OS DIREITOS HUMANOS NA LUTA PELA TERRA: UMA INTERFACE COM A PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

De acordo com diversos autores como Navarro (1996), Picolotto (2007), entre outros, os movimentos sociais rurais se expõem através de ações coletivas, agindo como resistência à exclusão que sofreram e causando novas dinâmicas sociais no campo. Levando isto em consideração, este artigo vai propor um diálogo entre Psicologia Social Comunitária e os Direitos Humanos na luta do homem pela terra, expondo seu viés combativo, tendo as contestações sociais se deslocado do mundo do trabalho para a vida cotidiana, com suas múltiplas demandas materiais e simbólicas que giraram em torno do reconhecimento de identidades e da maneira de vida camponesa, evidenciando-se a politização dos costumes e práticas relativos ao modo de vida tradicional (MIRANDA, E. L. FIUZA, A. L. À partir dos anos 60, muitas trabalhos de psicologia foram realizados em comunidades de baixa renda, com o objetivo de apaziguar a visão de que profissão era elitizada e procurar melhorar a qualidade de vida da população trabalhadora.

Isto criou todo um novo universo teórico e prático que passou-se a chamar ”psicologia comunitária”, ou ”psicologia na comunidade” (Freitas, 1994). Góis (1993), um famoso estudoso do assunto, explica a psicologia comunitária como: Uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários. Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade. Seu problema central e a transformação do indivíduo em sujeito (GOIS, 1993, n.

Assim o estudo das políticas sociais nos mostra os problemas sociais, as estratégias para resolvê-los e o método de trabalho que será utilizado na intervenção social, fomentando complexidade a essa relação devido aos obstáculos que a contribuição da Psicologia Comunitária gera às políticas públicas e sociais. No entanto, por mais que esta relação seja complexa e por vezes gere ponderações contradórias, são partes de um mesmo universo e melhoram nossa percepção da realidade, sendo assim, uma área completa a outra, fornecendo uma visão mais abrangente do cenário analisado. Um olhar sobre os Direitos Humanos Falar deste assunto geralmente incita atritos entre os grupos envolvidos, isto ocorre devido à problemática ligada à democracia e paz, pois reconher e proteger os direitos do homem já estão na base das Constituições democráticas modernas, enquanto a paz é considerada necessária para o efetivo reconhecimento e proteção dos direitos humanos em cada Estado e no sistema internacional.

Por isso, direitos humanos, democracia e paz constituem um tripé cuja existência é necessária no mesmo momento histórico, pois se os direitos do homem não forem reconhecidos e protegidos, não haverá democracia e sem democracia, não existirão as condições mínimas para a pacificação de conflitos (BOBBIO, N. É válido ponderar, no entanto, que não há direito sem obrigação; e não existe nem direito nem obrigação sem uma norma de conduta. Por isso o problema principal à respeito dos direitos humanos na atualidade não é justificá-los, mas sim protegê-los, sendo uma questão política, não filosófica. Devido a isso, podemos concordar com Norberto Bobbio quando declara em sua famosa obra, A Era dos Direitos, que: Não se trata mais de saber quais e quantos são os direitos humanos, qual é sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados (BOBBIO, N.

p. Utilizando nosso país como exemplo da veracidade desta afirmação escrita há tantos anos, temos que os Direitos Humanos no Brasil são definidos no art. a partir do caput: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. p. Lembrando que ethos representa o mundo do dever ser. Entretanto o mundo real oferece um cenario muito diferente e faz com que “o ethos dos direitos do homem resplandece nas declarações solenes que permanecem quase sempre, e quase em toda parte, letra morta” (BOBBIO, N. p. A evolução dos Movimentos Sociais Sabemos que a psicologia social foca na exploração das relações interpessoais (LANE, 1981; RODRIGUES, 2002) e que estas interações entre o indivíduo e a comunidade possibilitaram enfatizar a importância da formação dos grupos, verificando assim o surgimento da psicologia comunitária que veio para aumentar o enfoque social, promovendo alterações por meio do comprometimento ético e político (AZEVEDO, A.

ONGs e outras entidades do terceiro setor, assim como entidades do poder público administrativo, iniciam pesquisas empíricas sobre alguns movimentos sociais a fim de obter dados para seus planos e projetos de intervenção na realidade social (GOHN, 2009, p. Podemos concluir então que as transformações que aconteceram no planeta desde meados do século passado influenciaram modificações no enfoque dos movimentos sociais, especialmente na América Latina, que não se limitaram à política, à religião, demandas sócio-econômicas ou trabalhistas. Há também movimentos por reconhecimento, culturais e por direitos sócio-culturais (RIBEIRO, P. S. Os movimentos sociais rurais Dentre todos os movimentos sociais existentes, vamos dar enfoque aos movimentos sociais rurais, devido a seu ativo papel na luta pela garantia aos direitos dos grupos excluídos dentro da população brasileira por meio de ações coletivas, atuando como resistência à exclusão e incitando novas dinâmicas sociais no campo (NAVARRO, 1996; PAOLI e TELLES, 2000; PICOLOTTO, 2007).

L. Portanto, isto mostra que os estudos nesta área precisam ser dinâmicos e constantes, para que possamos verdadeiramente entender as reais complexidades destes movimentos e conseguir agregar positivamente em sua, já há muito tempo justificada, luta. V – Problematização “Fazer psicologia comunitária é estudar as condições (internas e externas) ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade, ao mesmo tempo que, no ato de compreender, trabalhar com esse homem a partir dessas condições, na construção de sua personalidade, de sua individualidade crítica, da consciência de si (identidade) e de uma nova realidade social”. GOIS, 1993, n. p) --- Achei esta frase interessante, poderia usa-la em alguma parte É preciso identificar a questão ou as questões-chaves do trabalho a desenvolver.

Eu tô aqui desde o começo, fazem quatro anos, não vejo a hora de poder ter minha horta, cria meus porcos e galinhas pra vender na feira, você viu ali meus porquinhos, só posso ter aqueles para nós comermos aqui, é o que dá para fazer". INTERVINDO: Foi feita rodas de conversas onde puderam trocar informações em torno das expectativas e frustações, foi proposto que todos ouvissem os demais de forma respeitosa e que todos teriam oportunidade de falar e serem ouvidos. Demonstraram resistência, mas aos poucos foram falando. Foi possível observar os olhares e gestos de surpresa entre o grupo ao se depararem com as mesmas questões. A conversa foi fluindo de modo que para que a estudante de psicologia não estivesse mais lá.

Por isso o nome do acampamento é Aeroporto, faz parte do Projeto Casulo de Agricultura Familiar, representado pelo Sindicato Rural de Andradina SP. Conta hoje com vinte famílas e aproximadamente sessenta pessoas, sendo seis adolescentes, três crianças, e os demais são adultos, dentre os adultos um faz tramento contra um CA. O assentado com CA, diz ser seu maior problema o fato de não ter sua casa organizada para maior conforto, como requer sua questão de saúde. Houve no acampamento mais de 50 familias, hoje são menos porque de acordo com os que lá permanecem, a liderança não aceita ser pressionada quanto ao desfecho da terra, e por assim ser, "sempre expulsa quem reclama". Outra questão apresentada por várias das mulheres é o sofrimento pelos seus maridos precisarem se ausentar por semanas e, as vezes até meses trabalhando para trazer o pão, sentem inseguras por ficarem a sós, dizem que "se a terra já tivesse sido cortada seus maridos, juntamente com elas estariam trabalhando na terra sem precisar se ausentar.

Acesso em: 28 ago. MARTINE, G. Os dados censitários sobre migrações internas: evolução e utilização. In: ABEP (Associação Brasileira de Estudos Populacionais). Censos consensos contra-sensos. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2016. p. il. ISBN: 978-85-420-0900-2 GOHN, M. G. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. BOBBIO, N. A era dos direitos. — Nova ed. de L. Noções de psicologia comunitária, Fortaleza, Edições UFC, 1993. RODRIGUES, A. Psicologia social para principiantes. a ed. FIUZA, A. L. Movimentos Sociais Rurais no Brasil: o estado da arte. RESR, Piracicaba-SP, v. n. Acesso em: 10 set. NAVARRO, Z. Democracia, cidadania e representação: os movimentos sociais rurais no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (1978-1990). In: NAVARRO, Z. Org. Cultura e política nos movimentos sociais latino-americanos: novas leituras.

BeloHorizonte: Ed. UFMG, 2000, p. PICOLOTTO, E. L. Rappaport & E. Seidman (Eds. Handbook of community psychology (pp. Nueva York: Kluwer Academic-Plenum Publishers. BRASA. Disponivel em: <https://brasilescola. uol. com. br/sociologia/movimentos-sociais-breve-definicao. htm>.

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