Filosofia - O Valor como fundamento da Ética

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Vera Rudge Werneck Petrópolis – RJ 2015 7 RESUMO Este trabalho monográfico tem como objetivo apresentar a contribuição do pensamento de Max Scheler ao estudo da Ética, fundamentadono tema do valor. Scheler se depara comum sistema ético baseadono formalismo racional. Desse modo, a Ética poderia serassociada à noção de ressentimento, que é totalmente hostil ao seu genuíno conceito. Scheler, então, busca fundar uma Ética Material não aprisionada às categorias e construções da Razão, mas apoiada numa realidade objetiva, como a dos Valores. À da luz Fenomenologia,entende a intuição emocional como um processo cognitivo, pela qual se capta a realidade dos valores, sendo assim possível, a fundação de uma Ética Material de Valores. CRÍTICA À MORAL OCIDENTAL. O RESSENTIMENTO NA ÉTICA. O VALOR COMO FUNDAMENTO DA ÉTICA.

A INTENCIONALIDADE INTUITIVA E EMOCIONAL ENTRE A CONSCIÊNCIA E O COSMO. A OBJETIVIDADE DOS VALORES. A reflexão filosófica scheleriana possuía uma inclinação realista e objetiva, e que por isso, apontava para questões existenciais que afligiam o homem. Após reconhecer os méritos de Kant, Scheler reencontra um elemento que ficaraperdido no tempo, sobretudo com o advento do Iluminismo e do Positivismo. Trata-se do Valor, que enquanto essência se apresenta de imediato e o qual se alcança pela faculdade da sensibilidade, mediante o ato de vivenciar. Os Valores, possuem uma conotação realista e objetiva, não sendo produto da Razão e nem mesmo estando-lhe submisso. Assim, Scheler pretende fundar uma ética a priori e universal, mas não a definindo pelo formalismo racional, senão por uma esfera material, que por si se apresenta ao homem de modo imediato e evidente.

A partir disso, Kant conceberá o princípio do Imperativo Categórico, que será a mais forte expressão do seu rigorismo formal em relação à moralidade. No Iluminismo kantiano, assim como a Razão Pura, a Razão Prática é dotada de um imenso poder, de modo que ela própria é suficiente para mover a vontade, principalmente no sentido de estabelecer a forma da lei à qual a vontade deve se adequar. Portanto, a razão seria como que autolegisladora da própria moral, de modo que a Razão manifestaria sua supremacia tanto no campo gnosiológico, como também na capacidade de determinar, por si só, a vontade e a ação moral. Nesse contexto, a moralidade possui como causa a própria razão, na qual está fortemente vinculada, não dependendo e nem mesmo se relacionando a nenhum outro fator externo.

Assim, se a razão determinasse completamente a vontade, a ação moral ocorreria inevitavelmente, ainda que sob a intervenção de fatores emocionais e empíricos. Ao contrário das leis naturais (que são necessariamente e não podem não-ser), as leis morais (imperativos) podem não se concretizar devido a interferências de fatores estranhos à razão, sejam internos (físico-psíquicos e emocionais) ou até mesmo externos. Por isso mesmo, a lei moral é um imperativo, porque possui como essência o próprio “dever”, que faz com que a vontade esteja sujeita somente à razão. Segundo Kant, há uma distinção entre os imperativos e as máximas. Estas são regras meramente subjetivas, valendo somente para o sujeito que as propõe, como por exemplo, a vingança e a astúcia, que somente trarão algum tipo de vantagem ou benefício para tal sujeito.

Já os imperativos consistem em prescrições objetivas, pois, possuem um caráter de universalidade. O sistema ético formal entende a vontade como aquela faculdade que possibilita ao sujeito a prática moral, uma vez que ela é a responsável por mover o homem, e nesse contexto o deve fazer exclusivamente à luz da razão. Essa relação entre razão e vontade protagoniza a reflexão ética do sistema kantiano. Não se trata, porém, quando se fala da vontade, em se basear na intuição sensível ou empírica, mas de mostrar o sujeito como que dotado de vontade pura, e esta,assim como a razão pura, se caracterizam como a priori, e como tais se manifestam como numênicas, uma vez que se apresentam como causa tanto do conhecer como do agir.

Por isso, o imperativo moral possui característica de tipo numênica, pois se revela como uma síntese a priori. Com isso, a esfera numênica, que no campo gnosiológico era inacessível, torna-se agora acessível na pratica, já que o ser humano, dotado de razão e vontade pura, é a causa tanto do conhecer como da própria moral. Com isso, tem-se imediatamente a distinção entre sujeito e objeto, o homem e o mundo, distinção essa que se fundará na intencionalidade que, no âmbito da Fenomenologia, pode ser considerada a própria relação entre o sujeito e o objeto da consciência. A partir dessas noções, vai se lançando as bases da moral scheleriana cujo tema central consiste na objetividade dos valores.

Nessa doutrina, a consciência (que também possui ciência de si mesma como sujeito que se dirige intencionalmente ao objeto) se transcende, ou seja, não permanece em si mesma, mas segue em direção a algo que não é ela mesma. Nisto consiste a intencionalidade, nesse movimento intencional da consciência em direção ao objeto. Tal movimento se realiza através das vivências, que se dão na realidade objetiva que circunda o homem. Se, na intencionalidade é a consciência que se dirige, na intuição ela recebe o conteúdo essencial do dado a priori que se apresenta, e com isso se alcança a sua essência. Por isso, a experiência fenomenológica nada mais é que um procedimento intuitivo, cuja função é captar os “fatos” antes de se fazer qualquer construção ou proposição lógica neles.

Quando um objeto é dado em uma intuição pura, ele possui algo que lhe é próprio, isto é, a sua essência. Paralelamente a essa atitude de direcionar-se intencionalmente para o objeto, de um modo intuitivo, o método fenomenológico também possui como característica a postura de colocar entre parênteses, que consiste em prescindir da existência do ente para que sua essência seja alcançada, como se fizesse uma epoché, isto é, uma suspensão de juízo diante dos fenômenos a fim de separar qualquer conceito préestabelecido. A ÉTICA MATERIAL Max Scheler em uma de suas mais importantes obras de Ética, procura lançar as bases de uma moral pautada no apriorismo material. Assim, o homem se conscientiza de estar circundado por uma realidade, um cosmo de valores, que o transcende e o qual ele não pode produzir, mas somente reconhecer e descobrir.

A ÉTICA DOS BENS E DOS FINS “Kant equipara erroneamente os bens com os valores, entende que os valores devem se considerar como abstraídos dos bens” (Scheler, Ética, p. A noção de uma ética formal traz como consequência a equiparação entre bens e valores, o que manifesta que estes seriam abstraídos das coisas, que por essência, seriam valiosas, e isto, precisamente devido a esta equiparação errada mencionada acima. O formalismo na ética visa exatamente a forma (universal e racional) que confere o caráter de lei moral independente dos conteúdos materiais, daí o repúdio, à moral alicerçada na materialidade por considerá-la empírica e indutiva o que levaria ao relativismo na ética. Para começar e elucidação destes conceitos de bens, fins e valores, Scheler se prontifica em reconhecer o mérito de Kant no que diz respeito à ética de bens e de fins que será rejeitada como falsa, por carecer de fundamento sólido que confira à norma moral a sua principal característica, isto é, a perenidade e universalidade.

Na ética formal, não se pode definir o bem moral independente do conceito de lei, porque bem moral é aquilo que a lei ordena. E, quanto ao fim, não é o modo ou objetivo desse fim, mas sim a proposição desse fim, já é boa ou má. Já na ética material, os valores independem do sujeito que realiza as proposições que levariam aos fins, e estes, enquantotais, não poderiam ser bons ou maus, sem os valores. E o mesmo pode se dizer de toda ética que queira estabelecer um fim – seja um fim do mundo ou da humanidade, ou um fim da aspiração humana ou o chamado fim último – com relação ao qual se mede o valor moral do querer. Toda ética que proceda desse modo rebaixa os valores de bem ou mal necessariamente a valores meramente técnicos para esse fim.

Mas, acredita poder prescindir, sem uma fundamentação adequada, dos valores que se manifestam nos bens. Mas isso seria correto, somente se os conceitos de valor fossem abstraídos dos bens, ao invés de se realizarem em fenômenos independentes (Scheler, Ética, p. Scheler reconhece o grande mérito de Kant ao recusar uma noção de Ética fundada nos conceitos de bens e fins, também repudiada por ele mesmo, e ao que ele chama de grande intuição kantiana: “Prescindimos de entrar mais a fundo no sentido mais preciso ainda desta ‘grande intuição kantiana’, já que não tememos experimentar contradição alguma nestas proposições por parte dos círculos a que nos dirigimos” (Scheler, Ética, p. Reconhecida esta grande intuição kantiana, Scheler segue em direção á análise desta equivocada consequência, que consistiria em refutar todos os valores materiais, como se estes fossem abstraídos dos bens e dos fins.

Depois do ponto de convergência, relacionado ao repúdio da ética de bens e fins, tem-se agora o ponto de divergência entre os dois pensadores, onde Scheler entende a Ética material constituída por valores, independentes que não são abstraídos dos bens e do fins, mas são dados de modo intuitivo e pela intencionalidade emocional. Não obstante, uma das tentativas de conservar a integridade da moral, realizada por Kant, como já elucidado anteriormente, repercutiu negativamente, poisreduziu a moralidade às categorias e juízos da razão humana. Esse formalismo ocasionou como que um aniquilamento de toda vitalidade com seus impulsos, alegrias e motivações que possam estar presentes na realidade. Eis alguns pontos assinalados por Scheler como base da doutrina kantiana do apriorismo formal: Toda ética material possui, necessariamente, validade indutiva, empírica e a posteriori; somente a ética formal é a priori, com certeza independente da experiência indutiva.

Toda ética material é necessariamente hedonista e se funda na existência de estados de prazer sensível produzidos pelos objetos. Só uma ética formal é capaz de evitar a referência ao estado de prazer sensível, ao mostrar os 22 valores morais e fundamentar as normas que neles se apoiam. É, portanto, essa atitude todo o contrário do amor ao universo, da confiança e a entrega amorosa e contemplativa ao mundo. É dizer, o que psicologicamente tem motivado a vinculação do apriorismo à teoria da razão formadora, legisladora e da vontade racional que impõe uma ordenação aos impulsos, tem sido no fundo somente o ódio ao universo que se acusa vigorosamente na ideologia do mundo moderno, a hostilidade frente ao mundo, a radical desconfiança dele e, como consequência, a necessidade de ação ilimitada: que o organize e domine – tudo isso culminando em uma cabeça filosófica genial (Scheler, Ética, p.

Tal concepção acerca da moral e da ética se tornaria imperativa e arbitrária causando, com isso, um efeito contrário e gerando um clima de tensão. Ao passo que a ética deve propiciar a serenidade, que é fruto da centralidade produzida pela autêntica Ética que, por si, será sempre a priori. Por isso, o apriorismo não consiste mais na forma racional, mas na materialidade de uma Ética baseada em conteúdos objetivos que consistem em proposições a priori, necessárias e universais, mas independentes por si mesmos, como essências. O conflito entre os ideais de redescoberta da cultura helênica e a onipotência da Razão do homem moderno, resultaram num início de uma crise que revelaram a deficiência de uma razão, cuja prepotência acabou por levar ao ressentimento que seria a tensão entre o desejo e a impotência Nietzsche associa tal ressentimento à moralidade, elaborada especialmente pela doutrina socrática e judaico-cristã, que conceberam um Logos ordenador, e que poderia sugerir um desprezo ao que é dado no caos do universo, gerando assim, certa aversão a toda espontaneidade da vida.

Consequentemente, o homem passaria a repudiar as expressões mais elementares da existência em vista de construções complexas,alienando-se da sua própria condição. Desse modo, o homem iria desenvolvendo aos poucos uma atitude de negação a todo impulso vital, e a todas as consequências dessa aspiração terrena e instintiva. Enquanto toda moral nobre brota de início de um triunfante dizer-sim a si próprio, a moral de escravos diz não, logo de início, a um ‘fora’, a um ‘outro’, a um ‘não-mesmo’: e esse ‘não’ é seu ato criador. Essa inversão do olhar que põe valores – essa direção necessária para fora, em vez de voltar-se para si próprio – pertence, justamente, ao ressentimento: a moral dos escravos precisa sempre, para surgir, de um oposto e exterior, precisa, dito fisiologicamente, de estímulos externos para em geral agir – sua ação é sempre reação (Nietzsche, Genealogia da Moral, § 10).

Tal civilização manifestava o espírito de Dionísio, divindade olimpiana que figurava a espontaneidade, o instinto vital, alegria e, por isso, mesmo acabou por ser considerado o deus do teatro. No entanto, Nietzsche entende que o desenvolvimento da arte está ligado também ao espírito de Apolo, que por sua vez representava a moderação e o equilíbrio, pois era considerada a divindade da Razão. Precisamente, dessa dicotomia, entre suas duas divindades artísticas se desenvolve a arte grega, fruto desse encontro e ao mesmo tempo dessa controvérsia. Entretanto, quando os ideais socráticos surgiram com a presunção de compreender e dominara vida com a razão, provocou como que um desequilíbrio naquele ideal de arte, onde Apolo suplanta Dionísio. O RESSENTIMENTO NA ÉTICA O desequilíbrio causado pela superação do espírito apolíneo sobre o espírito dionisíaco gerou, segundo Nietzsche, uma profunda inversão de valores que fez da ética um grande ressentimento, que se tornou a principal característica do homem ocidental.

É o ressentimentos dos fracos e submissos, criando a moral como instrumento de dominção, já que só lhes resta isso. Pode-se traçar, com isso, um perfil psicológico do ressentido como uma psique imbuído do domínio sobre os outros e sobre tudo. Daí, então, a virtude tem seu conceito invertido, passando a ser o comodismo a derrota dos fracos e vencidos, como por exemplo, o desisnteresse, submissão, o aniquilamento de si mesmo. Até mesmo a invenção do sobrenatural e demais idealismos constituem uma maneira de desprezar e subjugar esse mundo real. Como se vê, tudo não passa de um envenenamento que mata a nobreza da vida e do mundo. Uma das principais noções éticas remonta aos tempos mitológicos que narra quando os homens adquiriram uma das principais características dos deuses para garantir-lhes a sobrevivência: a Razão.

No entanto, percebendo que isto não seria suficiente para tal sobrevivência, uma vez que os homens também eram dotados de vontade, os homens receberam o pudor, a justiça, e assim, amoralidade, e aí estariamas origens da Ética. Porém, como já elucidado anteriormente, a crítica contemporânea recai precisamente sobre essa pretensãode dar à Razão a onipotência no conhecer e no agir. Assim, tem-se como que um desequilíbrio na totalidade da natureza humana, constituída por diferentes esferas que se interagem na formação e no desenvolvimento de um autêntico processo humano. Uma das originalidades no desenvolvimento do pensamento ético ao longo da historia, é trazida por Max Scheler, que elaborou uma aprofundada antropologia, ressaltando o valor da pessoa (personalismo) em meio ao cosmos, explorando todas as esferas que constituem o homem.

A atitude do sujeito não é monótona, ou seja, exercida somente usando uma de suas faculdades, mas ao entrar em contato com o mundo, o homem manifesta e utiliza todas as suas faculdade, tanto cognitivas, como volitivas e também fisiológicas. Esse olhar antropológico mostra que se trata de um equívoco conceber a postura do homem apenas pela via racional; de fato, no contato imediato geralmente a razão não é a primeira a se manifestar com suas construções sistemáticas. Antes, o que se manifesta por primeiro é uma faculdade que, apesar de tão evidente na natureza humana, fora muito marginalizada pela sociedade impregnada pelo espírito Positivista. Trata-se da faculdade da sensibilidade ou via emocional, que constitui uma das várias esferas antropológicas.

Lançando um olhar sobre a Natureza, e o homem é um ser integrante da Natureza, constata-se que a mesma realiza uma verdadeira interação entre seus diversos elementos. A OBJETIVIDADE DOS VALORES Quando se fala de realidade e materialidade tende-se a conceber apenas o sujeito e as coisas que o circundam, mas há igualmente outra esfera de realidade, tão óbvia, e que, por isso, por vezes ignorada. Nessa relação entre sujeito e realidade o que se pode notar com clareza e de modo imediato é a percepção dos valores, pois tudo possui uma avaliação para o sujeito já que, para este, os objetos serão bons ou maus, feios ou belos, úteis ou inúteis. Os valores estão sempre presentes nos objetos, até mesmo antes que certas especificidades desses objetos se manifestem, ou sejam descobertas mediante análises metodológicas, científicas e racionais.

Ainda na perspectiva antropológica daquele autêntico ideal grego, os valores são aquilo que aprimoram o sujeito enquanto pessoa, tornando-o cada vez mais humano, ou seja, levando à plenitude sua própria natureza. Será pela via emocional, enquanto faculdade cognitiva, a possibilidade do conhecimento dos valores. Material porque tais conteúdos, os valores, são absolutamente independentes das coisas e dos homens. Os valores são o que constitui os bens enquanto tais, isto é, os bens são coisas que tem valor, quer dizer, os bens são coisas boas pelos seus valores. Tendo como ponto de partida a clarividência dos valores na relação homemmundo, todo empenho e esforço de Scheler visam levar o leitor a um contato direto e pessoal com a realidade dos valores. Estes, por sua vez, constituem uma esfera tão objetiva e real quanto qualquer outra classe de objetos, absolutamente independente do sujeito que os percebe.

Assim como posso representar-me o vermelho como uma simple qualidade que se manisfesta, por exemplo, na pura cor do espectro, sem absolutamente concebê-lo com afetando uma superfície corporal, ou mesmo sem concebê-lo como superfície nem como algo extenso, da mesma forma valores como o agradável, o charmoso, o amável, ou ainda o distinto, o nobre, me são originariamente acessíveis sem 33 necessidade de representá-los como propriedades pertencentes às coisas ou às pessoas (Scheler, Ética, p. A palavra virtude se tornou tão desagradável, através das apóstrofes patéticas e sentimentais dirigidas a ela pelos cidadãos do século XVIII – poetas, filósofos e pregadores – que hoje mal podemos conter o riso quando a ouvimos ou lemos. É suficiente para nossa era do trabalho e do êxito falar de habilidade.

Daí o fato de os virtuosos do nosso tempo serem tão pronunciadamente feios, desprendidos do homem (Scheler, Da Reviravolta dos Valores, p. Assim, se faz necessário conhecer o sentido original que os gregos e romanos da Antiguidade a concebiam. De fato, a virtude constituía o tema essencial da formação grega, e era entendida primeiramente como expressão de mais alto ideal cavalheiresco unido a uma conduta cortês e distinta e ao heroísmo guerreiro. Ela não se apresentava para servir a lidas e obras predeterminadas, menos ainda para o usufruir de outros, senão apenas para ser uma livre jóia de seu portador, mais ou menos como a pena sobre o chapéu (Scheler, Da Reviravolta dos Valores, p. Seguindo esta esteira Fenomenológica que encontrar de modo imediato o valor e, depois de preencher a deficiência deixada pelo pensamento Moderno, nosso autor apresenta também o grande equívoco do pensamento contemporâneo, sobretudo aquele desenvolvido por Nietzsche, conforme elucidado anteriormente (nº 2.

que deturpou a moral do Ocidente, especialmente a Ética cristã, mostrando-a como a mais alta expressão de um forte ressentimento, tão maléfico, que Nietzsche a comparou a um veneno letal. Depois da exposição sobre o ressentimento, segundo o pensamento nietzschiano (nº 2. apresenta-se agora a reflexão de Scheler sobre este ponto, que tanto aproxima e ao mesmo tempo distancia estes dois pensadores. A mais profunda inversão da hierarquia valorativa, que a moral moderna carrega é, porém, a subordinação, que vai se insinuando cada vez mais, dos valores vitais aos valores da utilidade; subordinação esta que cresce em todos os seus desdobramentos. ou como podemos dizer sucintamente, no que compreendemos as qualidades que perfazem o valor da vida em organismos, a partir de um conceito de nobreza: a subordinação do que é “nobre” ao que é “útil” (SCHELER, Da reviravolta dos Valores, p.

Quanto à moral cristã, Scheler esclarece,que não constitui uma Ética de ressentimento. Antes, a atitude cristã, dotada de espírito metafísico, se direciona sempre ao ser mesmo, como na atitude Fenomenológica, não necessitando, assim, de estabelecer comparações para alcançar a superioridade, tal como o faz o espírito ressentido. O cristianismo segue pautado na realidade objetiva, constituída por um cosmos independente de qualquer subjetivismo. Ademais, a realidade não é um inimigo e ser vencido ou dominado, mas um dom a ser vivenciado! 38 BIBLIOGRAFIA COSTA, José Silveira da. Max Scheler: o personalismo ético. São Paulo: Moderna, 1996. GILES, Thomas Ransom. História do Existencialismo e da Fenomenologia,Vol. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. MACEDO, Ubiratan. Introdução à Teoria dos Valores. Curutiba: Editora dos Professores. NIETZSCHE, Friedrich.

ROVIGHI, Sofia Vanni. História da Filosofia Contemporânea: do século XIX à neoescolástica. Trad. Ana Pareschi Caponilla. ª ed. ANEXOS DADOS BIOGRÁFICOS Ferdinand Max Scheler nasceu em Munique, na Baviera, sul da Alemanha, a 22 de agosto de 1874. A família do pai pertencia à grande burguesia protestante e sua mãe era de origem judia. Ainda no Liceu, por volta de 1889, aos 15 anos de idade, converteu-se ao catolicismo, influenciado pelo capelão e sob o impacto emocional das festividades religiosas dos católicos de Munique, durante o mês de maio. Em 1894, com 20 anos de idade, termina os estudos secundários em Munique e se transfere para Berlim, onde frequenta o curso de Filosofia. Aítem seus primeiros contatos com grandes pensadores como Stumpf e Dilthey, que juntamente como Max Weber e outros foram os criadores da moderna sociologia alemã.

Compensou sua 40 frustração participando ativamente, junto com diversos intelectuais, na elaboração de ideologias, numa verdadeira batalha de ideias, a favor da Alemanha. Em Göttigen, em 1915, ainda mantém contatos pessoais com Husserl, de quem vai se afastando, até o rompimento completo, por incompatibilidade de ideias acerca de alguns aspectos básicos da fenomenologia. Entre 1917 e 1918, participa ativamente da vida pública, encarregado de duas missões diplomáticas em Genebra e Haia. Em 1919 recebe as cátedras de Filosofia e Sociologia na recém-fundada Universidade de Colônia, sendo nomeado diretor do Instituto de Estudos Sociológicos da mesma cidade. Nesse mesmo contexto, publica “Sobre a inversão dos Valores”, na qual trava uma batalha ideológica com a “Genealogia da Moral” de Nietzsche, sobretudo acerca do ressentimento na Ética.

1201 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download