Intervenção Cognitivo Comportamental em Transtorno de Ansiedade Generalizada

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

A metodologia utilizada consistiu em uma pesquisa bibliográfica realizada nas bases de dados Scielo e PepSIC em língua portuguesa. Foi possível verificar que a TCC no tratamento do TAG tem como objetivo modificar as crenças e pensamentos automáticos, além de realizar técnicas de automonitoramento, psicoeducação, exposição in vivo e prevenção de recaídas. Foi possível concluir que a TCC é eficiente para O TAG, uma vez que possibilita a alteração das crenças distorcidas e dos pensamentos disfuncionais que contribuem para o desenvolvimento e manutenção deste transtorno. Palavras-chave: Terapia Cognitivo Comportamental, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade. Cognitive Behavioral Therapy for Generalized Anxiety Disorder Abstract This study aimed to analyze the effectiveness of cognitive behavioral therapy (CBT) in the treatment of generalized anxiety disorder (GAD), as well as to verify the techniques used by the therapist in the treatment of this disorder.

Nesta direção, os autores acima mencionados acrescentam que a ansiedade é uma função biológica benéfica, no entanto, quando seu grau atinge um nível que causa prejuízos na vida do indivíduo, ocorre o que é chamado de Transtorno de Ansiedade. Ainda acrescentam que é importante destacar que a ansiedade pode ser desencadeada por um medo imaginário ou real, envolvendo aspectos fisiológicos, cognitivos, afetivos e comportamentais. O transtorno que será abordado neste trabalho é o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), que, segundoReyes e Fermann (2017), pode ser caracterizado por uma preocupação excessiva sobre diversas atividades, eventos e em diferentes contextos, tais como contexto social, do trabalho e familiar, e que deve durar por no mínimo seis meses, além de vir acompanhada de alguns sintomas, quais sejam: irritabilidade, inquietação, perturbação do sono, fatigabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, tremores, taquicardia, tontura, falta de ar, sudorese e diarréia.

No TAG o indivíduo apresenta dificuldades para controlar a preocupação e não consegue evitar que os pensamentos perturbadores interfiram em seu funcionamento psicossocial. No entanto, vale destacar que as preocupações do TAG se diferem das preocupações não patológicas justamente por que estas não causam prejuízos no funcionamento do indivíduo (Reyes & Fermann, 2017). Para a elaboração deste trabalho serão consultados artigos publicados em bibliotecas eletrônicas de periódicos científicos, tais como SciELO,PePSIC e Pubmed, livros e sites especializados nos idiomas português e inglês, utilizando as principais palavras chave: terapia cognitivo comportamental, ansiedade e transtorno de ansiedade generalizada no período de publicações do ano 2009 a 2019. Resultados e discussão Etiologia e comorbidades do Transtorno de Ansiedade Generalizada Segundo Reyes e Fermann (2017), a ansiedade é um sentimento inato do ser humano que tem como objetivo sinalizar um alerta de modo que a pessoa permaneça atenta para fugir das ameaças e perigos do mundo.

No entanto, a ansiedade excessiva torna-se patológica e se diferencia da ansiedade normal pela intensidade, duração, repetição, pelo caráter anacrônico e pela proporção em relação ao objeto temido. Nesta direção, Gusmão et al. afirmam que para diferenciar a ansiedade inata da patológica é necessário realizar uma avaliação psicológica para verificar se os sintomas ocorrem paralelamente ao estímulo, observando, inclusive, sua duração e seu curso. Neste sentido, parece que os fatores ambientais e psicológicos têm um papel fundamental no desenvolvimento do TAG, sobretudo por que os estudos sobre alterações na neurotransmissão são escassos e inconclusivos. Segundo Brentini et al. os transtornos de ansiedade não estão relacionados a outros transtornos psiquiátricos, tendo em vista que têm etiologia primária, além de não estarem relacionados ao uso de medicamentos e outras substâncias.

Dentre os diversos transtornos de ansiedade existentes o que os diferencia é a situação desencadeante da ansiedade sentida pelo indivíduo, além do seu curso e do período em que se iniciou, tendo em vista que existem transtornos de ansiedade que se desenvolvem em apenas uma faixa etária, tal como o Transtorno de Ansiedade de Separação que ocorre em crianças. Para o DSM-V (2014), a idade média onde o TAG se inicia é por volta dos 30 anos, porém, pode se estender em um amplo período. Zuardi (2017) corrobora com o exposto pelas autoras e acrescenta que, embora as queixas principais sejam de sintomas físicos, estes são vagos e não sugerem qualquer patologia bem definida. Para Oliveira (2011), a preocupação, apreensão e ansiedade estão mais presentes do que ausentes e refletem nas mais diversas atividades praticadas pelo indivíduo.

Existe uma preocupação desproporcional com o futuro e com isto, apresentam dificuldades de raciocinar baseados pela realidade, que culmina em uma interpretação errada dos fatos e eventos que tomam proporções catastróficas. Porém, vale ressaltar como bem destaca a autora que embora tenham a faculdade de raciocínio prejudicada, esta ocorre devido aos altos níveis de excitação e vigilância decorrentes da ansiedade, contudo indivíduos diagnosticados com TAG apresentam absoluta capacidade de resolução de problemas comuns. Montiel, Bartholomeu, Machado e Pessotto (2014), concordam com o exposto acima ao afirmarem que a ansiedade patológica afeta a capacidade de discriminação, levando o indivíduo a realizar generalizações, além de compreender os eventos ambientais de forma desproporcional e mal adaptativa. Controle a situação: tendência de tentar reduzir a ansiedade através do controle das situações em sua volta, neste sentido, a pessoa acredita que tem o poder de impedir que coisas ruins aconteçam.

Existe uma crença de que se a pessoa não tiver controle sobre tudo a sua volta, sua segurança sairá de seu controle. No entanto, quando o indivíduo percebe que não pode controlar seu ambiente, ele se sente ainda mais ansioso, aumentando os esforços para que ocorra o controle total. Segundo Leahy (2011), isto ocorre pois o indivíduo ansioso tem a crença de que se duas situações estão associadas no tempo, uma será a causa da outra. Evite ou escape: quando o passo três não é colocado em prática, a tendência é que o indivíduo evite a situação como um todo. Para entender como funciona a terapia cognitivo comportamental no tratamento dos Transtornos de Ansiedade, nomeadamente o TAG, é necessário conhecer alguns conceitos que explicam esta teoria.

Desta forma, Rangé (2011) explica que a terapia cognitivo comportamental é uma abordagem psicológica que se baseia em dois princípios, quais sejam: nossas cognições influenciam nossos comportamentos e emoções, e a forma como agimos afeta nossos pensamentos e emoções, ou seja, eventos internos e externos determinam as respostas comportamentais e emocionais. Neste sentido, segundo Leahy (2011), os sentimentos são determinados pela forma como o indivíduo interpreta as situações e, neste sentido, os transtornos psicológicos se desenvolvem em decorrência de uma maneira distorcida de perceber os acontecimentos, influenciando sobremaneira os sentimentos e comportamentos do indivíduo. Para corroborar com isto Reyes e Fermann (2017) afirmam que não é a situação que determina os sentimentos do indivíduo, mas a forma como ele interpreta - e pensa sobre - determinada situação.

Assim Leahy (2011) acrescenta que a ansiedade está diretamente associada ao modo como o indivíduo pensa, sente e reage aos seus pensamentos. Assim, o indivíduo que tem a crença central de que é incompetente, pode ter a atitude de que não adianta se esforçar pois sempre será um fracasso. Pensamentos automáticos: cognições que surgem em determinada situação e que não estão sujeitos à análise racional, associados, geralmente, às crenças centrais e intermediárias. Diante disto, se o pensamento disfuncional for mantido, uma emoção negativa aparecerá, pois, segundo a teoria, os pensamentos influenciam as emoções e comportamentos. Knapp e Beck (2008) elencam alguns exemplos das distorções cognitivas mais frequentes nos transtornos de ansiedade. Raciocínio emocional: considerar que os sentimentos são fatos.

Imperativos: examinar situações e eventos em termos de como deveria ser, desconsiderando como as coisas são de fato. Tendência a afirmações absolutas com o escopo de alterar um comportamento. Exigências feitas aos outros, a si mesmo e ao mundo para preservar-se das consequências da não realização destas exigências. Maximização e Minimização: propensão a minimizar as experiências positivas em si, nos outros e nas situações, ao passo que as experiências negativas são maximizadas. Leahy (2011) acrescenta à esta lista outras distorções cognitivas, tais como: - Previsão do futuro: o indivíduo tende a prever o futuro de forma negativa, considerando que as coisas ficarão piores com o passar do tempo. Segundo os autores, respirar de forma inapropriada acarreta em hiperventilação e no aumento de oxigênio na corrente sanguínea, assemelhando-se aos sintomas vivenciados durante o medo.

Diante disto, o psicólogo deve ensinar o indivíduo a respiração diafragmática que consiste em uma respiração que deve iniciar do diafragma, inspirando pelo nariz e expirando pela boca, sem movimentar o tórax. A psicoeducação, por outro lado, é explicada por Nogueira et al. como uma técnica muito utilizada na TCC, que tem como objetivo orientar o indivíduo sobre diversos aspectos de seu problema, tais como: como suas crenças são construídas e mantidas, consequências de seus comportamentos, como suas crenças e pensamentos negativos repercutem na vida dos outros e, sobretudo, em sua própria vida, além de orientar a família do cliente sobre os aspectos do transtorno do cliente. Assim, segundo os autores supracitados, a psicoeducação é uma maneira de educar o cliente para proporcionar ao indivíduo o controle de suas cognições, reflexões e ideias sobre si, sobre o mundo e como este deve comportar-se frente alguns eventos e contextos, através de atividades que podem auxiliar o cliente em situações em que o terapeuta não esteja presente, além de fornecer dados sobre a etiologia da doença, as diferentes técnicas utilizadas, bem como do prognóstico e epidemiologia deste transtorno.

Este modelo auxilia o cliente a identificar a situação perturbadora e o pensamento automático. Desta maneira, o paciente poderá questionar: "O que aconteceu para eu me sentir assim?". Após identificar o pensamento o paciente deverá analisar a veracidade deste pensamento: “Quais as evidências que comprovam este pensamento?”. Após isto, o paciente deverá substituir este pensamento por afirmações mais plausíveis. Os autores referem que é necessário que o cliente compreenda que a ansiedade é consequência das interpretações distorcidas que faz das situações relacionadas à ela. Segundo Wright, Basso e Thase (2008), o terapeuta cognitivo comportamental poderá ensinar ao seu cliente a técnica do automonitoramento, que tem como escopo ampliar a habilidade de metacognição, com o escopo de o paciente constatar a forma como pensa, sente e se comporta devido às suas crenças.

O terapeuta deve recomendar que, frente a uma situação aversiva, o indivíduo identifique o que está pensando, sentindo e fazendo. Os autores acima citados ainda acrescentam que o cliente poderá utilizar o Registro dos Pensamentos Disfuncionais (RPD) que consistem em um instrumento comumente utilizado para monitorar quais os pensamentos do paciente diante de um determinado contexto ou situação, e, em posse desses pensamentos, o terapeuta poderá utilizar a técnica da flecha descendente, que tem como objetivo encontrar as crenças centrais que produzem determinadas emoções e comportamentos no paciente. Segundo Beck (2014) o terapeuta deverá realizar o treino das habilidades sociais que consiste em ampliar e desenvolver novas habilidades cognitivas como habilidades verbais, comportamentais e automonitoramento, com o propósito de ensinar o cliente a compreender e lidar de maneira mais assertiva com o ambiente.

Nesta situação, o terapeuta solicita que faça uma lista com situações em que o indivíduo demonstra dificuldades para resolver. Isto se justifica pois cada paciente é único, dado sua história de vida, conjunto de crenças, pensamentos, percepções, emoções e comportamentos que ocasionam consequências diversas. Conclusão O presente trabalho proporcionou analisar e compreender a eficácia da TCC no tratamento do TAG. Para tanto, foi realizado uma pesquisa bibliográfica em bibliotecas virtuais de periódicos científicos para garantir a confiabilidade do material consultado. O fenômeno aqui estudado, é bastante complexo, não podendo apenas ser restringido à uma condição particularmente cognitiva. Deve-se, entretanto, levar em consideração o contexto social, cultural, e individual do qual o self foi constituído. Manual clínico de transtornos psicológicos.

eds. Porto Alegre: Artmed; p. Beck, Judith (2014). Terapia Cognitivo comportamental: teoria e prática. a edição. Porto Alegre: Artmed. Guimarães, Ana Margarida Voss et al. Transtornos de ansiedade: um estudo de prevalência sobre as fobias específicas e a importância da ajuda psicológica. Ciências Biológicas e da Saúde - Maceió , v. Rev. bras. ter. cogn. Rio de Janeiro , v. Montiel, José Maria, Bartholomeu, Daniel, Machado, Afonso Antonio, & Pessotto, Fernando. Caracterização dos sintomas de ansiedade em pacientes com transtorno de pânico. Boletim - Academia Paulista de Psicologia, 34(86), 171-185. Recuperado em 09 de outubro de 2019, de http://pepsic. bvsalud. Revista das Ciências da Saúde do Oeste Baiano - Higia ; 2 (1): 108 – 120. Oliveira, Maria Inês Santana (2011). Intervenção cognitivo comportamental em transtorno de ansiedade: relato de caso.

Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. Disponível em: http://pepsic. org/10. Sistema Único de Saúde - SUS (2015). Transtorno de Ansiedade Generalizada - Protocolo Clínico. Disponível em: http://www. saude. Disponível em: http://dx. doi. org/10. issn. v50isupl1.

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