Olhos da Justiça The Secrete in Their Eyes, 2015

Tipo de documento:Resenha

Área de estudo:Direito

Documento 1

Por um lado, temos a sensação que estamos diante de um caso de impunidade em termos penais. Por outro, somos obrigados a colocar em perspectiva as implicações de acontecimentos de ordem supranacional que estruturam a atuação de forças policiais e do sistema de justiça como um todo. O filme se desenvolve em 2 temporalidades distintas. Com idas e voltas em forma de flashbacks, o estupro e assassinato de uma jovem acontece em 2002, na sequência dos atentados terroristas do 11 de setembro de 2001 que derrubaram as Torres Gêmeas em Nova York, e que precipitaram nos Estados Unidos o surgimento da chamada Guerra contra o Terror. Outro encadeamento de eventos relacionados com estes se desenrolam 13 anos depois, em 2015. Vemos também a progressiva descrença de Ray no sistema penal como capaz de exercer sua função, fazendo com o que esse personagem opere frequentemente nos limites da lei e de seu cargo enquanto agente legítimo da lei.

O principal motivador para a reabertura do caso, 13 anos depois do ocorrido, é justamente a obsessão pessoal do investigador Ray Kasten em encontrar o assassino de Carolyn e garantir que ele responda pelo crime que cometeu. No fim do longa-metragem, no entanto, nos damos conta que o descrédito de Ray no sistema penal não é maior que o de Jessica. Ao não acreditar que Marzin jamais sofreria a punição devida pelo crime que cometeu, Jessica – que, lembremos, permanece a todo momento uma agente da lei – decide fazer justiça com as próprias mãos e condena ela mesmo o assassino de sua filha à prisão perpétua, mantendo-o em cárcere privado por 12 anos no quintal de sua casa. A personagem de Jessica expressa verbalmente para Ray e Bumpy que a pena de morte seria uma punição “boa demais” para o assassino de Carolyn e que preferiria que este passasse sua vida toda apodrecendo na cadeia, vivendo uma vida “cheia de nada”.

No caso em questão, os próprios agentes da segurança pública agiram contra a ordem pública, seja de forma independente, ou de maneira institucional. Enquanto futuro operador do Direito, não concordo absolutamente com a resolução justiceira (vingança privada, fora da lei) perpetrada por Jessica e Ray. Reconheço, entretanto, que haveria muito poucas margens de manobra para fazer valer o controle social do crime neste caso. Nesse sentido, provavelmente adotaria a postura resignada da personagem de Claire Sloan, entendendo que as contradições do sistema penal são intrínsecas a ele, por estar inserido na estrutura do Estado, onde operam interesses antagônicos de agentes diversos. Finalmente, o título do filme faz referência ao método usado por Ray para chegar ao assassino presumido de Carolyn, através da análise do olhar, da maneira suspeita como Marzin observa Carolyn, sua vítima, em algumas fotos, construindo todo seu caso em cima dessa suspeita.

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