Saúde Mental em gestantes portadoras de HIV

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Nessa perspectiva, a preocupação com uma possível transmissão vertical, bem como das futuras consequências de uma soropositividade para o filho, compreende um dos fatores responsáveis pelo transtorno mental apresentado por tais mulheres. Portanto, a atuação profissional integrada de diferentes profissionais pela equipe assistencial especializada, incluindo a participação de psicólogos, constitui um fator determinante para promover uma melhor qualidade de vida a essas mulheres, especialmente fornecendo apoio psicológico necessário para o enfrentamento das questões emocionais relativas a doença. Palavras-chave: AIDS; Mulher; Prevenção; Saúde. Introdução A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, popularmente conhecida como AIDS, é uma doença provocada por infecção viral após a contaminação do indivíduo pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV (CUNHA et al.

Martins et al. inclusive relaciona a alta prevalência de infecção por HIV em indivíduos vítimas de violência psicológica, tais como refugiados que atualmente vivem no Brasil. O estudo acerca das condições de saúde mental em indivíduos portadores de HIV é fundamental, visto que atende ao direito fundamental à saúde frente à dignidade da pessoa humana garantida pelas políticas públicas nacionais (DA SILVA; ALKIMIN, 2017). Nesse contexto, a avaliação de medidas e ações mais eficazes é facilitada, possibilitando aos usuários do sistema de saúde uma melhor qualidade e até mesmo expectativa de vida, além de facilitar o atendimento pela equipe responsável nas unidades de saúde. Vale ressaltar que a integração profissional na área de saúde básica no Brasil é uma das medidas adotadas recentemente e demonstram resultados muito satisfatórios aos pacientes, de modo que o apoio psicológico é fundamental no processo, ampliando a qualidade de sobrevida do paciente (ALMEIDA, 2015; RODRIGUES et al.

Por conseguinte, a realização de revisões literárias acerca da temática é de grande valia, pois permitem a atualização de conceitos relevantes relacionados, bem como uma melhor compreensão sobre o panorama epidemiológico atual da doença e suas consequências para o indivíduo acometido. Uma das características predominantes da doença não inclui somente o contexto físico, mas sobretudo a capacidade debilitadora sobre o aspecto psicossocial do portador (CARDOSO et al. Cardoso e colaboradores (2015, p. ressaltam que o momento do diagnóstico da doença é um momento de grande importância, pois altera de forma considerável a qualidade de vida do portador do vírus HIV, envolvendo mudanças de perspectivas futuras e uma nova estratégia de vida. Dentre os fatores que reduzem a saúde mental do portador, estão incluídos o preconceito social, o qual relaciona a doença a grupos marginalizados pela sociedade, devido a conceitos historicamente concluídos, de modo que a abordagem pela equipe na unidade de saúde deve ser inclusiva e acolhedora (CARDOSO et al.

MEDEIROS et al. Sendo assim, as alterações emocionais e psicológicas nessas mulheres são comuns e até mesmo inevitáveis, intensificando a necessidade de ações que auxiliem o reestabelecimento e inserção social das portadoras (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). A soropositividade também apresenta alta prevalência em gestantes, comprometendo a saúde mental dessas mulheres e, consequentemente, não apenas sua qualidade de vida, mas o contexto da maternidade subsequente. Trabalhos relatam que mães portadoras de HIV também apresentam profundas alterações psicoemocionais, sobretudo logo após o nascimento da criança, em razão da impossibilidade de amamentarem (BARBOSA BATISTA; SILVA, 2007; LEITE ARAÚJO et al. Levandowski et al. Por conseguinte, a vivência da maternidade, aliada à infecção por HIV, podem acarretar sobrecarga emocional em tais mulheres soropositivas, de modo que uma atuação profissional adequada é uma medida imprescindível para propiciar a respectiva reorganização emocional (Levandowski et al.

Neste contexto, Medeiros e colaboradores (2015) afirmam: “Sentir-se culpada, com medo, estigmatizada e ter necessidade de se esconder são sentimentos que certamente não contribuem para uma melhor saúde psicológica dessas mulheres com soropositividade para o vírus HIV/ AIDS, dificultando o enfrentamento à doença” (MEDEIROS et al. p. Consequentemente, as diversas transformações propiciadas em gestantes, tanto em decorrência da gravidez quanto das preocupações relativas à soropositividade, ampliam as ocorrências de transtornos mentais, de modo que cuidados especiais, especialmente por ações de políticas públicas, são cruciais (MEDEIROS et al. Outras complicações à saúde mental em portadoras de HIV, como dor e traumas, também são descritas pela literatura contemporânea, especialmente para gestantes e puérperas (MEDEIROS et al. Medeiros e colaboradores (2015, p.

Portanto, é importante avaliar as mulheres com HIV acerca do risco de suicídio através da observação, escura e perguntas diretas sobre a ideação suicida (CECCON, 2013, p. ” Estudos revelam inclusive que tais sentimentos evocam à possibilidade de cometer suicídio, em que a gravidez compreende uma das barreiras contra a concretização do fato em gestantes portadoras de HIV (CECCON, 2013; MEDEIROS et al. A ansiedade reportada para diversas gestantes portadoras de HIV, especialmente em decorrência da expectativa do diagnóstico do filho, potencializa o pensamento suicida em grande parte dos casos (CECCON, 2013). Kliemann e colaboradores (2017, p. reportaram inclusive que a soropositividade em gestantes constitui um fator de risco tanto para ansiedade quanto para depressão. Levandowski et al. A preocupação acerca da infecção viral da criança é inclusive corroborada por dados da literatura, os quais mostraram que a principal forma de transmissão de HIV em crianças brasileiras é a transmissão vertical (Kleinubing et al.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Nesse contexto, o sentimento de culpa pela mãe diante de uma possível infecção de seu filho resulta em consideráveis consequências para a saúde mental materna, enfatizando a importância e necessidade de um acompanhamento profissional adequado, sobretudo com relação aos aspectos emocionais e psíquicos (Kleinubing et al. Além disso, recentes publicações reportaram a relevância da atuação integrativa dos profissionais e ações de saúde pública, responsáveis por promover medidas voltadas para a promoção, prevenção e recuperação da saúde, possibilitando uma minimização da prevalência da transmissão vertical da AIDS (CARVALHAL et al. Em consequência, o relacionamento positivo entre profissionais e usuárias deve ser positivo, a fim de obter-se a satisfação geral com o serviço de saúde, potencializando os resultados almejados para a promoção de saúde da gestante (Kleinubing et al.

O medo da exposição pelas gestantes soropositivas, por conseguinte, resulta na subnotificação da doença, construindo um perfil epidemiológico que muitas vezes não corresponde à realidade da população brasileira. Nesse cenário, estudos observaram que grande parte dos casos notificados até a contemporaneidade são derivados da Região Sudeste do país, indicando a necessidade de novos estudos e de uma atuação adequada pela equipe responsável, ampliando a adesão e permanência aos serviços ofertados pelas redes assistenciais (Levandowski et al. Esses dados revelam que, em muitos casos, a portadora apresenta baixos níveis socioeconômicos, de modo que o acesso ao local de assistência à saúde pública geralmente é inviável para essas mulheres (ASINELLI-LUZ; JÚNIOR, 2008; FONSECA et al.

Ainda com relação a acessibilidade pelo usuário ao sistema de saúde, fatores como tempo, horário de funcionamento, insuficiência de insumos, transporte, localização, custos, estrutura dos serviços, estigma, ausência de apoio, acesso a conhecimentos, privacidade, confidencialidade e relação profissional-usuária, são responsáveis pela baixa adesão e consequente subnotificação dos casos de HIV em gestantes, inviabilizando um acompanhamento, desejável e crucial, para seu reestabelecimento (Kleinubing et al. A temática apresentada pelo presente trabalho ainda é pouco explorada pela literatura especializada, em que é sugerido que futuros estudos sejam realizados com diferentes perfis de mães que vivem com HIV, tais como variadas faixas etárias, níveis socioeconômicos, configurações familiares e paridade, bem como estudos que avaliem o papel e influência da relação conjugal e o exercício da paternidade (Levandowski et al.

Conclusões O presente trabalho evidenciou que diversos fatores influenciam a saúde mental de gestantes portadoras de HIV, dentre os quais eventos como uma possível transmissão vertical e diagnóstico de soropositividade do filho evocam na mãe sentimentos bastante conflituosos. Nesse contexto, episódios de culpa, medo, preocupação e até mesmo depressão e pensamentos suicidas caracterizam o perfil de saúde mental dessas gestantes. Consequentemente, as buscas aqui realizadas mostraram que a atuação profissional promovida por redes assistenciais do sistema básico de saúde no Brasil é bastante eficaz para o reestabelecimento da saúde dessa mulher. Sendo assim, o tratamento de complicações clínicas, inclusive dos aspectos emocionais e psíquicos da portadora é fundamental, de modo que o apoio emocional fornecido por profissionais representa uma possível melhora na qualidade de vida dessas mulheres.

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Rev Paul Pediatr, v. n. p. Freud, S. Rev. baiana enferm. v. n. p. n. set-out. p. Levandowski, Daniela Centenaro; Canavarro, Maria Cristina; Pereira, Marco Daniel; Maia, Gabriela Nunes, Schuck, Lara Monteiro; Sanches, Isabela Rodrigues. Maternidade e HIV: revisão da literatura brasileira (2000–2014). Epidemiol. Serv. Saude, v. n. p. n. p. Jan- Jun, 2014. Medeiros, Ana Paula Dantas Silva; Araújo, Verbena Santos; de Moraes, Marina Nascimento; de Almeida, Sandra Aparecida; de Almeida, Jordana Nogueira; Dias, Maria Djair. A experiência da soropositividade para grávidas com HIV/AIDS: preconceito, dor, trauma e sofrimento pela descoberta. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: Ministério de Saúde, 2013 Ministério da Saúde. Manual de atenção à mulher no climatério/menopausa. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. Organização das Nações Unidas.

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