Literatura

Tipo de documento:Produção de Conteúdo

Área de estudo:Física

Documento 1

Objetivo geral; 2. Objetivos específicos; 2. Específico 2. Específico 2. Específico 3. Ao ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas, surgiram questionamentos que me conduziram a reflexão do objeto a ser estudado pautando-se na relação conflitante e apaziguadora do narrador-personagem Brás Cubas, ao lidar com seus possíveis leitores. A partir desse primeiro momento, pude levantar o seguinte problema: Com que representações de leitores o narrador-autor Brás Cubas, através da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas dialoga? 2. OBJETIVOS 2. Objetivo Geral Investigar com que representações de leitores o narrador-autor Brás Cubas dialoga através da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, sobretudo buscando o processo histórico e social da formação do público leitor brasileiro do século XIX.

Objetivos Específicos 2. Como é sabido, o escritor Machado de Assis já ensaiava o tom abusado de Brás Cubas nos contos, nos folhetins e nas crônicas jornalísticas no início do decênio de 1870. Mas foi na década de 1880, no romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, que o escritor adotou definitivamente uma “postura agressiva com o leitor”1. Brás Cubas foi e ainda é visto com desconfiança “aos olhos alheios”, não sabiam exatamente qual a pretensão do narrador ao utilizar-se de suas armas mais fortes: a ironia, o humorismo, o sarcasmo, o ceticismo, o cinismo estrondoso, o desmascaramento, sobretudo, as estratégias que vão e vem de acordo com seu papel na narração e interesses próprios. Com isso: Ao utilizar-se do espaço literário da crônica, esse narrador levará em frente o desenvolvimento de vários recursos que tornam possível as especificidades narrativas que vimos sugerindo.

Entre eles estão a citação literária, a ficcionalização das noticias do cotidiano, a paródia de grandes textos da tradição literária ou filosófica, a alusão a esses textos, entre outros. como também às distâncias e às dificuldades comunicacionais entre as regiões do país durante o século XIX. Segundo este pesquisador, o romance machadiano em seu conjunto, em razão da exigüidade de público-leitor, dramatiza a inviabilidade de um romance popular, no molde europeu, modelo perseguido pelo escritor nos seus primeiros livros. Ao longo do século XIX, tanto Machado de Assis como outros escritores brasileiros estavam frustrados com o pequeno número de leitores e as dificuldades de circulação de suas obras. Dentre eles, encontrava-se Aluísio Azevedo que fez uma declaração dramática sobre o “minguado” público leitor desta época: Escrever para quê? Para quem? Não temos público.

Uma edição de dois mil exemplares leva anos para esgotar-se e o nosso pensamento, por mais original e ousado que seja, jamais se livrará no espaço amplo: voeja entre as grades desta gaiola estreita que é a celebrada língua dos nossos maiores (AZEVEDO, Apud: GUIMARÃES, 2004, p. Com a construção do projeto genuinamente nacional e anti-romântico, Machado de Assis e outros escritores brasileiros procuram inovar a literatura brasileira, que ainda permanecia ao gosto de puro sentimentalismo e ao gosto fantasioso por todo espaço literário do país. E sucessivamente, à procura de um novo tipo de leitor dotado de agudeza diante das manobras dos romances inovadores, como é o caso das Memórias Póstumas de Brás Cubas. A pesquisadora Márcia Abreu nos afirma que no processo de formação da leitura no Brasil do século XIX, existia o objetivo das livrarias E de seus editores de se consolidarem, por uma maior penetração geográfica no país, pelo crescimento e diversificação do público leitor e pela difusão de uma imagem de veículo responsável pela leitura culta, concilia-se com ambição de formar ‘o seu’ público leitor.

Mas a ambição de formar um público leitor especial, com um bom índice de cultura geral, para se realizar, prescinde da existência de uma inteligência nacional, de seus homens de letras e de um repertório da sua melhor literatura (p. Os escritores brasileiros e os críticos literários, entre eles Machado de Assis, buscaram modificar “a imagem fluida” que se fazia do Brasil com a elaboração de uma história literária que demonstrasse a idéia “da inteligência nacional na seqüência do tempo, mas para o qual trabalharam gerações de críticos, eruditos e professores, reunindo textos, editando obras, pesquisando biografias, num esforço de meio século” (CÂNDIDO, 1975, p. E não conseguem diferenciar o leitor empírico do leitor idealizado, por isso, procura sempre envolver “o olhar” do público leitor para os acontecimentos no centro do palco.

Esses tipos de narradores esquecem-se do reduzido número de público. Embora, direcionam-se a platéia como se ela estivesse cheia, enquanto nos romances de segunda fase, os narradores machadianos deixam demonstrar que cada vez mais a “platéia” é uma ilusão. Quem vai fazer isto muito bem, é o senhor Brás Cubas. Com este, a centralização do narrador de teatro é quebrada no momento em que ele se coloca no início “de cena”, no meio, no centro, atrás, à frente, à direta e á esquerda do palco, e em voz alta, consegue chamar a atenção para si próprio e para o público leitor, o qual é alvo dos comentários malévolos e ridicularizado durante a narrativa, em que o narrador não está preocupado em convencê-lo do “quer que seja”, ele simplesmente quer chamar a atenção dos seus leitores para os acontecimentos fazendo com haja inúmeras reflexões.

Não podemos esquecer que é um leitor carregado de “puro byronismo” por ser: Incapaz de estabelecer à necessária distância entre o lido e o vivido. Tradicionalmente, na obra machadiana, personagens de tal feitio são vencidas ao largo da trama, o que efetivamente acontece com Estevão. Decididamente não são os Estevãos os destinatários que o narrador machadiano tem em vista, nem nesta, nem em nenhuma de suas outras obras. Com interlocutores de semelhante estatura intelectual não é possível manter o diálogo que a ficção de Machado pretende entabular com os leitores (LAJOLO; ZILBERMAN, 1999, p. Quanto ao leitor grave, podemos dizer que é um leitor austero, sisudo, circunspecto por agir com prudência e atenção diante de um narrador nada confiável e “voluntariamente importuno e sem credibilidade”4.

CAVALLO; CHARTIER, 2002, p. Diante do exposto acima, notemos que o lector non scrupulosus se deixa levar pelas situações de amores, fantasias durante a leitura realizada justamente por não possuir uma habilidade de leitura que ultrapasse a leitura de textos ditos como “nível mais baixo” deixando que os fatos lhe absorvam. Embora, no texto literário exista outro leitor: o lector scrupulosus. Este sempre vai analisar os pormenores do texto. É com esta intenção Que as Metamorfoses de Apuleio se dirigem, em primeiro lugar, a um lector scrupulosus, ou seja, bastante atento. uma leitura que não estabelece qualquer relação íntima, qualquer relação individualizada entre o leitor e aquilo que ele lê” (CHARTIER, 1990, p. Nesse sentido, esse narrador procura não somente mostrar e destruir “os anacronismos” como também aguçar um público leitor capacitado para compreender e usufruir a ‘literatura moderna’ que se pretendia instalar.

Ainda nesse projeto moderno, os narradores machadianos combatem as expectativas dos seus interlocutores ao apontar freqüentemente a necessidade de não termos somente “um novo tipo de literatura, mas de um novo tipo de leitor”5, já que o Brás Cubas autor está preocupado em buscar cada vez mais leitores reflexivos e críticos para o seu texto literário. Para esta criticidade é necessário: [. A experiência do diverso, o questionamento dos valores do sujeito (isto é, o leitor) só serão abordáveis a partir daquela gama prévia de saber. Este mesmo leitor é considerado “passivado” como “espectador de uma escrita ativa”6, propagando seus sentimentos ao longo da narração. Por isso, “obedece a um esquema baseado na teoria da percepção visual, tal como foi elaborada por Empédocles, Leucipo e Demócrito durante o século V”.

CAVALLO; CHARTIER, 2002, p. Para continuarmos essa discussão de leitor empírico e leitor idealizado, ainda buscamos representá-los. O primeiro, “passa a ser abertamente provocado, insultado, desafiado, escarnecido e forçado ao embate constante com um narrador principalmente agressivo” (GUIMARÃES, 2004, p. Para corroborar com essa idéia Guglielmo Cavallo e Roger Chartier afirmam que os leitores empíricos: Acumulavam em suas casas livros e mais livros, lendo talvez muitos deles, mas sem receber muita coisa do texto lido, incapazes que eram ‘de discernir qualidade e defeitos de cada escrito, de entender o sentido de cada trecho, de apreciar o estilo do autor’. È por isso considerado ‘incompetente na sarcástica [. mas qualquer forma, trata-se de um leitor, ‘sempre com um livro nas mãos’, lendo sem parar, e que sabe ler ‘com voz segura e rápida’.

Evidentemente, esse colecionador de livros, bem como o outro ‘incompetente’ que tem, em Corinto, lia as Bacantes de Eurípides ou outras obras muito difíceis para a sua modesta instrução, são ambos leitores que ‘ofendem’ o livro, ‘falseando-lhe o sentido’, que confundem autores, obras e gêneros literários, que mastigam mal a poesia e a prosa, e que nunca ousariam fazer-se passar por alguém ‘realmente culto’ (CAVALLO; CHARTIER, 2002, p. O leitor empírico é considerado público “de carne e osso” por sustentar o mercado dos livros, e além do mais, é destinatário aceito por qualquer “criação literária”, já que inconscientemente é introjetado nos livros a que este se direciona. METODOLOGIA A pesquisa que se propõe é de cunho bibliográfico. Pretende-se abordar, num primeiro momento, a formação do público leitor brasileiro em sua historicidade e ficcionalidade para buscarmos compreender o tipo de leitor que o narrador Brás Cubas dialoga ao longo da narrativa das Memórias Póstumas de Brás Cubas, na versão de livro da Série Bom livro (2004).

Este estudo orienta-se pelo intuito de estabelecer diferença entre o leitor “frívolo” e leitor “grave” como também confrontar leitor empírico e idealizado fazendo analogia com o lector non scrupulosuse o leitor scrupulosus, estudados por Roger Chartier e Guglielmo Cavallo. Sendo os primeiros sugeridos e idealizados por Brás Cubas e as formas de leituras que eles faziam para torná-los distintos diante das armadilhas textuais. Vale ressaltar que, a modalidade de instrumento teórico/metodológico deu-se em função de investigar as representações do leitor do século XIX na obra machadiana em estudo. edição. São Paulo: Editora Ática, 2004. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. São Paulo: Edusp, 1975. Ihéus, Bahia. Editus, 2003. CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador; tradução Reginaldo de Moraes.

São Paulo – SP: Editora Unesp, 1999. GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Os leitores de Machado de Assis: o romance machadiano e o público de literatura no século XIX. São Paulo: Nankin Editorial: editora da Universidade de São Paulo, 2004. JAUSS, Hans Robert. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção. São Paulo: Ática, 2002. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. ed. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2000.

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