SIMBOLISMOS NO CINEMA: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DO FILME A. I. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Literatura

Documento 1

I. Inteligência Artificial com base nos simbolismos trabalhados na obra. Para isso, foi realizado levantamento de como o tema sobre criaturas não humanas foi desenvolvido na literatura e no cinema ao longo dos tempos, para depois entender esses aspectos em sua relação com a semiótica do filme. Assim, contou-se com as contribuições de Peirce (1972), Santaella (1996;2001) e Pereira (1995). Desta forma, foi possível perceber na análise que o caráter metanarrativo da obra termina por instigar o público a refletir sobre o natural frente a artificialidade, com um enredo que transpõe a mera resposta biológica e entra no campo da abstração cognitiva do personagem principal. O assunto é tratado por Peirce (1972), Santaella (1996; 2001) e Pereira (1995). O desenvolvimento tecnológico das últimas décadas tem demandado entendimentos cada vez mais complexos sobre seus efeitos na vida em sociedade.

No campo do cinema, fez surgir uma gama de signos em que, ao mesmo tempo que inovam, muitas vezes, dão continuidade a formatos de histórias já conhecidas pelas pessoas. Além de levar a vivência de seus enredos para um patamar de percepções que eram mais limitadas nos formatos literários. A obra A. Em 1931, o filme Frankestein apresenta ao telespectador a experiência sensorial da possibilidade de uma criação semelhante à figura humana e seus entraves. Assim, segundo Pereira (1995), é um exemplo em que se desenvolve no cinema a reflexão sobre o estado de conflito entre o criador e a coisa criada. Os aspectos de rebelião em obras como essa, constroem uma narrativa que se compara a desentendimentos entre pai e filho, sejam monstros, criaturas de fantasia ou máquinas.

O filme 2001, Uma Odisséia no Espaço (1968) também apresenta no enredo essa reflexão. Pois os astronautas precisam destruir o computador que se rebelou para que ele não os destrua. O primeiro é o que se faz dentro do próprio filme, em que a referência é parte do roteiro que influencia David a seguir sua jornada. O segundo plano é o cruzamento temporal entre três modelos de produção indicados por Santaella (2001), segundo a autora o primeiro deles é o pré-fotográfico, relacionado ao período em que a construção de imagens era feita de maneira, predominantemente, artesanal. O segundo modelo, fotográfico, toma forma com a inclusão do suporte químico ou eletromagnético. Já o pós-fotográfico é resultado da união entre computador e tela de vídeo.

Assim, a referência ao texto de Pinóquio apresenta a ideia de que o debate sobre a busca por identidade humana perpassa as três épocas desses modelos de produção imagética, além da alusão ao gênero literário dentro do cinema. Daí que um signo seja uma coisa de cujo conhecimento depende o conhecimento de uma outra coisa - que chamamos mundo ou realidade, ou seja lá o que for[. Para conhecer e se conhecer o homem se faz signo e só interpreta esses signos traduzindo-os em outros signos. SANTAELLA, 1996, p. Nesse sentido, é mister perceber que a construção da noção de identidade por parte de David é criação e criadora de uma complexa atividade cognitiva entre signos e significados. Isso pode ser percebido em uma das cenas quando a câmera foca nos olhos do garoto observando curiosamente os gestos da família, durante a janta.

O tempo que leva para que David consiga esse momento, pode ser percebido como a própria espera da humanidade nas várias épocas por tecnologias que realizem efeitos benéficos em suas vidas. David consegue usufruir desses efeitos, por ser um personagem que vence a barreira do tempo em seu aspecto robótico, ao mesmo tempo que guarda o aspecto do emocional humano. Mais uma referência simbólica a isso é evidenciada quando as criaturas que lhe tiraram do gelo afirmam ser ele o elo entre a espécie humana (já extinta nesse novo tempo) e aquele momento. Outro fator importante é a segregação apresentada no filme, que em muito se assemelha ao que acontece com diversos setores da sociedade. A ignorância com relação ao que é pouco conhecido e até mesmo diferente foi responsável – historicamente - pela perseguição a bruxas, gays, negros e várias outras camadas por grupos que sempre reproduziram o que o pensamento vigente lhes ensinou.

O êxito dessa pesquisa consiste no entendimento da chamada para reflexão feita por Spielberg que leva à conclusão de que na era da tecnologia, o campo de consideração moral pode ir além daquilo que é unicamente biológico. Ou seja, os seres humanos não demonstram afeto por saberem que outra criatura é também de carne e osso, mas devido ao seu próprio sistema cognitivo que interpreta reações e emoções, ainda que de uma máquina. Isso é evidenciado na cena em que David está numa arena de tortura. Ao perceber que o menino-robô clama por sua vida e sente dor, o público se revolta. Esse sentimento do público fictício é compartilhado com o próprio expectador do filme, em seu caráter metanarrativo. Inteligência Artificial.

Direção de Steven Spielberg. Produção de Steven Spielberg; Jan Harlan; Kathleen Kennedy; Walter F. Parkes; Bonnie Curtis. Roteiro: Steven Spielberg. f. Tese (Doutorado) - Curso de Letras, Faculdade de Letras da Ufmg, Belo Horizonte, 2007. Cap. Disponível em: <http://hdl. handle. In: Revista de Estudos literários, v. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 1995. SANTAELLA, Lúcia. Produção de linguagem e ideologia. ed.

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