Ideologias Geográficas - Resenha

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Hucitec, São Paulo, 2002.   “As formas espaciais são produto de intervenções teleológicas, materializações de projetos elaborados por sujeitos históricos e sociais. Por trás dos padrões espaciais, das formas criadas, dos usos do solo, das repartições e distribuições, dos arranjos locacionais, estão concepções, valores, interesses, mentalidades, visões de mundo. Enfim, todo o complexo universo da cultura, da política e das ideologias. ” (Capítulo 1, P.   A inexistência da consciência coletiva se dá pela individualidade de cada ser consciente, o que existe no lugar do que seria uma consciência coletiva é uma consciência de classe constituída por diferentes homens que possuem valores sociais e fins políticos semelhantes, e assim se organizam para alcançá-los e/ou defendê-los.

  “Todavia, o movimento da consciência se dá num âmbito de relações sociais. A substância integral do ato consciente são valores, dados e emoções socialmente elaboradas. As leituras individuais do mundo se fazem por parâmetros gestados pela sociedade. ” (Página 17,segundo parágrafo. Um processo ininterrupto onde o próprio ambiente construído estimula as novas construções. Isto é: a paisagem é ao mesmo tempo um resultado e alimento dos projetos de produção do espaço. ” (Ultimo parágrafo da página 22, com continuação na página 23)  É uma leitura bem interessante do que seria a formação do espaço humanizado e o que ela proporciona para este ser que a constitui, o que está por trás da transformação espacial e as ambições que ela pode ocasionar.

  “A paisagem é um registro da época e um documento de cultura” (Página 23 , segundo parágrafo)  A paisagem trás consigo os registros da evolução de quem a modificou, ou seja, a paisagem reflete exatamente os ideais de sua época e documenta a cumulação de experiências, costumes e ações do povo que a constitui.   “A leitura de paisagem é comum a qualquer sociedade em qualquer época. No entanto, isso permite ao geógrafo uma liberdade maior de observar qualquer fenômeno e as variações de olhar sobre eles, apesar de confundi-lo quase sempre a respeito do esclarecimento do seu objeto de estudo.   “As transformações efetuadas na superfície da terra seguem muito mais esta “Geografia dos Estados Maiores” da “Mídia” etc, do que da que flui nos currículos, nos tratados e nas academias.

” (página 33, linha 17)  O senso comum é influenciado pela ideologia dos estados maiores e não por quem faz geografia de verdade, por isso a visão geográfica da maioria das pessoas do mundo é distorcida, e desconhece a vastidão da disciplina, e a sua importância, e acaba a limitado a uma série bem reduzida de análises e estudos.   “A ideologia seria a ciência da gênese das idéias,cujos resultados serviriam para um melhor ordenamento da vida social. ” (Página 37, segundo parágrafo)  Este conceito de ideologia positivo foi dado pelos denominados “ideológos” que foram os primeiros a buscar entendê-la, o fado de ser um objeto importantíssimo de estudo das ciências que se denominam sociais, se explica, uma vez que ele seria a base para todos os pensamentos produzidos pela sociedade, pois ele a organiza, no significado mais abrangente da palavra.

  “A consciência de classe é fruto de um processo educativo, não aflorado da simples revolta social (. A arte, a ciência e todas as atividades do pensamento devem estar a serviço da revolução. ” (Página 51, primeiro e segundo parágrafos)  Esta já é a apresentação do pensamento leninista, onde Lenin ressalva a importância do trabalho sistematizado, envolvendo todas as camadas do desenvolvimento humano para que se haja uma consciência de classe, vendo essa maneira como a maneira eficaz de se fazer a revolução.   “A idéia da construção de uma “nova cultura” anima os espíritos mais inquietos, estimula a criatividade. ” (Página 52, terceiro parágrafo)  A idéia da possibilidade de reinventar a sociedade, na sua maneira de agir e pensar é o que instiga o espírito daqueles que estão insatisfeitos com o que se vive, fazendo com que essa idéia seja real para os “espíritos mais inquietos” faz com que eles pensem maneiras de modificar a realidade, e assim gerar novas possibilidades, novos anseios, novos sonhos e ideais.

É correto, pois, a verdadeira revolução necessita de uma base fundamentada para que forma a base dos pensamentos e opiniões, a revolução precisa de uma ideologia para fazer sentido e movimentar a massa. ”O poder exercita-se pela força, mas também pelo convencimento, implicando ditadura, mas igualmente direção moral da sociedade. ” (Página 65, primeiro parágrafo)  A ditadura era vista como a única maneira eficaz de instauraro melhor modo de vida a sociedade, mas em paralelo a ditadura deveria haver a persuasão social, o convencimento das classes de que o modo de vida que seria instaurado era o melhor, ou seja, a ditadura era essencial, mas também se fazia necessário conscientizar e convencer a massa da implantação do sistema ditatorial e da importância de seus fins.

  “A hegemonia é, assim, a conquista do poder com uma base de legitimação. As rupturas revolucionárias ocorrem segundo Gramsci, na crise da hegemonia, na perda de sua legitimação. Algumas ideologias geográficas contribuem para o não desenvolvimento unificado das sociedades, o Brasil é a prova viva disso.   “A Geografia brasileira, explicitamente assim nomeada, aparece nesse quadro como atividade da escola normal e, do ponto de vista da pesquisa, como ocupação de engenheiros. ” (Página 116, primeiro parágrafo)  A Geografia brasileira tem papel de matéria escolar, a utilização dessa ciência é para o cunho mais superficial que ela poderia ter, se tomado como exemplo a Alemanha, que a utilizou para instaurar o conceito de nação e unificar-se, o Brasil usa com fins mínimos, superficiais, ineficientes para o desenvolvimento dos brasileiros e burocrático.

  “A Geografia é posta claramente como um instrumento de um Estado modernizante, impulsionador do desenvolvimento capitalista no país”. Página 130, primeiro parágrafo)  A geografia no Brasil é um macete da classe dominante para se apoderar da classe dominada de maneira efetivamente mais eficiente, mantendo as ideologias favoráveis para o desenvolvimento capitalista no domínio do país.   Conclui-se que a temática abordada pelo livro é bem vasta e gera várias discussões, tanto no campo epistemológico da geografia (o que se faz necessário, uma vez que vivemos em eternas mutações e precisamos estabelecer autocríticas, como geógrafos e seres modificadores da sociedade), quanto aos posicionamentos políticos e históricos.   O autor mostra as interferências sociais para a formação do indivíduo geógrafo, e as influências que a sua ciência e seu olhar geográfico podem sofrer, e dá ênfase no cuidado que este indivíduo deve tomar para manter suas opiniões legítimas e justas aos seus valores individuais.

Além disso, deixa claro o desafio do geógrafo atual, após se reconhecer como geógrafo, que é ampliar seu campo de conhecimento, sem perder seu foco de estudo, e assim contribuir para o bem estar social.

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