Sociologia - Os delírios de consumo de Becky Bloom

Tipo de documento:Resenha Crítica

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Mas, por ironia do destino, ela consegue emprego como colunista em uma revista de finanças publicada pela mesma editora, trabalho que ela aceita acreditando ser uma chance de estar mais próxima de entrar para a Alette. Nesta função, acaba ganhando destaque por escrever sobe economia de modo simples, geralmente fazendo analogias com o mercado capitalista, mas sempre escondendo seu grande fracasso em administrar as próprias finanças. Para controlar a situação, Becky procura um grupo de ajuda (Consumistas Compulsivos), onde pessoas se reúnem no intuito de se ajudarem mutuamente a vencer a tentação que representam as vitrines, e os shoppings, as compras e os cartões de crédito. No decorrer da trama, vai sendo desenvolvida uma história de amor entre Rebecca e seu patrão na revista de economia.

Uma peça-chave para o filme é uma echarpe verde, o alvo de um dos delírios de consumo de Becky que acaba, gradualmente, adquirindo valor e se tornando simbolicamente importante para sua história. Isto nos mostra basicamente como atua na mente do cidadão que vive numa sociedade capitalista o estímulo ideológico ao consumo, usando o psicológico como objeto a ser manipulado. Pode-se então concluir que a indústria cultural, objetivando lucro, distorce a imagem do que é e do que não é necessário para o indivíduo, utilizando-se de marcas e preços (liquidações, por exemplo), persuadindo o consumidor a consumir. Caracteriza-se assim uma forma de alienação: do que eu preciso, do que eu não preciso? Em outra cena, Becky é convidada a um evento onde poderá encontrar AletteNaylor.

Seu plano é surpreendê-la de modo a estar mais próxima de ser transferida da revista de economia em que trabalha para a revista de moda de seus sonhos. Sua primeira reação é a aparente necessidade de comprar um novo vestido. E eu preciso comprar de novo. A partir do diálogo acima chegamos a um ponto crucial do filme: a diferença entre custo e valor. Rebecca nos mostra que o produto oferecido pela indústria cultural (neste caso, a moda) perde o valor depois de comprado. Ele é uma ideia, uma construção ideológica. Os meios de comunicação a fazem acreditar que tudo será melhor se ela adquirir determinado produto, mas, na prática, o que acontece é que depois de adquirido, o produto perde seu valor, frustra o consumidor.

No filme, podemos identificar a moda “promovida” ao longo da história como fruto de uma cultura pop, pois é criada por uma elite dominante da indústria cultural neste ramo com o objetivo de ser “popularizada”, e não pelo próprio público alvo em questão (cultura popular). Coelho também afirma ao longo de seu texto que é complicado classificar alguns tipos de produtos culturais. No caso da moda promovida pela Alette, o padrão cultural está associado a uma elite (portanto, cultura superior), porém também há uma tentativa de popularização dos hábitos de moda desta elite (aproximando-se também, assim, da cultura média). O filme mostra com clareza como o consumismo tão presente em nossa vida cotidiana pode influenciar negativamente um grande número de pessoas, paradoxalmente tornando-se uma necessidade desnecessária.

Por meio da reflexão sobre o filme, pode-se concluir o quão enriquecedora pode se tornar a experiência cinematográfica, não somente em relação à compreensão da proposta de seus realizadores, mas também quanto à compreensão do mundo em que vivemos em seus mais variados aspectos.

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