Teorias de aprendizagem para o planejamento de um ambiente de aprendizagem virtual

Partindo de Vygotsky e Paulo Freire para demonstrar que o conhecimento precisa ter sentido prático na vida do aluno para que ele realmente aprenda o conteúdo, somente utilizando situações do cotidiano, seria possível gravar de maneira concreta os conhecimentos. Araujo e Carvalho argumentam que na educação presencial ocorrem situações que muitas vezes demonstram autoritarismo do professor, e outras onde o estudante apenas decoram dados para se aprovar em uma avaliação, isso não seria efetivamente a concretização do processo de ensino aprendizagem. A observação da metodologia EAD da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) demonstra que é possível se ensinar a partir de situações concretas e cotidianas como defendiam os filósofos citados, estimulando a participação e a contribuição de todos no processo em um espirito de solidariedade e comunhão, fazendo com que os alunos se sintam participantes de uma construção didática de compartilhamento de informações e experiências.

O artigo critica a educação tradicional, reconhecendo que a modalidade à distância apresenta problemas que precisam ser superados, as tecnologias certamente não alcançam a todos devido aos impasses de programação e de acesso presentes neste sistema, porém esta modalidade democratiza o espaço educacional, oferecendo a oportunidade de todos os participantes se manifestarem, sem privar o contato com o professor. Neste sistema, o educador realmente é um mediador, que coloca as questões, argumenta, discute e avalia como defendia Paulo Freire, fato que não ocorre em muitos cursos presenciais. O primeiro porque torna o conhecimento acessível ao cidadão, mesmo que este resida em outro estado ou país, possibilitando o estudo em todo lugar e em qualquer horário, desta forma, o estudante pode trabalhar e acessar o ambiente educacional a qualquer momento; o segundo, porque as discussões e os exemplos extrapolam os limites que dividem as áreas do conhecimento, conforme o artigo de Araujo e Carvalho, os exemplos concretos, as atividades, a interação são realizados considerando todas as fontes de informação.

Estas autoras citam Morin para trazer a questão da interdisciplinaridade, ou seja, a importância da construção de um conhecimento pleno que relaciona os fatores envolvidos, e promove a reflexão através do estabelecimento da visão do objeto como um todo, fazendo com que o aprendizado ganhe sentido. Segundo as autoras, a educação em EAD promove este estilo de aprendizado, quando os exemplos são concretos, as discussões partem de uma situação real, o professor media as atividades estimulando a contribuição e trazendo uma diversidade de informações de diversas matérias para explicar e instigar a pesquisa sobre o objeto discutido, enfim, esta educação reflexiva promove também uma visão interdisciplinar. Observa-se que este modo de ensino e aprendizagem abrange os estilos individuais expostos por Schmitt e Domingues, pois promove atividades práticas através dos exemplos, reflexivas por meio das discussões, os vídeos trazem o contato direto com professor (autoridade) e tutores, há experiências e troca de informações com colegas, evidenciando que apesar da ausência do contato pessoal, o ambiente virtual possui dispositivos que preenchem as necessidades de cada aluno, e ainda, democratiza a participação e estimula as habilidades.

Schmitt e Domingues defendem que cada sujeito possui uma maneira de aprender e a pedagogia precisa formular estratégias para descobrir o estilo de cada aluno, e a partir deste perfil aplicar a didática necessária. Sendo o quarto modelo a sala de aula invertida, a qual o autor destaca como uma experiencia distinta que está inovando esta modalidade educacional. A sala de aula invertida é um conceito no qual o aluno tem contato com o conteúdo anteriormente através do material disponibilizado por internet ou correspondência, e após estudar as informações, tem uma aula presencial para discutir, formular projetos, solucionar situações problemas e sanar suas dúvidas. Segundo Valente, esta metodologia está promovendo evoluções onde é aplicada. O autor cita várias experiências nas quais este sistema apresenta resultados positivos e é aperfeiçoado.

Fato que comprova a relevância de se garantir a reflexão no ambiente educacional, dispondo de todas as ferramentas necessárias para tal fim. Fagundes disserta sobre a importância da equipe na formulação das plataformas, o corpo técnico precisa dar suporte ao professor, oferecendo todas as ferramentas disponíveis no universo virtual. Técnicos e docentes precisam trabalhar juntos, conscientes da responsabilidade de ofertar linguagem acessível, facilidade de acesso, garantia de interatividade, e se possível, mais de uma tecnologia para que o aluno se sinta acolhido, compreenda o conteúdo e participe com segurança do processo. O artigo “Gestão de Ambientes Virtuais no Desenvolvimento de Cursos na Educação a Distância” de autoria de Bianchi, Moré, Jacobson e Costa analisa o curso à distância de Ciências da Administração da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), argumentando sobre os sistemas de ambientes virtuais, e defendendo que estes são imensamente produtivos quando seu objetivo não é meramente financeiro, de economia de recursos.

Os autores trazem cada item da metodologia de ensino deste curso, ressaltando que a equipe técnica trabalha junto e auxiliando o corpo pedagógico, os professores escolhem e idealizam a plataforma e suas ferramentas. É possível destacar o fórum como espaço de discussão virtual, onde todos os envolvidos têm acesso e podem contribuir. Evidencia-se que a interatividade forma laços e possibilita diálogos que, muitas vezes, não ocorrem na sala de aula tradicional devido a uma série de motivos como tempo, o autoritarismo entre outros. Além disso, este sistema democratiza o conhecimento com a acessibilidade a qualquer momento e local, enriquecendo as discussões com maior variedade de experiências. O processo do ensino à distância está contribuindo para a formação de profissionais críticos, com poder de argumentação e, desta maneira, promovendo a reflexão interdisciplinar tão importante para a cidadania.