O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA SUA RELAÇÃO COM BENS E SERVIÇOS: A ECONOMIA COMPARTILHADA NA PERSPECTIVA DO MERCADO DE VEÍCULOS

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Economia

Documento 1

O objetivo central do trabalho foi analisar a entrada da Uber no Brasil, considerando como tem sido o seu processo de evolução, no país, a partir da sua relação com os consumidores e suas estratégias de marketing. Buscou apresentar, inicialmente, conceitos relacionados ao capitalismo e a consumo, com base na conjuntura da economia compartilhada e do consumo colaborativo, cujos conceitos também foram analisados, ao longo da pesquisa. Do ponto de vista metodológico, trata-se de um Estudo de Caso, que visou realizar, no seu inicio, uma revisão da literatura sobre o tema. O caso estudado é o da empresa UBER, no contexto específico do Brasil, em razão das consideráveis inovações mercadológicas promovidas pela empresa. A noção de economia compartilhada apresenta-se como uma tendência capaz de redefinir as relações entre consumidores e produtos e serviços, especificamente no que se refere a veículos compartilhados.

A economia compartilhada indica uma expressão auto-explicativa. Trata-se de um conceito relacionado ao compartilhamento de bens e serviços. Supera-se, assim, a noção do consumismo enquanto iniciativa eminentemente individual, ampliando-o à possibilidade de que diversas pessoas sejam usuárias de um mesmo produto ou serviço, de maneira colaborativa. A rede de consumo colaborativo, inserida na perspectiva da economia compartilhada, permite que uma considerável diversidade de produtos esteja em locais específicos de distribuição, permitindo, por exemplo, que determinado indivíduo alugue um produto por determinado tempo. O aluguel de bicicletas, em locais públicos como a Avenida Paulista, é um interessante exemplo de expressão do consumo colaborativo. Entretanto, a contemporaneidade tem apresentado novas perspectivas nas relações entre indivíduos, produtos e marcas. Deve-se destacar, assim, o papel daquilo que se pode entender como economia compartilhada, na atualidade.

É notável uma mudança na postura dos consumidores, de maneira geral, que buscam, através do acesso aos diversos produtos, vivenciar as experiências que esses mesmos produtos podem proporcionar. Assim, a cultura desenvolvida pelo capitalismo tradicional, de buscar a prática constante do consumo, passa a ser redefinida. Choi et. da seguinte forma: Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe.

O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador (FONSECA, 2002, p. Para que cumpra a sua pretensão como de estudo de caso, fará a descrição do mercado no qual atua a Uber, analisando as características específicas da empresa. O histórico da Uber também envolve episódios polêmicos, sobretudo em relação às discussões sobre se motoristas da Uber devem se submeter à legislação trabalhista. No histórico da empresa, destaca-se o lançamento da categoria Uberpool, em 2016, no qual o passageiro pode pagar 40% a menos ao compartilhar o carro com outras pessoas, assim como, no mesmo ano, a aliança com empresas como Ford, Volto e Google para a entrada de carros autônomos no mercado norte-americano.

Auto- Esporte, 2017) O produto essencial da Uber é o transporte compartilhado, sendo a sua plataforma de atuação o aplicativo desenvolvido para as mais diversas plataformas de smartphones. Entretanto, o desenvolvimento e a popularização do aplicativo ocorreram no ano de 2010, portanto, posteriormente ao início das atividades da empresa. No âmbito da economia e das sociedades, o automóvel sempre foi um bem consideravelmente relevante. Para o uso dos serviços da Uber, basta realizar o cadastramento do perfil do usuário no aplicativo, sendo possível realizar o pagamento de diversas formas. O mercado era basicamente monopolizado por taxis, ao longo de toda a sua história. A grande revolução das atividades da Uber foi apresentar-se a esse mercado a um nível que impossibilitou a competição dos taxis em relação à empresa, graças à sua interatividade e baixos custos aos usuários.

Alguns estudos, como o realizado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (2015), apontam que no Brasil, a empresa Uber não usurpou clientes de taxis, mas, indo além, criou uma nova demanda para o mercado de transportes coletivos. Assim: Em outras palavras, a análise do período examinado, que constitui a fase de entrada e sedimentação do Uber em algumas capitais, demonstrou que o aplicativo, ao contrário de absorver uma parcela relevante das corridas feitas por taxis, na verdade conquistou majoritariamente novos clientes, que não utilizavam serviços de taxi. Zheng el at (2009) entendem o carsharing se destaca porque sempre como desincentivo à compra do carro, sendo mais conveniente ao cliente. Nesse sentido, o impacto direto na indústria automobilística diz respeito à necessidade das montadoras criarem parcerias com empresas como a Uber, conforme exposto acima, no sentido de ampliarem a venda direta.

Detalhamento do crescimento da atuação da empresa Uber, no contexto internacional e brasileiro Os fatos que levaram ao problema objeto da presente análise dizem respeito ao exponencial crescimento da empresa Uber, no contexto brasileiro. Do ponto de vista teórico, então, trata-se da disseminação da economia compartilhada, a partir de métodos de consumo colaborativo. Os resultados apresentados pela empresa, seja no contexto global, ou no contexto brasileiro, são expressivos e favoráveis. A ordem é compartilhar: Os serviços de carros compartilhados podem ser considerados atualmente um nicho. Ao redor do mundo, e mesmo aqui no Brasil, eles estão restritos a pequenos grupos de pessoas em grandes metrópoles. Mas a tendência é que se transformem em algo grande – muito grande. Uma pesquisa da consultoria americana Mckinsey prevê que os serviços tecnológicos, que incluem compartilhamento e venda de aplicativos para centrais multimídias dos automóveis, serão responsáveis por uma receita de US$ 1,5 trilhão em 2030.

Istoé Dinheiro, 2016, online) A economia compartilhada, aplicada à indústria automobilística, permite perceber que os consumidores preferem a possibilidade de utilizar diariamente carros diferentes sem que necessariamente precisem comprá-los. Os serviços comercializados pela empresa restringem-se às caronas remuneradas. Por essa razão, a empresa adentrou em um nicho de mercado historicamente dominado pelos taxis. Em diversos países do mundo houve questionamentos acerca da necessidade de regulamentação das atividades da empresa, uma vez que prestava serviços semelhantes aos taxis, sem enfrentar a malha burocrática que as empresas de taxi tradicionais normalmente têm que enfrentar. Acerca da natureza econômica do serviço prestado pela empresa Uber, aponta Mello (2016, p. O serviço prestado através do aplicativo UBER é muito similar ao tradicional serviço de transporte individual prestado por táxi.

Por outro lado, são basicamente idênticos aos serviços prestados na modalidade IV. Mello, 2016, p. A precificação ocorre através da consideração da extensão da distância, do horário da corrida e do perfil do motorista. Em todos os sentidos, trata-se de vários tipos de sub-serviços cujos preços são incomparáveis, em relação às práticas tradicionais de transporte coletivo, como os taxis. A questão da concorrência entre a empresa Uber e os taxis é particularmente complexa, uma vez que a empresa Uber, ao mesmo tempo em que presta serviços bastante semelhantes aos taxis, também foi capaz de criar uma demanda de mercado inexistente. Alguns elementos relacionados ao modo de atuação da empresa explicam o sucesso no caso brasileiro, conforme apontam Chiodi e Evangelista (2016, p.

Do ponto de vista da opinião pública, parece claro uma guinada em favor do UBER no embate com os taxistas e isso se dá por várias razões. Uma delas é que o argumento de ilegalidade dos taxistas se fragilizou bruscamente com os frequentes ataques a carros UBER. Afinal, como poderá ser evocado um argumento de fundamento legalista quando ao invés de esperar por decisão judicial muitos taxistas danificam carros UBER, entre outras ações como tirar passageiros de um carro UBER à força e obrigar a pegar um taxi11? A segunda razão é que a cobertura jornalística do conflito tende a vitimizar o UBER, reduzindo a empresa a seus “parceiros” motoristas na alcunha de trabalhadores brasileiro, reduzindo também, em boa medida, a controvérsia da entrada da plataforma no Brasil a um embate: uber ou taxi? Esse clima de rivalidade futebolística, a abordagem que faz a questão parecer a escolha de uma coisa ou de outra, certamente ressoa na opinião pública12.

A terceira razão é que o discurso da empresa UBER que se sustenta num imaginário de inovação e de tecnologia facilitadora conquista muitos usuários que acabam por associar os taxis a um modelo de política em crise e com corrupção. Hoje, o Uber está instalado em um escritório moderno, que ocupa um andar inteiro de um prédio na Market Street, uma das principaisvias de São Francisco. Os sinais típicos de uma startup de sucesso estão por toda parte: espaços para reunião sem portas nem paredes e mesas em que os funcionários podem erguer o monitor e o teclado para trabalhar em pé — ficar sentado é o “novo fumar”, como dizem no Vale do Silício. Café, bebidas saudáveis e barras de cereais estão à disposição de todos os funcionários na cozinha.

O almoço é servido gratuitamente e uma torneira de chope (a Uber Beer) embala a happy hour. Mas a história do Uber começou do outro lado do Atlântico, numa noite de nevasca em Paris, em 2008 — ou pelo menos é o que diz o mito de sua fundação. O que está avançando muito é a concentração do nicho pela rapidez, hoje, de se tornar um negócio com uma base de milhões de usuários. Isso envolve um processamento de dados e um custo inicial muito elevados. Tanto é que a gente não vê surgindo a cada dia um novo Uber. Surgem novos, mas não a cada dia. É um mercado que, por ter inovação tecnológica envolvida, é concentrado por natureza. Usuários de serviços de transporte individual via aplicativos, como Uber, Cabify e 99Taxis, recebem múltiplas mensagens semanais oferecendo descontos para suas viagens.

Essa estratégia tem a ver com a disputa de um mercado novo, estruturado na última década — no Brasil, apenas nos últimos anos — e que suscita questões trabalhistas, políticas, urbanas e de regulamentação. Trata-se de plataformas digitais que oferecem serviços de transporte sob demanda. Elas funcionam da seguinte forma: a empresa desenvolve a tecnologia que permite que motoristas se cadastrem e encontrem seus clientes através dela. Em troca, a empresa recolhe uma porcentagem fixa sobre o ganho desse motorista a cada corrida que ele faz usando o aplicativo, considerando-o, no entanto, como um prestador de serviço autônomo: não há vínculo empregatício reconhecido entre o motorista que faz uso da plataforma e a empresa. Essa ampliação nos aportes financeiros foi fundamental para o crescimento do Uber a nível global permitindo, por exemplo, a entrada em mercados como o do Brasil.

A chegada da empresa Uber no Brasil ocorreu não apenas pela alta demanda de empresas que oferecessem serviços inovadores no que se refere ao transporte coletivo, mas sobretudo, pelo fato de que por se tratar de uma empresa essencialmente ligada às tecnologias, o país mostrou-se como um mercado atraente. Exemplo disso está na Figura 1, a seguir, que mostra o Brasil como um dos países que mais acessa a internet, nas suas mais diversas plataformas: FIGURA 1 – PORCENTAGEM DE USUÁRIOS DA INTERNET MÓVEL EM ALGUNS PAÍSES FONTE: www. folha. uol. O número de corridas da Uber já supera o número de corridas dos taxis, no contexto norte-americano, conforme aponta o Gráfico 3: GRÁFICO 3 – COMPARATIVO ENTRE O NÚMERO DE CORRIDAS DA UBER E DOS TÁXIS NOS EUA ENTRE 2014 E 2015 ENTRE EXECUTIVOS E VIAJANTES À NEGÓCIOS FONTE: adaptado de www.

quettra. com/research/rise-of-uber-in-the-usa (2015). Essa tendência de superação dos serviços de taxis deve-se, também, pela disseminação das práticas da economia compartilhada, voltadas à inovação e à busca, por parte dos clientes, por se tornarem usuários, demandando práticas inovadoras. Entretanto, no contexto brasileiro, a questão também tem levantado uma série de protestos, por parte dos taxistas, contra as atividades dos motoristas da Uber. No Brasil, atualmente, está presente em mais de 100 cidades, tendo, no país, mais de 500 mil motoristas parceiros e mais de 17 milhões de usuários (Uber, 2017). CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho buscou apresentar a discussão acerca da entrada da empresa Uber, no contexto brasileiro, analisado as suas estratégias de negócio e o desenvolvimento da sua relação com os clientes.

Realizou um estudo de caso envolvendo a empresa Uber, no contexto brasileiro, a partir da análise do seu histórico de atuação, do mercado no qual está inserida, dos serviços oferecidos e do crescimento exponencial apresentado ao longo dos últimos anos. Os resultados apresentados foram analisados, de maneira a ser suficiente para afirmar que a empresa Uber representa o exemplo mais bem sucedido da economia compartilhada. Assim, é possível concluir apontando que a economia compartilhada e o consumo colaborativo é uma tendência na dinâmica econômica. html. Acesso em 06 de dezembro de 2017. AZEVEDO, P. F. Pongeluppe, L. pdf. Acesso em 25 de novembro de 2017. BAUDRILLARD, J. Para uma crítica da economia política do signo. São Paulo: Martins Fontes, 1995. Uber e Netflix são a ponta do iceberg da economia compartilhada.

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