REVISAO SISTEMÁTICA - CIRURGIA SEGURA NOS HOSPITAIS DO MUNDO X BRASIL

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Medicina

Documento 1

Métodos: Foram utilizadas as plataformas MEDLINE e Scielo para o levantamento bibliográfico. Foram consideradas publicações em Português e Inglês, utilizando-se as palavras-chave: "Lista de verificação de segurança em cirurgia"; "WHO Surgical Safety Checklist" e "Cirurgia Segura". Resultados: Muitos hospitais no mundo utilizam a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica, entretanto, a adesão à lista completa é baixa, em geral. Conclusão: A utilização da lista melhorou a comunicação e a consciência da equipe do centro cirúrgico sobre a segurança do paciente nos hospitais em que a lista foi corretamente implementada, entretanto, para que haja eficácia na implementação da lista, deve haver um engajamento de toda equipe envolvida no processo cirúrgico, caso contrário, a lista não auxilia eficientemente em seu propósito.

Deve haver maior comprometimento partindo da liderança da equipe para que os demais percebam sua importância. Segundo dados da OMS, a taxa de mortalidade após grandes cirurgias é de 0,5-5%; as complicações pós-cirúrgicas ocorrem em 25% dos pacientes e foi apontado ainda, que aproximadamente metade de todos os eventos adversos que ocorrem em pacientes internados são relacionados à cirurgia e ao menos metade dos casos poderiam ser evitados. Um estudo de coorte realizado em três grandes hospitais no Brasil, mostrou aproximadamente 20% dos pacientes que apresentaram eventos adversos relacionados à procedimentos cirúrgicos evoluiu para morbidade ou morte, além disso, os eventos adversos relacionados à processos cirúrgicos que foram considerados evitáveis, foi correspondente a 68,3% dos casos (n=41) (MOURA, 2012). As cirurgias realizadas em local ou paciente errado ocorrem em cerca de 1.

a 2. casos por ano nos Estados Unidos (SOLON, 2013). Após o término da cirurgia, porém, antes de o paciente ser removido do centro cirúrgico, a última pausa deverá ser realizada (lista de verificação relacionada à 'saída'), nesse momento, deve ser realizada a conclusão da contagem de compressa e a contagem de todos os instrumentos cirúrgicos; além disso, deve ser realizada a identificação das possíveis amostras cirúrgicas obtidas; assim como deve ser iniciado o planejamento dos procedimentos pós-operatórios, a revisão do plano de cuidados e de recuperação pós-anestésica; tudo isso deve ocorrer antes da remoção do paciente da sala de cirurgia. Desde a implementação da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica em 2009, mais de 4 mil hospitais ao redor do mundo registraram-se como usuários.

Em alguns países como a França, o Canadá e todo o Reino Unido, o uso é mandatório. No Brasil, o Programa Nacional de Segurança do Paciente, reforçado pela Resolução RDC no 36/2013 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), estabelece a obrigatoriedade da promoção da segurança do paciente, recomendando o uso da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica produzida pela OMS. Métodos Foi realizada uma busca nos bancos de dados MEDLINE e Scielo, utilizando os descritores: "Surgical Safety Checklist"; "Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica" e "Cirurgia Segura". Em geral, foi observada uma melhoria na aderência em relação ao protocolo de profilaxia com antibióticos e o correto preenchimento do documento de Consentimento Informado, a melhoria foi proporcional ao uso da lista de verificação, mostrando correlação direta entre seu uso e as melhorias observadas após sua implementação (GARCIA-PARIS, 2015).

Na Moldávia, um estudo comparou os casos de 637 pacientes submetidos à cirurgia 20 meses após o início da implementação da lista de verificação com 2. pacientes que realizaram o procedimento cirúrgico antes da implementação da lista. Neste estudo, foi observado que as complicações decorrentes de cirurgias de grande porte diminuíram 30,7%, além disso, as infecções relacionadas à processos cirúrgicos diminuíram 40,4% (KIM, 2015). No Reino Unido, a Lista de Verificação é obrigatória, porém, apenas cerca de ⅔ dos hospitais aderiram a lista de forma compulsória para todas as cirurgias (SIVATHASAN, 2010). Em um estudo prospectivo realizado no Brasil, comparando a aderência à lista em casos cirúrgicos realizados em 3 hospitais antes e após a implementação da lista de verificação, foi observado que dentre um total de 2.

pacientes (1. antes e 1. após a implementação da lista), houve melhoria na 'identificação do paciente' após a implementação da lista. Entretanto, os itens 'verificação de alergias', 'verificação de obstrução de vias aéreas', 'avaliação de perda de sangue', 'contagem de instrumentos' e 'problemas com equipamentos' apresentaram baixa aderência em todos os hospitais avaliados. Em um estudo realizado no Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia (CBOT) realizado em 2012, no Brasil, mostrou que dentre os 502 participantes (15,5% do total de participantes do Congresso) que responderam o questionário preparado pelos pesquisadores, 39,6% reportaram ter presenciado erros de diversos tipos ocorridos durante cirurgias dentro dos últimos 6 meses, além disso, 65,3% responderam que não eram familiarizados com a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS.

dos ortopedistas relataram nunca ter tido nenhum treinamento sobre a lista (MOTTA FILHO, 2013). Idealmente, a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica deveria ser incorporada como parte do programa anteriormente implementado, englobando a utilização de outras listas de verificação, como o Sistema de Segurança Cirúrgica do Paciente (SURPASS - Surgical Patient Safety System). Entretanto, ainda há algumas barreiras para a sua completa implementação nos hospitais, pois a opinião de alguns médicos diverge quanto ao uso da lista, alguns veem como uma melhoria no processo cirúrgico e como uma promissora diminuição de falhas e eventos adversos; entretanto, alguns médicos a veem como uma afronta à autonomia do médico como profissional capacitado para tal função e não veem necessidade da implementação da lista.

Nos Estados Unidos, foram realizadas entrevistas com 5 médicos líderes de equipe que opinaram sobre a implementação das listas, sugerindo que a qualidade da utilização depende muito da habilidade do médico líder em treinar a equipe, explicando e demonstrando a importância do uso da lista, portanto, quando não há dedicação do médico líder na implementação, sua equipe consequentemente não vê sentido no racional por trás da lista e perde o interesse, mesmo quando possuem conhecimento da mesma, desta forma a lista perderia o seu propósito (CONLEY, 2011; PAULL, 2009). A adesão ao preenchimento completo da lista também depende do entendimento da importância dos itens que compõe a ferramenta. Desta forma, o profissional responsável por preencher a lista, teria mais consciência durante o momento das pausas para a checagem.

Um estudo realizado com profissionais de saúde envolvidos com processo cirúrgico no Brasil, mostrou que a adesão da lista pelos profissionais está principalmente focada nos itens que apresentam maior risco ao paciente, negligenciando os demais, que também podem apresentar consequências aos pacientes caso não sejam corretamente verificados (FREITAS, 2014). Para que os profissionais do centro cirúrgico compreendam melhor a importância da lista de verificação, a instituição possui um papel fundamental no treinamento e atualização constante após a implementação da mesma, visando a promoção da segurança da saúde do paciente (MONTEIRO, 2013). Conclusões No Brasil, não há uma implementação compulsória da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica em todas as cirurgias realizadas e os hospitais que implementaram a lista em sua rotina, apresentam falhas na utilização.

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