seus fiéis da desorganização psicológica e, consequentemente, da propensão ao suicídio, por outro lado, Max Weber nos fornece uma visão dos protestantes como unidos por uma ética própria: o capitalismo e suas nuances.

Segundo SANT’ANNA (1999), Maximilian Karl Emil Weber nasceu em 1864 e cresceu em meio a um paradoxal ambiente onde reinava a política e a intelectualidade, mas também marcado pela moralidade protestante, o que provavelmente marcou o seu caráter como uma pessoa muito rígida consigo mesmo: seu pai era um jurista e político influente e sua mãe, ao contrário do marido, introspectiva, metódica e extremamente moralista. Ingressou na Faculdade de Direito, aos 18 anos de idade e, além do Direito, estudou História, Economia, Filosofia e Teologia. Contemporâneo de Durkheim e de Marx, tanto Weber quanto Marx ambos analisaram o capitalismo, porém, a questão do Estado coloca-os em campos diametralmente opostos. Enquanto para Marx o Estado devia ser gradativamente extinto, para Weber, a burocracia era um eficiente mecanismo de controle democrático.

Segundo ele, a influência da moral protestante, em contraposição à católica, foi determinante para criar os alicerces do “espírito” do Capitalismo. Ao fazer uma comparação entre as sociedades tradicionalmente católicas, o desenvolvimento econômico de seus membros e as sociedades predominantemente protestantes, Weber aproxima-se das proposições de Durkheim ao colocar os segundos como menos propensos a aceitar dogmas e “verdades absolutas”. No entanto, ao contrário de Durkheim, que coloca nos fatos sociais as determinações impostas ao sujeito de forma coercitiva, para Weber, não existem fatos sociais, mas resultado das ações dos homens – ações sociais de caráter individuais e temporárias - na sociedade. Weber criticava o espírito comodista do católico, relegando a Deus todas as questões importantes da esfera humano.

O catolicismo, segundo ele, ensinaria o fiel a se contentar com o mínimo necessário à sobrevivência, a promessa de recompensa divina no Paraíso e a não preocupação com as questões de ordem moral e prática, tampouco a questionar as “verdades” impostas pelo clero. Weber faz uma advertência contra as críticas negativas desta penetração do espírito capitalista na economia dos países, argumentando que “são qualidades éticas de um tipo bem diferente daquelas adaptadas ao tradicionalismo do passado”. As proposições de Weber a este respeito são de especial interesse para o objetivo deste ensaio, posto que ele mesmo propõe um certo distanciamento entre moral capitalista protestante e religião: Somos tentados a pensar que tais qualidades éticas pessoais não tenham a mais leve relação com máximas éticas, para não dizer ideias religiosas, mas sim que a relação entre elas seja negativa.

A capacidade de se livrar da tradição comum, um tipo de iluminismo liberal, parece ser a base mais adequada para o sucesso de tal homem de negócios. E nos dias atuais costuma ser exatamente o caso. Qualquer relação entre crenças religiosas e a conduta é em geral ausente e, quando existe pelo menos na Alemanha, ela tende a ser negativa. Tudo girava em torno da igreja, e a existência humana era marcada desde o seu nascimento até a sua morte pelos valores morais transmitidos como verdades inquestionáveis. Nascido no seio de uma família de pastores luteranos, Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 1844, em Röcken, cidade do Reino da Prússia, segundo nos conta MIORANZA (2007), na apresentação da Vida e Obra de Nietzsche em “Humano, Demasiado Humano”, da Ed.

Escala. Como não poderia deixar de ser, dedicou-se ao estudo da teologia até a sua adolescência, quando começou a questionar os preceitos religiosos nos quais foi doutrinado. Na década de 1860, influenciado pela obra de Schopenhauer, “O Mundo como Vontade e Representação”, passou a se interessar cada vez mais pela obra dos gregos clássicos e pelo seu modo de vida. Ao pathos(1) que se desenvolve dessa condição denomina-se fé: em outras palavras, fechar os olhos ante si mesmo de uma vez por todas para evitar o sofrimento causado pela visão de uma falsidade incurável. As pessoas constroem um conceito de moral, de virtude, de santidade a partir dessa falsa perspectiva das coisas; fundamentam a boa consciência sobre uma visão falseada; após terem-na tornado sacrossanta com os nomes “Deus”, “salvação” e “eternidade” não aceitam mais que qualquer outro tipo de visão possa ter valor.

NIETZSCHE, O Anticristo,1895) O Deus da cristandade, aquele com o qual Nietzsche trava um duelo pessoal, representa toda a corrupção da ideia do Evangelho original, “morto na cruz juntamente com o Nazareno”; uma representação que se degenerou em guerra à vida, à natureza e à vontade de viver. “Deus transforma-se na fórmula para todas calúnias contra o ‘aqui e agora’ e para cada mentira sobre ‘além’! Nele o nada é divinizado e a vontade do nada se faz sagrada!”. Em sua crítica ao pensamento teológico, não poupa nem mesmo o Budismo, que considera também como uma religião em decadência. Este ódio também seria lançado sobre a intelectualidade, a liberdade e alegria em geral. Chama-se cristianismo a religião da compaixão. – A compaixão está em oposição a todas as paixões tônicas que aumentam a intensidade do sentimento vital: tem ação depressora.

O homem perde poder quando se compadece. Através da perda de força causada pela compaixão o sofrimento acaba por multiplicar-se. IBIDEM) Para Nietzsche, os valores e a moralidade cristã, em sua ânsia em valorizar a vida após a morte, acabou por desvalorizar a própria vida. Assim, ao decretar a morte de Deus, o que ele exalta, de fato, é a afirmação de que afinal a vida vale a pena! Sua intenção não foi negar a existência do divino – posto que apenas o que tem existência pode perecer –, mas demonstrar a decadência de um pensamento caduco que por tanto tempo havia constituído um entrave às ciências e à busca pela verdade do homem. “Humanos, demasiado humanos”. Nietzsche também critica o Judaísmo e afirma que a moralidade cristã é herdeira da tendência judaica de “deturpar todos os valores naturais”.

Na história do povo judeu, a visão de Deus sofre uma mudança, uma “desnaturalização”, segundo Nietzsche. E roga, sofre e ama com aqueles, por aqueles que o maltratam. Não se defender, não se encolerizar, não culpar. Mas igualmente não resistir ao mal – amá-lo. IBIDEM) A crítica de Nietzsche à cristandade é uma crítica à perversão da própria figura de Cristo. Sua guerra contra o cristianismo é uma guerra contra o que ele considera a “sagrada mentira”, a negação dos Evangelhos, levando a humanidade a adotar uma postura de antítese ao que era, a princípio, um caminho novo. Deixa-o ir - acrescentou Zaratustra, depois de longa reflexão, cravando sempre os seus olhos nos do velho. Deixa-o ir; - findou.

E embora te honre dizer só bem desse morto, tu sabes como eu quem ele era, e que seguia caminhos singulares". Aqui - de três olhos - disse tranquilizado o Papa, que de um olho era cego - estou mais ao corrente das coisas de Deus que o próprio Zaratustra, e tenho direito de o estar. Longos anos o serviu o meu amor, a minha vontade seguia a sua por toda parte. Quando os deuses morrem, é sempre de várias espécies de mortes. NIETZSCHE, Assim Falou Zaratustra,1885) O espírito irreverente e questionador de Nietzsche, entretanto, não foi suficiente para salvaguardá-lo de um colapso nervoso em 1889, do qual nunca se recuperou, MIORANZA (2007) sucumbindo 11 anos mais tarde, em agosto de 1900. Segundo PERNIOLA (1996), quando traça a cronologia da vida e da obra de Nietzsche em “O Anticristo – Maldição do Cristianismo”, ele passou os últimos anos de sua vida entre cuidados familiares e internações em manicômios.

Para MARTON (2002), ao traçar um perfil biográfico do autor na edição de “Assim Falou Zaratustra” da Editora Martin Claret, o colapso nervoso que sofreu teria tido origem no uso abusivo de drogas – haxixe e ópio – devido à automedicação, pois sofria de enxaqueca, problemas digestivos e respiratórios desde muito jovem, embora a causa mais frequentemente atribuída à sua morte tenha sido a sífilis. Segundo ela, não foram poucos os que buscaram se aproveitar do estado de saúde de Nietzsche para tentar desacreditar a sua obra. Os índices mundiais de suicídio variam de países, faixa etária, sexo, motivos e método escolhido para dar cabo à vida, conforme os gráficos relacionados: Fig. Taxas de suicídios (total homem/mulher 2015) - Fonte: OMS Segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS em 2016, disponível em: < https://nacoesunidas.

org/um-suicidio-ocorre-a-cada-40-segundos-no-mundo-diz-oms/> estima-se que cerca de 800 mil pessoas cometam suicídio a cada ano no mundo, uma pessoa a cada 40 segundos. A maior parte dos casos são oriundos de países de renda média e baixa (78%) e a região mundial que apresenta os maiores índices por 100 mil habitante é a Europa, seguida pelo Sudeste Asiático. No entanto, a OMS aponta que há subnotificações, por exemplo, nos dados oriundos da África e outros países, o que faz com que as estatísticas mundiais reflitam apenas parcialmente a questão dos índices de suicídio por países. As análises realizadas pelo Ministério da Saúde em 2017 acerca dos casos de incidência do suicídio no Brasil, revelaram um aumento em seus índices de cerca de 18% de 2007 para 2016.

Estes dados analisados apontaram que a maior parte dos casos se concentram no Sudeste (49%), seguida da região Sul (25%). A região Norte foi a que teve os menores índices, cerca de 2% do total. No entanto, é possível encontrar uma multiplicidade de estudos, enfatizando estes índices por faixa etária, sexo ou comparação étnica, além de estudos do Ministério da Saúde acerca de sua incidência entre as populações indígenas. Há ainda a afirmação de alguns cientistas que enfatizam a questão da subnotificação de casos, sendo classificados na categoria de morte acidental, afogamento ou acidente automobilístico. Outros invocarão a dignidade dos familiares que se definham com o paciente, sem viés egoístico, mas difícil será encontrar o elo que transcende do altruísmo para o egoísmo.

É notório que todo o tema traz grande reflexão sobre a terminalidade da vida, bem como as implicações de uma interferência de terceiro culminando na morte antecipada de um paciente. Não há reversibilidade após consumado, neste sentido, é imperioso que o tema seja profundamente discutido, sob uma ótica moral, religiosa, ética e jurídica. CASSEMIRO, 2017) É interessante perceber o quanto a moralidade religiosa judaico-cristã ainda influencia no pensamento dos legistas brasileiros, refletindo-se nas ciências e em todos os aspectos da vida do brasileiro em geral. A questão do suicídio, analisada sob a ótica do Direito, é bastante interessante por conceber diferentes nuances de abordagem, conforme sua repercussão em diferentes áreas do Direito. com/portuguese/vert-earth-37082946> ou em matéria da Agência de Notícias de Direitos Animais – ANDA sobre o tema do suicídio animal, disponível em: <https://anda.

jusbrasil. com. br/noticias/263256332/especialistas-discutem-sobre-provaveis-casos-de-suicidio-em-animais> No entanto, e ainda que não haja nenhuma comprovação científica de uma “força mental” que os empurre voluntariamente para a morte, há de se pensar que o tema em si é demasiadamente instigante para merecer um estudo à parte. Embora as diferentes culturas e religiões em geral tratem a questão do martírio ou sacrifício de forma especial, o mesmo não ocorre com a questão da Eutanásia. globo. com/Sociedade/noticia/2019/07/crencas-de-ateus-e-agnosticos-relatorio-traz-dados-sobre-brasileiros-sem-religiao. html> o país mais ateu do mundo na atualidade é a Suécia, com cerca de 85% de sua população se autodeclarando agnóstica ou ateia, seguido pelo Vietnã, 81% e pela Noruega, 72%, conforme dados apresentados na Fig. Fig. O ateísmo no mundo – países com maior número de ateus Fontes: Pesquisas de Phil Zuckerman (2007), Richard Lynn (2008) e Elaine Howard (2010), ONU, adherents.

Não cabe aqui discorrer sobre cada um destes conceitos, mas apenas compreender a importância dada ao ateísmo no pensamento marxista e à concepção da matéria como única realidade. Para MARX, em seus Manuscritos de 1844, “O Indivíduo é um ser social. Sua manifestação de vida é manifestação de vida social. Vida individual e vida social não são distintas”. Segundo texto de BRAÑA (1977), pronunciado na Conferência de Navarra, o pensamento marxista “não deixa espaço para um âmbito privado – nem pensamento, nem propriedade, nem direitos, etc. Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, a luta contra aquele mundo cujo aroma espiritual é a religião. A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real.

A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo. A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. Por esto, igual que la táctica marxista antes de esa revolución, en la dictadura del proletariado se emplearán los medios que en cada caso se consideren más eficaces para aniquilar la Religión, lo cual exigiría a veces conceder una cierta "libertad religiosa". En cualquier caso, y en cualquier circunstancia, según Marx, "la supresión de la religión, en el sentido de felicidad ilusoria del pueblo, es la exigência de su felicidad real" Y, veintiséis años después, Marx escribía: "Es necesario luchar enérgicamente contra los sacerdotes, sobretodo 'en las regiones católicas (.

Estos perros – por ejemplo, el o bispo Ketteler de Maguncia, los sacerdotes reunidos en un Congreso, en Düsseldorf, etc. – juguetean con la cuestión obrera". Predicar la justicia y la caridad sería, para Marx, "juguetear con “la cuestión obrera”. Religião, família, Estado, direito, moral, ciência, arte, etc. são apenas modos particulares da produção e caem sob a sua lei universal. A supressão positiva da propriedade privada como apropriação da vida humana é, por isso, a supressão positiva de toda alienação, portanto o regresso do homem, a partir da religião, família, Estado, etc. à sua existência humana e social. A alienação religiosa como tal processa-se apenas no domínio da consciência, do interior humano, mas a alienação econômica é a vida real – por isso a sua supressão abrange ambos os lados.

O termo refere-se a uma estratégia política de propaganda, alienação e controle das populações, comum em regimes autoritários, onde ocorre a exaltação dos líderes a dimensões quase religiosas. Durante todo o século XX, emergiram diversos ícones políticos – Stalin, Hitler, Mussolini, Mao Tsé-Tung – sobre os quais foram propagadas feitos exagerados e curiosos, onde os seus méritos e qualidades foram exaltados quase como se tivessem um poder sobrenatural. Paradoxalmente, os seus defeitos e fracassos foram cuidadosamente ocultados do público em geral, visando não lançar “mancha” em sua biografia impecável. Nos dias atuais, assistimos a Coreia do Norte alçar Kim Jon-um, juntamente com a memória de seu pai e avô, à categoria de quase deuses, formando uma “trindade” que deve ser obrigatoriamente reverenciada pelo povo norte-coreano.

Devido ao caráter sinistro do governo na Coreia do Norte e sua política de controle pelo medo, não se pode dizer até que ponto as pessoas realmente acreditam nos feitos extraordinários, propagados na mídia norte-coreana, de seu líder ou se assim apenas o aparentam. Analisando tudo isso, do “culto à personalidade” à submissão à “causa revolucionária”, a questão que se coloca é a de que o Comunismo nada mais fez que substituir uma coisa por outra no decorrer de sua história. Substituir a religião - suas doutrinas e instituições - pelo Estado, o pensamento marxista e os ideais de seus líderes. Daí a explicação para o fato de que, embora sejam classificados como países ateístas, os seus índices de violência não diferem muito dos demais países capitalistas.

Talvez os índices de suicídio sejam até maiores, se levarmos em consideração que a maior parte dos dados fornecidos possam ser adulterados, maquiados ou simplesmente ignorados, como acontece na Coreia do Norte. HORKHEIMER & ADORNO E A INDÚSTRIA CULTURAL Atualização Se ao analisar a questão da subjetividade nas sociedades comunistas chega-se à conclusão que os vínculos sociais não protegem o indivíduo da insatisfação com a própria existência e o suicídio, quando o olhar se volta para as sociedades capitalistas, mais especificamente as sociedades marcadas pelo avanço da tecnologia, a questão não parece melhorar. E nesta busca da aparência do “outro”, a pergunta que fica é: O que resta de si mesmo, quando o desejo é o de se transformar em um outro, diferente de si? Voltando a “O Silêncio dos Inocentes”, como inserir-se na pele do outro, senão destruindo aquilo que se almeja e sem nunca conseguir atingir de fato a dimensão do outro? Com o aumento do número de suicídios entre os jovens integrantes do show de entretenimento adolescente sul coreano, representado pelas boy band ou girl band, iniciou-se uma reflexão na sociedade sul coreana acerca dos motivos que levariam jovens tão promissores, no auge de seu reconhecimento como ídolos, a tirarem a própria vida.

Para cada jovem ídolo que tira a própria vida, outros 600 o imitam. Para as autoridades sul coreanas, o assunto é muito sério e requer uma reflexão na forma como a sociedade vem lidando com as mudanças ocorridas na Coreia nos últimos tempos. O país possui a maior taxa de suicídio entre os países mais desenvolvidos, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), ocupando a primeira colocação pelo nono ano consecutivo, só perdendo para a Lituânia, país com maior índice mundial de suicídios. E estes dados catastróficos podem se agravar nos próximos anos se nada vier a ser feito para conter esta tendência. Na Indústria Cultural, ao contrário, o que existe é uma repetição que tem como única função o apelo comercial voltado para o consumismo.

E embora a maioria destas produções sejam classificadas como artísticas, nem de longe tangenciam o que pode ser classificado como verdadeira arte. Muitas vezes, como ocorreu com o funk carioca dos morros no Rio de Janeiro, um determinado movimento artístico se inicia de forma espontânea e acaba ganhando o gosto popular. A Indústria Cultural então se apropria daquele movimento – que antes poderia ser classificado como uma manifestação de cultura popular – e passa a reproduzir e a comercializar aquele tipo de arte, remodelada como numa esteira de produção em massa e repetida inúmeras vezes até que o mercado consumidor já esteja saturado. Então, a Indústria Cultural irá lançar fora aquele produto consumido à exaustão e exaurido de seu valor cultural, buscando um substituto que irá reiniciar o processo de produção.

Quando se fala em “produto” na Indústria Cultural, isso pode incluir tanto as coisas, ideias, moda, tendências, música, arte, etc. quanto pessoas ou grupos sociais. Desde que algo gere lucro, a Indústria Cultural pode transformar o que é lixo em luxo, que é descartável em imprescindível, e a subjetividade humana em solitária busca pelo reconhecimento. A Escola de Frankfurt, da qual Adorno e Horkheimer fazem parte, busca ser um contraponto à esta sociedade de consumo, onde as pessoas são transformadas em produtos e expropriadas de sua própria humanidade, alijadas de sua capacidade de afirmar a sua singularidade, ameaçadas com o isolamento social ou ridicularizadas por destoarem da massa. EU, ETIQUETA Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome.

E nisto me comparo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam e cada gesto, cada olhar cada vinco da roupa sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. A indústria cultural continuamente priva seus consumidores do que continuamente lhes promete. O assalto ao prazer que ação e apresentação emitem é indefinidamente prorrogado: a promessa a que na realidade o espetáculo se reduz, malignamente significa que não se chega ao quid, que o hóspede há de se contentar com a leitura do menu. Ao desejo suscitado por todos os nomes e imagens esplêndidos serve-se, em suma, apenas o elogio da opaca rotina da qual se queria escapar. Mesmo as obras de arte não consistiam em exibições sexuais. Mas representando a privação como algo negativo, evocavam, por assim dizer, a humilhação do instinto e salvavam - mediatamente - aquilo que havia sido negado.

Com o avanço da tecnologia e diluição das relações ao mundo virtual, o homem encontra-se cada vez mais solitário, dependente da aprovação social mediante “likes” em redes sociais. Relações voláteis que podem ser rompidas num “clique”. A mídia propagou a “aldeia global”, mas a experiência trouxe a realidade da solidão. Hoje “janelas” foram abertas para o mundo e, por elas, entraram não apenas a possibilidade de contato com mundos e culturas diferentes, mas também com toda a maldade humana. Nem mesmo as crianças foram poupadas desta indústria cultural e do apelo tecnológico. Tudo está em constante movimento e esta dinâmica inviabiliza o estabelecimento de parâmetros seguros de embasamento. Não há tempo suficiente para se estabelecer vínculos duradouros, nem hábitos ou rotinas.

Prever tendências futuras a partir de eventos passados torna-se cada dia mais arriscado e, frequentemente, enganoso. É cada vez mais difícil fazer cálculos exatos, uma vez que os prognósticos seguros são inimagináveis: a maioria das variáveis das equações (se não todas) é desconhecida, e nenhuma estimativa de suas possíveis tendências pode ser considerada plena e verdadeiramente confiável. Em suma: a vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante. É interessante a citação que BAUMAN faz de um aconselhamento feito por um colunista do Observer - sob pseudônimo de “Doutor Pés Descalços” - aos seus leitores, para adotar uma postura inspirada em Lao Tsé, o pai do Taoísmo oriental, diante das exigências da modernidade: “Flutuando como a água.

você vai em frente com rapidez, jamais enfrentando a corrente nem parando o suficiente para ficar estagnado ou se grudar às margens ou às rochas - propriedades, situações ou pessoas que passam por sua vida -, nem mesmo tentando agarrar-se a suas opiniões ou visões de. mundo, apenas se ligando ligeiramente, mas com inteligência, a qualquer coisa que se apresente enquanto você passa e depois deixando-a ir embora graciosamente sem apegar-se. ” (BAUMAN, 2007) Utilização da religiosidade oriental numa adaptação do homem às circunstâncias caóticas da modernidade? Esta parece ser uma postura no mínimo cínica diante do abismo que lhe é apresentado pela falta de opções ou escolha. “Seguir com a correnteza” é o melhor conselho que a mídia pode apresentar ao homem moderno diante da própria impotência? As relações líquidas vão sendo estabelecidas e abandonadas num clique.

Em uma reportagem de SANG HUN (2012) ao THE NEW YORK TIMES e reproduzida pelo portal Último Segundo IG, já se falava do aumento no índice de suicídios de idosos na Coreia do Sul motivados pelo sucesso econômico da nação nas últimas décadas, sucesso esse que culminou numa reversão da tradição dos filhos cuidarem dos pais na velhice. Segundo a reportagem, uma idosa de 78 anos suicidou-se tomando formicida em frente à prefeitura de Seul como um último ato de protesto contra uma sociedade que, segundo ela, a abandonou. Como vocês puderam fazer isso comigo? A lei deve servir ao povo, mas ela não me ajudou em nada. dizia a carta-protesto encontrada em sua bolsa. Essa morte faz parte de uma das mais cruéis estatísticas da Coreia do Sul: o número de suicídios entre pessoas acima de 65 anos quase quadruplicou nos últimos anos, fazendo com que o índice de tais mortes no país fique entre as mais altas do mundo desenvolvido.

Lee Geum-sook, voluntário que trabalha com idosos, tenta confortar Yoon Jeom-do, 89 anos, que vive sozinha em seu apartamento em Seul - Fonte: New York Times, 18 out 2012. Por outro lado, BAUMAN afirmará que estão cada vez mais escassas as pessoas que são capazes de sacrificar suas vidas por uma “causa”: Ao ouvirmos falar de "homens-bomba", tentamos ocultar nossa perplexidade e desconforto por trás de veredictos como "fanatismo religioso" ou "lavagem cerebral" - termos que sinalizam nossa impotência em compreender, em vez de explicar o mistério. Ou deixamos o nosso desconforto de lado (ao menos por algum tempo), atribuindo motivos a essas missões suicidas que consideramos mais fáceis de entender: sendo ingênuos, eles foram enganados por falsas promessas, dizemos, mas acreditando nessas promessas eles fizeram o que fizeram em busca de ganho e felicidade pessoais (nesse caso, os banquetes e delícias sexuais intermináveis que aguardam os mártires no céu) - tal como os motivos que somos treinados e estamos ávidos e aptos a seguir em nossas buscas diárias aqui na Terra.

BAUMAN, 2007) O que diferenciaria o mártir do herói seria a recusa a sacrificar-se sem um propósito que garantiria a perpetuação da causa, precisa garantir que seu ato será reverberado com um ato de heroísmo na sociedade, garantindo o seu lugar na história. O Herói é a versão moderna do mártir, porém diferente deste na medida em que visa um ganho que não poderia ser alcançado de outra maneira. A busca por um culpado pela aplicação do sofrimento desmedido é colocada sempre como fundamental. “Todo sofrimento é potencialmente, até que se prove o contrário, um caso de vitimização – e qualquer pessoa que sofra é (ao menos potencialmente) uma vítima”. Assim, multiplicam-se as discussões na mídia sobre as condições em que vivem os apenados nas diversas instituições penitenciárias espalhadas pelo mundo e sua função reeducadora, em contraposição à função punitiva – muitas vezes vingativa – exigida por parte da sociedade.

Essa discussão, segundo BAUMAN, que aparentemente visa um efeito terapêutico de alívio do sofrimento da vítima, acaba por afastar a atenção dos verdadeiros causadores do seu sofrimento: ao colocar a questão do delito como decorrente de uma deficiência pessoal e a discussão em torno do sofrimento imposto colocada em primeiro plano, distancia-se das questões sociais e econômicas que, de fato, promovem a frustração e incentivam a transgressão das leis. A sociedade líquida joga para debaixo do tapete todos aqueles que não conseguem acompanhar o ritmo frenético do consumismo, elegendo os bem-sucedidos no processo como modelos a serem seguidos. Não raro, tais “celebridades” relatam terem passado a sofrer de depressão tão logo despontam na mídia e passam a ser cobrados pela opinião pública.

Se por um lado são apontados como influenciadores, por outro não escapam da influência da massa anônima da qual acreditam ter escapado e na qual têm pavor de voltar a integrar. ERICH FROMM: COMPARAÇÃO ENTRE FREUD, JUNG E A RELAÇÃO ENTRE PSICANÁLISE E RELIGIÃO Para que se possa estabelecer uma relação entre a influência da dimensão religiosa do homem e seu papel nas desordens de origem psíquica, notadamente na depressão e no suicídio, é necessário ir bem mais além da simples constatação que, a despeito do fato de quase todas as religiões do mundo condenarem o ato de tirar a própria vida, exceto em circunstâncias consideradas de martírio, as pessoas se matam em todo o mundo, variando os índices de épocas em época, em termos de faixa etária, de sexo, de métodos utilizados e, principalmente – e o que nos interessa particularmente -, pelos mais diferentes motivos, segundo os cientistas.

Afinal, o que leva uma pessoa a perder o interesse pelo mundo externo a tal ponto que nada mais pareça fazer sentido ou ter alguma importância, senão a própria dor? Quais as influências do sentimento de religiosidade neste processo? Quais as forças mentais implicadas no processo de vencer os mecanismos de autopreservação? Ainda que as ciências tenham buscado fornecer respostas aos questionamentos na área de saúde mental ao longo dos séculos, pode-se perceber a importância social que os aspectos religiosos e morais ganharam quando é colocada a questão da prevenção do suicídio em diversas sociedades. Embora a relação entre Freud e religiosidade seja uma relação tangenciada pela questão da cientificidade, portanto, tenha ele buscado se abster de crenças ou quaisquer outras influências de caráter místico em sua obra, é possível observar que também ele, tendo nascido no seio de uma família judia, tenha sido instigado por outros estudiosos das ciências humanas, tais como Jung, a considerar o fenômeno da religiosidade e do sobrenatural em alguns conceitos formulados pela psicanálise.

Aquele que dorme pode ser tomado por um pressentimento da morte, que ameaça colocá-lo no túmulo. A elaboração onírica, porém, sabe como selecionar uma condição que transformará mesmo esse temível evento uma realização de desejo: aquele que sonha vê-se a si mesmo numa antiga sepultura etrusca a que desceu, feliz por satisfazer seus interesses arqueológicos. Do mesmo modo, um homem transforma as forças da natureza não simplesmente em pessoas com quem pode associar-se como com seus iguais - pois isso não faria justiça à impressão esmagadora que essas forças causam nele -, mas lhes concede o caráter de um pai. Transforma-as em deuses, seguindo nisso, como já tentei demonstrar, não apenas um protótipo infantil, mas um protótipo filogenético.

FREUD, 1927) ERICH FROMM (1962), psicanalista alemão e membro da Escola de Frankfurt, faz uma comparação entre a concepção freudiana e a concepção junguiana da religião. Jung, ao contrário de Freud, busca analisar o fenômeno da religião sem utilizar-se de considerações metafísicas ou filosóficas, mas baseada na fenomenologia, ou seja, na observação pura e simples dos fatos. FROMM afirma que, para Jung, “a verdade é um fato e não um julgamento” e a partir do momento em que uma ideia ocorre, ela deve ser considerada como verdade psicológica. A existência psicológica é subjetiva. Fromm critica esta posição de Jung baseada na subjetividade da verdade psicológica como insustentável na medida em que a existência pura e simples de uma ideia não a torna verdadeira apenas por existir.

Segundo seus argumentos, se assim o fosse, como a psiquiatria poderia chamar um delírio de delírio ou identificar uma postura paranoide? Além disso, ao afirmar a relatividade da verdade, Jung também colocaria em xeque os principais conceitos das religiões como judaísmo, cristianismo e budismo, que consideram a busca pela verdade como uma das virtudes cardiais do homem. Em outras palavras, Freud e Jung divergiam quanto à questão da religiosidade, sendo Freud um defensor ferrenho da psicanálise como ciência ética, portanto desvinculada das crenças que por tanto tempo obscureceram a busca pela verdade e Jung, ao contrário, reduziu a religião a um fenômeno psicológico, buscando classificar o inconsciente freudiano como parte de um todo maior, essencialmente místico, a que ele denominou de “inconsciente coletivo”: "O fato de que você percebe a voz do inconsciente nos seus sonhos não prova coisa alguma, porque você pode igualmente ouvir as vozes da rua, sem, entretanto, afirmar que esses últimos fonemas sejam fenômenos interiores.

Só é possível considerar a voz do inconsciente como realmente sua, se você admitir a sua personalidade consciente como parte de um todo, ou como um círculo menor contido em um círculo maior. Um simples bancário, que mostra a cidade a um amigo e aponta o edifício do banco, dizendo, "veja lá o meu Banco", está recorrendo ao mesmo privilégio. IBIDEM) No final de sua obra sobre Psicanálise e Religião, FROMM procura responder à questão de ser ou não a psicanálise uma ameaça à religião. Para ele, a ameaça à religiosidade estaria ligada mais às práticas do cotidiano, à rotina e à modernidade que propriamente pelo culto da ciência. O homem procurará a segurança da igreja e da religião, porque o seu vazio interior o impelirá a buscar proteção.

Mas professar religião não quer dizer ser religioso. Entretanto, aqueles que se preocupam com a experiência religiosa, sejam ou não defensores das religiões, não se encantarão pela simples vista das igrejas cheias e pelo número das conversões. Criticarão severamente nossas práticas seculares, e reconhecerão que a alienação do homem, a indiferença a si próprio e aos outros, que têm raízes em toda a nossa cultura secular, são as verdadeiras ameaças à atitude religiosa, e não a psicologia, ou qualquer outra ciência. IBIDEM) É interessante salientar que FROMM, influenciado pelas ideias de Marx e Horkheimer, também adotou uma postura crítica da sociedade moderna e consumista. Segundo consta, a morte de Freud pode ser classificada como “morte assistida” ou “eutanásia”.

Diante do sofrimento extremo que lhe incapacitava, Freud combinou com o seu amigo e médico particular, Max Schur, o abreviamento de seu padecimento pela injeção de morfina. JUNG E A RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO Carl Gustav Jung, foi um médico suíço, nascido em 1875 e falecido em 1961. Filho de um reverendo – onze de seus tios e primos paternos e maternos eram pastores -, não escondia sua desaprovação com o espírito conformista e estagnado do pai. De acordo com GAILARD (1996), quando Jung tinha cerca de quatro anos de idade, sua mãe teve que ser hospitalizada e, ao que tudo indica, em decorrência de algum esgotamento nervoso motivado por suas decepções como esposa e constantes desentendimentos com o marido. O primeiro sonho do qual Jung se recorda, ocorrido quando ele tinha por volta de 3 anos de idade, marcou-o profundamente, segundo conta em suas próprias memórias: Desço por uma cova escura com uma escada de pedra e chego a um salão onde há um trono real dourado sobre o qual está apoiado uma espécie de fálus ou pênis gigante com um olho no topo da cabeça: [.

havia algo em pé sobre o trono, como um tronco de árvore com uns três metros de altura e quase meio metro de diâmetro [. feito de couro e de carne, com uma cabeça arredondada, sem rosto nem cabelos. No alto, havia um único olho imóvel, voltado para o alto, sobre o qual pairava uma aura luminosa. O fálus estava imóvel, mas, a qualquer momento, poderia rastejar como um verme em minha direção. Em 1910, foi fundada a Associação Psicanalítica Internacional, tendo Jung como presidente. Os biógrafos de ambos concordam que esta amizade foi marcada pela admiração mútua, tendo Freud visto em Jung - 19 anos mais jovem – um pupilo e sucessor. Além de SILVEIRA (1981), BAIR (2006) também destaca que, ainda que admirassem o trabalho um do outro, as divergências já se apresentavam na correspondência trocada por ambos desde o início, demonstrando claramente a dificuldade de Jung em conceber a sexualidade tal como proposta pela teoria freudiana.

Por outro lado, Freud nunca aceitou o interesse de Jung pelos fenômenos religiosos, considerando a religião algo inconciliável com o espírito científico. Estas divergências acabaram se acentuando até o rompimento definitivo da amizade entre ambos, na década de 30, tendo Freud acusado Jung de tentar deturpar a teoria psicanalítica. Pelo contrário, o efeito se apodera e domina o sujeito humano, mais sua vítima do que seu criador. Qualquer que seja a sua causa, o numinoso constitui uma condição do sujeito, e independente de sua vontade. De qualquer modo, tal como o consensus gentium, a doutrina religiosa mostra-nos invariavelmente e em toda a parte que esta condição deve estar ligada a uma causa externa ao indivíduo. O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visível, ou o influxo de uma presença invisível, que produzem uma modificação especial na consciência.

Tal é, pelo menos, a regra universal. Mas é impossível que dois termos sozinhos formassem uma bela composição. Para isto é necessário que haja um terceiro elemento, o qual sirva de ligação entre os dois primeiros. Ora, de todas as ligações, a mais bela e aquela que proporciona tanto a si mesma como aos outros dois termos a mais completa unidade. E isto, pela própria natureza das coisas, só a proporção (geométrico-progressiva) é capaz de realizar. Com efeito, quando de três números, sejam eles lineares ou quadrados, o do meio está para o último assim como o último está para o primeiro, e, de novo, o último está para o do meio assim como o do meio está para o primeiro, o resultado é que se se coloca o número do meio em primeiro lugar, e o último e o primeiro no meio, a relação é sempre a mesma.

Diagrama de representação de Cristo e o Diabo como opostos equivalentes - Fonte: Psicologia da Religião Ocidental e Oriental, de Carl Gustav Jung. Para Jung, a questão do símbolo trinitário surge como uma ideia coletiva na história humana há milênios, e não podendo ser tratada pela ciência como mera fantasia de um indivíduo isolado, pode ser analisada como projeções de processos psíquicos. Assim, é possível, por exemplo, conceber a psicologia da Trindade cristã a partir dos elementos que a constitui. O Pai, representaria o estágio primitivo da consciência, um estágio infantil onde o indivíduo aceitaria passivamente os fatos, sem reflexão ou julgamento intelectual ou moral. O pai teria o caráter de lei e representaria o início de uma relação com estabelecida com a figura do Filho.

Para Jung, o Cristo simbolizaria uma ponte para a terceira fase, na qual o estágio paterno inicial é restaurado. A submissão à autoridade paterna nesta fase, no entanto, não se daria nos mesmos moldes do estágio inicial, mas marcadas pela razão e reflexão da segunda fase. Nesta terceira fase, há uma atitude de autocrítica e de humildade por parte do Filho; o reconhecimento de que não é a fonte dos conhecimentos e nem das decisões finais, “uma instância, que poderíamos denominar de inspiradora e que na projeção tem o nome de ‘Espírito Santo’. É no nível psicológico que surge a ‘inspiração’ de uma função inconsciente. A quaternidade, simbolizada na cristandade pela figura do Adversário – Diabolus -, se expressaria na introdução deste quarto elemento, estabelecendo a dimensão da realidade e permitindo que a função da Trindade se faça plenamente e produza seu efeito de salvação.

Sem Lúcifer não teria havido criação, e nem menos ainda uma história da salvação. A sombra e a vontade oponente são condições imprescindíveis para aquela realização. O ser que não tem vontade própria ou, eventualmente, uma vontade contraria a do seu Criador e qualidades diversas das dele, como as de Lúcifer, não possui existência autônoma, não estando em condições de tomar decisões de natureza ética. Quando muito, é um mecanismo de relógio ao qual o Criador deve dar corda, para poder funcionar. Por isso Lúcifer foi quem melhor entendeu e quem melhor realizou a vontade de Deus, rebelando-se contra Deus e tomando-se assim o princípio de uma criatura que se contrapõe a Deus, querendo o contrário.

A questão da Depressão e do Suicídio na Psicologia Junguiana Para que se possa falar em depressão e suicídio na visão junguiana é necessário primeiro compreender o conceito de FREUD (1920) de “Princípio do Prazer”, o que evidentemente influenciou na teorização de Jung da psique como um sistema dinâmico e autorregulador da libido, que buscaria estabelecer um equilíbrio entre os opostos. O conceito freudiano denominado de “Princípio do Prazer” nada mais seria que uma tendência psíquica do organismo a manter o nível de excitação o mais baixo possível, ou pelo menos estável. O nível de desprazer estaria diretamente relacionado ao grau de excitação suportado pelo organismo e a diminuição seria recebida como sensação de alívio e, consequentemente prazer.

Traduzindo de outra forma, é possível exemplificar o conceito freudiano utilizando o exemplo da fricção na pele. A princípio o estímulo provoca uma resposta dos receptores táteis que transmitem a sensação ao cérebro. O represamento prolongado destas forças antagônicas geraria a tensão e o conflito, o que, por sua vez, poderia resultar numa dissociação ou “cisão da personalidade”. Jung chamou de “desunião consigo próprio” à situação patológica que se traduziria em atos sintomáticos. “O corpo vivo é uma máquina que transforma a quantidade de energia que recebe em outras manifestações dinâmicas equivalentes. Não podemos afirmar que a energia física se transforma em vida, mas apenas que a transformação é a expressão da vida.

” Da mesma forma como o homem transformaria o meio ambiente e o adaptaria às suas necessidades, utilizando-se para isso de uma imitação do que ocorre na natureza, também o mecanismo psíquico faria o mesmo, utilizando-se, por exemplo, de cerimônias ritualísticas como forma de dar expressão e escoamento à libido. De fato, do mesmo modo que o espírito gostaria de submeter a sexualidade, com todos os outros instintos , a seus próprios esquemas, assim também a sexualidade alimenta uma antiga pretensão sobre o espírito” Ao mesmo tempo em que Jung admite a importância da sexualidade na organização psíquica do indivíduo, sustentada numa justificativa moral, por outro recua diante desta própria moralidade representada pela comunidade científica de sua época.

Para corroborar seus postulados, Jung utiliza da diferença da importância da sexualidade para o indivíduo no período da juventude e para aquele que já se encontra na metade da vida, justificando a crítica freudiana de que Jung nunca compreendera, de fato, a teoria da sexualidade teorizada por ele, confundindo “genitalidade” e “sexualidade”. Ao fazê-lo, Jung deixa transparecer uma certa melancolia relacionada à ideia de envelhecimento. A pessoa, na primeira metade da vida, com sua orientação biológica, geralmente pode, graças à juventude de seu organismo, expandir, sem dificuldade, a sua vida e dela fazer alguma coisa de valor. Mas o homem na segunda metade da vida está, naturalmente, orientado para a cultura, enquanto as forças decrescentes de seu organismo permitem-lhe subordinar seus instintos aos pontos de vista culturais.

E não querer viver é sinônimo de não querer morrer. A ascensão e o declínio formam uma só curva. JUNG, A Natureza da Psique,1971) 11- SIGMUND FREUD E A PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE E A SEXUALIDADE Embora Freud tenha sustentado uma postura ateia sua vida inteira, postura à qual foi fiel até a sua morte em 1939, conforme já visto anteriormente, Freud abordou questões fundamentais na área de saúde mental, incluindo a questão da religiosidade como fruto da mente primitiva da humanidade. A abordagem criada por ele, a Psicanálise, influenciou e continua influenciando o pensamento de diversos cientistas até os dias atuais. A partir da observação clínica de suas pacientes histéricas, FREUD (1893-1896) em Estudos sobre a Histeria e Primeira Publicações Psicanalíticas, conclui que os sintomas apresentados por elas, corroborados pelas suas próprias palavras, decorriam de conflitos fantasiosos de origem sexual.

A referência de tempo, segundo Freud, estaria ligada ao sistema Cs (consciente). Para LACAN (1964), no inconsciente psicanalítico residiria não apenas os conteúdos que foram censurados pela consciência como perigosos à integridade do indivíduo, mas também conteúdos “não-nascidos, que nunca vieram a se tornar conscientes. Segundo Freud, as pulsões inconscientes, traduzidas como desejo entrariam em conflito, muitas vezes, com as exigências do ego e da Cultura. O Ego seria, na concepção de FREUD (1923), uma instância psíquica originária das pulsões inconscientes e suas interações com a realidade externa ao indivíduo. Os rudimentos do que posteriormente virá a ser denominado como “ego” começam a ser formados logo no início da vida, quando o bebê percebe que entre ele e a mãe existe uma separação, da mesma forma como existe separação entre a sua realidade interna e externa.

Fase Anal-Sádica – Tem início com a experiência da criança de controle dos próprios esfíncteres. O prazer, nesta fase, está ligado à satisfação da criança no controle e no próprio ato de defecar e urinar. O termo “sádico” caracteriza-se por uma tendência da criança a se divertir com a atitude dos pais em sua aflição com as questões relacionadas ao ato de expulsar ou reter as fezes, assim como a atitude da criança em utilizar disso para a manipulação dos pais. Segundo Freud, este controle das fezes e da urina pode ser levado para a vida adulta, observáveis em situações de grande estresse, circunstância onde a prisão de ventre ou a diarreia podem ser interpretadas como sintomas emocionais.

Freud também teorizará que o controle dos esfíncteres está diretamente ligado à forma como o indivíduo estabelecerá suas relações com o dinheiro no futuro, influenciando em sua na vida financeira. É a fase da busca por uma identidade sexual e pelo exercício da sexualidade. A busca pela liberdade, bem como a defesa de ideias e valores diferentes dos da geração anterior é uma forma de estabelecimento de uma identidade marcada pela ruptura com o mundo infantil – mundo dependente das figuras paternas – e reconhecimento dos próprios desejos. FREUD, Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, 1915) É interessante observar a relevância destas fases teorizadas por Freud nos diversos fracassos experimentados pelos adultos ao longo de suas vidas e a importância que podem ter na investigação dos fatores que levam uma pessoa a colocar fim à própria existência.

Não se trata apenas do ato extremo em si, mas também de pequenas atitudes no cotidiano que não deixam de ser, em última instância, um suicídio aos poucos. O próprio tabagismo inveterado de Freud – ainda que ele mesmo tenha rechaçado qualquer interpretação neste sentido com o seu famoso bordão “há momentos em que um charuto é só um charuto”, ROUDINESCO (2014) – já demonstrava um insucesso neste sentido ou, como diriam os psicanalistas, uma “fixação na fase oral”. Confiamos em que seja superado após certo lapso de tempo, e julgamos inútil ou mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele. FREUD, Luto e Melancolia, 1917) A melancolia, ou depressão, segundo Freud, também se caracteriza por um sentimento profundo de tristeza, perda do interesse pelo mundo externo e afastamento de todas as atividades, principalmente as relacionadas ao social – características também encontradas no processo de luto -, mas diferencia-se por uma perturbação na autoestima, ausente no luto, “a ponto de encontrar expressão em autorrecriminação e auto envilecimento, culminando numa expectativa delirante de punição”.

No processo de luto, a realidade revela a ausência do objeto amado - que não mais existe ou foi perdido - exigindo que toda a libido investida naquele objeto seja retirada. Este desinvestimento não se faz sem resistência psíquica, motivo pelo qual a pessoa enlutada perde o interesse pelo mundo externo e necessita de tempo para reestabelecer suas relações com a realidade. As relações estabelecidas com o objeto amado perdido, carregadas de afeto, vão sendo desligadas pouco a pouco e este desligamento não se faz sem pesar e sofrimento. IDEM) O que poderia estar por detrás desse comportamento de autorrecriminação, comumente observado na pessoa deprimida, e sobre o qual nenhum argumento contrário parece suficiente para contradizê-lo ou abrandar a má vontade voltada para si mesmo? É sabido que argumentos deste tipo raramente influenciam um suicida imbuído do propósito de dar cabo à vida ou, se o fazem, é por um tempo relativamente curto.

Muitos suicidas que chamam a atenção para o ato que estão prestes a cometer se encaixam nesta categoria, expressando para o maior número possível de pessoas que o seu ato livrará a sua família ou mesmo a humanidade de um peso representado por ele, quando não que ficarão melhores sem a sua presença. Outro fato interessante observado por Freud na melancolia é que o deprimido não se comporta da mesma maneira com que as pessoas normalmente arrependidas ou tomadas pelo remorso se expressam. Os sentimentos de vergonha diante das outras pessoas, que normalmente caracterizam os arrependidos, nos deprimidos encontram-se ausentes. Ao contrário, pode-se observar inclusive um certo prazer neste desmascaramento de si próprio, o que faz com que Freud se pergunte quem de fato é a pessoa a quem estas recriminações são direcionadas.

Tão imenso é o amor de si mesmo do ego (self-love), que chegamos a reconhecer como sendo o estado primevo do qual provém a vida instintual, e tão vasta é a quantidade de libido narcisista que vemos liberada no medo surgido de uma ameaça à vida, que não podemos conceber como esse ego consente em sua própria destruição. De há muito, é verdade, sabemos que nenhum neurótico abriga pensamentos de suicídio que não consistam em impulsos assassinos contra outros, que ele volta contra si mesmo, mas jamais fomos capazes de explicar que forças interagem para levar a cabo esse propósito. A análise da melancolia mostra agora que o ego só pode se matar se, devido ao retorno da catexia objetal, puder tratar a si mesmo como um objeto - se for capaz de dirigir contra si mesmo a hostilidade relacionada a um objeto, e que representa a reação original do ego para com objetos do mundo externo.

Assim, na regressão desde a escolha objetal narcisista, é verdade que nos livramos do objeto; ele, não obstante, se revelou mais poderoso do que o próprio ego. Nas duas situações opostas, de paixão intensa e de suicídio, o ego é dominado pelo objeto, embora de maneiras totalmente diferentes. O tabu da evitação e até da pronúncia do nome do falecido, agora transformado em espírito, ganharia contornos aterrorizantes, atitude que, segundo Freud, é completamente extraordinária pois partiria do pressuposto de que o espírito de um ente amado se transformaria, unicamente por ocasião de sua morte, num demônio perverso, de quem os sobreviventes nada poderiam esperar senão hostilidade. Esta crença partiria do princípio de que a morte seria o maior infortúnio que uma pessoa poderia enfrentar, motivo pelo qual os sobreviventes temeriam a ira do espírito do morto que não poderia estar contente com este fato e buscaria se vingar.

Freud lembra que os resquícios deste receio dos povos primitivos podem ser observados no comportamento de certas pessoas que expressam sentimentos de serem atormentadas pela ideia de não ter feito o suficiente pelo morto, ou pelas dúvidas se suas atitudes não possam ter contribuído para o fato, ainda que não tenham tido esta intenção, como por exemplo algum descuido ou negligência. A questão se torna mais interessante quando mesmo os argumentos das outras pessoas garantindo terem sido testemunhas de sua benevolência não parecem suficientes para abrandar ou dar fim ao tormento. FREUD já assinala em 1913 o que viria a desenvolver quatro anos depois, em Luto e Melancolia, que ao se analisar as causas destas autoacusações não condizentes com a realidade, não raramente se depararia com um sentimento de culpa reprimido.

Vimos que, com o exército e a Igreja, esse artifício é a ilusão de que o líder ama todos os indivíduos de modo igual e justo. Mas isso constitui apenas uma remodelação idealística do estado de coisas na horda primeva, onde todos os filhos sabiam que eram igualmente perseguidos pelo pai primevo e o temiam igualmente. Essa mesma remoldagem sobre a qual todos os deveres sociais se erguem, já se acha pressuposta pela forma seguinte da sociedade humana, o clã totêmico. A força indestrutível da família como formação natural de grupo reside no fato de que essa pressuposição necessária do amor igual do pai pode ter uma aplicação real na família. FREUD, Psicologia de Grupos, 1921) No entanto, ainda que o estado de abstinência sexual tenha forçado o grupo de irmãos na horda primeva a estabelecer um vínculo de obediência com o pai temido, mas também invejado e amado, se os impulsos sexuais se tornaram demasiadamente intensos a ponto de não poderem mais ser contidos em sua totalidade, isso pode ter impulsionado o grupo de irmãos a se revoltar, matar e devorar o pai primevo, afinal, o grupo é sempre mais forte que o indivíduo isolado.

O pai primevo é o Ideal do grupo, que dirige o Ego no lugar do Ideal do Ego. ” (FREUD, Além do Princípio do Prazer, 1921). Em outro texto, “O Mal Estar na Civilização”, FREUD (1930) afirma que mesmo que uma pessoa não tenha, de fato, realizado uma ação condenável, mas apenas tenha identificado em si mesma a intenção de fazê-la, este fato por si só pode significar para ela que de fato é culpada. Neste caso, a intenção é considerada equivalente ao ato. Isso ocorre devido à internalização da autoridade e estabelecimento do “superego”, conceito que será melhor desenvolvido no próximo tópico. O Ego, por sua vez, representa uma instância psíquica que tem início nas primeiras experiências do indivíduo com a realidade.

Consiste num “lugar” psíquico onde o indivíduo toma consciência de sua existência dentro e fora da realidade do mundo e da existência da realidade do mundo independente de sua própria. O Ego pode ser interpretado como o “Eu”, que estabelece vínculos, mas independe do Outro para ter existência. FREUD (1923) postulou ainda uma terceira instância denominada “Superego”, constituída em parte pelas interações do ego com a realidade e a cultura, e em parte pela identificação com as figuras paternas. Ele é herdeiro do Complexo de Édipo, criado nas circunstâncias da ambivalência entre o amor e o ódio decorrentes da fase fálica. O autojulgamento que declara que o ego não alcança o seu ideal, produz o sentimento religioso de humildade a que o crente apela em seu anseio.

À medida que uma criança cresce, o papel do pai é exercido pelos professores e outras pessoas colocadas em posição de autoridade; suas injunções e proibições permanecem poderosas no ideal do ego e continuam, sob a forma de consciência (conscience), a exercer a censura moral. A tensão entre as exigências da consciência e os desempenhos concretos do ego é experimentada como sentimento de culpa. Os sentimentos sociais repousam em identificações com outras pessoas, na base de possuírem o mesmo ideal do ego. FREUD, O Ego e o Id, 1923) Para Freud, tanto a religião quanto a moralidade e o senso social, tiveram origem no mesmo fator: o complexo paterno. Permanece, contudo, o fato de que, como afirmamos, quanto mais um homem controla a sua agressividade, mais intensa se torna a inclinação de seu ideal à agressividade contra seu ego.

É como um deslocamento, uma volta contra seu próprio ego. Mas mesmo a moralidade normal e comum possui uma qualidade severamente restritiva, cruelmente proibidora. É disso, em verdade, que surge a concepção de um ser superior que distribui castigos inexoravelmente. IDEM) A Igreja Católica, segundo Freud, tem os melhores motivos para valorizar o celibato ou recomendar a seus seguidores que permaneçam solteiros, pois a união da comunidade religiosa se baseia, não raro, na identificação dos membros entre si e da colocação do ideal de ego na figura do Cristo crucificado. A partir de então, os membros da comunidade cristã se tornaram “irmãos” em Cristo, compartilhando do sacrifício do Filho, presente no pão e no vinho cerimonial. Selvagens canibais como eram, não é preciso dizer que não apenas matavam, mas também devoravam a vítima.

O violento pai primevo fora sem dúvida o temido e invejado modelo de cada um do grupo de irmãos: e, pelo ato de devorá-lo, realizavam a identificação com ele, cada um deles adquirindo uma parte de sua força. A refeição totêmica, que é talvez o mais antigo festival da humanidade, seria assim uma repetição, e uma comemoração desse ato memorável e criminoso, que foi o começo de tantas coisas: da organização social, das restrições morais e da religião. FREUD, Totem e Tabu, 1913) 11. Ao observar um bebê de um ano e meio fazendo um jogo psicológico de lançar e recolher um velho carretel amarrado a cordão, acompanhado do balbucio “ó-ó” (lançando para longe de si) e “dá” (diante do reaparecimento do carretel ao puxá-lo de volta), Freud percebe que esta brincadeira era uma forma do bebê representar o seu descontentamento com a ausência materna - representada pelo “lançar para longe de si” – e o prazer sentido com a sua presença - ou reaparecimento do objeto -.

“Desaparecimento e retorno”, segundo Freud, era um jogo incansavelmente repetido como forma de dar significado à experiência – vivida de forma passiva - de desprazer, passando a controlar a experiência e obtendo prazer nisso. A partir desta experiência, FREUD escreve “Além do Princípio do Prazer” (1920). A interpretação do jogo tornou-se então óbvia. Ele se relacionava à grande realização cultural da criança, a renúncia instintual (isto é, a renúncia à satisfação instintual) que efetuara ao deixar a mãe ir embora sem protestar. Da mesma forma, o fenômeno da “transferência”, comum nas relações estabelecidas entre o médico e seu paciente, professor e aluno, etc. também tem origem nesta tendência psíquica à repetição. A transferência nada mais seria que uma reedição da relação estabelecida com as figuras parentais na infância, quer seja ela uma relação favorável ou marcada pela hostilidade.

A forma através da qual as pessoas se relacionam umas com as outras obedecem, via de regra, a esta tendência psíquica. Da mesma forma, não constitui surpresa que as pessoas busquem se relacionar com o mesmo tipo de pessoa, ainda que a relação estabelecida não seja marcada pela harmonia propriamente dita, como por exemplo, uma mulher que se queixa de que todos os homens com os quais se relacionou eram alcoólatras tal como o seu próprio pai, embora ela insista que sempre buscou fugir desse tipo de relacionamento. As manifestações de Eros eram visíveis e bastante ruidosas. Poder-se-ia presumir que o instinto de morte operava silenciosamente dentro do organismo, no sentido de sua destruição, mas isso, naturalmente, não constituía uma prova.

Uma ideia mais fecunda era a de que uma parte do instinto é desviada no sentido do mundo externo e vem à luz como um instinto de agressividade e destrutividade. Dessa maneira, o próprio instinto podia ser compelido para o serviço de Eros, no caso de o organismo destruir alguma outra coisa, inanimada ou animada, em vez de destruir o seu próprio eu (self). Inversamente, qualquer restrição dessa agressividade dirigida para fora estaria fadada a aumentar a autodestruição, a qual, em todo e qualquer caso, prossegue. De fato, Einstein chega a citar a tendência destrutiva do ser humano, no entanto, acredita que ela só se manifeste em “circunstâncias anormais”: [. Logo surge uma outra questão: como é possível a essa pequena súcia dobrar a vontade da maioria, que se resigna a perder e a sofrer com uma situação de guerra, a serviço da ambição de poucos? (Ao falar em maioria, não excluo os soldados, de todas as graduações, que escolheram a guerra como profissão, na crença de que estejam servindo à defesa dos mais altos interesses de sua raça e de que o ataque seja, muitas vezes, o melhor meio de defesa.

Parece que uma resposta óbvia a essa pergunta seria que a minoria, a classe dominante atual, possui as escolas, a imprensa e, geralmente, também a Igreja, sob seu poderio. Isto possibilita organizar e dominar as emoções das massas e torná-las instrumento da mesma minoria. Ainda assim, nem sequer essa resposta proporciona uma solução completa. Por paradoxal que possa parecer, deve-se admitir que a guerra poderia ser um meio nada inadequado de estabelecer o reino ansiosamente desejado de paz ‘perene’, pois está em condições de criar as grandes unidades dentro das quais um poderoso governo central torna impossíveis outras guerras. Contudo, ela falha quanto a esse propósito, pois os resultados da conquista são geralmente de curta duração: as unidades recentemente criadas esfacelam-se novamente, no mais das vezes devido a uma falta de coesão entre as partes que foram unidas pela violência.

Ademais, até hoje as unificações criadas pela conquista, embora de extensão considerável, foram apenas parciais, e os conflitos entre elas ensejaram, mais do que nunca, soluções violentas. O resultado de todos esses esforços bélicos consistiu, assim, apenas em a raça humana haver trocado as numerosas e realmente infindáveis guerras menores por guerras em grande escala, que são raras, contudo muito mais destrutivas. Carta de FREUD em resposta a Einstein, 1932) Freud encontra nesta troca de correspondência com Einstein a oportunidade de explanar acerca de sua teoria do equilíbrio entre a pulsão de vida e a pulsão de morte como característica da vida psíquica dos indivíduos, motivo pelo qual acreditava que um ideal de “paz mundial” só poderia ser alcançado temporariamente.

Ao destruir a vida alheia, esta agressividade canalizada para longe do ego, preservaria a própria vida do indivíduo, o que choca, evidentemente com o ideal pacifista da maioria das religiões. Dito de outra forma, se a pulsão de morte é investida na destruição do mundo externo, ela se torna benéfica ao indivíduo. Assim, segundo ele, todas as tentativas de se eliminar as inclinações agressivas do ser humano seriam infrutíferas, senão altamente perigosas para o indivíduo. O máximo que se poderia fazer é buscar uma alternativa menos maléfica para a humanidade, sublimando estes instintos para atividades socialmente aceitas, como, por exemplo, para atividades esportivas. Ainda assim, elas não perderiam o seu caráter destrutivo, como é possível perceber em certos esportes violentos e nos conflitos ente torcidas rivais.

’ Isto, todavia, é mais facilmente dito do que praticado. O segundo vínculo emocional é o que utiliza a identificação. Tudo o que leva os homens a compartilhar de interesses importantes produz essa comunhão de sentimento, essas identificações. E a estrutura da sociedade humana se baseia nelas, em grande escala. IBIDEM) É nesse sentido que grupos sociais tais como as religiões ou os exércitos podem funcionar como um fator estruturante para o psiquismo humano, pois favorecem os laços amorosos entre seus membros e direcionam, na maioria das vezes, o ódio para aqueles que não fazem parte da irmandade. Conforme teorizado por Freud, o indivíduo está sujeito não apenas às ameaças destrutivas representadas pela natureza e pelos outros indivíduos, como também pela pulsão de morte, esta força que o ameaça de forma interna.

Por este motivo, a vida para o indivíduo é em si mesma uma fonte constante de insatisfação e de privações. E é justamente nesse processo de satisfação/insatisfação; de vida/morte; de sagrado/profano, etc. que residirá a questão da liberdade humana. CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando esta tese foi iniciada tinha como objetivo principal o estabelecimento de uma relação entre a dimensão religiosa do homem e sua influência na área de Saúde Mental, mais especificamente na abordagem psicanalítica de questões tais como a depressão e o suicídio. Este fato constitui um exemplo de honra e alguns críticos costumam afirmar que a sociedade japonesa é marcada por uma cultura do suicídio. De fato, o Xintoísmo, religião original japonesa, é caracterizado mais por uma visão ligada ao equilíbrio da natureza que por uma doutrina de obediência a mandamentos divinos preestabelecidos, tais como as religiões de matriz abraâmica, ainda que o Bushido – código se honra samurai – tenha sofrido a influência do Xintoísmo.

No entanto, o Japão tem demonstrado uma preocupação grande nas últimas décadas com seus índices de suicídio, bastante alto entre os jovens e pessoas do sexo masculino. Este fato tem uma relação direta com a cultura competitiva e organização familiar tradicional japonesa, que ainda coloca sob os ombros do homem a responsabilidade pelo sustento da família. Assim, ainda que a questão do suicídio se apresente como um ato individual, as evidências dos estudos neste sentido demonstram que ele é claramente um fenômeno social no Japão, conforme já nos apontava Durkheim. Da mesma forma, os altos índices de suicídio entre as populações masculinas em relação às femininas são explicados utilizando os mesmos parâmetros, porém, neste caso, Durkheim deixa transparecer o espírito machista de sua época, que não via na falta de incentivo à instrução feminina um fator social.

O mesmo não se pode deduzir dos índices atuais de suicídio entre as populações femininas no mundo. Duas em cada cinco mulheres que cometem suicídio no mundo são indianas e representam uma taxa três vezes mais alta que em outros países de indicadores socioeconômicos semelhantes. No caso da Índia, a falta de investimento em educação feminina não parece ser um fator de proteção contra a ideia do suicídio, como nos países predominantemente católicos do passado, mas ao contrário, um fator fortemente implicado na questão. Os casamentos precoces, a desvalorização da mulher, a pobreza, a falta de perspectiva e a violência doméstica são apontados como responsáveis diretamente pelo estado de depressão que levam as mulheres ao suicídio na Índia.

Assim, a ideia de ser favorável à vida sendo contrário ao suicídio também pode estar representada na ideia de que o outro é, enfim, o inimigo, portanto deve ser destruído. Esta ideia - contrária às ideias apregoados pelas religiões – seria, no final das contas, um ato de maior à vida. Paradoxal? Talvez. como o é a própria existência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livros Andrade, C. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Botega, N. J. Crise Suicida: avaliação e manejo. Estudo sobre o Pensamento de Max Weber e a sua Compreensão. São Paulo: T. Queiroz Editor. Colliot-Théléne, Catherine (2016) A Sociologia de Max Weber. Petrópolis: Editora Vozes. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2000. As regras do método sociológico.

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