Educação popular e ensino superior em Paulo Freire

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Naquele momento, os caminhos de pesquisa apontavam para duas vertentes. A primeira delas era a do levantamento bibliográfico acerca de Paulo Freire e seu pensamento sobre o ensino superior. Seria um campo vasto a pesquisar e a suspeita era de que pouco material específico sobre o assunto seria localizado então. Mais complexa, uma segunda abordagem seria o diagnóstico indireto sobre o ensino superior a partir das considerações mais frequentes que fazia sobre a educação popular como um todo. Uma questão temporal ajuda a entender porque o foco de Freire era tão predominante na escolarização fundamental. O pensamento progressista da Igreja Católica influencia as novas acepções, enquanto a ala comunista investe na formação de militantes entre os operários urbanos.

Com foco na transformação ou na persistência da ordem social, ambas as linhas terão influência nas cartilhas e projetos governamentais de então, como o Mobral e a Cruzada ABC. O estímulo a discussões pertinentes às políticas nacionais em grupos que denominou de Círculo e Centro de Cultura, valendo-se de ilustrações para apresentar temas relevantes à população analfabeta levou Freire a se perguntar se a eficiência desse método não seria aplicável à alfabetização, na forma de uma “educação popular conscientizadora”. Os anos 60 marcam o crescimento da parcela da população com acesso ao ensino secundário e uma maior pressão para ingresso nas universidades públicas ou privadas pela classe trabalhadora. Por outro lado, o analfabetismo segue como realidade para boa parte da população.

Discute aproximação entre interesses da universidade e do povo e, ao mesmo tempo, a contribuição das universidades para a qualificação do ensino público e à criação de melhores condições de trabalho ao docente. Lembrava, ainda, da importância da coerência entre discurso e prática na vida dos docentes, assim como a organização de um currículo voltado à valorização do tempo útil ao conhecimento. Freire chama atenção para a mobilização das classes populares por melhores condições de ensino de nível superior, à medida em que os pais reivindicam o acesso de seus filhos e oportunidades para sua expansão intelectual também. Destaca, ainda, como exemplo, conflito envolvendo sindicalistas italianos e classe patronal que permitiu oportunidade de introduzir tempo de estudo na jornada de trabalho, mas tentou interferir no currículo.

Para Freire, a importância de autonomia curricular é o que irá distinguir a educação de mera submissão tecnicista, decorrente de expectativas de manter o trabalhador como classe submetida a seus interesses. Para finalizar, Beisiegel considera que os estudos de Freire apontam para possibilidades de aprofundamento das reflexões em torno de uma ética em prol de interesses coletivos, que afronte a avidez individualista, e que possa beneficiar a educação como um todo, em todos os seus níveis.

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