Imigração Ucraniana no Paraná: Dificuldades e Contribuições

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:História

Documento 1

Diante disso, ressaltar-se que para a construção deste, empregou-se o método da análise bibliográfica, utilizando amplamente de um referencial teórico voltado para nossa linha de pesquisa, sobretudo com autores como Ramos (2006), Andreazza (1994/1996) e Nadalin (2001). Como resultado, evidenciamos a negligência do governo para com os imigrantes, os quais permaneceram no Paraná devido a sua religiosidade e possibilitam até hoje, uma grande contribuição para o desenvolvimento do estado. Palavras Chaves: Imigração. Ucranianos. Paraná. Propensos a impetrar êxito nesta pesquisa, desempenhou-se inicialmente uma pesquisa exploratória, com o intuito de coletar informações, obras e autores que dissertam sobre a temática. Em seguida, realizou-se uma análise bibliográfica, fundamentando-se em pesquisadores que desenvolvem estudos específicos sobre a imigração ucraniana no Paraná, como: os historiadores Odinei Fabiano Ramos, Maria Luiza Andreazza e Sergio Odilon Nadalin.

A IMIGRAÇÃO O termo imigração compreende o conceito de adentrar em um novo território visando estabelecer uma moradia, sendo de maneira permanente ou temporária, além de participar da vida social desse novo local. De acordo com Klein (1999, p. na maioria das vezes, a imigração inicia-se ao passo em que os indivíduos encontram dificuldades em manterem-se no seu local de origem, dessa forma, as pessoas “[. Segundo Wachowicz (1969), os imigrantes que aqui se encontravam, os quais em sua maioria eram de origem polonesa e russa, fizeram parte de um contexto onde a capital do Paraná tinha em sua região a passagem da ferrovia Paranaguá, a qual era um importante porto marítimo. Este fator deu o pontapé inicial em um processo que auxiliou o estado a se desenvolver.

Em 1890, ocorreu a construção de uma ferrovia que ligava o estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul, passando pelo Paraná. A edificação da ferrovia foi de suma importância, ponderando que o governo federal passou a financiar o povoamento desses imigrantes para o local (WACHOWICZ, 1969). Tanto a construção quanto o povoamento proporcionaram ao estado a possibilidade de crescimento econômico, visto que a região possuía uma escassa atividade comercial. Esses aspectos somados às diligências das autoridades paranaenses acabaram por promover a imigração ao Estado. Consoante Andreazza, Os esforços se justificavam por algumas situações: a) O Paraná era uma Província que recebera a sua emancipação política há pouco tempo e via na ocupação territorial uma forma de garantir seu espaço político; b) Havia precariedade em métodos e insuficiência em quantidade da lavoura de subsistência; c) Existia a necessidade de ativar meios de transporte e comunicação, como também de efetuar obras públicas urbanas; d) Era preciso resolver o impasse constituído pela ameaça de extinção do sistema escravista (ANDREAZZA, 1994, p.

Priori et al (2012) lembram que os imigrantes eram atraídos devido a vida desordenada que viviam em seus países de origem. O imigrante na tentativa de enriquecimento em uma nova Pátria, [. ansiava por antever coisas maravilhosas, por vislumbrar no horizonte, que ficava além das águas do Oceano, um mundo resplendente. nota que “[. os geógrafos costumam designar o território ucraniano como um dos mais ricos da Europa em vista de seus recursos agrícolas e minerais”. Concomitantemente a esta situação conflituosa, torna-se importante avaliar as condições políticas e econômicas dentre as quais os pequenos agricultores ucranianos estavam inseridos, tendo em vista que a maior parte dos imigrantes que chegaram ao Brasil, nas primeiras levas migratórias, estava conectada ao trabalho em pequenas propriedades rurais.

No século XVII, ainda quando a Ucrânia permanecia sob domínio da Polônia, os camponeses ucranianos vivenciavam uma economia com detritos feudais, dominados pelas obrigações servis. Conforme nos assinala Andreazza: A história vivida pelas pessoas das regiões do leste europeu fez com que, até meados do século XIX, elas mantivessem relações feudais, que só foram legalmente abolidas na esteira das revoluções de 1848. De acordo com Wachowicz (1969, p. os ucranianos começaram a chegar ao Paraná a partir de 1891. Esse grupo étnico instalou-se na região de “[. Rio Claro, Antônio Olinto, Senador Correia, Cruz Machado, Prudentópolis etc”. Concomitante a isso, Boruszenko mostra que: A imigração ucraniana no Paraná realizou-se em três etapas distintas. Nesse período, os ucranianos que vieram para o Paraná, predominantemente, foram conduzidos para os núcleos coloniais já fundados em múltiplas regiões do Estado.

Segundo Boruszenko (1995, p. a terceira etapa da imigração ucraniana, considerada a maior em número de imigrantes, ocorreu depois da Segunda Guerra Mundial, contabilizando “[. mais de duzentos mil imigrantes, entre operários, prisioneiros de guerra, refugiados políticos e soldados da Primeira Divisão ucraniana e de outras formações militares, que lutaram contra os russos”. Desse último momento migratório, uma quantidade de pessoas também imigrou para outros países da América, como Argentina, Canadá e Estados Unidos. Ademais, outras adversidades somavam-se intensificando o descontentamento destes indivíduos. Consoante a Jacumasso, Em relação às adversidades que os imigrantes passaram, cabe dizer que não foram poucas. Tratam-se, pois, de “guerreiros” que sobreviveram passando por dificuldades em todos os sentidos. Sofreram quando estavam em seus países de origem, pois não queriam deixar aquilo que possuíam e, por outro lado, não aguentavam viver sob pressão e miséria.

Sofreram, também, durante a viagem, pois as condições eram precárias, e, por último, mas não menos importante, sofreram quando chegaram ao Brasil e não encontraram apoio e estrutura suficiente para se instalarem adequadamente, entre outros motivos (JACUMASSO, 2009, p. bens culturais e aprendeu com a sociedade que o adotou e, ao mesmo tempo, contribui com seus próprios valores culturais para a sociedade de adoção”. Com a vinda desses europeus, havia uma oportunidade do Estado em adquirir novas técnicas de trabalho e agricultura. Neste sentido, a chegada dos imigrantes estava relacionada à questão do aprimoramento dos habitantes para desenvolvimento do estado, tornando-o moderno, como já desejava o movimento. Apesar das campanhas terem sucesso, os imigrantes se sentiram enganados porque se falava de [. terra livre, altos salários e até mesmo “ruas pavimentadas com esmeraldas”, encorajaram e seduziram o povo a sair para o Novo Mundo.

Assassinato era comum e os próprios policiais são ladrões”. Após serem regularizados, os imigrantes ucranianos eram encaminhados para cidades como Curitiba, Prudentópolis ou Pinheiro (MORSKI, 2000). De acordo com Andreazza, os primeiros grupos de imigrantes [. demonstraram que a localização de colônias em áreas de difícil acesso e em terras impróprias para o cultivo, concentrava tantas dificuldades que acabavam por levar o imigrante a abandonar suas terras, procurando meios para sua subsistência junto aos centros mais povoados ou dispersando-se no trabalho em obras públicas. É evidente, assim, a inoperacionalidade das colônias dispersas pelo interior e a prosperidade das estabelecidas nas circunvizinhanças da capital paranaense (ANDREAZZA, 1996, p. Se Deus me der os meios para retornar, deixarei o Brasil em maio ou junho” (carta de 1895 apud MORSKI, 2000, p.

apud GUÉRIOS, 2007, p. O desespero do imigrante nesta carta, relata o anseio em retornar a terra natal mediante os problemas ligados ao desemprego e à sobrevivência que os ucranianos enfrentaram ao chegar ao Brasil. Grande parte deles tentou, porém não conseguiu retornar, conforme o relato abaixo: Nós já estávamos aqui durante nove meses e o governo brasileiro não forneceu suporte. Rumores estavam se espalhando que os imigrantes seriam enviados de volta para a Galícia. Nessa perspectiva, os ritos católico-ortodoxos são mantidos até os dias atuais nas comunidades ucranianas, contribuindo para preservar as identidades de seus descendentes e concebendo-se em um centro de encontro da manifestação da cultura dos imigrantes no Brasil, desde a arquitetura das igrejas que são próprias da Ucrânia, até os hábitos e costumes da população ucraniana, como a gastronomia e a língua materna.

A Figura 2 alude a duas igrejas ucranianas no estado paranaense, onde verifica-se à esquerda, a Igreja Grego-Católica Ucraniana - Nossa Senhora Auxiliadora em Curitiba e, à direita, a Antiga Igreja Ucraniana - Santíssima Trindade, em São José dos Pinhais. Figura 2 – Igrejas Ucranianas no Paraná Fonte: Portal Ucraniano (2019) Em síntese, até mesmo na contemporaneidade, a religiosidade incide em um elemento fundamental para a preservação da cultura ucraniana no Paraná, fator que instiga a visita de inúmeros turistas ao estado, contribuindo fortemente para o seu desenvolvimento cultural e econômico. Regressando ao contexto de acomodação na nova pátria, ratifica-se que devido a religiosidade, os ucranianos permaneceram no Brasil. Deste modo, os senhores de terras e os proprietários de indústrias encontravam nestes imigrantes uma solução para sua escassa mão de obra, fator que procedeu com a abolição da escravidão no Brasil em 1888.

Salienta-se que a gastronomia é fundamental para promover vínculos com a Ucrânia, bem como, com os antepassados, preservando a cultura e a reforçando a identidade étnica dos descendentes. Tenchena (2010, p. revela que a cozinha, embora simplória, mas espaçosa é o local preferido dos ucranianos, tendo em vista que é “[. onde os familiares se reúnem para não só fazer as refeições, mas também para conversar e tomar decisões importantes para todos”. No artesanato também se encontram os traços da cultura ucraniana, sobretudo com as pessânkas e os bordados. Assim, evidenciou que fatores como perseguição, guerras, crises e desigualdades sociais foram os principais nesse segmento, além da ilusória propaganda do governo brasileiro visando povoar seus territórios. Diante disto, constatou-se que inúmeros ucranianos adentraram ao Brasil, sobretudo ao Estado do Paraná, mediante o projeto da elite local de formar um novo cidadão paranaense, fundamentando-se no padrão europeu.

Destarte, os imigrantes que se inseriram no Brasil, visavam melhores condições de vida e terra fértil, onde pudessem desempenhar a agricultura. No entanto, conforme averiguou-se, os ucranianos se frustraram, tendo em vista o encontro com terras ilusórias e a negligência do governo brasileiro. Assim, estes indivíduos padeceram com inúmeras adversidades e sofrimentos, iniciando-se pela viagem imigratória, na qual a precariedade se sobressaia, resultando em inúmeras mortes. org. br/revista/article/view/482/pdf_457. Acesso em 28 set. ANDREAZZA, Maria Luíza. Paraíso das Delícias: estudo de um grupo imigrante ucraniano (1895-1995). ª Ed. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, vol. Nº 108. Curitiba: 1995. BURKO, Valdomiro N. br/cp032168. pdf. Acesso em 26 set. HANEIKO, Valdemiro. Uma Centelha de Luz. Travessias. Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Sociedade.

UNIOESTE. V. Nº 3, 2009. ª Ed. Canadá: Watson Dwyer, 2000. NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, população e imigrações. Curitiba: SEED, 2001. html. Acesso em 26 out. PORTAL UCRANIANO. Imigração Ucraniana. Disponível em: http://www. Ucranianos, Poloneses e 'Brasileiros': fronteiras étnicas e identitárias em Prudentópolis/PR. f. Dissertação (Mestrado em História) - UNISINOS, São Leopoldo/RS, 2006. Disponível em: http://www. repositorio. Acesso em 28 out. SENIUK, Talita; SKAVRONSKI, Maria Inêz Antônio. Imigração ucraniana e colonização em Prudentópolis (1895-1945). Revista Ateliê de História, UEPG/Ponta Grossa, V. Nº 1, 2014. ª Ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 1969.

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