Instrumentalidade no trabalho do Assistente Social

Para refletir acerca do tema, utiliza-se como referência a professora Yolanda Guerra, com a qual o debate sobre instrumentalidade em Serviço Social ganha uma dimensão teórica aprofundada, sendo uma autora experiente no assunto. De acordo com Guerra, podemos afirmar que a instrumentalidade no exercício profissional refere-se, não ao conjunto de instrumentos e técnicas (neste caso, a instrumentação técnica), mas a uma determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída e reconstruída no processo sócio-histórico. GUERRA, 2007, p. Ao contrário do pensamento de muitos, instrumentalidade não se resume à instrumentos e técnicas utilizadas pela Assistente Social em seu âmbito de atuação, entende-se que existe uma enorme diferença entre ambos, Guerra (2007, p. esclarece que o sufixo “idade” diz respeito à capacidade, qualidade ou propriedade de algo.

A professora Guerra eleva a categoria instrumentalidade ao patamar de propriedade sócio-histórica da profissão, o que significa dizer que, é a junção das capacidades técnico operativa, ético-política, teórico-metodológica e formativa que dão sustentação ao que chamamos de instrumentalidade. Segundo a autora, [. os profissionais utilizam, criam, adequam às condições existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das intencionalidades, suas ações são portadoras de instrumentalidade. Deste modo, a instrumentalidade é tanto condição necessária de todo trabalho social quanto categoria constitutiva, um modo de ser, de todo trabalho. GUERRA, 2007, p. Apud Lessa, 1999; Guerra, 2000). Diante do exposto, a instrumentalidade deve ser compreendida como campo da mediação, que se constitui na passagem das ações meramente instrumentais para o exercício profissional crítico e competente, desenvolvendo a capacidade de articular as dimensões constitutivas do trabalho profissional a fim de atender as demandas dos usuários.

Portanto, é condição sine qua non entender que as três dimensões constitutivas da instrumentalidade andam juntas, respeitadas, as particularidades e objetivos de cada um. O desafio das Assistentes Sociais, no cotidiano profissional, é atuar de maneira a articular as três dimensões, evitando assim cair nos extremismos tão combatidos pela categoria. Através da teoria ou fundamentação teórica como base busca-se a construção da estratégia de ação profissional, na atuação das contradições impostas pela lógica capitalista. Guerra (2007, p. pontua que a relevância “na reflexão do significado sócio-histórico da instrumentalidade como condição de possibilidade do exercício profissional, resgatar a natureza e a configuração das políticas sociais [. No que tange “[. as políticas sociais, pode-se conceber que as políticas e os serviço sociais constituem-se nos espaços sócio-ocupacionais para os assistentes sociais,” sendo uma modalidade histórica de enfrentamento.

GUERRA, 2007, p. E é justamente pela via dessas mudanças que a profissão consegue alcançar respostas às demandas trazidas pelos usuários, desse modo, a Instrumentalidade configura condição concreta de reconhecimento da profissão. Como já mencionado o cotidiano é o espaço para a realização das ações instrumentais, Por isso é importante, na reflexão do significado sócio-histórico da instrumentalidade como condição de possibilidade do exercício profissional, resgatar a natureza e a configuração das políticas sociais que, como espaços de intervenção profissional, atribuem determinadas formas, conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. GUERRA, 2007, p. A autora ressalta que “no exercício profissional o assistente social lança mão do acervo ídeo-cultural disponível nas ciências sociais ou na tradição marxista e o adapta aos objetivos profissionais.

” (GUERRA, 2007, p. Á isto é dado o nome de Instrumentalidade em Serviço Social. Consoante a Professora Guerra (2007, p. é necessário colocar-se no âmbito da defesa da universalidade de acesso a bens e serviços, dos direitos sociais e humanos, das políticas públicas e da democracia.