Resenha: O contato com o mundo

Por isso, além da utilização dos óculos, os autores fazem algumas recomendações para facilitar a rotina do idoso. Assim, recomendaria a um cliente com problemas de visão que mantivesse seus óculos sempre por perto, e, para facilitar as ocasiões de leitura, indicaria um bom e confortável posicionamento da cabeça para aproveitar a iluminação do ambiente, além da utilização de uma lente acoplada em algum móvel ou montada no chão. Além disso, recomendaria a utilização de uma pequena lanterna portátil para eventuais leituras fora de casa, tal como em um restaurante, onde as letras do cardápio costumam ser pequenas. Para evitar que se esbarre em uma pessoa ou móvel e se machuque, a sugestão é para utilizar óculos escuros na rua enquanto tiver sol e tirá-lo quando entrar em um ambiente escuro.

Desta forma, o indivíduo evitará que seus olhos sofram com a luminosidade, e a visão reduza ainda mais com a mudança de ambiente. Na iminência de ter que conversar com algum desconhecido que não sabe de sua condição, deverá deixar claro para ele que não ouve com facilidade. Além disso, deverá falar em um tom mais alto, sem que soe agressivo, para que os outros façam o sempre o mesmo. Para o caso de não entender ou não ouvir corretamente o que o interlocutor disse, poderá pedir que repita para responder corretamente ou não ter de concordar com uma fala inapropriada. Se tiver problemas visuais além dos auditivos, deverá pedir que amigos e familiares anunciem sua chegada em alto e bom tom, que batam com força na porta, ou até mesmo que cheguem sempre pela frente ou pelo lado, nunca por trás, para evitar que se assuste.

Conforme Skinner e Vaughan (1985), outra consequência do envelhecimento é a perda do paladar e olfato e, devido a isto, a tendência é que o idoso coma menos. Independente de qual seja o sentido afetado e o grau de dificuldade do indivíduo, o problema repercute na saúde mental da pessoa em questão, devido a rejeição que sofre pelas dificuldades que o envelhecimento impõe e pela dificuldade de superar a diferença em relação aos outros. Além disso, devido as dificuldades que a redução dos sentidos acarreta, tais como ouvir, se locomover e enxergar, é comum que o idoso passe a se isolar socialmente, deixando de interagir socialmente. Em decorrência desta incapacidade, o idoso tem sua qualidade de vida reduzida, falta de objetivos e diminuição da satisfação com o mundo e, neste sentido, pode sentir-se angustiado, triste, desanimado e desenvolver até mesmo transtornos mentais, tais como ansiedade e depressão.

Segundo Queiroz (2014) em decorrência dos problemas do sentido (visão, audição, tato e paladar), os indivíduos, especialmente os idosos, perdem seus papéis ocupacionais e sociais, e, dependendo da disponibilidade do suporte afetivo familiar, pode acarretar em isolamento e segregação que viabilizará o surgimento de depressão ou ansiedade. Porém, conforme Skinner e Vaughan (1985), algumas pessoas aceitam o envelhecimento mesmo com suas desvantagens e perdas, por outro lado, outras não conseguem ressignificar a nova fase da vida e sentem rancor ou tristeza e respondem inapropriadamente a isto. SKINNER, B. F. VAUGHAN, M. E. Viva bem a velhice: aprendendo a programar a sua vida.