O Rock Acabou

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Geologia

Documento 1

” é marcante: sua letra é paradoxal, sendo enigmática e clara ao mesmo tempo. Não se sabe se o eu-lírico está se referindo a um relacionamento que terminou, usando o termo “Rock” como uma metáfora para este, ou se ele usou o sentido literal: o rock acabou. Em 2006, Gabriel Marques, vocalista e letrista da banda, profetizou: hoje o rock não consegue mais o mesmo destaque no cenário mainstream, mesmo no internacional. Evidente que existem bandas como Coldplay, que continua arrastando multidões – porém esse lado está mais voltado para o Pop Rock – e de certa forma suas raízes roqueiras morreram depois do álbum A Rush of Blood to the Head, de 2002. Para dizer se o Rock acabou ou não, primeiro precisamos entender os contextos em que ele começou, evoluiu e adoeceu, sendo um rápido e superficial estudo das mais diversas gerações é a chave para isso.

Professor do curso de História da Universidade de Sorocaba, Doutor em história social pela Universidade de São Paulo. Fã de rock desde a década de 1980. Foi na década de 1960 que o cenário começou a mudar: os Beatles e a sua Beatlemania, num primeiro momento, mantiveram a política anterior de fazer rock, ganhando o mundo com isso. O fenômeno foi tal que diversos países tiveram movimentos parecidos, como o Brasil teve a Jovem Guarda. No fim da década, contudo, houve a contracultura, que difundiu o Rock de uma maneira exatamente oposta. ”, afirma Rogério, complementando que a década marcou a intensificação dos atritos entre as gravadoras e os artistas. “Frank Zappa tinha o projeto de lançar um disco triplo intitulado “Leather”, sendo impedido pela gravadora, que considerava isso um projeto caro.

Frank se rebela contra isso, toca o álbum inteiro para uma rádio FM, desabafando para um jornalista e incentivando a pirataria do disco. O ocorrido pode ser visto como um reflexo do aburguesamento do gênero e como as primeiras demonstrações conservadoras da indústria. O começo da crise do petróleo leva ao desemprego e o começo do desmonte do estado de bemestar social, sendo um dos motes da origem do movimento punk. Mas gradativamente, os artistas mais inovadores e que estavam surgindo naquele período deixam ou perdem espaço no mainstream e vão para o âmbito independente. Várias tendências difusamente denominadas como pós-punk se estabelecem neste cenário. ”, sustenta Rogério. Na década de 1990, o rock segue o mesmo caminho da década anterior, porém num ritmo mais rápido.

A contraposição entre o independente (representado pelo grunge) e o mainstream (representado pelo Britpop3 e pelo Pop Rock em geral) demonstra como o Pop se mantém nas paradas, ao mesmo tempo em que o independente pode se vender para entrar nelas também. Se formam cenas especificas como, por exemplo das bandas indies da Nova Zelândia. ” Podemos perceber que outro motivo para a participação cada vez menor do rock no cenário mainstream está na presença de outros gêneros musicais nele. Isso se aplica tanto no cenário internacional como no nacional. No cenário internacional podemos notar que o rap, o R&B, a música eletrônica em seus mais diversos subgêneros, e, principalmente, o pop em geral tomaram conta das paradas pelo mundo.

Inicialmente, o Rock nacional contou com muita influência da New Wave: no caso do RPM, por exemplo, alega-se que o fato de Paulo Ricardo ter morado em Londres e acompanhado essa onda musical de perto contribuiu para a formação da banda. Um selo muito importante foi a Baratos Afins. Há que citar o Sepultura, uma das poucas bandas brasileiras que tiveram uma repercussão no cenário mundial. “, afirma Rogério, reforçando a ideia de que o cenário sociopolítico seria importante na formação do Rock nacional. Atualmente as paradas foram tomadas pelo sertanejo universitário, pelo pop e até mesmo pelo funk, estilo que sofre preconceito por ser considerado periférico. Esse fenômeno se repete, já que havia ocorrido no fim da década de 1980, quando o sertanejo romântico toma conta das paradas colocando o rock em um determinado ostracismo.

Quer criatividade, inovação? Procure no cenário independente. Mas no Brasil esse cenário não tem nem de longe o vigor que apresenta no hemisfério norte. “ Ao ser perguntado sobre como o papel dos produtores musicais passa a ser mais embasado na relação mídia-mainstream-artista do que no âmbito artístico ou técnico, Rogério discorre que estes estão, de certa forma, apenas seguindo ordens: “Acho que os produtores atuais também se transformaram em fabricantes de hits, não importa a qualidade. Posso estar fazendo uma generalização, mas se transformaram em apenas funcionários de uma indústria cada vez mais canibal. ” Uma outra hipótese estaria no fim de veículos que seriam uma vitrine de divulgação, como por exemplo a desistência da MTV Brasil em se focar na música e sua posterior extinção, além das rádios segmentadas.

Para terminar, Rogério alega que que a derrocada do Rock no mainstream estaria ligada à pressão das gravadoras por sucesso, afirmando que a saída estaria no cenário independente. “O rock nacional praticamente desapareceu do mainstream. Qual a última banda de sucesso comercial? NXZERO? Veja você, um ‘Menudo do rock’, um lixo comercial para meninas adolescentes. O mercado se canibalizou, quer lucro e rápido. Perdeu todos os pruridos com a qualidade. Grandes gravadoras históricas para a música brasileira foram incorporadas por outras, sejam estas estrangeiras ou grupos nacionais que estavam nascendo. Os produtores intimamente ligados ao Rock nacional na década de 1980 foram caindo no ostracismo, e com eles os roqueiros da época. Gabriel Marques, vocalista do Moptop, profetizou em 2006: o rock acabou. Ano este que, por coincidência, nos presentearia que o lançamento dos discos que colocaram Nx Zero e Fresno no cenário mainstream.

Aliás, até mesmo esses dois últimos caíram no ostracismo.

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