VEJO, LOGO EXISTO: AS REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS LGBTQIA NAS TELENOVELAS DA REDE GLOBO DE TELEVISÃO

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Comunicações

Documento 1

SÃO PAULO 2020 Dedico este trabalho a minha família, sempre uma fortaleza na minha vida; aos meus amigos e professores que fizeram parte da minha vida estudantil pelo carinho e afeto, por serem estas personalidades presentes em minha vida. Agradeço a realização deste trabalho a Deus em primeiro lugar, que me fortaleceu durante minha caminhada com saúde, força, coragem e determinação para não desistir frente às dificuldades que se apresentaram ao decorrer desta caminhada, a todos os professores, que fizeram parte desta graduação e cada um que participou do meu conhecimento acadêmico, e mim ajudou preparando-me para exercer uma profissão, ofertando o horizonte superior, aos meus familiares, por todo o suporte, carinho e ajuda que me deram e a todos que de alguma forma participaram desta realização na minha vida, o meu muito obrigado.

“É tolo uma sociedade apegar-se a velhas ideias em novos tempos, como é tolo um homem tentar vestir suas roupas de quando era criança. ” (CAPRA, 1984). Resumo XYZ. I See, Therefore I Exist: The LGBTQIA + Identity Representations in the Globo Television Network Telenovelas. pages. Graduation Work for Bachelor in Social Communication with Qualification in Advertising and Propaganda¬ - XYZ. São Paulo, 2020. This work proposes a reflection on the changes in LGBTQIA + identity representation, presenting an overview of how the identity of this movement has been transformed over time. AS LUTAS, CONQUISTAS E REPRESENTAÇÕES DA LGBTQIA+ NO BRASIL. A IDENTIDADE SEXUAL. IDENTIDADE DE GÊNERO NO BRASIL. A IDENTIDADE LGBTQIA+. AS SIGLAS DA DIVERSIDADE E SEUS PORQUÊS. introdução A sociedade contemporânea brasileira tem mostrado uma crescente evolução na representatividade da comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queers, Intersexuais, Assexuais e todas as diversas orientações sexuais e de identidade de gênero minoritárias divergentes do sexo imposto ao nascimento), sendo importante ressalta que este termo passou a ser utilizado a partir de 1990 no contexto social.

A comunidade LGBTQIA+ representa uma luta pelo reconhecimento identitário, no âmbito de uma sociedade que construiu o conceito de padrão binário, ou seja, homem e mulher ou macho e fêmea, que não aceitam plenamente outros padrões, sendo que de acordo com Butler (2003a, p. “a regulação binária da sexualidade suprime a multiplicidade subversiva de uma sexualidade que rompe as hegemonias heterossexual, reprodutiva e médico-jurídica”, portanto a comunidade representa a construção de uma identidade que objetiva incluir todos em uma mesma bandeira, mas respeitando sua individualidade nas suas siglas e lutas no contexto social. A representação LGBTQIA+ tem sua ascensão e voz nos meios midiáticos de comunicação nos últimos anos, com representações, reivindicações e debates que possuem um reflexo notório no nosso dia-a-dia.

Atuando como uma potência motriz, é nessa construção da representação identitária do eu, que a mídia perpetua, sendo uma das principais mediadoras da relação representação, pertencimento, identidade e sociedade (JOVCHELOVITCH, 2000), pois é diante disso que a personalidade e a compreensão do eu, assumem papéis diversos por serem compreendidos e representados pela forma como o outro, a sociedade e a mídia legitimam e encorajam. Visto que, a encenação LGBTQIA+ caricata e pejorativa foi perdendo força e dando lugar a uma representação que aproxima a vivência da arte. Sendo a telenovela um livre espaço para discussões sobre o núcleo familiar, sexualidade, gênero, drogas, doenças, classes sociais e outros diversos temas, a segunda parte deste estudo discorre o panorama histórico das telenovelas no Brasil e um mapeamento das representações identitárias LGBTQIA+ nas telenovelas brasileiras, desde sua primeira inserção em “Assim na terra como no céu”, de Dias Gomes, em que o costureiro interpretado por Ary Fontoura era homossexual, até dias de hoje utilizando um recorte diacrônico da emissora Rede Globo de Televisão, buscando compreender as evoluções dessa visibilidade e quebra de padrões.

OBJETIVO GERAL Identificar as representações identitárias LGBTQIA+ nas telenovelas da Rede Globo de Televisão com recorte entre 1970 até a atualidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Interpretar os conceitos e significações sobre sexualidade, gênero e representações identitárias LGBTQIA+ fundamentadas em algumas teorias que contemplam desde a égide pioneira a contemporânea. • Analisar a inserção da comunidade LGBTQIA+ nas telenovelas. com a necessidade da interação em comunidades dotadas de bases, princípios e ideias em comum, explícitas ou não, o indivíduo se percebeu pertencente a um determinado grupo, vislumbrando o sentimento de reconhecimento. Contudo, devido às sucessivas negociações no meio social, a identidade do indivíduo não adquiriu a “solidez de uma rocha”, de modo que, o reconhecimento se tornou cada vez mais líquido, tanto em representatividade, quanto em pertencimento.

Vide a personalidade contemporânea, movida pelo instantâneo, pela tendência, pelo efêmero (LIPOVETSKY, 2009). A convergência dos papéis sociais representados pelos comportamentos, posturas e compreensões de mundo, são frutos de um universo coletivo, no caso, o da própria sociedade. BERGER, 2004, p.   O aumento expressivo no tamanho de tais movimentos na nação brasileira elevou no ano de 2017, em virtude dos 3 milhões de pessoas presentes na cidade de São paulo, o país assumiu o primeiro lugar como maior evento da comunidade LGBTQIA+. É muito importante destacar que a existência de manifestações desse tipo que trazem para discussão na sociedade temas como sexualidade e gênero, é devido a muitos outros momentos que aconteceram bem antes. A conceituação posta a comunidade LGBTQIA+ se deve a uma grande caminhada, de luta na procura por identidade.

As pessoas que se sentem parte da LGBTQIA+ e tem sua imagem de caráter público e consequentemente mais conhecida podem garantir a essa comunidade maior reconhecimento. Os direitos da comunidade LGBTQIA+ nos dias atuais ganharam uma fundamentação mais abrangente com o decorrer dos tempos, a exemplo vemos a possibilidade de tal público suscitarem projetos de lei de formas variadas, e isso se deve a solicitações antigas. É incontestável o avanço que essa comunidade deu quebrando muitas barreiras do preconceito, no entanto, a homofobia ainda assim é o principal estopim de discussões, e, portanto se configura como a base de construção identitária da comunidade.   A Homofobia faz parte da existência LGBTQIA+. Na contramão das expectativas de crescente tolerância e liberdade sexual, a homofobia persiste entre nós, sobretudo na forma velada e menos espetacular da humilhação e da segregação cotidianas, que ocorrem em contextos de proximidade, na família, na escola, entre vizinhos e conhecidos.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que sofrer algum tipo de insinuação, ofensa verbal ou de ameaça de agressão física faz parte da experiência social de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais no Brasil (SIMÕES; FACCHINI, 2005, p. O contexto abordado por tais autores é um tanto precipitado, no momento em que percebemos os desafios que as pessoas enfrentam no decorrer de sua história. Essas relações aconteciam entre homens mais velhos que ensinavam os mais novos sobre seus corpos (ULLMANN, 2007). Contudo, com o advento do catolicismo e do cristianismo em ascensão, que datam mais de dois mil anos (MAGISTÉRIO DA IGREJA, 2000), as relações sexuais passaram a ter uma conotação reprodutiva, descartando, deste amparo, a educação sexual e o prazer.

Ainda, o viés religioso não compunha apenas a visão de procriação, mas também moral e capitalista. Além de ser inútil para a reprodução da espécie, a prática homossexual solaparia a família (em cujo seio se geram os novos consumidores) e seus padrões ideológicos (cuja ordem é consumir). o vácuo político-ideológico, a crise do capitalismo e a recrudescência dos credos religiosos institucionalizados criaram terreno fértil para as execrações morais, insufladas agora por um milenarismo de olho no capital. Contrapondo a visão iluminista e psiquiátrica do século XIX, temos o gênero como uma construção de preliminares que incluem papéis e funções sociais tidas como “coisa de homem” e “coisa de mulher”, respectivamente atribuídas ao masculino e feminino, amparando-se pelo raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, além do pensamento de que existe um molde de homem e mulher na sociedade.

Partindo desse pressuposto, o gênero sugere que homens e mulheres são produtos da realidade social e não somente decorrência da anatomia de seus corpos. GÊNERO, 2009). Segundo Mariuzzo (2003, p. as significações acerca da sexualidade estão “longe de ser uma expressão pura dos sentimentos e desejos humanos, pois é construído sócio historicamente, influenciado pelos interesses e ideologia da classe hegemônica”, ou seja, seus “conceitos, saberes, modos de ação, independentemente da relação individual que os homens estabelecem com ela” estão tendenciados a classes dominantes que desconsideram perspectivas histórico-sociais e doutrinam os indivíduos visando seu interesse de dominação. Nessa obra, a sexualidade era compreendida como uma concepção de mecanismo de ordem social. FOUCAULT, 1984): A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico: não à realidade subterrânea que se aprende com dificuldade, mas à grande rede de superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas grandes estratégias de saber e poder.

Deste momento histórico adiante, as linhas de significação da sexualidade e gênero foram inúmeras, sendo, antropológicas, sociológicas, psicológicas, médicas e educacionais. Contraponto todas elas, a historiadora Joan Wallach Scott, inicia uma das mais representativas teorias modernas sobre o conceito de gênero e sexualidade em meados de 1980, que abarcava o desconstrucionismo do filósofo Jacques Derrida, os movimentos feministas e os estudos de Foucault, de modo que, o gênero foi visto como a convergência entre sentimentos construídos nas relações de poder entre homens e mulheres. Isto é, seu argumento desconsiderava o binarismo e a visão biologizante do gênero. O gênero é aquilo que é assumido, invariavelmente, sob coação, diária e incessantemente, com inquietação e prazer. Mas, se este ato contínuo é confundido com um dado linguístico ou natural, o poder é posto de parte de forma a expandir o campo cultural, tornado físico através de performances subversivas de vários tipos” (BUTLER, 2011, p.

Deste modo, conforme os parâmetros curriculares de 1998 da Secretaria de Educação Fundamental do Brasil, temos gênero como: O conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de masculino e feminino, como construção social. O uso desse conceito permite abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. Na concepção de Hall (1992) a teoria social apresenta amplamente uma abordagem referente a identidade, sendo que o gênero, o corpo e a orientação sexual, por exemplo, que representaram questões relevantes na sociedade, quanto a sexualidade, testemunham essa mudança estrutural.

Arriscando se desproteger diante das formas de violência e rejeição social, alguns indivíduos contestam as representações identitárias do eu, se expondo a viver fora desses padrões. Diante disso, a sexualidade, gênero, sexo biológico, orientação sexual e assuntos referentes às identidades sexuais, assumem papel central na construção de uma identidade pessoal. IDENTIDADE DE GÊNERO NO BRASIL O ser humano ao longo do processo histórico desenvolveu características que se tornaram comum, sendo que neste âmbito os indivíduos se identificam com estes aspectos e outros desenvolvem práticas, costumes e entre outras visões diferentes, que têm relação com a raça, religião, habilidades, idade, sexualidade e várias os fatores.   A formação humana desde o ventre é regida por regras e determinações sociais, uma vez que a criança é ensinada a proceder conforme uma aparência ligada à formação biológica e com mais especificidade ao sexo, sendo que é especificado e determinado antes do nascimento por meio da medicina, portanto seguem-se normas pré-estabelecidas pela sociedade.

No relacionamento entre homens e mulheres se constrói a formulação do gênero, sendo que o indivíduo não faz parte de um contexto isolado, fora das representações sociais ou independentes das regras, portanto a diferença sexual é um fator biológico que não define especificamente a identidade de gênero. O desacordo entre gênero e sexo é responsável por fundamentar as identidades trans, sendo que se acredita neste contexto que o sexo é determinista diante da natureza onde se externa pelo corpo, biológico, genético e orgânico e representa as diferenças, contudo em outra visão o gênero é construtivista aos se levar em conta os aspectos sociais e históricos (ARAN, 2006, p. A realidade da identidade de gênero tem se transformado bastante no contexto social, sendo que na sociedade contemporânea desenvolve-se a busca pela compreensão de que biologicamente os indivíduos nascem com determinado sexo, porém sente-se como que aquele não seja sua identidade e assim assumem outra postura quanto ao gênero.

De acordo com os Princípios de Yogyakarta conceitua-se identidade de gênero, da seguinte forma: A profundamente sentida na experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo (que pode envolver, por livre escolha, modificação da aparência ou função corporal por meios médicos, cirúrgicos ou outros) e outras expressões de gênero, inclusive vestimenta, modo de falar e maneirismos. ICJ, 2007) A partir da colocação acima é possível compreender que a sexualidade pode desenvolver uma atração por indivíduos do mesmo gênero que chama-se de heterossexualidade, do mesmo gênero ou homossexualidade e também pode ser por mais de um gênero e considera-se bisse-xualidade, contudo a identidade de gênero está relacionada ou não com o sexo de nascimento.

E, no que tange a contextualização identitária da sociedade LGBTQIA+, que há a necessidade de um caminho de resistência e ressignificação para este grupo que busca representações identitárias específicas para cada uma das siglas que este acrônimo traz consigo, visto que, segundo Foucalt (2005 p. a comunidade LGTBQIA+ e seus indivíduos sempre possuíram a sua identidade lida como homossexual e construídas em cima da feminilidade, do feminino, da representação social da mulher. Situado que “a homossexualidade apareceu como uma das figuras da sexualidade quando foi transferido, da prática da sodomia, para uma espécie de androgenia interior, um hermafroditismo da alma”. Para Butler (2003a, p. “no senso comum, a associação do feminino com fragilidade ou submissão, e que até hoje servem para justificar preconceitos”.

LGBTQIA+ Para compreensão das terminologias e significação acerca deste acrônimo: A Letra “L” – Lésbica: mulher cisgênero ou transgênero que possui atração afetiva e/ou sexual por pessoas do mesmo sexo ou gênero. GÊNERO, 2009). Segundo Dawson (2015, p. o termo deriva-se de uma ilha chamada Lesbos, em que a poeta grega Safo criou seu próprio “The L World” 5. Os poemas escritos sob a luz do sol, retratavam a beleza desejada das mulheres daquele local, que foram reunidas por Safo. GIDDENS, 1993, p. Letra “T” – Transgênero, Transexual e Travesti: Letra utilizada para significar pessoas que transpassam entre os gêneros e transcendem as definições convencionais de sexualidade (ABGLT, 2010). Transgênero é o indivíduo que transita e transcende o gênero atribuído, contrapondo as padronizações convencionais de sexualidade.

ABGLT, 2010). As pessoas transexuais podem ser homens ou mulheres, que procuram se adequar à identidade de gênero. GLAAD, 2016). A Letra “I” – Intersexo: termo para designar pessoas que nascem com uma anatomia reprodutiva, sexual e/ou um padrão de cromossomos que não podem ser classificados como sendo masculinos ou femininos (GLAAD, 2016). Ainda é comum a prescrição de terapia hormonal, bem como, cirurgias para readequação da genitália em aparência e funcionalidade, sendo muitas vezes, antes dos 24 meses de idade. Entretanto, há relatos de pessoas intersexuais submetidas a estas cirurgias de readequação, que não se adaptaram a anatomia imposta e rejeitaram o sexo designado ao nascimento. SANTOS; ARAÚJO, 2004). “O mundo existe na medida em que passe pela televisão”. Segundo a comunicação social e a mídia, as representações expostas na televisão estão inteiramente ligadas à edificação da ordem e costumes, de forma que intervêm no posicionamento, na atitude e nas tendências de uma sociedade através da difusão, da propagação e da propaganda respectivamente (MOSCOVICCI apud JODELET, 2001, p.

O INÍCIO DAS TELENOVELAS BRASILEIRAS A telenovela brasileira teve seu início em 1951, com a obra “Sua vida me pertence”, veiculada na TV Tupi de São Paulo. Fortemente desenvolvida sobre uma “cultura popular de massa” (MARTÍN-BARBERO, 1987), e descendente das narrativas orais, do folhetim, das radionovelas (BELLI, 1980), do cinema de lágrimas (OROZ, 1992) e da soap-opera (ALLEN, 1995), a telenovela, como um conto narrativo, constitui um mecanismo de criação e de transmissão de um ethos, da difusão de informação, dogmas e, de modos de ser e de viver. Nessa acepção, conforme Jakubaszko (2010, p. AS TELENOVELAS E A REDE GLOBO DE TELEVISÃO Segundo o Prof. Dr. Paulo Lopes, é neste momento de mudança e rivalidade entre emissoras, que nasce a Rede Globo de Televisão (LOPES, 2007).

Com seu teor inovativo e tecnológico nas produções, rapidamente a emissora alcança a hegemonia telenovelista com a exibição de Irmãos Coragem, de Janete Clair, em 1970-71, com Glória Menezes e Tarcísio Meira, que expunha o coronelismo interiorano e possuía uma abertura para o futebol, uma das armas ideológicas da ditadura Médici (ALCAR - ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 2015) Daí por diante, a Rede Globo passou a liderar os níveis de audiência da televisão brasileira com suas tramas que embora conflitantes, ligados à realidade social, conseguiam se associar a necessidade de representação e pertencimento identitário da sociedade. A partir da década de 70, a emissora continuou inovando e buscando aproximar a arte da realidade, de modo que, mesmo com o surgimento da concorrente Bandeirantes, na década seguinte, se manteve no ápice.

OP. CIT. p. Nos últimos anos 80 e 90, a novela passou a abordar temáticas de liberação de costumes, sociais, políticas, se tornando cada vez mais uma ferramenta de informação, educação, construção e conscientização fundamentais no país, possibilitando a sociedade. Chegado o século XX, a telenovela já dispunha um caráter mais industrial e profissional para suas produções, se tornando a mais lucrativa das mídias. O conhecimento discursivo é o produto, não dá transparente representação do 'real' na linguagem, mas da articulação da linguagem em condições reais (HALL, 2003, p. Ao que se refere às representações, não consiste, portanto, numa cópia fiel ou idealizada, mas num processo pelo qual se estabelece a relação entre a percepção e o representado.

De modo que, a representação surge como a tangibilização de algo, com seu caráter imagético e passível de intercambiáveis sensações e ideias a percepção e ao conceito devido seu caráter simbólico, significante, construtivo, autônomo e criativo (JODELET, 1990). As representações sociais se apresentam como uma maneira de interpretar e pensar a realidade cotidiana, uma forma de conhecimento da atividade mental desenvolvida pelos indivíduos e pelos grupos para fixar suas posições em relação a situações, eventos, objetos e comunicações (SEGA, 2000, p. O acadêmico, crítico e novelista Galês Raymond William, reforça dizendo que por meio das representações, a sociedade possui a capacidade de conhecer e experienciar o mundo à sua volta, validando sua respectiva vivência as outras, formulando e integrando histórias a sua cultura e suas próprias significações.

No que tange, é nesse contexto que as telenovelas brasileiras e, mais precisamente, às produções ficcionais da Rede Globo de Televisão “perceberam que fazem parte de todo, um universo de significações, gostos, valores e do cotidiano das pessoas” (LEAL, 1986, p. e compreenderam, sobretudo, o mundo da representação, sendo por meio dele, que informa, entretém e identificam às tramas e os personagens em cena a sociedade, que participa no protagonismo da história, intervindo, transitando e experienciando em uma catarse de sentimentos, atitudes e emoções, as quais constroem e reestabelecem uma realidade, a partir das representações ficcionais. A REDE GLOBO E AS REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS LGBTQIA+ A introdução dos personagens LGBTQIA+ em telenovelas brasileiras, teve seu ponto inicial em 1970, na trama, “Assim na Terra como no Céu”, com o costureiro, carnavalesco e gay Rodolfo Augusto.

Desde suas primeiras inserções, tais representações identitárias passaram por inúmeras mudanças, desde suas exibições de forma velada as atribuições a papéis cômicos, representações estereotipadas a heteronormativas. No contexto histórico das novelas da Rede Globo de televisão, apresenta-se uma crescente representatividade da comunidade LGBTQIA+ nas últimas décadas, sendo uma realidade que busca eliminar preconceitos e construir uma sociedade com liberdade de expressão e respeito a diversidade identitária dos seus cidadãos. Nos anos 90, aconteceu uma pequena queda na representação da comunidade LGBTQIA+, mas com a entrada do século XXI, a quantidade de personagens, fortalecendo esta realidade identitária, vivenciou uma alavancada, e chegou a uma quantidade de 93 atuações diferentes nesta última década, nas novelas da Rede Globo.

Na imagem 1, dos 44 personagens que atuaram como lésbicas, verifica-se que 39 vivenciaram a realidade com heteronormativa, e apenas 5 assumiram a realidade como estereotipada, contudo entre os gays das 112 atuações, 61 foram estereotipadas e 51 na posição de heteronormativa. No contexto da representatividade da comunidade LGBTQIA+, a imagem 1 deixa clara que a sigla que mais foi representada neste 49 anos de novelas na Rede Globo, foram os gays com 107 personagens diferente, seguido das lésbicas que tiveram 43 atuações neste intervalo de tempo. METODOLOGIA O vigente estudo foi desenvolvido utilizando a pesquisa bibliográfica que parte do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de web sites (FONSECA, 2002, p. A partir disso, analisaremos o Caderno Globo, nº 12, teses, artigos e dissertações disponíveis em portais online; script das telenovelas; memorial globo de telenovelas; além da enciclopédia, somado a outras pesquisas paralelas.

A pesquisa com base na citação do autor acima tem como foco a compreensão referente a representação identitárias da comunidade LGBTQIA+ no contexto das telenovelas da Rede Globo de televisão, além de aprofundar o conhecimento sobre o cenário desta no cenário social. Dado o exposto, o estudo versa analisar a inserção da comunidade LGBTQIA+ nas telenovelas, bem como, examinar a aceitação da comunidade LGBTQIA+ sobre as representações exibidas nas telenovelas, levando em consideração seu senso de pertencimento. O presente estudo será realizado no Brasil, sem quaisquer delimitações geográficas. A partir da compreensão dos procedimentos técnicos da pesquisa de caráter bibliográfico, será realizado os procedimentos para contemplar o levantamento destes dados sobre o tema desta pesquisa nos acervos da literatura referente as representações identitárias LGBTQIA+.

Após a finalização da análise bibliográfica sobre o universo da comunidade LGBTQIA+, será realizada a separação das ideias, interpretação das convergências e divergências presentes nos materiais bibliográficos em relação à temática apresentada, além da organização das informações para análise sobre o sentido de pertencimento e representação sobre o indivíduo nas telenovelas brasileiras. As telenovelas utilizam-se das representações identitárias para apropria-se do contexto social, por meio da manipulação e processamento da realidade onde se apresenta um novo cenário onde sociedade e indivíduo coexistem diante dos conflitos e vivências, pois tudo que o expectador concebe como real provoca reflexões e transformações.   O trabalho desenvolvido pela novela da Rede Globo de televisão tem registrado uma crescente realidade onde as representações identitárias da comunidade LGBTQIA+  se fazem presentes nos enredos, portanto mesmo que pareça pouco, na verdade esta representação tem significado verdadeiros avanços nas lutas pela construção das múltiplas identidades e eliminação do preconceito e discriminações.

  Os desafios vivenciados pelos membros da comunidade LGBTQIA+ no cenário social brasileiro tem ao longo destas últimas décadas ganhando espaço na  teledramaturgia das novelas da Rede Globo, que coloca a abordagem referente ao gênero cada vez com maior intensidade, portanto permite que as diversas identidades sejam vista e passem a existir também na consciência das pessoas. Na análise desenvolvida sobre a presença das representações identitárias LGBTQIA+ nas telenovelas  da Rede Globo de televisão, verifica-se que embora de forma ainda deixando a deseja, mas tem crescido o número de pessoas que tem representado personagens pertencentes a esta comunidade e consequentemente permitindo reflexões e maior aceitabilidade no cotidiano social. O crescente número de personagens representando a comunidade  LGBTQIA+ nas telenovelas  da Rede Globo de televisão é uma realidade permite compreender a importância da representação identitárias, assim como demonstra que a sociedade tem aceitado gradativamente a existência destas pessoas e seus direitos.

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