PORTFÓLIO: UMA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 2016 AUTORA: TÂNIA GISELA BIBERG-SALUM

Isso porque possibilita “avaliar múltiplas capacidades como a de articular e solucionar problemas complexos, a de trabalhar colaborativamente, a de conduzir a pesquisa solucionando projetos”. Na área das escolas médicas, o portfólio é ainda pouco usado, mas sua proposição é uma estratégia inovadora e que pode, justamente, ajudar a combater o autoritarismo ainda presente na avaliação e organização pedagógica segundo Villas Boas (2005). Os portfólios também podem ser nomeados diários de bordo ou dossiês e suas aplicabilidades apontam para vantagens também do ponto de vista linguístico, uma vez que sua organização requer uma condução textual dos temas. Quando o aluno passa a relatar o seu processo de trabalho e aprendizagem, tem favorecida a sua capacitação verbal, o que é fundamental para a formação em qualquer que seja a área do conhecimento, de acordo com a autora, posição que nos parece bastante acertada.

No que tange às classificações, os portfólios podem ser particulares, de aprendizagem, demonstrativos, docentes e webfólio, este último, segundo a autora, é um recurso que permite armazenar, via tecnologia, toda a informação ligada à trajetória de um estudante. o portfólio, além dos vários trabalhos produzidos e selecionados, representativos da vida universitária, contém ensaios auto-reflexivos. São úteis para demonstrar habilidades, competências e valores desejados pela instituição onde o estudante se insere para os processos de formação. Interessante assinalar que, além dos traços cognitivos, o portfólio pode ajudar a ilustrar o desenvolvimento afetivo e psicomotor, conforme referências trazidas pela autora. O uso do portfólio permite, ainda, avaliar conexões de conteúdos aprendidos em aula com o contexto vivencial do aluno, o que se torna especialmente relevante dentro dos parâmetros da psicopedagogia contemporânea.

Não apenas o empenho do estudante estaria expresso no portfólio, mas as estratégias de ensino a que foi desafiado, o que o torna um documento ainda mais relevante nos ambientes escolares para reflexões posteriores acerca da metodologia de ensino adotada. Acreditamos, na linha da pedagogia contemporânea, que a construção de sentido é fundamental em qualquer processo de aprendizagem. Se muito desvinculado do universo sensível do estudante, o portfólio, ainda que tecnicamente executado, não terá a mesma eficiência como documentação de um processo significativamente construído por ele ao longo de seus estudos. Quanto à elaboração do portfólio, a autora considera a importância da fundamentação teórica, pois é preciso que: “forneça subsídios para a concepção de uma avaliação formativa” (BIBERG-SALUM, 2016, p.

É nessa etapa que se definem objetivos, procedimentos e critérios. A pesquisadora destaca que é desse cuidado preliminar que irá depender a viabilidade do portfólio em cada contexto de avaliação. Acreditamos que essa oportunidade de seguir trabalhando é, de longe, mais acertada do que a mera eliminação do sujeito com uma nota baixa taxativa, uma vez que não se está no processo em função do que se pode alcançar em termos de pontos mas de efetiva aprendizagem e, muitas vezes, se aprende fazendo e refazendo. Os critérios de avaliação são sugeridos por meio de um quadro, o que é interessante para a organização dos pesos destinados a aspectos diferentes dessa observação. Dois núcleos fundamentais surgem nesse sistema: conteúdos, para os quais se sugere um peso de 70%; e atitudes, valoradas em 30%.

Na primeira situação encontram-se qualidade, criatividade e representatividade, enquanto os aspectos atitudinais incluem, logicamente, assiduidade na entrega, participação, cooperação, espírito de abertura, entre outros. Uma das características importantes apontadas por Biberg-Salum (2016, p.