A catedral de Notre-Dame de Paris

 Denis também foi martirizado alguns anos depois junto a seus assistentes. Seus sucessores viveram escondidos até a paz da Igreja pelo imperador Constantino em 313. Então, tornou-se possível construir na França, um primeiro edifício cristão, que foi erguido provavelmente à margem esquerda do Sena, e talvez, de acordo com algumas histórias, ao lado do atual Val de Grace.  No entanto, não se sabe ao certo se a base para Notre-Dame foi desta primeira catedral ou a da seguinte.  As escavações foram conduzidas em diferentes períodos na parte oriental da ilha da cidade, onde agora está a Catedral Notre-Dame. Maurice de Sully propõe então, em resposta teológica, espiritual e pastoral à transformação da sua diocese, a reconstrução de uma igreja catedral dedicada à Virgem Maria (Notre-Dame) e consolida deste modo, um enorme projeto urbano, que tem como 1163 a data que tradicionalmente se comemora a colocação da primeira pedra de Notre-Dame na presença do papa Alexandre III.

Há controvérsias entre os historiadores se haveria sido o papa a por a pedra fundante de Notre-Dame ou se foi o próprio Maurice de Sully. O que não interfere no fato de que o novo edifício faz parte do impulso da nova arte que será chamada de arte gótica (ou ogival).  A catedral que pretendia ser a maior e mais alta de toda a França conseguiu tal feito ao longo do século XIII, com inúmeros construtores anônimos, que iam gradativamente elevando as ogivas da igreja, e de suas torres. Todo esse projeto arquitetônico teve um impacto nas significações espirituais do monumento, que passou a representar uma elevação espiritual e uma proximidade com o divino.  Nos sécs. XVII e XVIII a catedral passou por algumas reformas.

Durante a Revolução Francesa, o edifício sofreu vários atos de vandalismo, mas em 1804 Napoleão pôde ser coroado em Notre-Dame, tendo-a pintado de branco e coberto com grandes bandeiras para esconder o mau estado. Quando Victor escreveu o romance, em 1831, a cidade pensava seriamente em demolir o monumento. Dez anos depois, a catedral foi reformada sob a direção do arquiteto Viollet-le-Duc, “Restaurer un édifice, ne pas le maintenir, le corriger ou le refaire, c'est restaurer un état complet qui n'aurait jamais existé à un moment donné” (VIOLLET-LE-DUC, 1841). Polifonia (UFMT), Cuiabá, v. p. BASTOS, Jorge. Comentários e notas. IN: Hugo, Victor, O corcunda de Notre Dame; Edição Comentada e Ilustrada Tradução: Jorge Bastos, Ed.