Resenha sobre o filme "O processo de Franz Kafka"

É considerado um dos autores mais influentes do século XX, pois suas obras A Metamorfose, O Castelo, O desaparecido e o Processo apresentam arquétipos de brutalidades física, sexual e psicológica, conflitos entre pais e filhos, abuso de autoridade social, jurídica e autárquicas, entre outras que até hoje são objeto de estudo da sociedade, através da filosofia, antropologia e sociologia. Kafka formou-se em direito, porém sempre reclamava do pouco tempo que tinha para dedicar-se ao que chamava de "chamado", escrever. Assim, dedicava parte de seu tempo a escrever cartas, escreveu centenas de cartas para sua família e amigos próximos, sua noiva Felice Bauer e sua irmã mais nova, Ottla Kafka. Também escrevi para seu pai, com quem tinha uma relação complicada e turbulenta, influenciando inclusive este sentimento diretamente sua escrita.

Em O PROCESSO, livro editado e lançado em 1925, mesmo com capítulos inacabados após sua morte, Kafka descreve a história de Josef K. No enredo, Josef K acredita que ao ser interrogado, resolveria logo o seu problema. Ao completar 31 anos foi morto em frente sua casa, desconhecendo o porquê do processo, o romance, crítica ferozmente o poder judiciário e sua arbitrariedade, e o cinema o retrata em cenas pobres mas intensas, mostrando também, nos bastidores torpes e escusos, um sistema judiciário falho e vulnerável. A razão, nesses casos, a fragilidade do homem diante da racionalidade e o desenrolar dos processos sociais em que é submetido. Neste caso, os valores e a vida do ser humano são relegados a um plano inferior. Assim, a alienação toma conta da razão e da sensibilidade humana, pois a consciência nesses casos é dominada pela fragilidade da sociedade, impondo ao homem a força do dinheiro, do poder, ou pelos dois de forma conjunta, na maioria dos casos.

Surpresas surreais e insólitas criam um clima de desorientação. O livro, assim como o retrato apresentado através das telas do cinema, pode assim ser considerado sempre como um tema atual, revelando as falhas do sistema judiciário e variações inconscientes da incapacidade do personagem de declarar culpa dos fatos apresentados. O tempo concreto ou cronológico do romance descreve-se durante um ano, tendo em seu final a morte injusta do protagonista, ratificando totalmente a negação do estado democrático de direito, mesmo sendo vivenciado em uma democracia. Demonstram que os direitos sociais do homem quando tolhidos, revelando as falhas e erros dos sistemas, retiram do ser humano seu direito maior que é a liberdade, direito de todos os direitos, inclusive o de ser ouvido e de se defender.

Livro ou cinema, permitem então uma fantástica forma de apresentar facetas daquela sociedade, e que transpassam o tempo até os dias de hoje, preocupando-se não somente com a criação de regras e leis, mas também com os critérios usados para a observância das mesmas, pois os mesmos homens que as criam, serão aqueles que a utilizarão no julgamento de outros homens.