Livro As instituas Autor João Calvino Resumo com 11 páginas

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Antes de os homens poderem proferir sua doutrina profética e apostólica é necessário que tal doutrina tenha existido anteriormente à própria Igreja. Assim, não é a Igreja que possui o poder de compreender e julgar a Escritura, mas esta sim, que constrói as bases da certeza daquela. Para os homens, a opinião daqueles que proferem as palavras da Escritura falam movidos por Deus. Entretanto, o testemunho do Espírito é superior à razão humana e somente aqueles corações que são verdadeiramente tocados por Ele podem proferir a Palavra de Deus e proclamá-la fielmente. Por fim, o autor vai dizer que a Bíblia contempla a verdade de Deus e foi escrita através do ministério humano que recebeu em seu coração a verdadeira palavra do Espírito.

Não à toa que essa simplicidade fosse mais reverente do que discursos eloquentes: o conteúdo da Escritura não precisaria de nenhum artifício de palavras. A fé, portanto, deveria se apoiar no poder de Deus, que não adivinha de persuasão linguística, mas da demonstração do Espírito e do poder presentes na Escritura e em seu poder de comover e despertar vivamente com sua propriedade divina inspiradora que supera a criatividade humana. No capítulo nove, Calvino trata dos fanáticos e as subversões que pregam a respeito da Escritura e da verdadeira doutrina. Segundo ele, aqueles que pensam em outro caminho para chegar a Deus, que não através da Escritura, desprezam sua leitura e zombam de sua simplicidade, são loucos, pois se quisermos obter algum fruto ou proveito do Espírito de Deus é necessário ouvir e ler a Escritura.

O sinal de veracidade do Espírito que está presente entre nós vem do Senhor, mas os fanáticos erram quando buscam o Espírito por eles mesmo e não por Deus. O que majoritariamente se celebra e reconhece é o nome de um Deus único. Mesmo aqueles que adoravam vários deuses, usam simplesmente o termo Deus, como se apenas um bastasse. Por conta disso, Deus deve ser buscado em seu tempo e deve ser admitido somente aquele que se revela por meio de Sua palavra. Como, porém, representar a deus através de imagens é corromper a Escritura, levando em conta o parvo e tacanho entendimento humano, costuma expressar-se de maneira acessível à mente popular, quando tem em mira distinguir dos falsos o Deus verdadeiro, contrasta-o especialmente com os ídolos, não que, em assim fazendo, aprove o que, mais sutil e elegantemente, ensinam os filósofos, mas, antes, para que melhor exiba a estultícia do mundo; mais do que isso, sua completa loucura, enquanto, ao buscar a Deus, a todo tempo cada um se apega a suas próprias especulações.

Portanto, essa definição exclusiva, a qual, em referência à unicidade de Deus, por toda parte se manifesta, reduz a nada tudo quanto os homens, segundo a própria cogitação, engendram para si acerca da divindade, porquanto somente Deus é testemunha conveniente de si próprio. Ao imaginar Deus nesses termos, na verdade ele quis dizer que a divindade está difusa, uma a uma, por todas as porções do mundo. Mas, ainda que, para conter-nos dentro dos limites da sobriedade, Deus fala de sua essência parcimoniosamente; contudo, Mas Deus se designa também por outra marca especial, mediante a qual possa ele ser distinguido mais precisamente, afirma o autor. Ele se proclama como sendo o único em termos tais que nos levam a considerá-lo em três pessoas distintas, as quais, se não as reconhecemos, no cérebro nos revolve apenas o nome de Deus, desnudo e como um vácuo, sem o Deus real.

Contudo, para que alguém não imagine um Deus tríplice ou conclua que a essência singular de Deus seja parcelada pelas três pessoas, aqui deparamos com a necessidade de buscar uma definição breve e fácil, que coloque a salvo de todo erro. Pelo fato de que os hereges vociferem a respeito do termo pessoa, ou certos indivíduos extremamente impertinentes façam estardalhaço, dizendo que não admitem um vocábulo cunhado pelo arbítrio dos homens, sendo que não podem negar que se faz referência a três, dos quais cada um é plenamente Deus, sem que por isso haja muitos deuses, que espécie de improbidade é esta: impugnar palavras que não expressam outra coisa senão o que foi selado e atestado nas Escrituras? Mais a propósito, insistem, conter dentro dos limites da Escritura não apenas os pensamentos, mas até mesmo as palavras, que disseminar vocábulos estranhos que viriam a ser sementeiras de dissenções e contendas.

Porém, se compara o Pai com o Filho, a propriedade específica distingue cada um do outro. Outra questão importante que o aturo se refere é a eternidade do verbo, que embora não ousem arrebatar abertamente sua divindade, furtivamente surrupiam sua eternidade. Pois, dizem, a Palavra começou realmente a existir então, quando Deus abriu seus sacros lábios na criação do mundo. Mas, de forma muito insipiente, atribuem à substância de Deus mudança desse gênero. Como os designativos de Deus que lhe contemplam a operação externa começaram a ser-lhe atribuídos a partir da existência da própria obra, razão pela qual é chamado criador do céu e da terra, assim a piedade não reconhece nem admite nenhum título que sugira haver ocorrido algo novo a Deus em si mesmo.

E, realmente, antes que desçam a esta mísera condição do homem a que ora está sujeito, é de relevância conhecer como foi inicialmente criado. O autor afirma ser um fato: lemos que o homem foi criado à imagem de Deus [Gn 1. “Ora, ainda que a glória de Deus refulja no próprio homem exterior, contudo não há dúvida de que a sede própria da imagem está na alma. Certamente que não deixo de admitir que a forma exterior, até onde nos distingue e separa dos animais brutos, ao mesmo tempo nos une mais intimamente a Deus. ” Nem mais veementemente contenderei, caso alguém insista que sob o conceito de imagem de Deus deve-se levar em conta que “os outros animais, enquanto se inclinam para baixo, os solos contemplam, ao homem se deu um semblante voltado para cima e determinado a contemplar o céu e as estrelas, erguendo seu vulto ereto”, contanto que isto fique estabelecido: que a imagem de Deus, que se percebe ou esplende nestas marcas exteriores, é espiritual.

Não distante, que ela a tal ponto é a moderatriz de todas as coisas, que ora opera por meios interpostos, ora sem meios, ora contra todos os meios. E por fim, que ela aponta para o fato de que Deus mostra tomar sobre si o cuidado de todo o gênero humano, mas principalmente que vela em governar a Igreja, a qual tem por digna da mais estrita atenção. O autor fala que frequentemente reluza em todo o curso da providência ou o paterno favor e a beneficência de Deus, ou a severidade de seu juízo, entretanto às vezes as causas dessas coisas que acontecem são ocultas, de sorte que sutilmente se insinue o pensamento de que as coisas humanas volvem e giram ao cego impulso da sorte, ou a carne nos contradiz solicitamente, como se Deus, atirando os homens como bolas, se entregasse a um jogo! Portanto ele afirma, quando Deus a si reivindica o direito de governar o mundo por nós não plenamente discernido, que esta seja a lei da sobriedade e da moderação: aquiescer-lhe à suprema autoridade, para que sua vontade nos seja a única regra de justiça e a mui justa causa de toda as coisas.

Evidentemente, não aquela vontade absoluta da qual, a separarem, em dissídio ímpio e profano, sua justiça de seu poder, tartamudeiam os sofistas; ao contrário, aquela providência moderada de todas as coisas, da qual, ainda que as razões nos sejam ocultas, nada promana senão o que é reto. Uma questão mais difícil que menciona o autor é a que emerge de outras passagens, onde se diz que Deus, a seu arbítrio, verga ou arrasta todos os réprobos ao próprio Satanás. desta provação concluímos que Satanás e os salteadores perversos foram os ministros; Deus foi o autor. Satanás se esforça por incitar o santo a voltar-se contra Deus movido pelo desespero; os sabeus ímpia e cruelmente lançam mão dos bens alheios, roubando-os.

Jó reconhece que da parte de Deus fora despojado de todos os seus haveres e em pobre transformado, pois assim agradara a Deus. Portanto, ele afirma, seja o que for que os homens maquinem, ou o próprio Satanás, entretanto Deus retém o timão, de sorte que lhes dirija os propósitos no sentido de executarem seus juízos. Deus quer que o pérfido rei Acabe seja enganado; para esse fim oferece seus préstimos ao Diabo. As Institutas. s. l.  : FIEL, 2018.

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