RESENHA DO LIVRO A BANALIZAÇÃO DA INJUSTIÇA SOCIAL Análise crítica

Tipo de documento:Resenha

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

A Psicopatologia do Trabalho tem na obra de Dejours, uma de suas principais fontes atuais de referência trás sua visão de sofrimento no trabalho, com novas luzes sobre essa especialidade e contribuído com inúmeras obras para o seu desenvolvimento. Na verdade, homens e mulheres criam defesas contra o sofrimento padecido no trabalho. As "estratégias de defesa" são sutis, cheias mesmo de engenhosidade, diversidade e inventividade. Mas também encerram uma armadilha que pode se fechar sobre os que, graças a elas, conseguem suportar o sofrimento sem se abater. Dejours, 1999, p. Para os que nela incorrem, o sofrimento é uma adversidade, é claro, mas essa adversidade não reclama necessariamente reação política. Pode justificar compaixão, piedade ou caridade. Não provoca necessariamente indignação, cólera ou apelação coletiva.

O sofrimento somente suscita um movimento de solidariedade e de protesto quando se estabelece uma associação entre a percepção do sofrimento alheio e a convicção de que esse sofrimento resulta de uma injustiça. Evidentemente, quando não se percebe o sofrimento alheio, não se levanta a questão da mobilização numa ação política, tampouco a questão de justiça e injustiça. Como desdobramento eventual deste, tem-se a clivagem, uma bifurcação que começa com o recalque do lado ruim de algum conteúdo, de modo que a vida possa seguir com base no que existe de bom no sistema. E, por fim, ainda que haja mais tipos de defesas na literatura, destaco as racionalizações, que são esforços de se encaixar o que não faz sentido em nosso gabarito de realidade aceitável.

É penetrando mais fundo no mundo do trabalho que podemos prosseguir a análise da tolerância social ao sofrimento e injustiça. De fato, na terceira etapa do processo opera-se uma nova clivagem, não mais entre sofrimento e indignação, mas entre duas populações: os que trabalham e os que são vítimas do desemprego e da injustiça. DEJOURS, 1999, p. fragilidade crescente das organizações sindicais. Essa an lise, embora justa, é incompleta. Afinal, a fragilidade dos sindicatos é causa ou consequência? (Dejours, 1991. P. O autor ainda se aproxima de uma resposta à questão que muitos fazemos “Por que a maioria das pessoas tolera um sistema que gera tanto sofrimento e injustiça”? Na análise do sistema nazista, a ênfase quase sempre recaiu sobre a elucidação do comportamento dos chefes militares ou civis.

E tem também a conivência da crise ambiental e a emblemática do nazismo (longe de ser caso único ou coisa antiga), na qual atrocidades contaram com uma colaboração ativa da população. Outra causa frequente de sofrimento no trabalho surge em circunstâncias de certo modo opostas aquelas que acabamos de mencionar. Não estão em questão a competência e a habilidade. Porém, mesmo quando o trabalhador sabe o que deve fazer, não pode fazê-lo porque o Impedem as pressões sociais do trabalho. Colegas criam-lhe obstáculos, o ambiente social é péssimo, cada qual trabalha por si, enquanto todos sonegam informações, prejudicando assim a cooperação etc. Ao final, enfatiza que para desbanalizarmos o mal é fundamental atacarmos as causas de sofrimento psíquico e físico no trabalho, a alienação, a bobeira da virilidade e as mentiras institucionalizadas, para que voltemos a nos sensibilizar, parar de contribuir e nos mobilizar, e quem sabe, transformar essa sociedade doente em que vivemos.

O trabalho pode ser mediador da emancipação, mas, para os que têm um emprego, também continua a gerar sofrimentos, como mostraram as pesquisas em psicodinâmica do trabalho nos últimos 15 anos; não apenas sofrimentos já conhecidos, mas novos sofrimentos especificamente ligados à nova gestão, sobretudo entre os gerentes, como veremos mais adiante. DEJOURS, 1999, p. Por fim, analisando os principais apontamentos da obra, chega-se ao entendimento de que a obra de Dejours representa um marco da Psicopatologia do Trabalho. Desta forma o autor ressalta que quanto isto não ocorre e tais esforços são vistos com indiferença, ou nem são vistos, “isso acarreta um sofrimento que é muito perigoso para a saúde mental (. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getulio Vargas, 1999.

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